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sábado, junho 04, 2022

Bolsonaro foca no Nordeste, mas seu desafio principal será manter o Sul, além do Sudeste

Publicado em 4 de junho de 2022 por Tribuna da Internet

Vote em charges do Governo Bolsonaro em Charges sobre Política

Charge do Clayton (O Povo/CE)

Eliane Cantanhêde
Estadão

Pressionado pelas pesquisas e pela realidade, o presidente Jair Bolsonaro volta as atenções e despeja dinheiro no Nordeste, onde perde feio, feiíssimo, para o ex-presidente Lula. A melhor estratégia, porém, talvez não seja tentar ganhar o que não tem, mas manter o que já tem. O Sul, por exemplo, que tem em torno de 15% do eleitorado nacional e pode estar lhe escorrendo pelos dedos.

Em 2018, Bolsonaro ganhou do petista Fernando Haddad em todas as regiões, exceto no Nordeste. Massacrado em Pernambuco, Estado de Lula, foi campeão de votos em Santa Catarina. Hoje, continua na liderança no Estado, mas começa a balançar no Paraná e no Rio Grande do Sul.

SUL E SUDESTE – O governador paranaense Ratinho Jr. (PR), favorito na disputa, é pró-Bolsonaro, mas sem implodir pontes com Lula. No RS, o presidente está entre Onyx Lorenzoni (PL), seu ex-ministro em três pastas, e o senador Luis Carlos Heinze (PP), ferrenho bolsonarista na CPI da Covid. Lorenzoni tem dois trunfos: está na frente nas pesquisas e apoiou Bolsonaro na primeira hora.

Lula também está espremido entre as candidaturas de Edegar Pretto (PT), filho do ex-deputado Adão Pretto, ligado ao MST, e de Beto Albuquerque (PSB), vice de Marina Silva na eleição presidencial de 2014. Lula foi ao Estado nesta semana, mas nenhum dos dois arreda pé.

Quem pode balançar ainda mais o coreto é o ex-governador Eduardo Leite (PSDB), que jurou que não disputaria a reeleição, saiu do governo sonhando com a Presidência e volta ao ponto inicial. Se concorrer, tende a despontar como favorito no Estado e pode selar a aliança formal entre o PSDB e o MDB do seu sucessor, Gabriel Souza, a favor de Simone Tebet (MDB).

ARTICULAÇÕES – Simone Tebet conversou com Leite em Brasília e iria a Porto Alegre quinta-feira. Cancelou a ida por causa da morte do sogro, mas não parou as articulações para ter o apoio do PSDB, o palanque de Leite no RS e o tucano cearense Tasso Jereissati na vice. Ele é um dos principais quadros tucanos.

Quem deu uma mãozinha foi Lula, ao dizer que “o PSDB acabou”. Não chega a ser mentira, mas é um erro evidente quando ele e Bolsonaro disputam os tucanos a tapa – inclusive no Sul. Mais um para a coleção de Lula e mais um motivo para os petistas e seus interlocutores tucanos arrancarem os cabelos.

Pelo agregador de pesquisas do Estadão, Lula tem vantagem em 16 Estados, Bolsonaro em oito e, dos três indecisos, dois ficam no Sul e o terceiro é o poderoso São Paulo. O Nordeste é e será pró-Lula e o Centrão vai para onde o vento levar. Para Bolsonaro, é melhor um pássaro na mão do que dois voando. Para Lula, o mais prudente é fechar a boca.


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