Publicado em 28 de junho de 2022 por Tribuna da Internet
Malu Gaspar
O Globo
A expectativa de que o novo presidente da Petrobras, Caio Paes de Andrade, vá trocar toda a diretoria da companhia, já fez com que alguns dos atuais diretores e gerentes executivos começassem a procurar emprego na iniciativa privada. Pelo menos dois diretores e um gerente-executivo já tomaram essa iniciativa, temendo pelo futuro da empresa.
Para eles, mais do que trabalhar para reduzir o preço dos combustíveis, a tendência é que a diretoria escolhida por Paes de Andrade trabalhe para promover interesses das correntes do Centrão que batalharam publicamente pela saída de José Mauro Coelho da presidência.
LIRA PRESSIONA – O mais aguerrido dos defensores da troca no comando da Petrobras foi o presidente da Câmara, Arthur Lira, que nos últimos dias disse a mais de um interlocutor na Câmara ter expectativa de indicar um diretor.
Lira pediu a renúncia de José Mauro publicamente e chegou a ameaçar abrir uma CPI para investigar os gastos da empresa com diárias de viagem e passagens de avião.
Desde que a indicação de Paes de Andrade foi confirmada pelo presidente Jair Bolsonaro, Lira se reuniu e conversou por telefone com diversos executivos de mercado, para convidá-los para compor o conselho da companhia. A atitude causou estranheza em dois dos executivos procurados, uma vez que cabe ao conselho supervisionar o trabalho da diretoria e não o contrário.
A PEÇA-CHAVE – O escolhido pelo Planalto para ser presidente do Conselho, Gileno Gurjão Barreto, é o presidente do Serpro, a estatal de tecnologia do governo, que até outro dia era comandada por Paes de Andrade na secretaria especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia, que agora será presidente da Petrobras.
O próprio Barreto confidenciou aos interlocutores no governo nos últimos dias que a ordem do governo é trocar toda a diretoria.
Para os principais executivos da Petrobras, deixar o cargo neste momento significaria abrir mão da metade do bônus previsto para o ano. É o que prevê a regra na Petrobras e o que torna a saída voluntária bem mais difícil de acontecer.
PROCURAR VAGA – Ainda assim, segundo um dos executivos de mercado que foi procurado por colegas da Petrobras, há quem considere que vale a pena tentar uma vaga fora da empresa e tentar compensar essa perda no novo emprego.
“Eles estão desanimados, não confiam no novo presidente. Acham que o Caio está vindo para desfazer tudo o que foi feito nos últimos tempos”, comentou esse executivo.
Entre as “coisas que foram feitas” está a venda de ativos, como refinarias, a BR Distribuidora e uma fábrica de asfalto – além, é claro, da política de preços dos combustíveis em paridade com o mercado internacional.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Não é o fim do mundo. Basta fazer alguns ajustes na política de preços para a empresa continuar gerando bons lucros, mas ajudando a controlar a inflação, ao invés de provocá-la incessantemente. (C.N.)