Jamile Racanicci
TV Globo — Brasília
O Tesouro Nacional informou nesta terça-feira (28) que a dívida pública subiu 2,46% em dois meses e atingiu R$ 5,702 trilhões em maio. Os dados da dívida pública são divulgados mês a mês, mas, como houve greve de servidores no início deste mês, o Tesouro divulgou nesta terça os dados de abril e maio.
Conforme o órgão, o aumento da dívida, em termos nominais (sem considerar a inflação), foi de 0,45% em abril e de 2,01% em maio.
GASTOS EXTRAS – A dívida pública federal é a contraída pelo Tesouro Nacional para financiar o déficit orçamentário do governo federal, ou seja, pagar os gastos extras – as despesas do governo acima da arrecadação com impostos e contribuições.
De acordo com os últimos divulgados pelo Tesouro até então, a dívida pública em março estava em R$ 5,65 trilhões. O governo espera que a dívida continue crescendo nos próximos meses, chegando a um valor entre R$ 6 trilhões e R$ 6,4 trilhões no fim de 2022.
Em 2021, a dívida pública federal subiu 12% em relação ao ano anterior e atingiu R$ 5,613 trilhões.
GASTO COM JUROS – O aumento da dívida pública eleva os gastos do governo com os juros. Nos dois últimos meses, o valor desembolsado pelos cofres públicos apenas para pagar juros chegou a R$ 109,4 bilhões. De janeiro a maio deste ano, esse tipo de gasto atingiu R$ 217,57 bilhões.
O coordenador-geral de Operações da Dívida Pública do Tesouro Nacional, Luís Felipe Vital, explicou que, com a piora na inflação e na atividade econômica ao redor do mundo, os investidores passaram a avaliar que há um risco ainda maior em investir em países emergentes, como o Brasil.
Outro fator que leva a dívida a custar mais caro para o governo são os saltos sucessivos da taxa Selic pelo Banco Central. Com o décimo primeiro aumento seguido em junho, a taxa Selic chegou a 13,25% ao ano.
CUSTOS MAIS ALTOS – “As emissões [de títulos] estão sendo realizadas com custo médio mais alto em função das condições de mercado e do nível mais alto de taxas de juros”, afirmou.
O custo médio das emissões internas do Tesouro também vem subindo e, em maio, chegou a 11,7% ao ano (maior valor desde maio de 2017).
Para tentar amenizar as consequências dessa piora, o Tesouro tem reduzido as emissões de títulos em momentos de maior incerteza e volatilidade nos mercados. Essa estratégia é possível devido ao colchão de liquidez — uma reserva de dinheiro que em maio era suficiente para cobrir mais de 9 meses de vencimentos da dívida à frente;
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Esse tipo de matéria, da maior importância, necessita de tradução simultânea. O governo está gastando o que tem e o que não tem para vencer a eleição. A prioridade agora é evitar a CPI do MEC, e a torneira está aberta para o orçamento secreto, que está liquidando com o chamado colchão de liquidez do Tesouro. Mas quem se interessa? Bolsonaro usou a pandemia para liquidar o teto de gastos, e Lula dá a maior força, anunciando que vai acabar com todas as salvaguardas financeiras. Ou seja, a irresponsabilidade abunda. (C.N.)