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quarta-feira, dezembro 01, 2021

PF analisa mensagens do advogado de Adélio, mas já constatou que não houve mandante

Publicado em 1 de dezembro de 2021 por Tribuna da Internet

Decisão sobre quebra de sigilo de advogados de Adelio será do STF

Zanone recorre à OAB para suspender a quebra do sigilo

Patrik Camporez e André de Souza
O Globo

A Polícia Federal começou a analisar o material apreendido no escritório dos advogados que defendem Adélio Bispo, preso há três anos por desferir uma facada contra o então candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro, durante a campanha de 2018. Os policiais se debruçaram sobre trocas de mensagens, ligações telefônicas e eventuais e-mails encaminhados ou recebidos a partir do celular do advogado criminalista Zanone Manuel de Oliveira, responsável pela defesa de Adélio.

A PF também esquadrinha as imagens do circuito de segurança do escritório do criminalista, além de seus dados bancários. “A princípio, recebemos o inquérito e estamos olhando o material que foi apreendido com o advogado. O que estava suspenso era a análise do telefone dele. Aí, pode ter tudo lá dentro”, informou o delegado Rodrigo Morais, que conduz a investigação.

O INQUÉRITO – Segundo Morais, não há prazo para a finalização da análise do material, que está em posse da PF desde o fim de 2018, mas teve sua verificação suspensa por uma decisão liminar do desembargador Néviton Guedes, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1).

Aberto para investigar o atentado contra o presidente Jair Bolsonaro, até hoje o inquérito não identificou qualquer elemento para sustentar a tese de que Adélio Bispo de Oliveira, autor do crime, tenha agido com a ajuda ou por ordem de outras pessoas, como costuma especular Bolsonaro.

Os policiais já analisaram milhares de imagens e mensagens, assim como dados telefônicos e bancários dos suspeitos. A conclusão da Polícia Federal, de acordo com o que foi apurado até agora, é a de que Adélio atuou sozinho. Diversas provas embasam tal conclusão.

TRF-1 LIBEROU – No começo do mês, uma decisão do TRF-1 liberou a continuidade das investigações. Antes disso, a PF já tinha concluído duas vezes que Adélio agiu por conta própria em setembro de 2018, quando atacou o então candidato a presidente durante um evento de campanha em Juiz de Fora (MG).

Faltava apenas quebrar o sigilo bancário do advogado Zanone, o que foi possível após a determinação do TRF-1. A polícia quer saber se ele foi contratado por um terceiro ou se resolveu assumir o caso atraído pela exposição midiática que teria.

A PF destacou na investigação que “de imediato surgiram várias postagens nas redes sociais apontando outros manifestantes como coautores do crime”, mas ressaltou que “referidas hipóteses não se confirmaram”. De acordo com a Polícia, algumas dessas pessoas, alvo de acusações infundadas na internet, foram espontaneamente prestar esclarecimentos e registrar ocorrência, uma vez que passaram a ser insultadas, ofendidas e ameaçadas nas redes.

OAB VAI RECORRER – Ao Globo, o  advogado Zanone Manuel de Oliveira disse que a OAB vai recorrer da decisão que liberou acesso ao conteúdo do seu celular.

— Quem está pagando, e o que o cliente conversa com advogado, são coisas a que o Estado não deve ter acesso. Essa cláusula de confidencialidade deve ser preservada. É um precedente perigoso não só contra um advogado em si, mas contra a democracia — destacou.

Já o advogado Fernando Magalhães, convidado por Zanone para compor a defesa, disse ao GLOBO que “não tem conhecimento” de quem, na origem, financia o seu trabalho nesse caso.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG 
– As acusações contra os advogados são ridículas. O escritório é conhecido em Minas Gerais por se oferecer para defender gratuitamente réus que tenham espaço na mídia, visando a conquistar novos clientes. Quanto ao fato de não receberem pagamento, isso e comum na advocacia, chama-se de casos “pro bono”. É sempre bom lembrar que há lendários advogados, como Sobral Pinto e Jorge Béja, que jamais cobraram honorários a seus clientes. (C.N.)

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