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quarta-feira, novembro 25, 2020

Na análise dos votos, Biden venceu entre os negros, os latinos e os brancos conservadores

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Charge do Miguel Paiva (Brasil 247)

Bruno Benevides
Folha

Negros, latinos, mulheres, moradores do subúrbio, pessoas com ensino superior —e até alguns homens brancos. Foi com essa ampla coalizão de eleitores que Joe Biden conseguiu ser eleito o 46º presidente dos EUA.

Para vencer Donald Trump no pleito do último dia 3, o democrata teve que se desdobrar para manter o apoio entre minorias étnicas e mulheres —que tradicionalmente votam em seu partido— e, ao mesmo tempo, atrair parte dos eleitores republicanos que se decepcionaram com o atual comandante-em-chefe.

CINCO ESTADOS – Foi essa mescla que permitiu ao agora presidente eleito conquistar cinco estados que tinham votado no republicano na eleição de 2016: Arizona, Pensilvânia, Michigan, Wisconsin e Geórgia.

Assim, o democrata conseguiu vencer a eleição ao alcançar o número suficiente de votos no Colégio Eleitoral, nome do sistema indireto que define o presidente americano.

Nesse modelo, cada estado tem um número de votos proporcional à população. A Califórnia, com 39,51 milhões de habitantes, por exemplo, tem direito a 55 representantes. A Dakota do Sul, com 884,6 mil, a apenas 3.

DUAS EXCEÇÕES – O candidato que vence a eleição em um estado leva todos os votos dele —as exceções são Nebraska e Maine, que dividem os votos de maneira mais proporcional. No fim do processo, é eleito quem conquistar mais da metade dos votos no Colégio Eleitoral, ou seja, ao menos 270 dos 538 votos possíveis.

Por isso, a senha para vencer a eleição é conquistar os estados onde a disputa é mais apertada. Antes do pleito de 2020, 13 estados foram classificados dessa maneira, e Biden melhorou o seu desempenho em 12 deles na comparação com os números obtidos pela então candidata democrata, Hillary Clinton, em 2016. Ou seja, Trump só avançou em um deles, a Flórida.

No total, o democrata melhorou o desempenho de seu partido em 43 estados, enquanto o republicano só conseguiu fazer o mesmo em 7 deles e no Distrito de Columbia (onde fica a capital, Washington).

NOS SUBÚRBIOS – O principal fator para esse crescimento democrata ocorreu nos subúrbios. Os moradores dessas regiões residenciais ao redor de grandes cidades costumam ser mais brancos e conservadores que os eleitores de centros urbanos, porém mais moderados que os de pequenas cidades e áreas rurais.

Como mais da metade dos eleitores americanos moram nos subúrbios, essas regiões acabam sendo um importante palco de disputa nas eleições presidenciais. Em 2016, Trump venceu Hillary nos subúrbios por 49% a 45%, mas agora em 2020 o panorama virou —Biden venceu o adversário por 54% a 44%.

Ou seja, o democrata ganhou 9 pontos percentuais dentro desse grupo, um dos maiores crescimentos dentro de qualquer divisão demográfica nos últimos quatro anos.

ELEITORES BRANCOS – E a vitória nessas regiões aconteceu principalmente porque Biden aumentou seu apoio entre eleitores brancos, segmento no qual cresceu 7 pontos percentuais em relação a Hillary em 2016.

Outro grupo demográfico importante que apoia Trump e no qual Biden avançou foi o de pessoas brancas sem ensino superior. A vantagem do republicano sobre o candidato democrata neste segmento —que engloba 44% do eleitorado— caiu de 36 pontos percentuais em 2016 para 25 pontos neste ano.

Essa mudança foi um dos fatores que ajudaram Biden a virar a disputa em Michigan, Pensilvânia e Wisconsin, estados do chamado Cinturão da Ferrugem — antiga região industrial que em 2016 tinha ajudado a eleger Trump.

NEGROS E LATINOS – Além desses avanços entre o eleitorado branco, o democrata conseguiu manter o tradicional apoio que seu partido já tem entre as minorias: Biden recebeu o voto de 9 a cada 10 negros e de 2 a cada 3 latinos, patamares semelhantes aos de 2016. Trump, porém conseguiu crescer 7 pontos percentuais entre esse último grupo, impulsionado principalmente pelo seu bom desempenho entre pessoas de origem cubana.

Além de ajudar a explicar o resultado deste ano, os dados demográficos costumam ser usados pelos partidos e pelos candidatos para estabelecerem suas estratégias para a próxima eleição.

Assim, daqui a quatro anos a tendência é que os democratas lutem para manter o cenário atual, enquanto os republicanos tentarão recuperar os votos vindos do subúrbio e avançar entre os latinos.

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