Filipe Vidon
O Globo
A confirmação de que o ex-ministro Sérgio Moro vai trabalhar em uma empresa de consultoria que presta serviços para os grupos Odebrecht e OAS, ambos alvos da Operação Lava-Jato por pagamento de propina a políticos e empresários, gerou críticas e piadas nas redes sociais. No Twitter, o assunto alçou o nome da construtora aos tópicos mais comentados na manhã desta segunda-feira.
Moro confirmou através de seu perfil na rede que ocuparia o cargo de sócio-diretor na consultoria internacional Alvarez & Marsal. Protagonista da polêmica, tentou se defender no mesmo tuíte em que anunciou a novidade, alegando que não vai advogar para as empresas, e nem atuar em casos com conflitos de interesse.
DISSE MORO –“Ingresso nos quadros da renomada empresa de consultoria internacional Alvarez&Marsal para ajudar as empresas a fazer coisa certa, com políticas de integridade e anticorrupção. Não é advocacia, nem atuarei em casos de potencial conflito de interesses”— Sergio Moro (@SF_Moro) November 30, 2020
No cenário político, nomes da esquerda repercutiram no Twitter o novo emprego de Moro. O deputado Federal José Guimarães (PT-CE) afirmou que Moro era o “símbolo da moralidade lavajatista” e provocou dizendo “ainda tem quem o defenda”. O também deputado Henrique Fontana (PT-RS) acusou o ex-juiz de perseguir o ex-presidente Lula e agora prestar serviços para a Odebrecht: “Moro revela que nunca foi sobre corrupção”, declarou.
Além dos políticos, muitos internautas se mostraram surpresos pela atitude do ex-juiz, que se tornou sinônimo da Lava-Jato, operação que fez uma devassa nas construtoras e acabou expondo nomes tradicionais da política envolvidos em esquemas de corrupção.
“Goleiro bom bate o pênalti e defende”, comentou um usuário da plataforma. O cartunista Maurício Ricardo também comentou a polêmica e avaliou que “somos uma daquelas séries de roteiro forçado que a gente larga no segundo episódio”.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Antes, quando era juiz federal, Moro era acusado de estar destruindo importantes empresas brasileiras de renome internacional. Agora o acusam de trabalhar para a recuperação dessas mesmas empresas.
Esse factoide de dupla interpretação faz lembrar um ditado árabe celebrizado por Ibrahim Sued: “Os cães ladram e a caravana passa…”. No caso dos políticos perseguidos por Moro, eles ladram porque são ladrões. (C.N.)