Daniel Gullino e Aguirre Talento
O Globo
A Polícia Federal (PF) realizou neste sábado uma operação para desarticular o grupo responsável por um ataque contra os sistemas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Um suspeito foi preso em Portugal, com cooperação da polícia portuguesa. A operação ocorre na véspera do segundo turno das eleições municipais.
Segundo a PF, o hacker preso em Portugal seria o líder do grupo e teria atuado em conjunto com ao menos três brasileiros na invasão de dados do TSE e divulgação desses dados no dia do primeiro turno da eleição, com o objetivo de desestabilizar o processo eleitoral brasileiro. Esse hacker teria 19 anos e se identifica pela alcunha de Zambrius, de acordo com fontes que acompanham o caso.
SÃO PAULO E MINAS – Também foram cumpridos três mandados de busca e apreensão em São Paulo e em Minas Gerais, contra os hackers brasileiros. Os mandados cumpridos no Brasil foram expedidos pela 1ª Zona Eleitoral do Distrito Federal, após pedido da PF e parecer favorável do Ministério Público. A Justiça também proibiu que os três alvos brasileiros mantivessem contato entre si.
Segundo fontes, a PF não chegou a pedir prisão dos brasileiros porque a legislação eleitoral impede a realização de prisões no período dos cinco dias anteriores ao pleito. Com o avanço das investigações, novas cautelares podem ser solicitadas contra os hackers.
A abertura da investigação foi anunciada no dia do primeiro turno, após hackers divulgarem informações de funcionários do TSE.
SEM PREJUÍZOS – A corporação ressaltou que não foi identificado nenhum elemento que possa ter prejudicado a integridade do processo de votação brasileiro.
A operação foi batizade de “Exploit”. De acordo com a PF, o termo “é uma parte de software, um pedaço de dados ou uma sequência de comandos que tomam vantagem de um defeito a fim de causar um comportamento acidental ou imprevisto no software ou hardware de um computador ou em algum dispositivo eletrônico”.
Além dessa investigação, há outra em tramitação na Procuradoria-Geral da República (PGR) que apura a atuação de parlamentares em ataques às urnas eletrônicas nas redes sociais no dia da eleição. Após a invasão hacker, parlamentares e bolsonaristas passaram a divulgar o assunto nas redes e vinculá-lo a uma suposta vulnerabilidade das urnas eletrônicas, que não existe.
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TRF-1 CONFIRMA ATAQUE DE HACKERS
Adriana Mendes
O Tribunal Regional da Primeira Região (TRF-1) confirmou , neste sábado, que sofreu ataque de hackers na noite de quinta-feira. O site permanece fora do ar e, segundo o tribunal, até o momento ” não se verificou a existência de danos”. Em nota, informa que “considerando a gravidade do ocorrido, adotou as medidas jurídicas destinadas à pronta apuração dos fatos”.
O TRF-1, onde tramitam processos de 13 estados e do Distrito Federal, esclarece que tomou conhecimento do acesso indevido ao ambiente de dados na quinta-feira, por volta das 19h, e que, por conta disso, adotou “medidas destinadas a isolar totalmente os serviços dos sistemas oferecidos aos usuários externos, impedindo qualquer acesso remoto”.
INVASÃO ANUNCIADA – Uma publicação veiculada em redes sociais alertou sobre a invasão ao site do Judiciário. De acordo com um usuário que diz ser autor da invasão, a iniciativa não teria intenção de “causar o caos, nem prejudicar o TRF-1”, mas “demonstrar que o TRF-1 também é vulnerável”. Ele publicou conteúdo que seria de quatro das 47 bases de dado do tribunal.
O ataque ao TRF-1 é mais uma invasão a órgãos públicos neste mês.Em 5 de novembro, o Superior Tribunal de Justiça (STJ), o Ministério da Saúde e a Secretaria de Economia do Distrito Federal informaram que os seus sistemas foram atingidos por hackers. No caso do STJ, a invasão bloqueou a base de dados dos processos em andamento no tribunal e paralisou totalmente os trabalhos por uma semana.
Dez dias depois, em 15 de outubro, foi a vez do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) anunciar que sofreu um ataque desse tipo. A invasão expôs informações de servidores do TSE, com dados de 2020 e de anos anteriores.