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quinta-feira, novembro 19, 2020

Alvo de inquéritos no STF, deputado bolsonarista afirma ter ‘solicitado a anulação’ das eleições de 2020


Silveira segue Bolsonaro e questiona a credibilidade das urnas

Deu no Estadão

Alvo dos inquéritos do Supremo Tribunal Federal que apuram a organização e financiamento de atos antidemocráticos e o disparo de notícias falsas, ofensas e ameaças contra autoridades, o deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) declarou em suas redes sociais nesta quarta, 18, ter ‘solicitado a anulação’ das Eleições 2020 e apresentado à Procuradoria-Geral da República queixa-crime em razão de supostos ‘eventos que tiraram a lisura do processo eleitoral’. No entanto, o parlamentar não mencionou provas sobre as acusações.

A posição de Daniel vai na mesma linha que a do presidente Jair Bolsonaro, que colocou em xeque a confiabilidade do sistema eleitoral brasileiro, desta vez depois de poucos dos seus candidatos apadrinhados terem tido sucesso nas eleições municipais.

ATRASO – No primeiro turno das eleições 2020, houve atraso na totalização dos votos, o que inflamou a militância digital bolsonarista. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral, a lentidão na divulgação dos votos foi provocada por uma falta de calibragem na inteligência artificial do banco de dados da Oracle, que deveria garantir o processamento veloz das informações.

Apesar do problema técnico, o presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso frisou que ‘não houve nenhum tipo de comprometimento para a fidedignidade do voto, para a fidelidade da manifestação da vontade popular’.

Segundo o ministro, a eleição transcorreu com absoluta tranquilidade, regularidade, mas houve um ‘pequeno problema’ no processamento dos dados, o que levou à demora na divulgação dos votos apurados. As eleições de 2020 foram as primeiras em que a divulgação da totalização dos votos foi centralizada no TSE.

“MOTIVAÇÃO POLÍTICA” – Na segunda-feira, dia 16, Barroso disse ver ‘motivação política’ nos ataques sofridos pelo sistema da Justiça Eleitoral no dia de votação e apontou a ação de ‘milícias digitais’. Segundo o ministro, houve uma atuação articulada para tentar desacreditar as instituições do País. O presidente do TSE afirmou que os ataques foram neutralizados e não tiveram qualquer relação com o atraso na divulgação dos resultados na noite de domingo.

“Milícias digitais entraram imediatamente em ação tentando desacreditar o sistema. Há suspeita de articulação de grupos extremistas que se empenham em desacreditar as instituições, clamam pela volta da ditadura e muitos deles são investigados pelo STF”, afirmou Barroso em entrevista na sede do TSE, em Brasília.

Como mostrou o repórter Vinícius Valfré, Barroso evitou rotular os grupos que embarcaram na campanha de desinformação a partir das primeiras notícias de ataques contra o TSE, mas relatório produzido pela SaferNet, que atua em colaboração com o Ministério Público Federal, apontou que perfis bolsonaristas e ligados a movimentos de extrema-direita foram os que mais deram eco às informações falsas e enganosas sobre a lisura do processo.

INVESTIGAÇÃO – A Polícia Federal já iniciou a investigação sobre os ataques virtuais ao TSE. Uma equipe especializada na apuração de crimes cibernéticos, especialmente de casos de pedofilia e tentativas de fraudes bancárias na internet, vai atuar no caso. Barroso quer que sejam investigados ‘não apenas o ataque específico, mas a orquestração para desacreditar o sistema e as instituições’.

A apuração da SaferNet apontou que às 9h25 do domingo foram divulgadas informações de servidores e ex-ministros do TSE obtidas em ataque realizado em 23 de outubro, mas os dados eram referentes ao período entre 2001 e 2010 e não tinham qualquer relação com o processo eleitoral. Mesmo assim, o fato foi usado nas redes para colocar em dúvida a segurança das urnas eletrônicas.

“A divulgação foi feita no dia da eleição para trazer impacto e para fazer parecer fragilidade do sistema eleitoral”, afirmou Barroso. Um dos que deram vazão a esta narrativa foi o deputado federal bolsonarista Felipe Barros (PSL-PR), também investigado pelo STF no inquérito das fake news. No início da tarde, ele publicou um tuíte que lançava dúvidas sobre a segurança das urnas. O conteúdo foi curtido mais de 31 mil vezes.

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