Carlos Newton
A pedido dos comentaristas Sebastião Barros e Haley Dias Galeotti, vamos publicar hoje mais um artigo sobre religião. Começo lembrando uma longa entrevista que fiz com Domingos de Oliveira, na década de 80, quando ele estava dirigindo uma peça no Rio e a conversa acabou derivando para ciência e religião. O artigo que publiquei a respeito na Ultima Hora, sobre a conclusão a que chegamos. teve o título “A ciência tem um encontro marcado com a religião”.
Tantos anos depois, continuo tendo esta certeza. Acredito que os fenômenos mentais e espirituais, tipo mediunidade, visões, curas, telepatia, previsões, materializações etc., tudo isso acabará sendo explicado pela ciência.
IMPORTANTE PESQUISA – Em 17 de novembro de 2012, tive confirmação através dos resultados de uma interessante, instigante e impactante pesquisa conjunta de cientistas da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e da Universidade Thomas Jefferson, nos EUA.
Reportagem do site G1 revelou que eles mediram as atividades cerebrais de dez médiuns brasileiros enquanto faziam psicografia, ou seja, enquanto, segundo acredita-se, um espírito a eles “incorporado” supostamente escrevia um texto usando suas mãos.
A equipe liderada por Julio Peres, do Instituto de Psiquiatria da USP, usou voluntários que têm entre 15 e 47 anos de experiência em psicografia. Eles foram divididos em dois grupos – mais e menos experientes. E foram comparados os resultados da ação de psicografar com a atividade cerebral enquanto redigiam um texto fora do estado de transe, isto é, de “próprio punho”.
MEDINDO O CÉREBRO – Para verificar a atividade cerebral dos dez médiuns, os cientistas injetaram neles um marcador radioativo que permite checar a intensidade dos fluxos sanguíneos em diferentes áreas do cérebro por meio de tomografia. E o resultado foi surpreendente:
“Os autores afirmam que os médiuns experientes apresentaram níveis mais baixos de atividade durante a psicografia, em comparação à escrita normal, justamente em áreas frontais do cérebro associadas ao planejamento, raciocínio, geração de linguagem e solução de problemas. De acordo com os cientistas, isso pode refletir a ausência de consciência durante a psicografia”, diz a matéria.
OUTRO GRUPO – “Os psicógrafos menos experientes, por sua vez, tiveram atividade mais intensa nessas mesmas áreas enquanto psicografavam, ainda que também inferior à registrada durante a escrita fora de transe. Segundo os pesquisadores, esse fato poderia estar relacionado com uma tentativa ‘mais esforçada’ dos médiuns menos experientes de fazer incorporação e a psicografia.
De acordo com o cientista Julio Peres, não há ainda uma explicação exata para esses resultados e mais estudos são necessários. A meu, o indicativo da pesquisa já é sensacional, porque mostra a medição do cérebro em transe.
Não há dúvida de que a pesquisa é importante para os estudos da chamada Ciência Noética, que estuda fenômenos subjetivos da consciência, da mente, do espírito e da vida, a partir do ponto de vista científico. Neste particular, as experiências de psicografia são notáveis.
ANTES DE CRISTO – A Noética não é nenhuma novidade. Pelo contrário, já era estudada por Sócrates, que nasceu 469 anos antes de Cristo. São extraordinárias as reflexões do filósofo grego sobre a existência da alma. Ele não escreveu uma só linha, mas seus discípulos Platão e Xenofonte copiosamente o fizeram. Através de seus relatos, podemos saber que muitos textos sobre a alma, existentes na Bíblia, na verdade são compilações dos ensinamentos de Sócrates, até porque o Livro Sagrado não deixa de ser uma síntese do conhecimento que se tinha à época.
O Brasil é um país riquíssimo em fenômenos paranormais. Há um livro impressionante escrito sobre Chico Xavier pelo jornalista Marcel Souto Maior (“Sob o Véu de Isis”), um texto primoroso, que merece constar em toda biblioteca. Marcel, que se declara ateu, aos 9 anos de idade já era uma poeta de primeira, podendo ele próprio ser um psicógrafo, sem saber.
REENCARNAÇÃO – Outros fenômenos interessantíssimos são a reencarnação e o “dejá vu”. Há um caso extraordinário, de uma jovem americana que lembrava ter vivido na Irlanda, onde teve vários filhos. Sabia os nomes deles, suas peripécias de infância, recordava tudo, uma coisa impressionante.
Intrigada, resolveu pesquisar e descobriu que seus supostos filhos estavam vivos e ainda moravam no interior da Irlanda. Conseguiu o endereço e se comunicou com eles por carta. Foi ridicularizada, é claro. Mas não teve dúvidas. Pegou um avião e viajou para lá, onde se defrontou com os filhos (bem mais velhos do que ela), relatou tudo que se lembrava sobre a infância deles, contou detalhes sobre a vida de cada um, todos caíram no choro e enfim os convenceu.
Essa história, é claro, ficou famosa e acabou virando um emocionante filme em Hollywood, “Yesterday’s Children ” (“Minha Vida na Outra Vida”), dirigido por Marcus Cole, com Jane Seymour no papel principal. Mas a maioria dos espectadores julga que se trate de obra de ficção.
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P.S. – Como dizia Shakespeare, entre o céu e a terra há mais coisa do que sonha nossa vã filosofia. Mas uma belo dia chegaremos a uma fase em que a ciência vai explicar a religião, especialmente os fenômenos do espiritismo. O assunto é desafiante, logo voltaremos a falar disso. (C.N.)
P.S. – Como dizia Shakespeare, entre o céu e a terra há mais coisa do que sonha nossa vã filosofia. Mas uma belo dia chegaremos a uma fase em que a ciência vai explicar a religião, especialmente os fenômenos do espiritismo. O assunto é desafiante, logo voltaremos a falar disso. (C.N.)