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quinta-feira, fevereiro 05, 2009

O grito escondido na garganta

Por: Carlos Chagas

BRASÍLIA – Mais passa o tempo, mais se consolida a evidência de que nada de novo existe sob o sol. Falamos da última pesquisa da CNT-Sensus. A popularidade do presidente Lula continua em alta: agora, dispõe de 84%, maior que a aceitação de seu governo, em 72,5%. Mesmo assim, José Serra lidera os percentuais para presidente da República, com 42,8%. Importa menos que tenham caído dois pontos, dada sua vantagem sobre os demais concorrentes. Dilma Rousseff quebrou a barreira de um dígito, está com 13,5%, quer dizer, a diferença entre ela e o governador de São Paulo permanece tão grande que apenas um milagre abriria perspectivas reais para sua candidatura.
Então... Então, partindo-se da premissa de que os companheiros e penduricalhos farão tudo para não entregar o País aos tucanos, prevalece o que vimos alertando faz dois anos: só o Lula baterá o Serra.
À medida que os meses deste ano crucial se escoarem, permanecendo os números conforme a natureza das coisas, e apesar das sucessivas declarações do presidente Lula de não aceitar o terceiro mandato, logo se tornará impossível aos detentores do poder conter o grito que escondem na garganta. Bem antes que o Natal se aproxime a palavra de ordem será “FICA!”
Importa menos verificar tratar-se de um golpe de estado em gestação adiantada, de um casuísmo abominável, tão parecido com outros já acontecidos em nossa crônica política. Infelizmente, é assim que as coisas funcionam entre nós. Da prorrogação do próprio mandato pelo marechal Castelo Branco ao aumento progressivo dos períodos presidenciais que com Costa e Silva e Médici ficaram em quatro anos, com Ernesto Geisel, cinco, e com João Figueiredo, seis, quem protestou? Desembocamos no crime perpetrado por Fernando Henrique contra as instituições democráticas, pois eleito para um mandato, arrancou do Congresso a reeleição para outro, no exercício do cargo. Valeu-se Luis Inácio da Silva da mesma prerrogativa e, agora, deverá decidir no tempo oportuno: entrega o palácio do Planalto a José Serra, antítese de seus programas e concepções de governo, ou cede ao império das circunstâncias?
Quem quiser que duvide, a começar pelo próprio Lula, mas é assim que o processo político brasileiro funciona. Com crise ou sem crise, o PT e aliados não entregarão o ouro ao bandido, encontrando todo tipo de argumentos para a viabilização do terceiro mandato. Ou vão para o sacrifício, com Dilma Rousseff?
Abraços e sorrisos
José Sarney pela manhã, Michel Temer à tarde, o gabinete do presidente Lula, ontem, era uma festa só. Abraços, sorrisos, votos recíprocos pela reafirmação da aliança entre o PMDB e o governo marcaram os dois diálogos. Sem faltar a presença de Dilma Rousseff.
O diabo é que ninguém confia em ninguém, sequer o novo presidente do Senado no novo presidente da Câmara. Lula acreditou em Sarney quando ouviu dele que não se candidataria à sucessão de Garibaldi Alves? Sarney acreditará em Lula quando acentua não aceitar o terceiro mandato? O presidente da República tomará como declaração irreversível de Michel Temer que o PMDB não marchará com José Serra?
Os dois presidentes das casas do Congresso pretendem afirmar-se junto a seus colegas adotando postura rígida contra o excesso de medidas provisórias. Terão tido coragem necessária para apelar ao Lula para conter o furor legiferante do Executivo? Ou para afirmar, olho no olho, que agora aprovarão na Câmara o projeto já aprovado no Senado, limitando as prerrogativas do governo?
Remando contra a maré
Numa hora em que ao menos na teoria o Congresso tenta afirmar-se sob novas direções, em especial ocupando os espaços que lhe são constitucionalmente devidos, não dá para entender a proposta do novo corregedor da Câmara, o mineiro Edmar Moreira, transferindo para o Supremo Tribunal Federal o julgamento de deputados acusados de faltar com o decoro parlamentar. O Judiciário tem entrado nas atribuições do Legislativo como faca na manteiga, aliás, muito mais por deficiência de deputados e senadores.
Mas oferecer de bandeja aos meretíssimos ministros decisões de sentido político exprime capitulação abominável e desnecessária. Se a falha está na leniência dos julgamentos entre amigos e compadres, que se busque a medida certa na inflexibilidade da lei e dos costumes. Jamais, porém, cedendo à mais alta corte nacional de Justiça sentenças para as quais, com todo o respeito, seus integrantes não estão preparados.
Houve tempo, nos idos de 1945, em que a palavra de ordem vigorando no País inteiro era “todo o poder ao Judiciário”. Explicava-se, porque as Forças Armadas iam derrubar a ditadura do Estado Novo, de Getúlio Vargas, quando verificaram não haver sucessor legal. Inexistia o cargo de vice-presidente da República, muito menos os de presidente da Câmara e presidente do Senado. Sendo assim, o poder foi temporariamente parar nas mãos do presidente do Supremo Tribunal Federal, até a realização de eleições democráticas.
Agora, que vivemos uma democracia, que não há ditadores a depor nem instituições a construir da estaca zero, quer o representante de Minas voltar no tempo?
Teatro de marionetes
A gente deve pedir perdão por bater na mesma tecla, mas fica difícil aceitar comentários da banda amiga e amestrada da imprensa (royalties para mestre Helio Fernandes) quando exagera no sabujismo ao governo. Ontem, ouvimos de um dos representantes dessa fauna haver o presidente Lula colhido retumbante vitória com as eleições de José Sarney para o Senado e Michel Temer para a Câmara. Convenhamos, assim não dá. Mas ninguém duvide que se José Serra tornar-se presidente da República, os mesmos estarão produzindo as mesmas asneiras.
Fonte: Tribuna da Imprensa

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