Certificado Lei geral de proteção de dados

Certificado Lei geral de proteção de dados
Certificado Lei geral de proteção de dados

terça-feira, março 01, 2022

Aventura humana do vírus à guerra




Quando a pandemia entra em declínio, sopram ventos de guerra. A Rússia invadiu a Ucrânia e rompeu com a esperança global de que as fronteiras não sejam definidas pela força militar, mas por negociações diplomáticas.

Por Fernando Gabeira (foto)

Em 2018, estive em Moscou. Era Copa do Mundo, o que não impediu que eu conversasse com alguns russos sobre outros temas. A Ucrânia, para quase todos com quem falei, era tida como um pedaço da Rússia, uma perda dolorosa.

Putin decidiu completar a tarefa que iniciou em fevereiro de 2014, anexando a Crimeia. É indiscutível sua força militar. No entanto nem sempre a força bruta triunfa, apesar da admiração dos chamados realistas. Funcionou na Crimeia, não funcionou no Afeganistão.

Rússia e China parecem unidas no momento. Cada vez mais, cresce sua importância diante de um Ocidente perplexo. Ambas têm uma visão específica sobre democracia, direitos humanos, liberdades individuais.

Confesso que é uma visão diferente da minha. O que não significa uma certeza de que estejamos no caminho certo neste lado do mundo.

Não tenho espaço para grandes digressões. Outro dia, em Paris, o fotógrafo suíço René Robert, aos 84 anos, morreu na rua, depois de ficar nove horas no frio, sem que ninguém o socorresse. Para mim, é um sinal de declínio civilizatório.

Depois de a Rússia anexar a Ucrânia, a China buscará Taiwan, e o jogo continua. Pretextos nunca faltam. A Ucrânia não entraria na Otan nos próximos dez anos. Putin apenas aproveitou o que lhe pareceu um momento favorável.

Mas será mesmo? Há muitas sanções. O Ocidente pode não se envolver diretamente na Ucrânia, mas fará tudo para que a Rússia pague um preço alto pela invasão.

Os americanos conhecem esse peso, sobretudo na forma dos sacos pretos com os corpos de soldados que voltam ao país invasor, sem contar os gigantescos custos econômicos. Se a Europa encontrar alternativas para a energia que importa da Rússia, se o novo gasoduto para a Alemanha não vingar — variáveis somadas a um relativo isolamento tecnológico, custos de guerra.

Quando Bolsonaro foi à Rússia, escrevi um artigo dizendo que era uma viagem perigosa. Sua inexperiência aumentava os riscos. Aquela frase — “O Brasil é solidário com a Rússia” — não expressa um consenso nacional.

Ele queria dizer que o Brasil era solidário com quem buscava soluções pacíficas. Mas, àquela altura dos acontecimentos, com 150 mil soldados na fronteira com a Ucrânia, Putin não acreditava tanto em saída diplomática.

Neste primeiro momento, a tendência é enfatizar o aumento do preço do combustível e suas consequências na economia.

É pouco, da política internacional à estrategia do agronegócio, o Brasil terá de reavaliar tudo, diante desse fato novo.

Bolsonaro foi à Rússia vender carne e comprar fertilizante, assim como alguns itens militares. Será que valeu? A Rússia está ampliando sua atividade agrícola, favorecida pelo aquecimento global, que torna algumas terras agricultáveis. Que peso terão a partir de agora os negócios militares, sob o impacto das sanções ocidentais?

O fundamento de nossa política externa é a busca da paz e a solução pacífica dos conflitos. Putin rompeu com essa lógica.

É uma situação delicada tanto para o país como para indivíduos. De que lado ficar? O mundo ocidental não é um paraíso. Mas valores democráticos e, sobretudo, o respeito às fronteiras nacionais estão em jogo. Ao Brasil não interessa um planeta onde as potências definam áreas de influência e façam nela o que bem entenderem.

Independentemente do debate que, certamente, o tema inspira, sobretudo num ano de eleições, é fundamental se preparar também para a onda de refugiados que se espalhará para a Europa e, certamente, chegará aos países do Novo Mundo.

É hora de convocar uma ampla reunião de emergência no Congresso para discutir a crise ucraniana no Brasil. O tema transcende a um governo hesitante.

O Globo

Guerra entre Ucrânia e Rússia deve elevar preço de alimentos




A inflação brasileira, que terminou 2021 acima dos 10%, começou este ano ainda bastante pressionada e com números ainda altos. O IPCA de janeiro ficou em 0,54%, o maior número para o mês desde 2016, puxado principalmente pelos alimentos. As previsões para o ano, até agora, vinham variando entre 5,5% a algo pouco acima dos 6% (lembrando que o teto da meta perseguida pelo Banco Central é de 5%). Mas essas previsões devem mudar, e para pior, por conta da Guerra na Ucrânia.

Um dos impactos mais imediatos é no preço do trigo, um dos grãos mais importantes usados na alimentação – está presente nos pães, nas massas, nas bebidas e também nas rações animais. O Brasil é um importador desse produto, já que produz menos do que consome. Em 2021, o País produziu 7,7 milhões de toneladas e importou um pouco mais de 6,2 milhões de toneladas, principalmente da Argentina.

E, embora a importação direta da Rússia ou da Ucrânia (respectivamente o primeiro e o quarto maiores exportadores mundiais) não seja relevante, o Brasil sentirá o efeito da alta nos preços que pode ocorrer por conta da guerra. Segundo a consultoria Agroconsult, os preços internacionais já subiram 20% desde o início do ano e tendem a subir ainda mais com o conflito.

O milho, grão fundamental para a alimentação animal, é outro que afetar a inflação. Segundo os especialistas, o produto já está com cotações muito elevadas no mercado internacional, e qualquer aumento adicional vai pressionar ainda mais os custos dos produtores de carne. A Ucrânia é responsável por cerca de 16% das exportações mundiais de milho.

Também há o impacto nos fertilizantes. A Rússia é o maior fornecedor desse produto para o Brasil, com cerca de 20% dos adubos comprados pelo País. Este é exatamente o momento do ano em que os produtores estão comprando os fertilizantes para a safra 2022/2023, e o aumento dos custos por conta do conflito tornou-se motivo de grande preocupação.

Petróleo

A tudo isso se junta o preço dos combustíveis, que tem impacto direto e indireto na inflação. Na semana passada, após o início da invasão russa, o barril do petróleo chegou a passar dos US$ 105. O dólar, que tende a se fortalecer, também deve pressionar os preços.

Com esse cenário, especialistas já começaram a prever um quadro de estagflação – mistura de inflação alta com atividade econômica estagnada. O economista Armando Castellar, pesquisador associado da FGV/Ibre, por exemplo, disse esperar agora uma inflação na casa dos 6,2% ou 6,3%, com o PIB subindo entre 0,3% ou 0,4%, números piores que os projetados antes do início da guerra. Mas todos esses ainda são números preliminares, que vão depender da extensão da guerra, das sanções, dos efeitos que virão. O certo mesmo é que nada de positivo se pode esperar dessa situação.

Gás natural

A invasão da Rússia à Ucrânia deve ter reflexos no mercado global de gás natural, encarecendo ainda mais o preço do produto também no mercado brasileiro nos próximos meses, segundo especialistas consultados pelo Estadão/Broadcast. Nesse cenário, haveria pressão também sobre o custo da geração de energia em termoelétricas, embora não se fale, nesse momento, em risco de falta de gás.

Isso ocorre porque a Rússia responde sozinha por 40% do gás utilizado na Europa, que, em meio ao conflito diplomático e econômico com seu principal fornecedor, pode recorrer ao Gás Natural Liquefeito (GNL) importado de outras localidades para suprir sua demanda, pressionando ainda mais os preços globais. Além disso, um encarecimento do gás na Europa tem reflexos diretos em parte dos contratos de importação para o Brasil, uma vez que esses documentos costumam atrelar os valores às rubricas praticadas no mercado global.

Retaliação

“Não é apenas a questão militar, com as sanções, há também um risco econômico e regulatório, por isso há uma situação tensa no mercado”, disse o professor do Instituto de Energia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/Rio), Edmar Luiz Fagundes de Almeida.

Segundo ele, as retaliações econômicas e sanções impostas à Rússia, além da suspensão da licença do gasoduto Nord Stream 2, construído para levar gás diretamente da Rússia à Alemanha – mas que ainda não começou a operar -, têm potencial para gerar desarranjo na economia global, mesmo que as forças da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) não partam para um conflito armado. “É um momento muito delicado porque, dependendo do desenrolar da questão, pode trazer muitos malefícios para a economia mundial”, disse.

Opinião semelhante tem o engenheiro e fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), Adriano Pires. Ele, contudo, lembra que o Brasil adquire no mercado internacional, principalmente da Bolívia, boa parte do gás que consome, mas ele acredita que no caso do produto entregue pelas concessionárias de distribuição, os aumentos devem acontecer apenas no momento das revisões tarifárias feitas pelas agências reguladoras estaduais. “Antes havia a percepção de que no segundo semestre teríamos uma estabilidade, mas (com essa situação) provavelmente teremos novos aumentos no preço do gás esse ano”, disse.

Ele também lembrou queno ano passado, quando a cadeia global de fornecimento de gás deu os primeiros sinais de desarranjo, o mercado já sentiu um estresse com aumentos de preços pela Petrobras, principal fornecedora nacional do produto no Brasil. Na época, a estatal anunciou elevação superior a 50% para contratos no mercado nacional, o que provocou uma onda de judicialização da questão e reclamações contra a empresa no Cade.

Infraestrutura

Embora o Brasil tenha uma grande reserva de gás natural, o País reinjeta pelo menos metade desse insumo de volta nos campos de petróleo, pois falta infraestrutura de gasodutos para escoamento desse gás. Caso ela existisse, o cenário poderia ser diferente e o País teria mais fôlego para enfrentar a crises como a atual.

Outro especialista que enxerga pressão nos preços do gás como consequência dos conflitos na Europa é o advogado Ali El Hage Filho, sócio do escritório Veirano. “O GNL acaba influenciando os preços do gás no mundo todo, e a gente já vinha de um cenário de pressão de preços mesmo antes da situação da Ucrânia. Acho que certamente vai continuar aumentando”, disse.

Ele lembrou que, nos últimos anos, a Petrobras tem buscado paridade internacional para seus preços, e que outros supridores compram gás no exterior para atender contratos no mercado brasileiro. Essa situação de novos reajustes neste ano pode intensificar os problemas políticos e econômicos que a escalada nos preços do gás e dos combustíveis tem provocado no País.

Correio Braziliense / Daynews

Rússia já enfrenta corrida bancária e viverá crise econômica e social




Por Vicente Nunes (foto)
Vídeos publicados nas redes sociais mostram filas enormes nos caixas eletrônicos por toda a Rússia. Cidadãos temem que o governo decrete o fechamento de bancos diante da decisão da comunidade internacional de banir o país de Vladimir Putin do Swift, rede que interliga o sistema financeiro global.

Segundo Carlos Gustavo Poggio, professor de Relações Internacionais da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), diante de todas as sanções impostas à Rússia, depois de o país invadir a Ucrânia, deve-se esperar o derretimento da economia russa.

“O rublo (moeda local) vai valer o mesmo que um bolívar (moeda da Venezuela). A Bolsa, se abrir, vai ao subterrâneo, teremos corrida aos bancos, o que levará a uma quebradeira”, escreveu o professor em uma rede social. A mesma previsão foi feita pela economista Monica de Bolle.

Para Poggio, Vladimir Putin terá de lidar com uma guerra e uma crise social. A pressão sobre o governo aumentará muito, em especial, dos oligarcas que dão suporte ao governo. Eles são os principais alvos do bloqueio de recursos pelas maiores economias do mundo.

Além de bloquear recursos da elite russa, a União Europeia proibiu que todos os jatinhos de oligarcas que estão pousados nos países do bloco não poderão decolar para a Rússia. Vão ficar presos nos hangares dos aeroportos.

Correio Braziliense

A guerra é a origem de todas as coisas




As democracias liberais têm perdido o seu fulgor e recebido fortes ataques da esquerda e da direita mais radicais que, não por acaso, fazem a defesa da unidade em detrimento do pluralismo. 

Por Patrícia Fernandes (foto)

Talvez seja impossível pensar o século XX sem reconhecer o contributo do pensador alemão Ernst Jünger, que viveu durante quase todo o século (n. 1895 – m. 1998) e vivenciou, como poucos, o espírito do tempo. O seu pensamento foi especialmente marcado pela participação na maior de todas as guerras, de que resultou a escrita de A guerra como experiência interior:

    “Foi a guerra que fez dos homens e dos tempos aquilo que são. (…) Eis o que não podemos negar, ainda que alguns o quisessem: o combate, pai de todas as coisas, é também o nosso pai. Foi ele que nos martelou, cinzelou e temperou, para fazer de nós o que somos. E enquanto a roda da vida vibrar em nós, esta guerra será sempre o eixo em torno do qual ela gira.”

Este ensaio, publicado em 1922, foi antecedido pela publicação do livro que o lançou para a fama – Tempestades de Aço – e as duas obras foram tomadas como referência pela geração de jovens que sobreviveu às trincheiras. Nas suas páginas, encontramos uma aproximação à experiência da guerra e o seu impacto na natureza humana, de acordo com um atavismo que o faz afirmar: “As coisas não se passarão de outra maneira, enquanto existirem homens.”

No posfácio ao ensaio, António Carlos Carvalho destaca a controvérsia do argumento, “[s]obretudo nessa época, anos de 1920, com o seu ‘horror a tudo o que seja poder e virilidade’, um tempo cujos ‘novos deuses’ são a massa e o igualitarismo”. E a paz, acrescentaríamos nós no século XXI. Em sentido contrário, Jünger recupera o espírito do pré-socrático Heraclito e a sua valorização do combate e da disputa: “É necessário saber que a guerra é comum e que a justiça é discórdia e que tudo acontece mediante discórdia e necessidade.”

No campo de batalha cósmico, a natureza e a vida do homem resultariam da ação e reação de substâncias contrárias, numa dinâmica que garante a mudança e o reequilíbrio permanente. Como afirmam os autores de Os Filósofos Pré-Socráticos, “Heraclito mostra que, se a discórdia viesse a cessar, então o vencedor de cada competição entre extremos estabeleceria um domínio permanente, e o mundo como tal seria destruído.” Esta seria a essência do mundo, com claras implicações no domínio político.

Na verdade, podemos pensar a história das ideias políticas a partir do posicionamento de cada autor perante a ideia de conflito: alguns aceitaram e valorizaram o conflito, a discórdia, o combate; outros entenderam a disputa como fonte dos problemas sociais e propuseram modelos políticos que permitissem eliminá-la. Os exemplos habituais deste segundo grupo passam pela cidade una que Platão apresenta em República; a vontade geral do espírito comunitário que Rousseau propõe em O Contrato Social; ou o pensamento marxista, que visava a supressão do conflito que decorre da divisão da sociedade em classes. Estes são os clássicos inimigos da sociedade aberta, na formulação de Karl Popper.

Em Al-Qaeda e o significado de ser moderno, o filósofo inglês John Gray acrescenta o positivismo de Saint-Simon e Auguste Comte àquela lista, considerando a sua influência sobre o próprio marxismo:

“O catecismo positivista tinha três dogmas principais. Primeiro, a história é conduzida pelo poder da ciência; o conhecimento crescente e as novas tecnologias são os determinantes fundamentais das mudanças na sociedade humana. Segundo, a ciência permitirá que a escassez natural seja vencida; uma vez conseguido isso, os dois males imemoriais da pobreza e da guerra serão banidos para sempre. Terceiro, o progresso da ciência e o progresso da ética e da política andam de mãos dadas; à medida que o conhecimento científico avança e se torna mais sistematicamente organizado, os valores humanos convergirão cada vez mais.”

De acordo com Gray, o significado de ser moderno consiste precisamente na crença de que o conhecimento científico tornará os países mais semelhantes e pacíficos, eliminando o conflito e criando um novo mundo e uma nova humanidade.

Mas o que resulta de qualquer uma destas propostas filosóficas é que a sua tentativa de superar os conflitos redunda, necessariamente, num estado totalitário: na verdade, a eliminação do conflito implica uma previsão e intervenção permanentes por parte do poder estatal ou uma afirmação absoluta do espírito comunitário. A esta luz, conflito e discórdia surgem como condição de liberdade.

Estamos, então, condenados à disputa e à guerra se queremos liberdade?

Voltemos à história das ideias políticas: aí também podemos encontrar autores que, reconhecendo a naturalidade e a virtude do conflito, propõem outros modos de lidar com ele. Se, como diz Gray, os conflitos não podem ser ultrapassados, podem ser “moderados” – e esta talvez tenha sido a principal conquista civilizacional da modernidade. Na linha da tradição democrática e republicana, que vai de Péricles a Cícero, e da herança liberal de John Locke, Montesquieu e James Madison, o sistema de democracia liberal foi amadurecendo de forma a garantir que os conflitos inerentes à vida em sociedade pudessem ser moderados ou dissolvidos em instituições de modo pacífico. É este o espírito que está presente no mito da paz perpétua que devemos a Immanuel Kant.

De facto, e com todos os seus defeitos, as democracias liberais são um garante de pacificismo: não no sentido de querer eliminar a discórdia e o conflito e, com eles, a liberdade, mas no sentido de querer encontrar soluções não violentas para moderar essa discórdia e esse conflito (seja internamente pela discussão parlamentar; seja externamente pela diplomacia). O problema é que as democracias liberais têm perdido o seu fulgor e recebido fortes ataques da esquerda e da direita mais radicais – que, não por acaso, fazem a defesa da unidade e do consenso, em detrimento do pluralismo e do dissenso. Têm-se tornado, por isso, presas frágeis daqueles regimes para os quais a lição de Heraclito ainda é a principal lição: “A guerra é a origem de todas as coisas e de todas ela é soberana, e a uns ela apresenta-os como deuses, a outros, como homens; de uns ela faz escravos, de outros, homens livres.”

Resta saber se a promessa pacifista da democracia liberal não nos tornou incapazes de lutar pelas nossas sociedades, pelos nossos projetos coletivos, pelos nossos países, pelas nossas liberdades.

Observador (PT)

Sanções da UE ao Banco Central russo entram em vigor




Considerada tão pesada quanto exclusão da Rússia do Swift, medida dificulta financiamento da guerra contra a Ucrânia e uso de reservas russas em moeda estrangeira para estabilizar o rublo.

As sanções da União Europeia ao Banco Central russo entraram em vigor na madrugada desta segunda-feira (28/02). Segundo a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, as restrições incluem uma proibição de transações com o instituto financeiro.

Além disso, todos os ativos do banco na UE deverão ser congelados para impedir o financiamento da guerra do presidente Vladimir Putin contra a Ucrânia.

As sanções são consideradas tão pesadas quanto a exclusão de instituições financeiras russas da rede de comunicações bancárias Swift.

As medidas punitivas da UE combinadas com as dos seus parceiros do G7 fazem com que cerca de metade das reservas financeiras do Banco Central da Rússia seja congelada, segundo afirmou o chefe de política externa da UE, Josep Borrell, na noite de domingo.

Rublo despenca

De acordo com especialistas, a medida impede, por exemplo, que a Rússia consiga usar suas reservas em moeda estrangeira para estabilizar o rublo. A moeda russa está apresentando queda acentuada, o que trará mais dificuldades para a população da Rússia.

Nesta segunda-feira, o rublo alcançou uma desvalorização recorde em relação ao dólar nas bolsas asiáticas, apesar do anúncio do Banco Central da Rússia de que lançaria uma série de medidas para apoiar os mercados domésticos, afetados pelas sanções. A moeda russa chegou a cair 30% em relação ao valor da sexta-feira, se recuperando ligeiramente logo depois.

Nem todas as reservas do Banco Central russo podem ser bloqueadas, segundo Borrell, porque nem todos estão presentes em estados ocidentais. Ele disse que a UE não pode bloquear reservas em Moscou ou na China, por exemplo, acrescentando que a Rússia vem ocultando cada vez mais reservas em países onde elas não podem ser bloqueadas.

Belarus e oligarcas na mira

A exclusão da Rússia do sistema Swift também deve começar a vigorar nesta segunda-feira. A UE também planeja impor novas sanções contra o aliado russo Belarus e contra oligarcas russos, empresários e políticos.

Em uma decisão surpreendente, o presidente suíço, Ignazio Cassis, disse ser "altamente provável" que seu governo decida na segunda-feira congelar ativos russos no país, de acordo com a agência de notícias suíça SDA. Ele acrescentou que a possibilidade de seguir outros países nas sanções contra Putin também estaria na mesa. Cassis também disse que qualquer decisão final sobre o congelamento de capital teria que levar o status neutro da Suíça em consideração.

Cassis já havia citado a neutralidade suíça como motivo para não impor sanções, apesar da invasão russa da Ucrânia. A Suíça é um importante centro financeiro para os russos.

Deutsche Welle

Deepfakes com Lula, Moro e Dilma alertam para risco nas eleições




Cada vez mais sofisticadas, técnicas de deepfake e deepdubs colocam na boca de pré-candidatos à Presidência frases que, na verdade, eles nunca proferiram. Muitas vezes, em lugares onde eles também não estiveram. Exemplo recente é um vídeo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) dizendo amar paçoca e abrindo um pote do doce, conteúdo que ganhou projeção nas redes nesta quinta-feira, 24. O “detalhe”, como a própria postagem explica, é que o líder petista não falou nada daquilo, e tudo não passou de uma farsa criada em computador.

O criador da peça, o jornalista e pesquisador de deepfake Bruno Sartori, relata na publicação ter usado a tecnologia para inserir o rosto de Lula no corpo de outra pessoa e transferir o timbre de sua voz para a fala original. Ele já compartilhou outros exemplos em seu perfil, como um vídeo que simula o pré-candidato Sérgio Moro (Podemos) recitando um poema satírico e um homem falando com a exata voz da ex-presidente Dilma Rousseff. Procurado pela reportagem, Sartori não quis se manifestar.

Deepfakes, como o nome sugere – algo como “mentira profunda”, em tradução livre -, é uma categoria de farsa que vai além das fake news tradicionais. Diferentemente do que ocorre nas montagens tradicionais, os personagens retratados aparecem em vídeos e podem gesticular, falar e inclusive imitar a voz das vítimas – nesse caso, a técnica se chama deepdub.

Os conteúdos são feitos por meio de inteligência artificial. Para desavisados, é muito difícil distinguir o que é real do que é falso – uma dica é se atentar para certa estranheza nas expressões faciais, discrepâncias no tom da pele, entre outras minúcias.

Segundo o pesquisador Anderson Soares, chefe do centro de inteligência artificial da Universidade Federal de Goiás (UFG), dois fatores criam o ambiente perfeito para a disseminação de deepfakes. Primeiro, o avanço das ferramentas digitais e o amadurecimento da tecnologia nos últimos anos. Segundo, o fato de haver vídeos e áudios disponíveis em abundância para que o computador recolha os dados de aparência e voz de que precisa.

Soares afirma que a tendência é que a técnica se popularize e passe a estar disponível mesmo para quem não trabalha com tecnologia nos próximos anos. Via aplicativo de celular, por exemplo – alguns já existem, como o Reface App. “Em breve, qualquer pessoa vai conseguir produzir um vídeo ou voz falsa, é questão de pouco tempo”.

Entretanto, o pesquisador argumenta que o melhor caminho não é proibir o uso da ferramenta. Ela pode ser útil para melhorar a dublagem de filmes, por exemplo, e bani-la afetaria a competitividade do Brasil no ramo da tecnologia. “O caminho é que os órgãos competentes tenham agilidade para coibir práticas antiéticas, sobretudo no que diz respeito às eleições, e a sociedade precisa ser educada para reconhecer vídeos falsos”, afirma.

Na campanha eleitoral de 2018, o então candidato a governador João Doria (PSDB) foi alvo de uma deepfake. À época, passou a circular nas redes um vídeo com cenas de sexo envolvendo seis mulheres e um homem, que na gravação foi identificado como sendo o tucano. O material foi explorado por adversários para enfraquecê-lo na disputa.

“Hoje eu vi um vídeo vergonhoso nas redes sociais, que foi produzido por alguém que só quer o meu mal e o mal da minha família. Uma produção grotesca. Fake news. Pedi a um perito criminal que verificasse essas imagens. Pedi também medidas judiciais e criminais contra os autores desse vídeo. Lamento muito que a campanha em São Paulo tenha chegado a esse nível de ferir a nossa família”, disse o tucano naquela ocasião.

Não é difícil, hoje, encontrar esse tipo de montagem envolvendo políticos na internet. Um caso famoso foi o que simulou o presidente Jair Bolsonaro (PL) elogiando as vacinas. Outro mostra o rosto do presidente no personagem mexicano Chapolim Colorado. Também há um exemplo em que o chefe do Executivo canta a canção “Admirável Gado Novo”, de Zé Ramalho; Silvio Santos já apresentou o Jornal Nacional; Lula já cantou uma música de Pabllo Vittar; e até o ex-presidente americano Donald Trump já chamou Bolsonaro de “Bolsolino”.

Questiona sobre como se prepara para enfrentar vídeos falsos, a equipe de Lula afirmou que não comenta estratégias de comunicação.

Correio Braziliense / Daynews

Roleta-russa e facciosismos




Por Mafalda Anjos (foto)

“Aqueles que se sentiram os vencedores após o fim da Guerra Fria e pensaram que escalaram o Monte Olimpo, logo descobriram que o chão estava caindo… desta vez era a vez deles, e ninguém podia parar o momento.” A frase é de Putin, proferida em outubro passado, durante a Conferência de Valdai, que tinha como tema a “Agitação Global no Século 21”. Agitador destemido, o Presidente russo não desiludiu. No seu discurso sobre o novo equilíbrio para o sistema mundial foi muito claro sobre o que vê como o fim do domínio do Ocidente nos assuntos internacionais, anunciando que se guiará por um “saudável conservadorismo”.

Foi imbuído deste “conservadorismo” que esta semana Putin proferiu o seu mais imperialista, colonialista e radical discurso de que há memória, encenado para consumo tanto externo como interno, ao anunciar o reconhecimento da independência das repúblicas separatistas de Donetsk e Lugansk, e dizer que a Ucrânia é uma “colónia de fantoches”, mas que foi inteiramente criada pela Rússia comunista de Lenin. Quase que se ouvia soar em fundo o God Save the Tsar!, o hino nacional do império russo. “Querem descomunização? Está bem. Estamos prontos para vos mostrar o que significa a verdadeira descomunização”, atirou em tom ameaçador.

Há muito que está claro que Putin não acredita na ordem mundial pós-Guerra Fria assente em pactos de não agressão e em princípios democráticos. Sobre a Ucrânia, aliás, Putin já tinha escrito um ensaio em julho em que falava da “união histórica” entre os dois países e deixava claro que via os ucranianos e os russos como “um povo – um único povo”, ligado por uma “unidade espiritual” que determina que “a verdadeira soberania da Ucrânia só é possível em parceria com a Rússia”.

Desde pelo menos 2014, quando a Rússia anexou a Crimeia e se procurou estabelecer nos Acordos de Minsk uma solução para o conflito na região do Donbass, que esta nova desordem mundial era evidente para quem a quisesse ver. Com a demissão de Barack Obama e de David Cameron do tema, é claro hoje que o “formato da Normandia” estabelecido foi um rotundo falhanço de François Hollande e de Angela Merkel, mais interessados em não hostilizar nem fechar a torneira do gás do que em travar as ambições russas. Putin ficou à solta para continuar em busca do império perdido, aliando-se à China na construção do bloco económico oriental contra o bloco ocidental da Europa e dos EUA.

Com uma situação interna pouco entusiasmante, o mundo a sair de uma pandemia e novos líderes mundiais que considera fracos – Scholz na chancelaria alemã, Biden na Casa Branca e o ex-humorista Zelenski como Presidente da Ucrânia –, Putin sentiu que este era o tempo certo para atacar. Não há inocentes nesta matéria (e os EUA e a NATO claramente não são), mas, não tenhamos dúvidas, é de um ataque que se trata, que tem como pano de fundo a maior deslocação militar desde a Guerra Fria.

Com que objetivo final, não sabemos. Ficar-se-á Putin apenas pelos territórios dominados separatistas ou inclui toda a região de Donbass? Avança por outros estados da Ucrânia? Tudo em Putin é imprevisível e potencialmente irremediável, o seu jogo é a roleta-russa. Será preciso nervos de aço para acompanhar o desenrolar da situação que pode ficar-se “apenas” por sanções internacionais, descambar num conflito armado sério na Europa ou escalar para uma guerra mundial. Isto envolvendo um país carregado de arsenal nuclear – que fez questão de exibir nos últimos dias.

Com este pano de fundo, é sintomática mas não surpreendente a posição do PCP. Os comunistas portugueses, que claramente ainda não perceberam que a Rússia de comunista já não tem nada e se transformou num regime autocrata com laivos de fascismo, vieram exigir “o fim da escalada de confrontação promovida pelos EUA e a Nato contra a Rússia”, “uma estratégia agressiva de imperialismo concretizada após o golpe de Estado de 2014 que foi promovido pelos EUA, a NATO e a UE”. Justifica-se, portanto, para o PCP o imperialismo do bem (o russo) contra o imperialismo dos maus (os americanos e seus aliados)…

É muito curioso perceber como os extremos se tocam quando o tema é um herdeiro da derrocada da URSS que se transformou em autocrata nacionalista e conservador. A par dos comunistas e até bloquistas lusos, também a extrema-direita de Le Pen, Éric Zemmour ou Bolsonaro (o Chega não foi ainda tão longe como os “amigos”) relativiza e enquadra Putin. Há coisas que dificilmente mudam, e a tendência para o facciosismo é infelizmente uma delas.

Visão

Foguetes matam 11 na cidade ucraniana de Kharkiv, diz autoridade

 




Chefe regional disse que áreas residenciais de Kharkiv foram atingidas

Por Natalia Zinets

Lviv - Ucrânia - Pelo menos 11 pessoas morreram nesta segunda-feira em ataques com foguetes de forças russas em bairros residenciais da cidade ucraniana de Kharkiv, disse o chefe da administração regional, Oleg Synegubov.

A cidade do nordeste do país, a segunda maior da Ucrânia, tornou-se um dos principais campos de batalha desde que a Rússia invadiu a Ucrânia na semana passada, no maior ataque a um estado europeu desde a Segunda Guerra Mundial.

Synegubov afirmou que as forças russas estavam disparando artilharia em áreas residenciais de Kharkiv, onde não há posições do exército ucraniano ou infraestrutura estratégica.

"Isso está acontecendo durante o dia, quando as pessoas vão à farmácia, para fazer compras ou beber água. É um crime", disse ele. Onze pessoas foram mortas na segunda-feira e dezenas ficaram feridas, disse ele.

Não foi imediatamente possível verificar de forma independente os números de vítimas. Anteriormente, o conselheiro do Ministério do Interior, Anton Herashchenko, disse que ataques com foguetes russos em Kharkiv na segunda-feira mataram dezenas de pessoas.

A Rússia chama suas ações na Ucrânia de “operação especial” que, segundo ela, não foi projetada para ocupar território, mas para destruir as capacidades militares de seu vizinho do sul e capturar o que considera nacionalistas perigosos.

No domingo, o Ministério da Saúde da Ucrânia disse que 352 civis, incluindo 14 crianças, foram mortos desde o início da invasão.

Agência Brasil

***

No Rio, grupo faz manifestação pela paz entre Rússia e Ucrânia

Ato ocorre neste momento em frente ao Consulado da Rússia, no Leblon

Por Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

Um grupo de cerca de 80 pessoas, formado por ucranianos, russos e brasileiros, portando cartazes, participam hoje (28) de uma manifestação pacífica em frente ao Consulado da Rússia, no Leblon. O empresário e chef Romano Tseplik, conhecido como Romano Russo e morador há muitos anos no Brasil, onde tem restaurante de comida típica russa e ucraniana, disse à Agência Brasil que “é uma manifestação pacífica, sem nenhuma provocação”.

Os manifestantes defendem sua posição contrária à guerra entre os dois países e querem a paz. Romano Tseplik ainda não sabe se a manifestação terá desdobramentos. “Hoje é o primeiro dia. Vamos ver no que dá”. Ele tem parentes tanto na Ucrânia, como na Rússia. Tseplik nasceu no Cazaquistão, território que integrava a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), extinta em 1991, e está preocupado com o que pode acontecer a seus familiares.

No Consulado da Rússia, disseram à Agência Brasil que não podiam fornecer informação nenhuma nem comentar sobre a manifestação. 

Agência Brasil

Ocidente e Oriente estão em luta pela hegemonia na Ucrânia




O Estado de bem-estar social, que fora fundamental para suplantar o chamado “socialismo real”, entrou em crise e a democracia tem dificuldades de acompanhar as mudanças de uma economia globalizada

Por Luiz Carlos Azedo (foto)

Quando Alexander Hamilton exortou os norte-americanos a decidirem se “as sociedades humanas são mesmo capazes de constituir um bom governo, com base na reflexão e na escolha, ou se estão condenados para sempre a ter organizações políticas que são fruto do acidente e da força” (O Federalista, nº 1), em 1787, no debate que levou à consolidação a Constituição dos Estados Unidos, traçou o curso da linha divisória que separa o Ocidente democrático do resto do mundo. Os países que foram capazes de seguir esse caminho constituíram bons governos e foram adiante, ampliando consideravelmente a sua influência mundial; os que tomaram outro rumo, como a Alemanha nazista e, mais recentemente, a antiga União Soviética, amargaram o declínio, a disfunção e/ou o colapso.

Entretanto, depois da débâcle dos regimes comunistas do leste europeu, as democracias do Ocidente começaram a enfrentar uma crise de representação sem precedentes, provocada pela revolução tecnológica que elas próprias protagonizaram e as dificuldades de sustentar um modelo de Estado que se baseava muito mais no fabianismo, uma doutrina liberal-socialista, do que no Leviatã de Thomas Hobbes, o Estado liberal clássico. O Estado de bem-estar social, que fora fundamental para suplantar o chamado “socialismo real”, entrou em crise. Com isso, a democracia representativa passou a ter dificuldades para acompanhar as mudanças de uma economia globalizada.

É aí que entram em cena um pequeno país asiático e um gigante de dimensões continentais. A pequena Cingapura, que fora governada por Lee Kuan Yew por 30 anos e hoje é comandada por seu filho mais velho, Lee Hsien Loong, e a China de Deng Hisiao Ping, hoje liderada por Xi Jinping, operam um processo de modernização com resultados surpreendentes, a partir de governos autoritários, que passou a ser referência para diversos países no mundo. Inicia-se, assim, uma corrida para reinventar o Estado, na qual muitas vezes a democracia e o Estado de bem-estar social estão de mãos dadas numa rota suicida, por causa do populismo e do inchaço dos governos; em outras, em confronto aberto, no Estado mínimo, igualmente perigoso, devido às desigualdades.

Na China, os gestores buscam inspiração no Ocidente, miram o Vale do Silício, nos Estados Unidos, para reinventar o capitalismo; porém, olham para Cingapura na hora do “aggiornamento” do seu governo. A cidade-estado adota o sistema Westminster de governo unicameral, ou seja, é uma república parlamentar. O Partido de Ação Popular (PAP) ganhou todas as eleições desde a concessão britânica de autonomia interna em 1959. O país tem o terceiro maior poder de compra per capita do mundo, é um dos mais ricos do planeta.

Fim da História

Liderada pelos Estados Unidos, desde o colapso do comunismo europeu, a ideia hegemônica no Ocidente é de que a democracia é um credo universal, basta extirpar a tirania para que se enraíze; e que democracia e capitalismo são siameses, a livre escolha de uma parte não existe sem a da outra. Essas são as premissas básicas do famoso ensaio O fim da História, de Francis Fukuyama, o filósofo e economista norte-americano.

Democracia liberal e capitalismo, porém, não têm uma relação automática, e a equação capitalismo, autodeterminação e globalização não é de fácil solução. Mesmo nos Estados Unidos e na Europa, a democracia está sendo posta à prova por forças autoritárias e “iliberais”, que buscam a modernização conservadora. Não à toa o fantasma republicano de Donald Trump ronda o governo do democrata Joe Biden.

Na corrida entre governos democráticos e autoritários para reinventar o Estado e modernizar a economia, entre os quais algumas monarquias sanguinárias aliadas aos Estados Unidos, destacam-se a emergência da China, como segunda maior potência econômica do planeta, e a ascensão da Alemanha e da França como líderes de uma Europa Ocidental economicamente unificada. A resposta de Donald Trump nos Estados Unidos fora iniciar uma guerra comercial com o gigante asiático, ao mesmo tempo em que buscava e estimulava a adoção de um modelo político “iliberal” para acelerar o processo de modernização no Ocidente. Esse curso foi interrompido pela vitória de Joe Biden, que trouxe a maior potência econômica e militar do planeta para o eixo da reafirmação de sua hegemonia mundial, aliada à Inglaterra no Atlântico, e à Austrália, ao Japão e à Índia no Pacífico, num pacto militar para isolar a China.

O resultado foi a reaproximação entre a Rússia, que recrudesceu sua doutrina geopolítica ao invadir a Ucrânia, e a China, empenhada em levar a Nova Rota da Seda ao coração da Europa. O confronto entre Ocidente e Oriente está novamente instalado. No lugar do mundo globalizado e multipolar, que se desenhava a partir das disputas comerciais, estabeleceu-se uma nova bipolaridade, que se sustenta no equilíbrio estratégico-militar dessas potências nucleares e tem como divisor de águas a narrativa da democracia como modelo de vocação universal, como exortou Hamilton.

Correio Braziliense

Em destaque

STF reitera questionamentos à Câmara dos Deputados sobre aprovação das emendas de comissão

Ministro Flávio Dino deu prazo até as 20h desta sexta-feira (27) para Câmara responder objetivamente, caso queira a liberação das emendas pa...

Mais visitadas