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domingo, abril 03, 2011

Nas revistas: Valerioduto usou dinheiro público e pagou segurança de Lula em 2002

ÉPOCA

Mensalão: Época revela todas as provas da polícia sobre o maior escândalo do governo Lula
—O dinheiro que alimentava o valerioduto saía mesmo dos cofres públicos
—Marcos Valério pagou segurança pessoal de Lula em 2002
—O cheque de R4 247 mil que financiou a campanha do ministro Fernando Pimentel
—Os contratos secretos da empresa do banqueiro Daniel Dantas para dar R$ 50 milhões ao PT
—As novas acusações contra Romero Jucá, Vicentinho, Benedita da Silva, Pimenta da Veiga...
Era uma vez, numa terra não tão distante, um governo que resolveu botar o Congresso no bolso. Para levar a cabo a operação, recorreu à varinha de condão de um lobista muito especial, que detinha os contatos, os meios e o capital inicial para fazer o serviço. Em contrapartida, o lobista ganharia contratos nesse mesmo governo, de modo a cobrir as despesas necessárias à compra. Ganharia também acesso irrestrito aos poderosos gabinetes de seu cliente, de maneira a abrir novas perspectivas de negócios. Fechou-se o acordo – e assim se fez: o lobista distribuiu ao menos R$ 55 milhões a dezenas de parlamentares da base aliada do governo. O governo reinou feliz para sempre.
Mas somente por dois anos. Há seis anos, em junho de 2005, pela voz do vilão e ex-deputado Roberto Jefferson, a fantástica história do maior escândalo de corrupção já descoberto no país, conhecido como mensalão, veio a público. O governo quase ruiu. Seu líder, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disse que “devia desculpas” ao país. Os dirigentes do PT, o partido responsável pelo negócio com o lobista, caíram um após o outro, abalroados pelas evidências de que, não, aquela não era uma história de ficção: era tudo verdade.
Sobrevieram as investigações de uma CPI (a última que chegou a funcionar efetivamente no país) e a enfática denúncia do procurador-geral da República, que qualificou o grupo como uma “organização criminosa”, liderada pelo primeiro-ministro informal desse governo, o petista José Dirceu. A realidade dos fatos abateu-se sobre as lideranças do partido. Tarso Genro, um deles, falou em refundar o partido. Lula pediu desculpas mais uma vez. O então deputado José Eduardo Cardozo reconheceu que houve mensalão, e que era preciso admitir os fatos.
Parecia que haveria um saudável processo de depuração ética em Brasília. Parecia. Os anos passaram, e a memória dos fatos esvaiu-se lentamente, carregada pelo esforço dos mesmos líderes petistas de reconfigurar o que acontecera através das lentes da má ficção. Dirceu começou a declarar que não houve compra de votos. Petistas disseram que o esquema não fazia sentido, uma vez que, como eram governistas, não precisariam receber dinheiro para votar com o governo – esquecendo que o valerioduto também contemplava o pagamento de campanhas políticas com dinheiro sujo. Delúbio Soares, o tesoureiro que coordenou os pagamentos, disse que tudo se tornaria piada de salão. Agora, obteve apoio para voltar ao partido, de onde fora expulso quando era conveniente a seus colegas. Por fim, quando estava prestes a terminar seu mandato, Lula avisou aos petistas: “O mensalão foi uma farsa. Vamos provar isso”.
São as voltas que o planeta político dá. Em Brasília, como se percebe, ele gira com especial rapidez. José Eduardo Cardozo agora é ministro da Justiça. Foi sob o comando dele que a Polícia Federal produziu sigilosamente um documento devastador, cujas 332 páginas resultam demolidoras para muitos dos próceres da República. Trata-se do relatório final da Polícia Federal sobre o caso do mensalão, que encerra oficialmente os seis anos de extensas investigações conduzidas por delegados, agentes e peritos especializados no combate ao crime organizado. A peça já está sobre a mesa do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e deverá seguir em breve para o gabinete do ministro Joaquim Barbosa, o relator do caso do mensalão no Supremo Tribunal Federal.
Liderada pelo policial Luís Flávio Zampronha, delegado que coordena o caso desde o início e integra a divisão de Repressão a Crimes Financeiros, a PF vasculhou centenas de contas bancárias, esmiuçou dezenas de documentos internos das empresas envolvidas no esquema e ouviu cerca de 100 testemunhas. Produziu-se esse minucioso trabalho por determinação do ministro Joaquim Barbosa. O objetivo era produzir provas acerca dos pontos que não haviam sido contemplados nas investigações da CPI dos Correios e da Procuradoria-Geral da República. As dúvidas dividiam-se em três perguntas elementares:
1. O mensalão foi financiado com dinheiro público?
2. Houve mais beneficiários do valerioduto?
3. Qual era o limite da influência de Marcos Valério no governo petista?
A investigação da PF dissolve essas incertezas – e faz isso com muitas, muitas provas. A resposta às duas primeiras perguntas é sim, sem dúvida. A resposta à terceira? Nenhum. Não há mais argumentos falaciosos, teses descabidas ou teorias conspiratórias que permitam ignorar os fatos colhidos pela PF. Derrubam-se, assim, os mitos que setores do PT, sobretudo sob a liderança moral e simbólica do presidente Lula, tentaram impor à opinião pública. O mensalão não foi uma farsa. Não foi uma ficção. Não foi “algo feito sistematicamente no Brasil”, como chegou a dizer o ex-presidente. O mensalão, como já demonstravam as investigações da CPI dos Correios e do Ministério Público e agora se confirma cabalmente com o relatório da PF, consiste no mais amplo (cinco partidos, dezenas de parlamentares), mais complexo (centenas de contas bancárias, uso de doleiros, laranjas) e mais grave (compra maciça de apoio político no Congresso) esquema de corrupção já descoberto no país. O significado político e, sobretudo, simbólico do fim desse debate é enorme – e pode alterar os rumos do processo do mensalão no STF, que até o momento tendia para uma vagarosa morte jurídica.
Ao responder ao que lhe foi pedido, a PF avança ainda mais. Eis as principais descobertas expostas no relatório:
* Chegou-se, finalmente, ao elo mais grave do esquema do valerioduto: a conexão com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O segurança Freud Godoy, que trabalha com o petista desde a campanha de 1989 e desfruta a intimidade da família de Lula, confessou à PF que recebeu R$ 98 mil de Marcos Valério. Disse que se tratava de pagamento dos serviços de segurança prestados a Lula na campanha de 2002 e durante a transição para a Presidência;
* Os peritos da PF rastrearam o envolvimento de mais grão-políticos no esquema. Direta ou indiretamente, seja por meio de assessores ou de familiares, em campanhas políticas ou no exercício do mandato, receberam dinheiro do valerioduto políticos poderosos, como o minis-tro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, do PT, e o eterno líder do governo no Congresso, senador Romero Jucá, do PMDB. Descobriu-se também, ou se conseguiu confirmar, a participação de mais sete deputados federais, dois ex-senadores e um ex-ministro (leia a nova lista do esquema abaixo);
* O banqueiro Daniel Dantas, que participava de uma das mais renhidas e bilionárias disputas societárias do Brasil – e que, para resolver seus problemas, precisava desesperadamente de aliados no Palácio do Planalto –, tentou mesmo garantir o apoio do governo petista por intermédio de dinheiro enviado às empresas de Marcos Valério. Depois de se reunir com Dirceu, então ministro da Casa Civil, Dantas recebeu de Delúbio um pedido especial de ajuda financeira: US$ 50 milhões. Segundo a PF, a propina foi aceita. Pouco antes de o mensalão vir a público, uma das empresas controladas pelo banqueiro fechou contratos fajutos com Valério – apenas para que houvesse um modo legal de depositar o dinheiro. Houve tempo suficiente para que R$ 3,6 milhões fossem repassados ao publicitário. Encaminhou-se esse total a doleiros, mas a PF ainda não descobriu os reais beneficiários do dinheiro;
* São comprovadamente fajutos os empréstimos que, segundo a defesa de Marcos Valério, explicariam a origem do dinheiro do mensalão. Esses papéis serviram somente para dar cobertura jurídica a uma intrincada operação de lavagem de dinheiro. Apurou-se que houve duas fontes de recursos para bancar o mensalão e as demais atividades criminosas de Marcos Valério. Uma, a principal, qualificada pela PF de “fonte primária”, consistia em dinheiro público, proveniente dos contratos do publicitário com ministérios e estatais. O principal canal de desvio estava no Banco do Brasil, num fundo de publicidade chamado Visanet, destinado a ações de marketing do cartão da bandeira Visa. As agências de Marcos Valério produziam algumas ações publicitárias, mas a vasta maioria dos valores repassados pelo governo servira tão somente para abastecer o mensalão. A segunda fonte de financiamento, chamada de “secundária”, estipulava que Marcos Valério seria ressarcido pelos pagamentos aos políticos por meio de contratos de lobby com empresas dispostas a se aproximar da Presidência da República. Foi o caso do Banco Rural, que tentava obter favores do Banco Central e do banqueiro Daniel Dantas, que precisava do apoio dos fundos de pensão das estatais.


O almoço não é grátis: Bondade no IR será compensada em outros tributos
Na semana passada, a Receita Federal acenou com o que parecia ser um raro alívio para o bolso dos contribuintes. Ela elevou em 4,5% o valor mínimo que determina quem deve pagar Imposto de Renda (IR). A faixa de isenção do IR subiu de R$ 1.499,15 para R$ 1.566,61 por mês. Com a medida, menos pessoas pagarão IR, os atuais contribuintes pagarão um pouco menos e a Receita arrecadará R$ 1,6 bilhão a menos. Mas não existe bondade no mundo tributário.
Para compensar a perda de arrecadação com o IR, a Receita elevou em 15%, em média, a taxação sobre bebidas (cerveja, refrigerante, energéticos e água mineral). E subiu de 2,38% para 6,38% a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para transações com cartão de crédito no exterior. As duas medidas deverão render R$ 1,75 bilhão, R$ 150 milhões acima da “perda” com o IR. É a saída para sustentar os crescentes gastos públicos e para cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal, que obriga o governo a encontrar outra fonte quando abre mão de arrecadação.

Na pista dos desaparecidos
Ivan Mota Dias, estudante de história, era conhecido como o Comandante Cabanos da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). A VPR era um dos mais agressivos grupos da esquerda armada que combatiam as forças da ditadura militar (1964-1985). Em 15 de maio de 1971, Dias foi preso no Rio de Janeiro por agentes do Cisa, o serviço secreto da Aeronáutica. Sua família o procurou, em vão. Seu corpo nunca apareceu. Documentos oficiais não registram seu destino. A história de Ivan é semelhante à de outros desaparecidos e as dúvidas que cercam seu destino são compartilhadas por outras famílias. Agora, 40 anos depois, surgem pistas. Os corpos de Ivan e de outros 16 desaparecidos podem ter sido enterrados como indigentes, ou com nomes falsos, em covas rasas no cemitério de Petrópolis, no Rio de Janeiro.
Sem alarde, no ano passado, a Secretaria de Direitos Humanos empreendeu durante oito meses a mais sistemática busca por restos mortais de desaparecidos políticos já feita no país. As buscas foram feitas em quatro Estados por uma equipe formada por funcionários da Secretaria, agentes da Polícia Federal, procuradores da República e um consultor externo. Um dos principais focos foi Petrópolis. Pelo menos entre 1970 e 1974, funcionou na cidade um cruel centro de tortura e assassinato mantido pelas Forças Armadas fora de suas instalações oficiais. A Casa da Morte – codinome Codão – ficava na Rua Arthur Barbosa, 668, no bairro Caxambu. Era um cárcere privado mantido pelo Centro de Informações do Exército (CIE). Para ele eram levados os presos que poderiam ser convertidos em agentes duplos. Mas a função primordial era torturar e matar sem deixar rastros. Isso incluiria a norma macabra de picotar os corpos.
As informações levantadas pela missão, no entanto, podem mudar o pouco que se sabe sobre esse episódio sombrio. Ex-militante que foi torturado no DOI-Codi paulista e cumpriu pena na década de 1970, Ivan Seixas foi o consultor da equipe da Secretaria. Há mais de dez anos, ele recebeu uma informação sobre os mortos em Petrópolis. “Procure no cemitério atrás do Quitandinha. Lá você pode achar o pessoal da casa”, disse um intermediário. Quitandinha é um hotel desativado, um dos cartões-postais de Petrópolis. Atrás dele fica o bairro onde está o cemitério municipal.

Cerco às senzalas da moda
Quando os auditores do Ministério do Trabalho entraram na casa de paredes descascadas num bairro residencial da capital paulista, parecia improvável que, dali, sairiam peças costuradas para as Pernambucanas. Não fossem as etiquetas da loja coladas aos casacos, seria difícil acreditar que a empresa, cujo faturamento foi de R$ 4,1 bilhões em 2009, pagava 20 centavos por peça a imigrantes bolivianos que costuravam das 8 da manhã às 10 da noite. Para abastecer a terceira maior rede varejista em vestuário do país, os 16 trabalhadores suavam em dois cômodos sem janelas de 6 metros quadrados cada um. O ar era quente, havia fios elétricos pendurados do teto e sacos de roupa misturados a sacos de batata no chão. Costurando casacos da Argonaut, marca criada pelas Pernambucanas para os jovens, havia dois menores de idade e dois jovens que completaram 18 anos na oficina. Três crianças, filhas dos trabalhadores, circulavam entre as máquinas.
Como consequência dessa operação, as Pernambucanas foram autuadas, na semana passada, pela acusação de explorar, em sua cadeia produtiva, trabalho análogo ao escravo (crime que pode ser punido, segundo o Código Penal, com multa e reclusão de dois a oito anos). A empresa recebeu multa de R$ 2,2 milhões. Por meio de sua assessoria, emitiu uma nota em que afirma: “A Pernambucanas não produz, ela compra produtos no mercado e os revende no varejo”. É verdade que as Pernambucanas não contrataram os bolivianos diretamente. Eles trabalhavam para a Dorbyn, uma confecção intermediária que recebia as encomendas das Pernambucanas e levava as peças-piloto para a oficina. Fábio Khouri, um dos diretores da Dorbyn, disse que desconhecia as condições de trabalho na oficina. Um gerente da confecção, porém, ia à oficina a cada 15 dias. “Pensamos que a produção poderia ser feita apenas por três pessoas”, afirma Khouri.

ISTOÉ

José Alencar: As lições de um brasileiro
É difícil precisar em que momento, depois de se tornarem heróis, grandes homens viram mito. A construção de um herói é uma trajetória fartamente descrita. Há meio século um dos maiores estudiosos de mitologia e religiões do mundo, o americano Joseph Campbell, mostrou que para tornar-se um herói o personagem precisa ser dotado de uma misteriosa “centelha divina”. É o que, desde cedo, o distingue dos comuns mortais. Então, em determinado momento da vida, os heróis enfrentam uma “tragédia” que mudará seus destinos.

Os novos vampiros
Ministério da Saúde descobre que uma nova Máfia dos Sanguessugas instalada no governo do Distrito Federal desviou, só em 2009, mais de R$ 70 milhões destinados à compra de hemoderivados
Em maio de 2004, o País se surpreendeu com a prisão da Máfia dos Vampiros, que desviou R$ 2 bilhões do Ministério da Saúde em contratos superfaturados para fornecimento de remédios específicos para o tratamento da hemofilia. Agora, exatos seis anos depois, uma auditoria do Sistema Único de Saúde no Hospital de Apoio de Brasília percebeu que um esquema muito semelhante está ocorrendo na Capital Federal e recomendou que a Secretaria de Saúde do DF investigasse mais a fundo a compra e distribuição de hemoderivados. Pouco menos de três meses após a abertura da sindicância, o governo do Distrito Federal já descobriu que uma quadrilha muito semelhante àquela da Máfia dos Vampiros desviou, só em 2009, R$ 72 milhões dos R$ 180 milhões gastos na compra de hemoderivados na capital federal.
Os novos vampiros brasilienses ultrapassaram seus antecessores. Além das tradicionais artimanhas para roubar dinheiro público, como licitações viciadas ou superfaturamento de preços, agora os criminosos também estavam roubando medicamentos no transporte entre os laboratórios e os hospitais. Remédios que deveriam ser distribuídos gratuitamente à população estavam sendo vendidos em farmácias de cidades mineiras e goianas. “Entre roubo, produtos entregues próximo da data de vencimento, que tinham de ser inutilizados, e medicamentos não entregues, os desvios chegavam a 40% do dinheiro do DF para medicamentos”, diz uma autoridade que acompanha o caso.
Não à toa, o SUS constatou que o consumo de remédios para hemofílicos no Distrito Federal foi 179% maior do que a média do País em 2009. Brasília apresentou consumo de 83.732 UI (unidades internacionais) por paciente/ano, enquanto a média do Brasil foi de 34.452 UI por paciente/ano. Diante das distorções, o governo do DF decidiu recadastrar os hemofílicos. Dos 470 pacientes que tinham recebido medicamentos no Hospital de Apoio em anos anteriores, menos de 100 compareceram para se recadastrar. Até uma ONG que participa do programa de medicamentos para hemofilia, a Ajude-C, terá seus cadastros de pacientes revistos.

Aberta a caixa de Pandora de Brasília
Na semana passada, secretários do governo do Distrito Federal revelaram à ISTOÉ que José Moacir Vieira, titular da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, começou a receber ameaças de morte. Na noite da quarta-feira 30, alegando “razões pessoais”, Vieira pediu demissão. Seus antigos colegas não têm dúvida de que, apesar do respaldo dado pelo governador Agnelo Queiroz, as razões pessoais alegadas pelo ex-secretário estão relacionadas à chamada Máfia dos Terrenos, descoberta há cerca de 50 dias pela recém-criada Secretaria de Transparência. Formada por pseudoempresários, há pelo menos oito anos, a Máfia dos Terrenos se locupleta vendendo ou desvirtuando o uso de lotes obtidos do governo por meio de um programa batizado de Pró-DF. Vieira vinha tentando desmontar o esquema que começou a funcionar no governo de Joaquim Roriz e ganhou fôlego nas gestões de José Roberto Arruda e Rogério Rosso. O programa Pró-DF foi criado para motivar empresas a se instalar no entorno de Brasília. Para isso, além dos terrenos, o governo concede uma série de incentivos fiscais. O que se descobriu nos últimos dois meses é que, em nome desse projeto, uma quadrilha se aproveitou dos benefícios para promover fraudes em série. Muitos terrenos que deveriam abrigar grandes empresas acabaram vendidos e há casos até em que sobre eles foram construídas quitinetes para locação. O golpe, segundo as investigações, ganhou maior intensidade no ano passado. Em 2010, o governo distribuiu 381 terrenos, número maior do que a soma dos lotes entregues entre 2007 e 2009. Só em outubro, mês da eleição, 51 lotes foram doados.
“Quase todos os projetos não seguiram os trâmites legais”, confirmou à ISTOÉ o subsecretário de Desenvolvimento Econômico, Laerte de Oliveira Santos. O governo também já descobriu que a Máfia dos Terrenos pagava propina para que seus processos passassem à frente de outros e eles conseguissem a posse e, em seguida, a escritura definitiva dos terrenos. “Quem não pagou, não recebeu”, confirmou Santos. Diante desse quadro de generalizada corrupção, o ex-secretário passou a tomar medidas drásticas. Determinou o cancelamento dos incentivos e a retomada de terrenos irregulares, que seriam colocados à venda por meio de licitação da Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap).
Parte das irregularidades foi desvendada a partir de auditorias realizadas, no início deste ano, pela Secretaria de Transparência, criada pelo governo atual para passar a limpo as denúncias da Operação Caixa de Pandora, da PF, que derrubou o então governador José Roberto Arruda. Quando assumiu o Palácio do Buriti, o governador Agnelo Queiroz determinou que se fizesse uma verdadeira devassa nos contratos celebrados nas últimas gestões. O resultado preliminar chocou os responsáveis pela devassa. “O levantamento nos causou espanto”, disse Queiroz à ISTOÉ. Entre os integrantes do governo do Distrito Federal acredita-se que a partir dessas investigações poderá se chegar aos financiadores do Mensalão do DEM. “Em troca da liberação dos terrenos, servidores públicos recebiam propinas e o dinheiro era posteriormente repassado à base aliada dos ex-governadores”, diz um dos técnicos que investigam o caso. Em Santa Maria, um lote de 195 mil metros quadrados foi liberado em apenas seis dias, quando a tramitação normal para um projeto considerado de altíssima relevância para o desenvolvimento econômico de Brasília, como a instalação de uma indústria farmacêutica, por exemplo, demora pelo menos 90 dias. Segundo revelou o ex-secretário de Relações Institucionais de Arruda, Durval Barbosa, em depoimentos à PF, mais de R$ 50 milhões foram pagos em propinas para transformar glebas rurais em urbanas, aumentando seu valor de venda em até 1.000%, negócio que poderia render à Máfia dos Terrenos cerca de R$ 13 bilhões.

Onde foram parar os comunistas?
Até agora, o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) não digeriu a nomeação do ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, para o comando da Autoridade Pública Olímpica (APO), que retirou do Ministério do Esporte o bilionário orçamento da Olimpíada de 2016. Na briga pela manutenção de seu espaço no governo Dilma Rousseff, os comunistas batem o pé pelo controle da área do esporte. A irritação é tal que dirigentes do PCdoB ameaçam abandonar a base aliada, da qual fazem parte desde a primeira campanha presidencial de Lula em 1989. Se no passado, movido por questões ideológicas, lutou pela criação de uma sociedade igualitária e chegou a promover a guerrilha rural contra a ditadura militar, o partido agora se empenha por questões bem mais comezinhas, como cargos no segundo escalão de ministérios e estatais. Mas continua a confiar que está no rumo certo. “Temos que nos defender”, diz o presidente do PCdoB, Renato Rabelo. Ele resiste à ideia de perder poder na Esplanada e diz que as negociações ainda não terminaram. “Nós mostramos à presidente Dilma Rousseff o papel que tivemos no governo Lula. Ela que julgue”, afirma Rabelo.
Vale lembrar que a sinuca de bico em que o PCdoB se encontra foi criada pelo próprio partido. Assim que foi eleita, Dilma, durante a transição, fez contato com a cúpula comunista e sugeriu que o Ministério do Esporte fosse ocupado por uma mulher, seguindo o plano de ter maior representatividade feminina em seu governo. O nome mais cotado era o da deputada federal Manuela D’Ávila (RS), política jovem com carisma e grande apelo junto ao movimento estudantil. Mas a sugestão foi vetada por Rabelo, sob o argumento de que pretende lançar Manuela como candidata à Prefeitura de Porto Alegre, em 2012. Dilma pensou então em Luciana Santos, prefeita de Olinda por dois mandatos e a primeira comunista a governar uma cidade no País. Mas Rabelo também se recusou a liberá-la e insistiu na permanência de Orlando Silva na esperança de que mais à frente o ministro fosse indicado para ocupar a presidência da APO. Queria matar dois coelhos com uma cajadada só, com o Orlando na APO e outro apadrinhado no Esporte. E o resultado foi que o PCdoB teve de engolir o nome de Henrique Meirelles. E, se entornar o caldo, pode ficar de mãos abanando.

O racha dos verdes
Há 15 dias, a Executiva Nacional do Partido Verde decidiu adiar por um ano qualquer discussão sobre mudanças internas. Sepultou, de vez, as perspectivas de renovação da cúpula da legenda, defendida pelo grupo de ex-senadora Marina Silva e levou a ex-senadora a comentar com correligionários que já pensa em deixar a sigla. Antes disso, no entanto, ela e seu grupo decidiram entrar em confronto direto com a atual Executiva Nacional do partido. Sem espaço para realizar a tão prometida refundação, os aliados de Marina declararam guerra ao deputado José Luiz Penna (SP), há 12 anos no comando do PV. Um dos políticos mais afinados com a ex-senadora, o deputado Alfredo Sirkis (PV-RJ) diz que o grupo de Penna é fechado e protegido por uma burocracia que tem por objetivo a preservação de seus cargos. “O adiamento foi uma manobra oportunista, visando à presidência vitalícia, o que vai contra o ideário do partido inteiro”, critica Sirkis.
Marina tem se mantido relativamente longe da polêmica, mas silenciosamente prepara seu desembarque da breve aventura verde que a levou a conquistar 20 milhões de votos como candidata à Presidência da República. A exemplo do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, Marina estuda a possibilidade de criar um partido para chamar de seu. A ex-parlamentar já começou a fazer consultas informais com aliados políticos e especialistas em direito eleitoral sobre a possibilidade de construção de uma nova sigla. Apesar de ainda não ter um plano de voo claro, Marina já teria decidido o nome da legenda que gostaria de criar: Partido da Sustentabilidade.

VEJA
A rede de terror no Brasil
A rede de terroristas islâmicos no Brasil

Mensalão
Como o PT quer apagar o passado

Senado
A última de Romero Jucá

José Alencar
Como ele superou em quatro anos o prognóstico médico

CARTA CAPITAL

O fantasma fardado
Militares insistem em comemorar o golpe de 1964. Vale até insubordinação. Exclusivo: documentos inéditos mostram aquilo que o inglês não viu

Memórias dos anos de chumbo
Um escritório próximo à Cinelândia, a pouquíssimos metros do teatro que foi palco do discurso oco de Barack Obama, tem sido o local das reuniões de pauta do jornal online Rede Democrática. Na noite de sexta-feira, 25 de Março, tive a felicidade de participar dessa reunião e, em seguida, entrevistar um de seus membros: Carlos Eugênio Paz.
Podem chamá-lo de comandante “Clemente”. Entrou para a Ação Libertadora Nacional (ALN), quando esta organização política ainda era o chamado “Grupo Marighela” do Partido Comunista. Era um jovem de 16 anos. Naquele ano, 1966, a ditadura brasileira estava no “olho do furacão”, como definiu, dizendo que talvez isso tenha contribuído para sua sobrevivência, além de, principalmente, a lealdade de seus companheiros.
Minha intenção era entrevistá-lo sobre a Lei de Anistia, mas a conversa, saborosamente informal, e acompanhada por outros quatro integrantes da “Rede”, todos ex-guerrilheiros, aos quais dei a liberdade de intervir no papo, durou mais de uma hora. Mesmo porque ele não tem o menor problema em falar sobre seu passado. Ao contrário, acha isso importantíssimo. Tanto que já escreveu dois livros sobre o assunto: “Viagem à luta armada” e “Nas trilhas da ALN”. Tem um terceiro, pronto pra ser publicado.

Frente pelo direito à comunicação sai do papel e vai à sociedade
Desde o início de março um grupo de parlamentares se articula para debater mudanças na legislação das comunicações do Brasil e a construção de um novo marco regulatório para a área. A Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão e o Direito à Comunicação está finalizando a fase de coleta de assinaturas no Congresso para sua instauração e será lançada no dia 19 de abril, em um ato público que pretende reunir militantes e movimentos da área, assim como apoiadores da causa.
Para dar impulso aos trabalhos da Frente, alguns deputados do grupo participarão de um debate em São Paulo, nesta sexta-feira (01). O tema em discussão será o papel da mídia na atualidade e também o novo marco regulatório das comunicações. Para os parlamentares é fundamental envolver a sociedade civil no debate e na luta por mudanças positivas no marco regulatório, já que a Frente enfrentará muitos obstáculos e opositores em seus trabalhos. Estão confirmados os deputados Emiliano José (PT/BA), Luiza Erundina (PSB/SP), Brizola Neto (PDT/RJ), Jandira Feghali (PCdoB/RJ) e Ivan Valente (PSOL).

STF encurralado
Ao dar o voto de desempate no caso da Lei da Ficha Limpa, o ministro Luiz Fux já tinha sobre a mesa a petição da Ordem dos Advogados do Brasil, assinada pelo advogado Fábio Konder Comparato, datada de 21 de março, na qual é solicitada ao Supremo Tribunal Federal uma definição expressa quanto ao dever de o Brasil cumprir ou não a decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos quanto ao parecer sobre a Lei da Anistia.
Fux tornou-se o relator dos embargos em torno dessa lei em razão de ser herdeiro dos processos do ministro Eros Grau.
Na prática, apoiado em argumentos jurídicos, Comparato encurralou o STF. O Estado brasileiro, no exercício de sua soberania internacional, aderiu à Convenção Americana de Direitos Humanos em 1992. Em 1998, aceitou a jurisdição da Corte Interamericana de Direitos Humanos. O STF terá condições de desconhecer isso?

Estudo do BID
O México afunda. O Brasil desponta

Fonte: Congressoemfoco

A neurótica segurança presidencial norte-americana

"Hoje temos medo de nós mesmos, das armas de destruição em massa, das guerras de grandíssima devastação que alguns paises centrais conduzem"


Muitos de nós, na América Latina sob as ditaduras militares, temos conhecido o que significou a ideologia de segurança nacional. A segurança do Estado era o valor primeiro. Na verdade, tratava-se da segurança do capital para que este continuasse com seus negócios e com sua lógica de acumulação, mais do que propriamente da segurança do Estado. Essa ideologia, no fundo, partia do pressuposto de que todo cidadão é um subversivo real ou potencial. Por isso, devia ser vigiado e eventualmente preso, interrogado e, se resistisse, torturado, às vezes até a morte. Destarte, romperam-se os laços de confiança sem os quais a sociedade perde seu sentido. Vivia-se sob um pesado manto de desconfiança e de medo.

Digo tudo isso a propósito do aparato de segurança que cercou a visita do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ao Brasil. Ai funcionou em pleno a ideologia da segurança, não mais nacional, mas presidencial. Não se teve confiança na capacidade dos órgãos brasileiros de garantir a segurança do presidente. Acompanhou-o todo o aparato norte-americano de segurança. Vieram imensos helicópteros de tamanho tão monstruoso que havia escassos lugares onde pudessem aterrissar. Limusines blindadas, soldados revestidos com tantos aparatos tecnológicos que mais pareciam máquinas de matar que pessoas humanas. Atiradores especiais colocados nos telhados e em lugares estratégicos junto com o pessoal da inteligência. Em cada canto por onde passaria a “corte imperial”, as ruas próximas, casas e lojas foram vigiadas e vistoriadas. Foi cancelado, por razões de segurança, o discurso previsto ao público, no centro do Rio, na Cinelândia. Os que foram convidados a ouvir seu discurso no Theatro Nacional tiveram que passar por minuciosa revista prévia.

O que revela semelhante cenário? Que estamos num mundo doente e desumano. Outrora, tinha-se medo de forças da natureza às quais estávamos entregues sem qualquer defesa, ou de demônios ameaçadores ou de deuses vingativos. Hoje temos medo de nós mesmos, das armas de destruição em massa, das guerras de grandíssima devastação que alguns paises centrais conduzem. Temos medo de assaltos na rua. Temos medo de subir os morros, onde vivem comunidades pobres. Temos medo até de crianças de rua que nos podem ameaçar. De que não temos medo?

Já os clássicos ensinavam que as leis, a organização do Estado e a ordem pública existem fundamentalmente para nos libertar do medo e podermos conviver pacificamente.

Formalizando o pensamento, podemos, em primeiro lugar, dizer que o medo pertence à nossa existência. Há quatro medos fundamentais: o medo de que nos tirem a individualidade e nos façam dependentes ou um mero número; o medo de que sejamos cortados das relações e sejamos castigados à solidão e ao isolamento; o medo diante de mudanças que podem afetar a profissão, a saúde e, no limite, a própria vida; o medo diante de realidades inevitáveis e definitivas como a morte. A forma como enfrentamos esses medos existenciais marcam nosso processo de individuação. Se o fazemos com coragem, superando dificuldades, crescemos. Se fugimos e somos omissos, acabamos enfraquecidos e até envergonhados.

Apesar de toda nossa ciência que nos cria a ilusão de onipotência, voltamos a ter medo da Terra e de suas forças. Quem controla o choque das placas tectônicas? Quem detém um terremoto e freia um tsunami? Somos nada face a tais energias incontroláveis, agravadas pelo aquecimento global.

O medo pertence, pois, à nossa condição humana. Ele se transforma em patologia e neurose quando se busca evitá-lo de tal forma que transtorna toda uma realidade social e faz do espaço uma espécie de campo de guerra, como foi montado pelas forças de segurança norte-americanas. Se um Presidente visita um país e seu povo, deve tomar em conta riscos que pertencem à vida. Caso contrário, as autoridades de ambos os lados melhor fariam encontrar-se num navio em alto mar, a salvo de medos e riscos. As estratégias de segurança apenas revelam em que mundo vivemos: o ser humano tem medo de outro ser humano. Todos somos reféns do medo e por isso, sem liberdade e sem alegria de viver e de receber um visitante.

* Doutor em Teologia e Filosofia pela Universidade de Munique, nasceu em 1938. Foi um dos formuladores da “teologia da libertação”. Autor do livro Igreja: carisma e poder, de 1984, que sofreu um processo judicial no ex-Santo Oficio, em Roma, sob o cardeal Ratzinger. Participou da redação da Carta da Terra e é autor de mais de 80 livros nas várias áreas das ciências humanísticas.

Outros textos do colunista Leonardo Boff*

Fonte: Congressoemfoco

Chorrochó e Rodelas na disputa por usina nuclear

João Pedro Pitombo | A TARDE

O futuro do programa nuclear brasileiro, que prevê a construção de pelo menos quatro novas usinas nucleares no País até 2030, depende apenas de uma definição da presidente Dilma Rousseff. A Eletronuclear – estatal responsável pela operação das usinas nucleares – já concluiu as duas primeiras das quatro etapas dos estudos para definição do local das usinas e depende de uma decisão da presidência para dar prosseguimento às pesquisas. Para abrigar a Central Nuclear no Nordeste, que inicialmente prevê a instalação de duas usinas foram definidas duas macro-áreas às margens do rio São Francisco. Na Bahia, o cinturão vai desde Juazeiro até o município de Glória. Contudo, apesar de não haver uma definição oficial, os municípios de Rodelas e Chorrochó são apontados como os favoritos na Bahia para abrigar o projeto nuclear.

Os sítios escolhidos favorecem uma possível divisão da central nuclear entre Bahia e Pernambuco. Em Chorrochó, o local escolhido fica no distrito de Barra de Tarrachil, região às margens do Rio São Francisco. Na outra ponta do rio fica o município pernambucano de Belém do São Francisco. No caso de Rodelas, a área definida também fica nas proximidades do rio, numa região em que na outra margem está a cidade de Itacuruba, Pernambuco.

De acordo com o coordenador da Eletronuclear no Nordeste, Carlos Henrique Mariz, o ideal é que se faça uma central com todas as usinas de um só lado do rio. No entanto, ele garante que não está descartada uma gestão compartilhada entre dois estados. Claro que existe uma preferência em fazer a central em uma só margem, por questões de economicidade. Mas podemos fazer uma usina em um lado e a outra no outro” , explica.

Com investimento previsto de R$ 10 bilhões por cada usina, o Complexo Nuclear do Nordeste deverá ficar num espaço capaz de abrigar até seis usinas nucleares. O objetivo é garantir um local com possibilidade de expansão futura do número de reatores.

Leia a reportagem completa no jornal A TARDE deste domingo

Relatório final da PF confirma denúncia do mensalão

Depois de seis anos de investigação, a PF concluiu que o Fundo Visanet, com participação do Banco do Brasil, foi uma das principais fontes de financiamento do esquema montado por Marcos Valério

02/04/2011 | 13:51 | Agência Estado

Relatório final da Polícia Federal confirma a existência do mensalão no governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Depois de seis anos de investigação, a PF concluiu que o Fundo Visanet, com participação do Banco do Brasil, foi uma das principais fontes de financiamento do esquema montado pelo publicitário Marcos Valério. Com 332 páginas, o documento da PF, divulgado pela revista "Época", joga por terra a pretensão do ex-presidente Lula de provar que o mensalão nunca existiu e que seria uma farsa montada pela oposição.

O relatório da PF demonstra que, dos cerca de R$ 350 milhões recebidos do governo Lula pelas empresas de Valério, os recursos que mais se destinaram aos pagamentos políticos tinham como origem o fundo Visanet. As investigações da PF confirmaram que o segurança Freud Godoy, que trabalhou com Lula nas campanhas presidenciais de 1998 e 2002, recebeu R$ 98,5 mil do esquema do valerioduto, conforme revelou o Estado, em setembro de 2006. A novidade é que Freud contou à PF que se tratava de pagamento dos serviços de segurança prestados a Lula na campanha de 2002 e durante a transição para a Presidência - estabelecendo uma ligação próxima de Lula com o mensalão. No depoimento, Freud narrou que o dinheiro serviu para cobrir parte dos R$ 115 mil que lhe eram devidos pelo PT.

O relatório da PF apontou o envolvimento no esquema do mensalão, direta ou indiretamente, de políticos como o hoje ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, do PT. Rastreando as contas do valerioduto, os investigadores comprovaram que Rodrigo Barroso Fernandes, tesoureiro da campanha de Pimentel à prefeitura de Belo Horizonte, em 2004, recebeu um cheque de R$ 247 mil de uma das contas da SMP&B no Banco Rural. As investigações confirmaram também a participação de mais sete deputados federais, entre eles Jaqueline Roriz (PMN-DF), Lincoln Portela (PR- MG) e Benedita da Silva (PT-RJ), dois ex-senadores e o ex-ministro tucano Pimenta da Veiga.

Segundo a revista "Época", a PF também confirmou que o banqueiro Daniel Dantas tentou mesmo garantir o apoio do governo petista por intermédio de dinheiro enviado às empresas de Marcos Valério. Dantas teria recebido um pedido de ajuda financeira no valor de US$ 50 milhões depois de se reunir com o então ministro da Casa Civil José Dirceu. Pouco antes de o mensalão vir a público, uma das empresas controladas por Dantas fechou contratos com Valério, apenas para que houvesse um modo legal de depositar o dinheiro. De acordo com o relatório da PF, houve tempo suficiente para que R$ 3,6 milhões fossem repassados ao publicitário.

As investigações comprovaram ainda que foram fajutos os empréstimos que, segundo a defesa de Marcos Valério, explicariam a origem do dinheiro do mensalão. Esses papéis serviram somente para dar cobertura jurídica a uma intrincada operação de lavagem de dinheiro. De acordo com o relatório da PF, houve duas fontes de recursos para bancar o mensalão e as demais atividades criminosas de Marcos Valério. A principal, qualificada de "fonte primária", consistia em dinheiro público, proveniente dos contratos do publicitário com ministérios e estatais. O principal canal de desvio estava no Banco do Brasil, num fundo de publicidade chamado Visanet, destinado a ações de marketing do cartão da bandeira Visa. As agências de Marcos Valério produziam algumas ações publicitárias, mas a vasta maioria dos valores repassados pelo governo servira tão somente para abastecer o mensalão.

A segunda fonte de financiamento, chamada de "secundária", estipulava que Marcos Valério seria ressarcido pelos pagamentos aos políticos por meio de contratos de lobby com empresas dispostas a se aproximar da Presidência da República. Foi o caso do Banco Rural, que tentava obter favores do Banco Central e do banqueiro Daniel Dantas, que precisava do apoio dos fundos de pensão das estatais.

Fonte: Gazeta do Povo

A Revolução de Primeiro de abril (final)

Carlos Chagas

O Rio amanheceu cantando, dia 2 de abril. Não adianta tapar o sol com a peneira, nem esquecer, muito menos agredir a História. A classe média apoiou o golpe de 1964, engendrado pelas elites e, fora as exceções de sempre, ignorado pelas massas. A Igreja, na época, muito contribuiu para produzir aquele sentimento. Os meios de comunicação, também.

É claro que durou pouco a ilusão. A primeira defecção veio do “Correio da Manhã”, que nos dias 31 e 1 publicou editoriais rompendo com o presidente João Goulart e até pregando sua deposição: “BASTA!” e “FORA!”. Quinze dias depois, o bravo matutino já denunciava desmandos e acabou sufocado pelos próprios.

Mas é bom ater-nos aos fatos. Já em Brasília na tarde do primeiro dia de abril, o presidente da República recebeu do Comandante Militar do Planalto, general Nicolau Fico, a informação de estar rebelada quase toda a guarnição local. Não havia garantias para sua permanência. Na Base Aérea, um “Coronado” da Varig aguardava para conduzi-lo a Porto Alegre, onde imaginava resistir, tendo dias antes mandado para lá um general legalista, Ladário Pereira Teles. Apesar de três estrelas, faltando-lhe a quarta, ele assumiu interinamente o comando do III Exército.

O problema é que na Capital Federal, oficiais da Aeronáutica sabotaram o moderno avião da Varig, obrigando Jango a aguardar horas pelo conserto e, afinal, viajando num Avro, de performance mais lenta. Só irá aterrissar alta madrugada do dia 2.

Enquanto isso, no Congresso, a confusão era geral, ainda que as notícias do sucesso da rebelião continuassem chegando. Ou melhor, as notícias da falta de resistência por forças governistas, sindicais ou populares.

O avião presidencial voava, na noite de 1º para 2 de abril, quando o presidente do Senado, Auro de Moura Andrade, convoca sessão conjunta de deputados e senadores e surpreende a todos informando estar João Goulart fora da sede da República, “em lugar incerto e não sabido” e concluindo: “Neste momento, declaro vaga a presidência da República!”.

Foi um tumulto. Primeiro porque o líder do governo na Câmara, Tancredo Neves, esclareceu estar o presidente viajando para o Sul. Depois, porque a Constituição não previa esse tipo de vacância. Ao mesmo tempo, no palácio do Planalto, Darcy Ribeiro, chefe da Casa Civil, e Waldir Pires, Consultor Geral da República, redigiam nota confirmando estar Jango na plenitude de seus poderes. Um detalhe, porém, dava o tom da crise: já não havia um só datilógrafo para copiar o comunicado. Darcy mesmo catou milho numa Remington… �
As bancadas do PTB, do Partido Socialista e afins resistiam, até aos palavrões, mas Auro imediatamente convoca os presentes a comparecerem à sede do Executivo para assistirem à posse do substituto legal, o presidente da Câmara, Ranieri Mazzilli. Quando chegam ao Planalto, no começo da madrugada, tropas rebeladas já compunham a guarnição. Foram improvisados dois ministros do Supremo Tribunal Federal, para assistir a cerimônia, mas faltava um general. Nicolau Fico mesmo serviu.

No Rio, naquela tarde, o general Costa e Silva, como o mais antigo, assumiu o gabinete de ministro da Guerra, tendo entre mil contactos com os quatro Exércitos, telefonado também para a Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende. “Dê as ordens, chefe”, respondeu do outro lado da linha o general comandante do estabelecimento, Garrastazu Médici. �
Costa e Silva alertava para o risco de tropas da Vila Militar, legalistas, irromperem pela Via Dutra, conforme havia ordenado o general Moraes Ancora. Médici dispôs os cadetes, armados de fuzis e metralhadoras, às margens da rodovia, mas, por via das dúvidas, em duas trincheiras: uma voltada para o Rio, outra para São Paulo, no caso de não serem verdadeiras as informações sobre a adesão do general Kruel.

Ficou acertado que na própria Academia das Agulhas Negras se reuniriam os revoltosos, agora com Kruel já chegando de São Paulo, e Moraes Ancora, vindo do Rio com a disposição de render-se e aceitar o fato consumado.

Naquela mesma hora as tropas do general Mourão Filho entravam no Rio, sem encontrar a menor resistência. Erro crasso ele cometerá, penitenciando-se depois ao chamar-se de “vaca fardada”: em vez de prosseguir e tomar o ministério da Guerra, como chefe virtual da revolução e ainda em meio à confusão, preferiu estacionar seus soldados no estádio do Maracanã… Perdeu a vez, porque Costa e Silva já enquadrava os generais, inclusive Castelo Branco, assumindo o poder maior no Exército. Um golpe branco em meio à perplexidade geral, demonstrando como vale a ousadia, nas horas de crise.

Eram quatro da madrugada do dia 2 de abril quando o avião levando João Goulart desce em Porto Alegre. Desde a meia noite no aeroporto, o general Ladário Pereira Teles e o deputado Leonel Brizola dormitavam em bancos de madeira da base aérea. Receberam o presidente, foram para a sede do comando do III Exército e lá, pela manhã, examinaram a situação, convocando os generais que serviam na capital gaúcha. Muitos demonstravam já estar apoiando o golpe, outros mantinham-se cautelosos, mas todos reconheciam que as unidades do interior, comandadas pelos generais Pedro Poppe de Figueiredo e Adalberto Pereira dos Santos já cercavam Porto Alegre. Dava para resistir algum tempo, porque ainda existiam tropas fiéis e Jango poderia, junto com Brizola, mobilizar a população.

Ia correr muito sangue. O presidente decide-se pelo exílio no Uruguai. Tudo desmorona como um castelo de cartas. As informações são de que unidades antes aquarteladas na capital gaúcha ganhavam as ruas, rebeladas. O general Ladário dirige-se a João Goulart dizendo que poderia garantir sua segurança ainda por duas horas, até o aeroporto, onde um pequeno avião o conduziria ao país vizinho. Jango concorda, havia há dias mandado esposa e filhos para Barcelona, na Espanha. Ladário volta-se para Brizola: “O deputado gostaria que também o conduzíssemos à Base Aérea?”

Resposta: “Eu não me chamo João Goulart”. Depois de ficar escondido na casa de amigos e de tentar inutilmente organizar a resistência, lembrando-se da campanha da legalidade de 1961, Brizola também voará para o exílio, valendo-se de um teco-teco que o recolhe numa praia do litoral, disfarçado com a farda de soldado da Brigada Gaúcha.

João Goulart, antes de chegar ao Uruguai, faz com que o pequeno avião desça em São Borja, em sua fazenda, onde ficará um dia, imaginando que os militares repetiriam com ele o episódio verificado em 1945 com Getúlio Vargas, quando os generais responsáveis por sua deposição permitiram que permanecesse em sua cidade natal. O já ex-presidente é informado de que se não seguir para o exílio será preso, processado e submetido a constrangimentos diversos. Saiu. Só voltou morto para ser enterrado ao lado de Getúlio Vargas, anos depois. Vale registrar que João Goulart e Leonel Brizola, refugiados no mesmo pequeno país, nunca se viram, jamais conversaram, apesar de o ex-governador ser casado com a irmã do ex-presidente…

Comédia ou tragédia, a peça estava apenas no primeiro ato. O general Costa e Silva reúne-se com a cúpula da Marinha e da Aeronáutica e decidem, a 2 de abril, formar o Comando Supremo da Revolução. Além dele, o almirante Augusto Rademaker e o brigadeiro Francisco de Assis Correia de Mello. Não contestam diretamente, mas demonstram onde está o poder, certamente não com Ranieri Mazzilli, em Brasília. O presidente interino da República, por via das dúvidas, nomeia os três militares seus ministros. Mas não manda nada.

Logo a Junta Militar, instalada no Rio, divulga a lista do cem brasileiros mais procurados pela revolução: João Goulart, Leonel Brizola, Luis Carlos Prestes, Francisco Julião, Darcy Ribeiro, Raul Riff e mais uma penca de ditos subversivos. Começam as cassações de mandatos e suspensões de direitos políticos. Desta vez, dizem eles, o poder não será devolvido aos civis.

Coincidência ou não, os militares vão buscar o jurista Francisco Campos, velhinho, autor da Constituição fascista de 1937, para fantasiar o golpe. A necessidade de legalizar o ilegalizável será uma constante nos próximos 21 anos. Um texto primoroso, apesar de maléfico, é editado logo a seguir: “A revolução se legitima por si mesma, é a fonte do poder constituinte, encarna os anseios da nação, sendo ela que legitima o Congresso, jamais o contrário”.

Uma página ainda a acrescentar naqueles dias tão bicudos quanto previsíveis: vai reagir o grupo intelectualizado dos golpistas, a “Sorbonne”, surpreendidos com a rapidez com que Costa e Silva tomou o poder. Através da mídia e da influência junto à maioria da opinião castrense, Castelo Branco, Cordeiro de Faria, Juarez Távora, Eduardo Gomes, Jurandir Mamede, Ernesto Geisel, Golbery do Couto e Silva e outros buscam dar a volta por cima e conseguem. Sob a alegação de que se tudo continuasse como estava, seríamos a mais execrável ditadura do planeta, conseguem impor a prevalência da Constituição, naquilo que não contrariava seus interesses. Apresentam a candidatura do general Castelo Branco, já feito marechal, à presidência da República, que o Congresso engole. Depois, foi o que se viu: 21 anos de ditadura.

Faltou um detalhe que poderia não ter sido detalhe, mas o principal. Ainda com Jango em território nacional, o presidente Lyndon Jonhson, dos Estados Unidos, reconhece o novo governo brasileiro. Ao mesmo tempo, autoriza a “Operação Brother Sam”. Uma esquadra deixa o Caribe com um porta-aviões, diversos navios de apoio, dois petroleiros e um submarino, além de “marines”, para o caso de o Brasil entrar em guerra civil. Imagine-se de que lado ficariam nossos irmãos do Norte… (Final)

Fonte: Tribuna da Imprensa

O WikiLeaks e as “revelações” sobre Meirelles, que todos conheciam. A propósito: quem fornece essas impressionantes informações a Assange?

Helio Fernandes

Escrevi tanto sobre Meirelles, começando exatamente há 9 anos, quando riquíssimo, veio para o Brasil, deixando a presidência do Banco de Boston. Candidato a deputado federal pelo PSDB, fui o primeiro e único a defini-lo como “um cidadão estrangeiro, que só foi a Goiás para nascer”.

Lógico, nenhuma informação ou documento, nem a vontade ou a pretensão de uma comparação com Assange, de quem sou admirador. O WikiLeaks só dá informação (de primeira e grande qualidade, diga-se), é preciso usar os fatos para digeri-los, desvendá-los e mostrá-los ao cidadao-contribuinte-eleitor.

Quando se elegeu com 183 mil votos, não deixei por menos e esclareci: “Todos esses votos foram comprados, Meirelles pretende alguma coisa”. “Convidado” para presidente do Banco Central, precisava renunciar ao mandato comprado. Fê-lo (Ah! Janio Quadros) com a maior tranquilidade, não ligou para o que os 183 mil eleitores que “votaram” nele, pensariam.

Outra questão que não o incomodou: como deputado, tinha 4 anos garantidos. E como presidente do BC? Respaldado pelo FMI e as forças poderosas de Wall Street, sabia que o BC era para sempre.

O WikiLeaks não fala sobre a opção deputado-presidente do BC, mas trata de um tópico importantíssimo, não deixa dúvidas sobre a ligação do BC do Brasil com o FMI.

Meirelles não tem segredos, agora tem tal fortuna que pode até fingir (ou até ser) honesto nesse cargo de Autoridade Olímpica, que inventou para ele mesmo. Não quis ser ministro de lugar algum, teria que ficar subordinado a uma porção de coisas, se ligar e interligar com o que ele mais detesta, a burocracia e a submissão a alguém. Como Autoridade Olímpica, é absoluto, só atende a Dona Dilma.

Relativamente moço, Meirelles acreditava muito no futuro. E com as ligações que tem no Brasil e principalmente vindo lá da Matriz, pode sonhar à vontade. Não tem nada a perder, a não ser que o WikiLeaks faça mais revelações sobre ele, o que não seria nada surpreendente.

Duas coisas que ninguém explica, nem pode contestar. 1 – De onde surgem essas revelações espantosas, que já deram a Assange o título de “O Homem do Século”? 2 – Quem se arrisca a desmentir suas revelações, que praticamente cobrem o planeta inteiro?

As informações de Assange são impressionantes, surgem quando e de onde menos se espera. Dizem que ele teria “arquivos” que inundariam os órgãos de comunicação do mundo, “pelo menos durante 100 anos”.

Por causa disso, não tentam desmenti-lo e sim liquidá-lo. O governo dos EUA fica tão perplexo que chega a demonstrar seu medo e sua fragilidade, montando uma operação tríplice para desmoralizá-lo, prendê-lo, deixá-lo bem longe das fontes reveladoras.

Por que a Operação Tríplice? Os Estados Unidos poderiam acusá-lo e julgá-lo lá mesmo, não quiseram se arriscar. Então montaram as acusações na Inglaterra (Grã-Bretanha), caso ele fosse (ou seja) condenado, seria entregue à Suécia, onde está sendo acusado por uma série de crimes, acumulados com mais imaginação do que realidade.

Tudo hipótese, mas na verdade trabalhado para se transformar em fato concreto. Condenado na Inglaterra, entregue à Suécia, seria “repatriado” para os EUA, e quase certamente enviado para Guantánamo.

***

PS – Enquanto não conseguem transformar em fato a Operação Tríplice, Assange continua fazendo revelações fantásticas.

PS2 – Esperamos que despeje (a palavra é sempre ligada a lixo) pelo menos mais 3 ou 5 por cento do que tem sobre Meirelles. E sem demorar muito, ele tem o nome de Autoridade Olímpica, mas vai atuar também na Copa. Que como disse o nobre Blatter, presidente da Fifa, “é amanhã”.

Helio Fernandes/Tribuna da Imprensa

sábado, abril 02, 2011

CAATIBA: POPULAÇÃO TENTA LINCHAR PREFEITO

Autor: Brumado Notícias

Omar Barbosa escapou de linchamento.

O prefeito de Caatiba, no sudoeste baiano, Omar Barbosa (PMDB), tem sido extremamente criticado por vários setores da sociedade, e na manhã dessa quinta-feira (31), quase foi linchado pela população local, após uma entrevista na Rádio Catolé FM. O prefeito foi à rádio, que pertence a prefeitura, justificar os motivos para as demissões dos concursados, momento em que centenas de populares, entre eles, professores e concursados da prefeitura, cercaram a rádio, com pedaços de paus e pedras e apedrejaram a emissora, acusando o prefeito de “ladrão” e pedindo o seu afastamento da prefeitura. A revolta foi tamanha que os populares tentaram derrubar o portão de acesso da rádio, para linchar o prefeito. De acordo o Itapetinga Agora, outro fato culminou a revolta, quando houve a apreensão de uma Moto de Som, de um grupo de professores, que convidava os moradores para participarem de uma assembleia. “Ele contratou seguranças que ameaçaram nos espancar, prendendo o nosso carro de som. Somente porque convocávamos a população para participar de nossa assembleia.” A Policia Militar foi acionada e retirou o gestor da rádio, escoltando-o até a casa de um amigo, onde permaneceu protegido pela PM. Em protesto, os funcionários da Prefeitura Municipal ameaçam realizar uma greve geral, pela saída de Omar Barbosa: “Não dá mais para continuar, precisamos dar um basta nessa roubalheira que está instalada na prefeitura”.

Fonte:http://www.brumadonoticias.com.br/v1/

Comentário:

Já pensou se essa moda pegar em Jeremoabo?

TSE libera registro de oito candidatos barrados pela ficha limpa

Por decisão do STF, Lei da Ficha Limpa não vale para eleições de 2010.
Dois candidatos concorreram a deputado federal por São Paulo.

Do G1, em Brasília


O ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Marco Aurélio, deferiu nesta sexta-feira (1) o registro de candidatura de oito candidatos que tinham sido barradas pela Lei da Ficha Limpa nas eleições de 2010. No último dia 23 de março, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que a lei não vale para as eleições de 2010.

Segundo o TSE, dos oito candidatos beneficiados, cinco haviam sido indeferidos pelos Tribunais Regionais Eleitorais dos respectivos estados. Nos outros três, o Ministério Público questionava os deferimentos das candidaturas pelos tribunais regionais.

Entre os beneficiados com a decisão do TSE, dois são de São Paulo. Liberato Rocha Caldeira concorria ao cargo de deputado federal e Fábio Bello a deputado estadual. Já no Mato Grosso do Sul, José Tomaz da Silva e Luiz Tenorio de Melo concorriam ao cargo de deputado estadual. No Distrito Federal, Paulo Henrique Abreu de Oliveira, que concorreia uma vaga de deputado distrital.

No Amazonas, Manoel Adail Amaral Pinheiro, concorria a deputado estadual. Coriolano Sousa Sales, da Bahia, que concorria a uma vaga à Câmara Federal e Alípio Monteiro Filho, que concorria a deputado federal pelo Rio de Janeiro, foram questionadas pelo MPE.

Jornais: Tiririca emprega humoristas em seu gabinete

O ESTADO DE S. PAULO

Tiririca põe humoristas na Câmara como seus assessores
Deputado mais votado do Brasil, com 1,3 milhão de votos, o palhaço Tiririca (PR-SP) usa dinheiro da Câmara para empregar humoristas do programa A Praça é Nossa. Em 23 de fevereiro, foram nomeados como secretários parlamentares os humoristas José Américo Niccolini e Ivan de Oliveira, que criaram os slogans da campanha eleitoral do deputado. Ambos recebem o maior salário do gabinete, de até R$ 8 mil, somadas as gratificações. Niccolini é presença semanal na TV com o personagem Dapena, uma sátira do apresentador da TV Bandeirantes José Luiz Datena. No ano passado, durante as eleições, o humorista foi protagonista de um quadro cômico que interpretava os então candidatos José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT).

Os humoristas nomeados por Tiririca moram em São Paulo e não cumprem expediente diário como servidores da Câmara - até porque Tiririca não tem escritório político na capital paulista. Niccolini e Oliveira ajudaram a fazer dois dos slogans principais da campanha: "Vote no Tiririca, pior do que está não fica" e "O que é que faz um deputado federal? Na realidade, não sei. Mas vote em mim que eu te conto".

Procurado pelo Estado, Niccolini justificou a sua contratação na Câmara com a seguinte frase: "A gente é bom para dar ideias". "Ele (Tiririca) escolheu a gente porque ajudamos na campanha, só por isso. Porque acredita que podemos dar boas ideias." Os dois secretários parlamentares de Tiririca fazem parte do grupo de humor Café com Bobagem, que, entre outras coisas, tem parceria com o A Praça é Nossa, programa da emissora SBT, onde conheceram o palhaço há dez anos. Por sinal, é no escritório do Café com Bobagem, em São Paulo, e não num lugar ligado ao mandato de Tiririca na Câmara, que os humoristas contratados trabalham diariamente.

Questionado pela reportagem sobre o valor pago na campanha eleitoral por terem criado os slogans, Niccolini foi irônico: "Uns 100 milhões de dólares para cada um; pouquinho". Segundo a prestação de contas de Tiririca à Justiça Eleitoral, a empresa do grupo, T.R.E. Entretenimento Ltda., recebeu R$ 10 mil pelo serviço. Comunicação. Procurado pelo Estado, Tiririca informou, por intermédio da assessoria de imprensa, que contratou os dois humoristas para ajudá-lo no mandato parlamentar.

Palocci diverge de Mantega
Três meses depois da posse da presidente Dilma Rousseff, o governo tem hoje uma disputa interna entre dois dos principais integrantes do primeiro escalão. De um lado, o ministro da Casa Civil, Antônio Palocci, defendendo a retomada da política de alta de juros como fórmula para reduzir a inflação e dosar o crescimento do País. Do outro, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que sucedeu a Palocci ainda no governo Lula, resiste ao receituário dos últimos 16 anos e defende a eficácia das medidas de contenção de empréstimos bancários voltados para o consumo.

Na prática, Mantega e Palocci são hoje os dois ministros mais poderosos e influentes do governo Dilma e as diferenças entre os dois também envolvem a disputa pela indicação do rumo que a presidente deverá seguir na condução da economia de sua administração. Mantega comanda a equipe econômica, mas Palocci é o gerente do governo. Com visões diferentes, já não é segredo os bombardeios mútuos nos bastidores.

Hoje, apesar de toda a influência de Palocci, que se aproximou muito de Dilma durante a campanha presidencial, Mantega leva vantagem nessa queda de braço, inclusive na opção dos instrumentos para conter a elevada valorização do real, que está contabilizada em 32%, nos últimos dois anos. Essa vantagem é atribuída ao sucesso da atuação conjunta de Fazenda e Banco Central durante a crise financeira de 2008 e das "medidas macroprudenciais", o novo receituário aplicado a partir de dezembro passado.

DEM tira de Kassab posse da marca JK e devolve para família
A disputa entre o DEM e o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, chegou ao campo virtual. Antes de sair da legenda para deflagrar o processo de criação do PSD, Kassab registrou vários endereços na internet para vinculá-los à nova sigla. Só que ele usou dados vinculados a sua antiga legenda, que foi à forra e ficou com a posse das marcas registradas, incluindo o domínio jk.org.br, que o DEM vai devolver à família do presidente Juscelino Kubitschek.

Para registrar os endereços virtuais, Kassab usou o Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) da comissão provisória do diretório paulista do DEM. Na semana passada, a cúpula nacional do partido destituiu a regional paulista após a saída do prefeito, que havia deixado os diretórios estadual e municipal sob o comando de seu vice, Alfredo Cotait. Com a destituição da regional, a Executiva do DEM passou a ter direito legal sobre os sites registrados por Kassab, incluindo o www.psd.org.br e o endereço www.jk.org.br. Este último tinha sido registrado pelo prefeito sem autorização da família de Juscelino. A cúpula do DEM comunicou à família que está desfazendo a operação e lhe devolvendo a posse da marca.

Ao registrar a posse desse endereço eletrônico, a ideia de Kassab era tentar vincular seu novo partido, que tem a mesma sigla usada por JK quando foi eleito presidente, em outubro de 1955, à imagem de um dos políticos mais reconhecidos do Brasil. Kassab alegou que tinha sido autorizado pelos herdeiros a fazer o movimento, mas foi desmentido por uma filha e uma neta de Juscelino. Além de desautorizar Kassab, elas cogitaram entrar na Justiça contra o uso das iniciais.

Para Peluso, Judiciário tem de explicar o que faz à opinião pública
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cezar Peluso, e a corregedora nacional de Justiça, Eliana Calmon, criticaram nesta quinta-feira, 31, a imprensa e afirmaram que o Judiciário tem de mostrar para a sociedade como trabalha para se defender das críticas que sofre. "É preciso avaliar, explicar e expor à opinião pública, e essa parece que tem sido uma tarefa que nem sempre o Judiciário brasileiro consegue desempenhar, a de explicar à opinião pública o que faz, de não ouvir passivamente aquilo que a opinião pública, mediante a mídia, pensa sobre o Judiciário", afirmou Peluso.

"O ministro Peluso disse muito bem, que nós precisamos calar a imprensa, que tanto vem falando sobre a atuação do Judiciário. Mas calar a imprensa não é com discurso. Nós só podemos mudar esse jogo apresentando números e trabalho", disse Eliana. Horas depois, a ministra explicou o uso da expressão "calar a imprensa": "A minha fala foi no sentido de dizer aos juízes que as críticas da imprensa só podemos reverter mostrando resultados positivos e, dessa forma, a imprensa não terá mais o que falar."

Os dois reagiram à reportagem publicada na quinta-feira pelo Estado sobre o fato de o Judiciário ter descumprido metas de julgamento fixadas no ano passado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), mesmo tendo gastado mais. Levantamento divulgado só nesta quinta pelo CNJ, órgão que também é presidido por Peluso, mostrou que o Judiciário não conseguiu cumprir a meta de economizar nos gastos com papel, luz, água, combustível e telefone. Ao contrário, as despesas aumentaram.

Justiça ameniza pena de Durval Barbosa em dois processos
O ex-secretário de Relações Institucionais do Distrito Federal, Durval Barbosa, pivô do esquema de corrupção desmantelado pela Operação Caixa de Pandora, começou a colher os benefícios da delação premiada. Por unanimidade, a 2.ª Turma do Tribunal de Justiça do DF abrandou nesta quinta-feira, 31, as duas primeiras sentenças a que ele foi condenado nos 20 processos em que é réu por corrupção, desvio de dinheiro público, fraude em licitações, improbidade administrativa e outros crimes.

No primeiro caso, a condenação de 4 anos e 7 meses de reclusão foi reduzida em dois terços e caiu para 1 ano e seis meses, convertida a seguir para pena alternativa. Trata-se de contrato fraudulento, no valor de R$ 9,8 milhões, em favor da empresa de informática Patamar, investigada na operação Megabyte. A multa de 4,5% sobre o valor do contrato também caiu para 2%. No segundo caso, também por contrato irregular de uma empresa de pesquisa, a condenação acabou anulada porque, com a redução da pena, o prazo de punição prescreveu.

Restam agora 18 processos, alguns prontos para julgamento, sem contar as ações civis. Mesmo com a perda de primariedade, é improvável que Barbosa acabe atrás das grades. Há um sentimento predominante no Ministério Público e no Judiciário de que isso desmoralizaria a lei da delação premiada, que tem menos de dez anos de vigência no Brasil e, embora ainda em fase de amadurecimento, foi decisiva para desmantelar poderosas organizações criminosas.

Lula e Aécio terão reunião futura
O velório de José Alencar aproximou, ontem, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o senador Aécio Neves (PSDB-MG): foi com Aécio que Lula mais conversou durante a cerimônia no Palácio da Liberdade. Os dois combinaram um encontro, ainda sem data marcada. "Ele foi muito mais do que um vice. Era mais forte que eu", disse Lula ao ex-governador.

Alencar tem funeral em MG de chefe de Estado
O corpo do ex-vice-presidente da República José Alencar foi cremado na tarde de ontem, na região metropolitana de Belo Horizonte, com honras de chefe de Estado. O velório, em clima de emoção, foi realizado no saguão do Palácio da Liberdade, antiga sede do governo mineiro, em uma cerimônia aberta ao público, que reuniu familiares, autoridades, políticos e milhares de populares. A presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva compareceram.

Alencar morreu na terça, no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, por falência de múltiplos órgãos causada pelo câncer contra o qual lutava desde 1997. Pelo menos 4 mil pessoas, conforme a Policia Militar, passaram pelo caixão para se despedir do ex-vice. O corpo foi levado da base aérea da Pampulha até o palácio no mesmo caminhão do Corpo de Bombeiros que transportou os corpos do ex - presidente Tancredo Neves e do ex-vice-presidente Aureliano Chaves.

Cremação pôs foco no caso de suposta filha
A decisão da família pela cremação do corpo do ex-vice-presidente José Alencar trouxe à tona novamente a ação judicial movida pela professora aposentada Rosemary de Morais, de 55 anos, para ser reconhecida como sua filha. A família alega que atendeu a um pedido do próprio Alencar, mas ontem, durante o velório, circularam informações de que o corpo de Alencar poderia se enterrado em vez de cremado. Especulações de que a decisão pela cremação poderia levar à anulação da possibilidade de prova material - obtida por meio do exame de DNA - causou desconforto entre familiares e outros presentes. Rosemary, que mora em Caratinga (MG), cogitou comparecer ao velório, mas acabou desistindo, com receio de "se sentir uma intrusa".

"Penso que é um direito deles. O certo seria colher material (genético) dele antes de fazer a cremação. Não sou eu que tenho de provar, eles é que têm", afirmou Rosemary ao Estado. "Nem quis ir ao velório para não dar motivo, para não atrapalhar em nada, dizer que eu fui atrás de mídia. Estou quieta no meu canto."

Para o advogado da professora, Geraldo Jordan de Souza Júnior, caberia à família fazer a reserva do material genético para contestar a alegação de paternidade, uma vez que sua cliente foi declarada filha legítima pelo juiz José Antônio de Oliveira Cordeiro, da Vara Cível de Caratinga.

O GLOBO

Exército manda que general se cale sobre 64
O Comando do Exército abortou na última hora uma palestra com potencial explosivo do diretor do Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT), general Augusto Heleno, cujo tema seria "A contrarrevolução que salvou o Brasil", em referência ao 31 de março de 1964, data que marca o início da ditadura militar. A apresentação do general estava confirmada até as 17 h de quarta-feira, quando chegou a ordem do comandante do Exército, Enzo Peri, determinando o cancelamento do evento. A apresentação ocorreria no mesmo dia em que Heleno, liderança expressiva na caserna, foi para a reserva.

Primeiro comandante brasileiro no Haiti, o general Heleno preferiu silenciar sobre o conteúdo da palestra e também sobre os motivos pelos quais o evento foi cancelado. Disse apenas que cumpriu ordem superior: - Recebi ordem. Sou militar, recebo ordem. Hierarquia e disciplina. Recebi a ordem ontem, no final da tarde. Tem uma frase famosa: nada a declarar - afirmou Heleno. O general Heleno se limitou a dizer que a abordagem seria exclusivamente "31 de março de 1964", mas não quis entrar em detalhes sobre o contexto histórico que seria levado aos colegas de farda. Nas redes sociais, militares se preparavam para o "desabafo de Heleno". Um oficial ouvido pelo GLOBO disse que o depoimento era aguardado com "grande expectativa".

Nesta semana, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, determinou aos comandantes das três Forças que não houvesse qualquer ato que exaltasse a data que deu início ao regime militar. Entretanto, como Heleno é general de quatro estrelas com grande destaque na tropa, coube ao comandante Enzo Peri a tarefa de impedir sua manifestação, às vésperas de sua aposentadoria. Quanto às comemorações nos clubes militares, o ministério avalia que não tem como evitar ou tentar coibir manifestações de oficiais da reserva que estavam na ativa naquele período.

O silêncio do quartel no dia da "contrarrevolução" - referência dos militares ao combate à "revolução comunista" que estaria em curso nos anos 1960 - foi imposto para evitar o acirramento dos ânimos, em pleno debate público sobre a criação da Comissão da Verdade, projeto que está tramitando no Congresso. Como O GLOBO revelou, o Comando do Exército chegou a elaborar um documento em que condenava a criação da comissão, idealizada para encontrar informações sobre os desaparecidos políticos durante o regime militar. O mês da "contrarrevolução" foi excluído do site do Exército. As "comemorações" se limitaram a um ato no último dia 25 de março, no Clube Militar do Rio de Janeiro.

Deputado agora tenta polêmica com MEC
Depois de comprar brigas com os movimentos gay e de negros, o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) ontem atacou o Ministério da Educação, usando o mesmo tom preconceituoso. Em entrevista à Rádio Estadão/ESPN, disse que o MEC vai estimular o homossexualismo e "abrir as portas para a pedofilia" ao distribuir um "kit gay para as escolas de primeiro grau". O kit, porém, não é gay e será destinado a professores do ensino médio. Mas, apra Bolsonaro, o kit contém "filmetes pornográficos", que mostram um garoto pintando as unhas na escola e tratam de beijo lésbico, além de cartazes e cartilhas.

- Atenção, pais, os seus filhos vão receber um kit que dizem que é para combater a homofobia, mas que na verdade estimula o homossexualismo. Com a mentira de estar combatendo a homofobia, eles estão estimulando o homossexualismo e abrindo as portas para a pedofilia - afirmou. O ministério não quis comentar as declarações de Bolsonaro e esclareceu que o kit de combate à homofobia nas escolas ainda está em análise numa comissão da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad). Segundo o ministério, o material é destinado a professores do ensino médio.

Bolsonaro aproveitou a entrevista para saudar os militares pelo dia 31 de março, data do golpe militar de 1964, e criticou as pessoas que acham que "tudo é culpa da ditadura". - Se me permite saudar os militares, que, junto com a imprensa, com a Igreja Católica, os trabalhadores, as mulheres na rua, proporcionaram o 31 de março e fizeram com que nós hoje não estivéssemos cortando cana, a exemplo do pessoal de Cuba – afirmou.

Vaccarezza: Bolsonaro é 'um deputado estúpido'
O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), chamou de estúpido o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) - que deu declarações racistas e homofóbicas na TV -, mas disse que é preciso cautela no debate sobre o limite da imunidade de palavra do parlamentar, garantida pela Constituição. Segundo Vaccarezza, o tema deve ser discutido de forma ampla, pela Comissão de Constituição e Justiça da Casa e o plenário, não no Conselho de Ética da Casa.

- Bolsonaro tem se caracterizado como um deputado estúpido, mas foi eleito já com essa estupidez. (As declarações) São condenáveis, mas defendo o Estado democrático de direito, que garante a imunidade de palavra ao parlamentar. Sei que a imunidade tem limites e temos que discutir esses limites - disse Vaccarezza, frisando que essa é uma posição pessoal.

Vaccarezza lembrou que alguns parlamentares já ameaçaram bater no presidente da República ou deram outras declarações polêmicas: - Qualquer deputado tem o seu direito à palavra garantido pela Constituição. Qual será o limite da imunidade parlamentar? Será que ela garante que um parlamentar defenda o Holocausto? Não sei. (O que Bolsonaro falou) É mais do que racismo. Passa do limite da razoabilidade. Mas a imunidade parlamentar é um dos pilares da democracia.

Bolsonaro reagiu ao saber que foi chamado de estúpido: - Me chamar de estúpido? Podíamos ter discutido, eu teria explicado o que falei. Se eu me referisse a ele como estúpido, certamente estaria bombando mais um processo de quebra de decoro contra mim, mas ele falando é liberdade de expressão. Já são seis representações contra Bolsonaro apresentadas à Câmara. Uma sindicância vai investigar se houve quebra de decoro.

Eduardo Cunha é investigado pelo STF, que quebra sigilo de inquérito
O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) figura como investigado de inquérito que agora tramita no Supremo Tribunal Federal (STF). O inquérito, remetido ao STF, tem como base relatório da Polícia Civil do Rio de Janeiro, cujos detalhes O GLOBO começou a publicar no dia 21 de novembro do ano passado. Sem citar o nome do parlamentar, o inquérito saiu da esfera estadual porque acusava "um parlamentar federal", envolvido com o empresário Ricardo Magro - do grupo que controla a Refinaria de Manguinhos -, de cometer crime de advocacia administrativa e tráfico de influência. Depois da divulgação do caso, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) declarou ser ele mesmo o interlocutor dos diálogos e, em ofício enviado à Justiça do Rio, disse ser ele o parlamentar investigado.

Há duas semanas, o relator da investigação no Supremo, ministro Celso de Mello, revogou o sigilo do inquérito. Hoje, os autos estão com o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que poderá pedir diligências - como novas quebras de sigilo ou a oitiva de depoimentos. Procurado pelo GLOBO, Eduardo Cunha não quis fazer comentários sobre a investigação. Em novembro, dois dias depois de admitir ser ele o parlamentar citado no inquérito, Cunha pediu cópia dos autos ao juiz da 20ª Vara Criminal do Rio, "tendo em vista que é um dos investigados nos autos do inquérito policial", segundo petição assinada por seus advogados.

Na capa do inquérito, além de Cunha, figuram como investigados Ricardo Magro; Marcelo Sereno, ex-assessor de José Dirceu na Casa Civil e ex-diretor de Manguinhos; e Edson da Silva Menezes, ex-superintendente de abastecimento da Agência Nacional do Petróleo (ANP).

Justiça terá de abrir das 9h às 18h
OConselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou, em sessão plenária, novo horário de atendimento ao público por tribunais e varas: das 9h às 18h, no mínimo. Hoje, o horário varia em cada unidade da federação: parte funciona apenas de manhã, e parte, só à tarde. A providência foi tomada na última terça-feira, a pedido da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Mato Grosso do Sul. Segundo o CNJ, a decisão foi tomada "considerando que há vários horários de expediente adotados pelos tribunais, inclusive em relação a alguns dias da semana, o que traz prejuízos ao jurisdicionado". A decisão entrará em vigor assim que for publicada no Diário Oficial de Justiça, o que deve ocorrer em, no máximo, duas semanas.

A decisão provocou a revolta de servidores do Judiciário - que, agora, terão de trabalhar por mais tempo. Na internet, a página da Federação Nacional dos Servidores do Judiciário nos Estados (Fenajud) está repleta de queixas. "Devemos lembrar a estes conselheiros que as pessoas não são marionetes", escreveu Manoel Filho. "A Lei Áurea há tempos foi revogada, vamos nos organizar e parar o Judiciário do país, não aguentamos mais essa intromissão em desfavor dos servidores", afirmou o mesmo servidor. Em nota divulgada ontem, a Fenajud alega que a decisão do CNJ pode afetar os direitos de servidores que trabalham sete ou seis horas corridas. Segundo a entidade, 11 estados adotam jornada de seis horas, e 12, de sete horas corridas.

Coincidência ou não, o CNJ divulgou ontem levantamento mostrando que o Judiciário não conseguiu cumprir uma série de metas. Uma delas era julgar em 2010 todos os processos que chegassem aos tribunais no mesmo ano. Foram ajuizados no período 17,1 milhões de processos, dos quais 16,1 milhões foram julgados. Os presidentes dos tribunais alegaram que a meta não foi cumprida por falta de estrutura. O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do CNJ, ministro Cezar Peluso, explicou que o obstáculo encontrado não é de responsabilidade do Judiciário:

- Não é possível considerar os números de modo absoluto, é preciso perceber como eles espelham um trabalho extraordinário da magistratura brasileira e a tentativa de resolver problemas praticamente insolúveis, que não dependem apenas do esforço da magistratura, mas de condições materiais nem sempre presentes e cuja responsabilidade não é do Judiciário.

Crescem pedidos de habeas corpus
Na última década, cresceu quase oito vezes a quantidade de pedidos de habeas corpus feitos ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). O Supremo Tribunal Federal (STF) recebeu em 2010 seis vezes mais habeas corpus do que em 2001. O quadro foi revelado por levantamento da revista "Consultor Jurídico", que divulgou ontem os números no "Anuário da Justiça 2011", publicação que também traz o perfil dos integrantes das cortes superiores e do STF.

O fenômeno vem na contramão da tendência dos dois tribunais, que conseguiram reduzir o número de recursos nos últimos anos por meio de ferramentas importantes. Uma delas é a repercussão geral, que permite ao STF recusar recursos que tratam de temas muito específicos sem interesse para um grande grupo de pessoas. O outro mecanismo é o julgamento em bloco de recursos semelhantes.

Segundo especialistas entrevistados pela revista, não há como conter o número de habeas corpus, já que eles são uma forma de garantir o direito de defesa. O crescimento se deve principalmente à mudança na interpretação dos ministros sobre a amplitude do habeas corpus. O instrumento, que era usado apenas para garantir a liberdade individual, também é usado hoje para outros fins - como, por exemplo, o acesso a informações.

Ponto começa no Senado, mas com brechas
O Senado começa a implantar hoje, em definitivo, o ponto biométrico - com a impressão digital -, mas com brechas permitindo que centenas de funcionários sejam dispensados da obrigatoriedade de registrar as horas trabalhadas. Segundo informações do próprio Senado, pelo menos 527 servidores não estão obrigados a registrar o ponto.

Mas o número pode ser maior. No grupo estão os servidores que ocupam cargos comissionados e de confiança mais altos, os funcionários dos gabinetes previamente dispensados pelos senadores e aqueles que trabalham nos gabinetes dos parlamentares nos estados. Neste caso, não poderão receber horas extras.

Dos 5.989 servidores efetivos e comissionados do Senado, 5.462 servidores estarão obrigados a bater o ponto biométrico, garante a administração da Casa. Hoje, efetivamente, 4.699 servidores começarão a usar o sistema, além dos 763 que já o usavam de forma experimental.

Nota da Redação: a respeito da notícia acima, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), emitiu ofício à Diretoria Geral dizendo que, por ter recebido “denúncias de que alguns funcionários estão burlando a frequência na Casa, registrando sua presença no ponto eletrônico e depois se ausentando das obrigações funcionais”, aciona o comando administrativo para as devidas providências.

O ofício, divulgado apenas no início da noite desta sexta-feira (1º), Sarney determina à Diretoria Geral “oficiar aos diretores das diversas seções do Senado a apuração dos fatos, ressaltando a responsabilidade pessoal do funcionário e de seu superior”. O senador ordena ainda que, no caso de comprovação das denúncias, “proceda-se a abertura de sindicância” administrativo-disciplinar.

Ministra critica anistia
Em debate organizado pela PUC do Rio, ontem, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, criticou uma das propostas do deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP) de anistiar produtores rurais que desmataram ilegalmente até 2008. O parlamentar é relator do projeto de reforma do Código Florestal, que está sendo discutida há quase um ano na Câmara. No debate sobre mudanças climáticas, Izabella, sem citar Rebelo, afirmou que, além de descumprir a lei, o infrator prejudicou a sociedade:

Quem desmatou ilegalmente não pode ser anistiado. Ele não só descumpriu a lei como prejudicou a sociedade. Não é anistia. Temos que buscar a regulamentação ambiental das pessoas. Não há nenhum interesse do Ministério do Meio Ambiente, como da política ambiental brasileira, de excluir quem quer trabalhar e produzir. Mas não há como discutir anistiando todo mundo. Quem fez correto é punido? Esses são os valores da sociedade?

Izabella lembrou que a intenção não é punir: - Não tenho nenhum problema em buscar mecanismos para contribuir para a agricultura familiar e para que aquele produtor que, de fato, quer produzir tenha todos os meios para fazer. Não há orientação ou intenção de punir.

Acordos facilitam volta ao trabalho no PAC
Após dias de greves, quebra-quebra e bloqueio de estradas, grandes obras de infraestrutura no país começam a ser retomadas. Ontem, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Odebrecht fecharam um acordo, em reunião no Palácio do Planalto, que poderá decidir a volta ao trabalho na hidrelétrica de Santo Antonio, no Rio Madeira, em Rondônia. As propostas serão votadas pelos operários em assembleia na próxima segunda-feira. A Justiça do Trabalho de Rondônia, por sua vez, decidiu, depois de inspeção no canteiro de obras da hidrelétrica de Jirau - também no Rio Madeira - não embargar a obra, mas a construção só poderá ser retomada no dia 11 de abril, se uma série de condições acordadas forem cumpridas.

No Estado do Rio, as obras do Porto do Açu, do grupo de Eike Batista, também foram retomadas no fim do dia de ontem, depois de firmado acordo entre funcionários e a empresa responsável pelo terminal. E, no Ceará, a construção da usina termelétrica de Pecém, que pertence às empresas EDP e MPX, também do grupo de Eike, está a pleno vapor desde segunda-feira, após paralisação de 12 dias.

As obras da usina de Santo Antonio, um dos principais projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), estavam paradas desde 18 de março. Na reunião no Planalto ontem, foi acertada a antecipação de 5% de reajuste salarial a partir de hoje (a data-base da categoria é 1º de maio) e cinco dias de folga a cada 90 dias para os trabalhadores que moram fora (antes era a cada quatro ou cinco meses), com bilhete de ida e volta. E em abril haverá a antecipação de 20% do valor da cesta básica, de R$110 para R$132, segundo o presidente da CUT, Artur Henrique.

FOLHA DE S.PAULO


Governo já avisa que vai adiar trem-bala
O governo já admite informalmente aos interessados no leilão do trem-bala que vai adiar por 90 dias o processo, marcado para o próximo dia 11. O adiamento será feito para que mais grupos apresentem propostas e também para fazer ajuste no edital. O governo já não conta com o trem-bala para a Copa, em 2014, e considera improvável que ele funcione para a Olimpíada de 2016.

A Folha apurou que a tendência hoje é pelo adiamento do leilão. Falta uma reunião, prevista para a semana que vem, entre a presidente e os técnicos do governo que tratam do assunto. Os técnicos defendem adiar o leilão. O governo estima que o projeto que ligará Campinas-SP-RJ custará R$ 33,1 bilhões (preço de 2008). Pelo menos dois grupos de empresas, liderados por fornecedores espanhóis e alemães, que não estavam dispostos a entrar, informaram que vão apresentar proposta, mas que precisam de tempo.

O edital tem diversas exigências que devem ser atendidas pelos concorrentes e o custo para apresentar proposta é estimado entre R$ 10 milhões e R$ 20 milhões. E, além disso, o governo não se responsabiliza pelas informações de seus estudos prévios. O que vai valer são os valores apresentados pelos competidores. Será o segundo adiamento do leilão do projeto. O primeiro ocorreu em novembro, quando o governo só tinha a garantia de participação de um consórcio, liderado por empresas da Coreia do Sul. Pelo cronograma original, o projeto já deveria estar em obras. Mas elas só devem começar um ano depois do leilão, pela previsão otimista.

Governo envia para o Congresso projeto para criar novo ministério
A presidente Dilma Rousseff enviou ontem ao Congresso projeto de lei que cria a Secretaria da Micro e Pequena Empresa. Com status de ministério, a criação do órgão é promessa de campanha de Dilma. A decisão de mandar um projeto de lei (que precisa ser aprovado), e não uma medida provisória (de validade imediata), se deu pelo fato de o governo avaliar que a criação do ministério, apesar de importante, não é urgente.

Banco do Brasil dá crédito a propriedade que desmata
O Banco do Brasil fez pelo menos 55 empréstimos a propriedades rurais no Pará que mantinham trabalho escravo, desmataram áreas ou não apresentam documentos de regularidade ambiental, fundiária e agrária, segundo o Ministério Público Federal. Em ação ajuizada ontem na Justiça Federal, o órgão diz que o Banco do Brasil concedeu mais de R$ 8 milhões em créditos rurais de forma irregular de 2008 a 2009, e que por isso ajudou a financiar infratores.

Outra ação responsabiliza o Banco da Amazônia por 37 financiamentos com os mesmos problemas, no valor de R$ 18 milhões. As duas instituições concederam mais da metade dos empréstimos a propriedades rurais da Amazônia Legal de 1995 a 2009. No caso do Banco do Brasil, a investigação apontou 18 propriedades beneficiadas. Quatro delas tinham trabalho análogo à escravidão e nenhuma possuía a documentação necessária.

Filhos de Lula fecham empresas abertas no segundo mandato
Menos de três meses depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixar o governo, dois filhos do petista desmontaram empresas que abriram durante o segundo mandato do pai. Em dezembro, a Folha revelou que os filhos Luís Cláudio e Fábio Luís haviam aberto, como sócios entre eles próprios ou com outras pessoas, duas holdings não financeiras e uma empresa voltada à área esportiva. Alguns dos sócios eram empresários amigos de Lula.

Desde o início do ano, houve uma mudança de plano dos irmãos, que não dividem mais nenhuma sociedade. No início do mandato do pai, os dois irmãos eram estagiários. Fábio Luís, que é biólogo, no zoológico, e Luís Cláudio em clube de futebol. A holding LLCS, criada pelos dois para atuar na área esportiva, foi desativada. Luís Cláudio também deixou outra holding, a LLF, agora só em nome do irmão, e não tem mais empresas na Junta Comercial de São Paulo.

Fábio Luís, conhecido como Lulinha, mantém a Gamecorp (PlayTV), seu negócio mais conhecido por receber aportes milionários da empresa de telefonia Oi. Luís Cláudio, que até o final de 2010 tinha participação em três firmas, abandonou a sociedade com dois amigos e um sócio na ZLT 500, empresa criada no Morumbi, zona oeste de São Paulo, de eventos esportivos.

Instituições dizem que ainda não foram notificadas
O Banco da Amazônia disse que não foi notificado sobre a ação do Ministério Público Federal e que por isso não iria se manifestar. Procurado, o Incra também argumentou que não foi notificado, mas disse que a emissão do CCIR (Certificado de Cadastro de Imóvel Rural) pode ser feita de maneira simples pela internet. O dono de uma propriedade só não consegue fazer o cadastro se tiver pendências a resolver, diz o Incra. O Banco do Brasil não respondeu questionamentos da reportagem até a conclusão desta edição.

Partidos querem limitar ação da Justiça Eleitoral
Os partidos da base de apoio ao governo no Congresso estão estudando maneiras de limitar o poder da Justiça Eleitoral, incomodados com sua atuação nas últimas eleições. A ideia é restringir, por meio de lei, as atribuições do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), impedindo que o tribunal fixe regras eleitorais diferentes das estabelecidas pelo Congresso.

Alvo de debate na base governista, a proposta partiu do PT. "É mais um ponto na agenda da reforma política", disse o líder do partido na Câmara, Paulo Teixeira (SP). "Hoje, há enorme preocupação com o exagerado poder normativo da Justiça Eleitoral e uma enorme insegurança política", afirmou. O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), disse que há uma insatisfação no Congresso com o poder concentrado pelo TSE.

A possibilidade de inibir a atuação do tribunal foi objeto de uma reunião das bancadas do PT na terça-feira, com a presença de Teixeira, do líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), e do secretário-geral do PT, Elói Pietá. Na tarde de quarta-feira, parlamentares petistas se reuniram com o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, para consultá-lo. Segundo participantes, Palocci manifestou simpatia pelas propostas do PT, mas ressalvou que ouvirá a presidente Dilma Rousseff antes de se posicionar.

Documentos da ditadura são expostos no Arquivo Nacional
Envolvido em recente polêmica sobre a dificuldade de acesso a dados do período da ditadura militar, o Arquivo Nacional inaugura hoje, no Rio, a exposição "Registros de uma Guerra Surda", com 220 documentos da época. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, participará da cerimônia de inauguração, às 19h. A partir de segunda-feira, a exposição estará aberta ao público.

Entre os principais destaques da mostra estão os originais do Ato Institucional nº 5 e da ata da reunião do conselho de ministros que discutiu sua edição. Ambos serão expostos pela primeira vez. A exposição traz também pareceres da censura contra composições de artistas. A exposição é fruto do projeto "Memórias Reveladas", patrocinado por estatais como o Banco do Brasil, que reuniu um acervo de 16,8 milhões de páginas de arquivos estaduais e federais.

PSDB vai explorar alta da inflação em programa de TV
A forma de abordar o assunto e a definição de outros temas a serem usados como bandeiras pelo partido serão definidos depois de ampla pesquisa que a cúpula tucana vai realizar em abril. Os temas serão debatidos na reunião de amanhã entre o presidente da legenda, deputado Sérgio Guerra, e os oito governadores do partido, em Belo Horizonte.

Guerra participará da primeira parte do encontro dos governadores, que tratarão, ainda, de uma pauta de reivindicações dos Estados para o governo federal. Anfitrião da reunião, o governador de Minas, Antonio Anastasia, evita associar o governo Dilma Rousseff o risco de volta da carestia. "A preocupação com a inflação é permanente no PSDB e em qualquer pessoa em sã consciência", disse ele ontem, antes do velório do vice-presidente José Alencar.

No Relatório Trimestral de Inflação, divulgado na quarta-feira, o Banco Central reduziu de 4,5% para 4% a previsão do crescimento da economia do país neste ano. A instituição afirmou que poderá alcançar em 2012 a meta de inflação de 4,5%. A estimativa do BC para o IPCA, principal índice de preços, neste ano subiu de 5% para 5,6% -dentro do teto para a meta de 6,5%.

PPS ameaça expulsar filiados que não apoiaram candidatos da sigla
Diretórios estaduais do PPS, partido de oposição ao governo federal, abriram uma série de processos para expulsar lideranças que não apoiaram candidatos da sigla na eleição de 2010. Na mira, estão políticos que não deram apoio a nomes do partido na disputa para deputado estadual e federal, cuja bancada determina o tempo de TV que o PPS terá em 2012.

A caça aos infiéis – uma orientação do diretório nacional – coincide com a retração do PPS após o rompimento com o governo Lula. Pelo menos 60 lideranças – entre prefeitos, vice-prefeitos e vereadores – já foram expulsas ou desligadas por infidelidade partidária nos seis maiores colégios eleitorais do país. Outros 24 casos estão em análise.

Metas do Judiciário não foram cumpridas, diz estudo do CNJ
O Judiciário não cumpriu as metas fixadas pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça) para 2010. Segundo levantamento divulgado ontem pelo conselho, dos 17,1 milhões de novas ações que ingressaram ano passado, 1 milhão não foi analisado. O objetivo era zerar o estoque.

O presidente do STF, Cezar Peluso, responsabilizou a falta de estrutura. Segundo ele, o desempenho depende de "condições materiais nem sempre presentes e cuja responsabilidade não é do Judiciário". O acúmulo de 2010 soma-se aos mais de 86,5 milhões de processos já na fila.

Cremação não prejudica ação de paternidade
O vice-presidente José Alencar era réu em um processo de reconhecimento de paternidade e, em vida, se negou a colher material genético para um teste de DNA. No processo, ainda não concluído, Rosemary de Morais, 55, pede para ser reconhecida como filha de Alencar com a enfermeira Francisca de Morais.

Após a morte dele, a defesa de Rosemary disse que não iria se opor à cremação do corpo do vice. A Justiça havia considerado a recusa de Alencar em fazer o teste como presunção de paternidade. A defesa do vice recorreu. A ação está em andamento, mas o advogado de Rosemary, Geraldo Jordan, disse que a cremação não prejudica o processo.

Segundo o Departamento de Genética e Morfologia da UnB, o teste ainda pode ser feito em algum parente de Alencar -a probabilidade de acerto, porém, cai de 99,9% para cerca de 85%.

Unido a Kassab, vice de Alckmin perde espaço
O vice-governador de SP, Guilherme Afif Domingos, começa a pagar o preço por seguir o prefeito Gilberto Kassab no projeto de fundar um novo partido, o PSD, cuja principal missão é inaugurar uma terceira via política em São Paulo e furar a polarização PT-PSDB no Estado. Afif, que acumula a chefia da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, perdeu o controle do Conselho Estadual de Petróleo e Gás Natural para a Secretaria de Energia, do tucano José Aníbal.

O órgão – cuja principal função é acompanhar o cumprimento de metas de atividades relacionadas à extração de petróleo em SP – era subordinado à pasta de Afif. A transferência de chefia, determinada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), foi publicada ontem no "Diário Oficial". O governo nega que a mudança tenha motivação política. A assessoria do governador afirma que a transferência do conselho estava prevista desde a transição. Procurado pela Folha, Afif não quis falar sobre o assunto.

CORREIO BRAZILIENSE

Base arma o rolo compressor
O governo admite utilizar pela primeira vez a maioria confortável no Congresso Nacional para aplicar um rolo compressor na oposição. Na semana que vem, a base aliada na Câmara vai aprovar três medidas provisórias e dois tratados internacionais, com ou sem acordo com os oposicionistas. A corda foi esticada pelo líder do governo na Casa, Cândido Vaccarezza (PT-SP). Ele ainda garantiu que não vai abrir concessões pedidas por parlamentares de PSDB e DEM nas cinco matérias. A meta anunciada pelo petista é a de limpar a pauta de votações até junho.

Com a morte e as homenagens ao ex-vice José Alencar, o governo viu acender a luz vermelha na pauta no Congresso, com a possibilidade iminente de MPs caducarem por falta de votação. Por isso, a instrução do Palácio do Planalto é correr com as votações na semana que vem, especialmente nos projetos que tratam do trem-bala e de benefícios fiscais para a indústria automotiva. Também entra na conta o tratado que estabelece um novo valor a ser pago pelo Brasil ao Paraguai pela energia excedente de Itaipu. “Votaremos as matérias com ou sem acordo. Teremos moção, especialmente na questão do trem-bala, porque a oposição é contra. Mas todos os pontos contestados serão mantidos”, avisou Vaccarezza.

A oposição reclama de vários pontos do projeto do trem, que ligaria Rio de Janeiro, São Paulo e Campinas (SP). O PSDB é radicalmente contra. Já o DEM concorda com a obra, mas critica o projeto, especialmente a autorização para o aporte de R$ 20 bilhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), destinado ao financiamento do trem bala. Além disso, também é polêmica a MP relativa à Empresa de Transporte Ferroviário de Alta Velocidade (Etav), que seria o braço do governo no consórcio responsável pela obra. “A MP é absurda, admite a inviabilidade do negócio proposto pelo governo. Quem pagará a conta é a viúva, o calote já foi anunciado”, critica o líder do DEM na Câmara, Antonio Carlos Magalhães Neto (BA). Para o governo, tanto o financiamento quanto a criação da estatal são pontos de honra. “Em nenhum lugar do mundo tivemos trem-bala construído sem aporte governamental. E não temos estatal habilitada, hoje, para tocar o projeto”, explica Vaccarezza.

No Senado, com confortável maioria, a bancada governista dá como certa a aprovação da MP que garante investimentos para o trem-bala. O senador Wellington Dias (PT-PI) critica o discurso da oposição e afirma que o PSDB se opõe ao projeto por motivação eleitoral, pois comanda um dos estados beneficiados pelo empreendimento que levará o selo federal. “Não podemos permitir que o texto seja tratado como disputa eleitoral. O governo confia na aprovação da proposta que garante recursos para o trem-bala.”

PP descarta sanção a Jair Bolsonaro
Deputados e entidades pressionam, mas o PP não pretende aplicar qualquer sanção ao deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), que classificou como “promiscuidade” o possível relacionamento de um filho com uma negra. Ontem, o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), disse que o pepista é um deputado “estúpido” e pediu que o partido o punisse. Como tem imunidade parlamentar, o petista entende que é remota a possibilidade de o deputado ser condenado no Conselho de Ética.

Depois de tentar contornar a polêmica — dizendo que não havia entendido a pergunta feita pela cantora e apresentadora Preta Gil no programa CQC — e de atacar homossexuais, Bolsonaro decidiu diminuir o tom das declarações. Mesmo assim, continuou sendo alvejado por companheiros de parlamento. “Bolsonaro tem se caracterizado como um deputado estúpido, mas foi eleito com essa estupidez. Temos de cobrar do partido uma reação, porque a discussão sobre os limites da imunidade parlamentar é muito ampla”, pediu Vaccarezza.

O pepista, que já respondeu a 20 representações ou processos por quebra de decoro, reclama de perseguição. “Se fosse eu chamando o líder do governo de estúpido, seria quebra de decoro. Como é ele me xingando, configura liberdade de expressão”, ironiza Bolsonaro. O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), já recebeu cinco pedidos de investigação contra o deputado por conta da declaração racista. Um deles subscrito por 19 parlamentares.

Incêndios e greves
O mês de março foi marcado por revoltas em canteiros de grandes obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A mais grave ocorreu na usina hidrelétrica de Jirau (RO), o maior empreendimento em construção no Brasil, com 22 mil funcionários. A confusão teve início no último dia 15, quando um motorista de ônibus de uma empresa contratada pela Camargo Côrrea — responsável pela obra — discutiu com um operário. O episódio ganhou proporção e houve um incêndio no canteiro de obras. Quarenta e cinco ônibus e metade dos alojamentos dos funcionários acabaram atingidos pelas chamas. Mais de 30 pessoas foram presas e as obras estão suspensas até hoje porque a revolta se transformou em pontapé para reivindicar mais segurança e qualidade em alojamentos e nos serviços de alimentação.

Uma semana depois, em Mato Grosso do Sul, funcionários da obra da Hidrelétrica de São Domingos, localizada nos municípios de Água Clara e Ribas do Rio Pardo, a 180km de Campo Grande, incendiaram alojamentos. Segundo a Eletrosul Centrais Elétricas, uma briga entre um segurança e um funcionário iniciou o tumulto. A Polícia Militar deteve 80 trabalhadores. Ao todo, seis pavilhões de alojamentos, o refeitório, o centro ecumênico e a guarita terminaram destruídos. Mais de três mil operários trabalham no canteiro.

Até o início desta semana, 80 mil funcionários estavam paralisados em todo o país. Além de Jirau (foto) e São Domingos, 18 mil operários pararam de trabalhar na construção da hidrelétrica de Santo Antônio (RO) e outros 43 mil cruzaram os braços nos complexos portuários de Suape (PE) e Pecém (CE), além de obras na Bahia e no interior do Rio de Janeiro.

Aniversário "light" do golpe de 64
O 31 de março, data em que os militares comemoravam o golpe que derrubou o ex-presidente João Goulart, deixou de ter tanta relevância e está para perder defensores. O Clube Militar, que servia como porta-voz dos militares insatisfeitos, divulgou nota mais amena na comparação com anos anteriores, talvez retrato de o país ter hoje, no comando do Planalto, uma ex-militante torturada nos porões da ditadura. No comunicado, a entidade não fala de revanchismos nem do atual governo, apenas cita a “baderna” que teria conduzido ao golpe de 1964. Além do texto mais brando, o Comando do Exército passa para a reserva nos próximos dias três generais que causaram polêmicas com declarações, algumas delas referentes à data.

“À baderna, espraiada por todo o território nacional, associavam-se autoridades governamentais, entre as quais comandantes militares que procuravam conduzir subordinados à indisciplina e ao desrespeito aos mínimos padrões da hierarquia”, diz a nota de ontem. No comunicado, os clubes afirmam que existem esforços para “criar” versões diferentes para o ocorrido em 1964. Porém, em nenhum momento, como em anos anteriores, houve críticas à Comissão da Verdade, tentativa do governo de investigar ações contra os direitos humanos ocorridas durante o regime militar, nem citações ao revanchismo que estaria no ar, hipótese negada pela presidente Dilma Rousseff no discurso de posse.

Há pelo menos três anos o Exército não faz a Ordem do Dia. Em outros governos, muitas vezes a comemoração era criticada, mas nunca impedida. Hoje, a tendência é minimizar a data. O Clube Militar limitou-se a lembrar de ações das Forças Armadas na derrubada de Jango.

Anuário lançado
O Anuário da Justiça 2011 foi lançado ontem à noite, em solenidade prestigiada por diversas autoridades do Poder Judiciário, no Supremo Tribunal Federal (STF). Com 256 páginas, o anuário faz uma radiografia completa da Justiça brasileira, com destaque aos tribunais superiores. Além de destacar as importantes decisões tomadas recentemente pelas cortes superiores, a edição traz o perfil completo de 89 ministros.

O presidente do STF, Cezar Peluso, elogiou sua caricatura, que aparece na página 35 da publicação. Segundo ele, o desenho “deu um toque pitoresco” ao anuário. Durante o evento, também foi lançado o livro As Constituições do Brasil, de autoria do ministro Peluso, que reúne todas as seis constituições brasileiras e suas emendas.

Despedidas intimistas
Os últimos minutos de José Alencar em Brasília guardaram um momento de despedida intimista, afastada dos holofotes. No fim da procissão de quase 24 horas, por onde passaram milhares de pessoas, os principais assessores do núcleo palaciano foram os últimos a render homenagens dentro do Palácio do Planalto. Com a noite ainda presente, o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, preferiu se despedir silenciosamente, às 6h de ontem. Braço direito do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ex-seminarista, ele também tinha contato próximo com o ex-vice. Por 20 minutos, rezou e segurou a mão esquerda de Alencar, a que guardava o terço depositado pela viúva, Dona Mariza. Repetiram o gesto o chefe do gabinete pessoal da presidente Dilma Rousseff, Gilles Azevedo, e o assessor mais próximo de Alencar, Adriano Silva.

A visitação popular ao velório de José Alencar foi interrompida por volta das 23h15 de quarta-feira. Ao todo, o cerimonial da Presidência estima que 8,1 mil pessoas se despediram pessoalmente do ex-vice, incluindo mais de uma centena de autoridades. Quando o sol começava a nascer, às 6h, os principais assessores de Alencar, Dilma e Lula se reuniram para a despedida final. Às 6h25, o filho do ex-vice, Josué, chegou ao velório para preparar o embarque para Belo Horizonte. Às 7h30, o caixão seguiu da Base Aérea para a capital de Minas Gerais.


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Eduardo (01/04/2011 - 14h01)

Parabéns ao palhaço Tiririca, cumprindor de promessas, aprendendo direitinho e contando prá gente para que servem e o que fazem os deputados! e como fazem isso bem né? o mais lindo de tudo é que como a maioria contrata amigos, parentes então.. pouquíssimos terão coragem ou moral prá abrir a boca e reclamar.. Viva Tiririca no Circo chamado congresso Brasileiro!!



Fonte: Congressoemfoco



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