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sexta-feira, abril 07, 2023

O cerco aos golpistas de 8 de janeiro está se fechando, com 1.390 réus denunciados

Publicado em 7 de abril de 2023 por Tribuna da Internet

 (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

Existem dois tipos de réus: os vândalos e os incitadores

Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense

Mais 203 suspeitos de incentivar e incitar os ataques golpistas que levaram à depredação das sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro, foram denunciados nesta quarta-feira pela Procuradoria-Geral da República. Com isso, 1.390 militantes de extrema direita, ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro, já se tornaram réus e estão muito enrolados com a Justiça, devido aos atos de vandalismo nas invasões do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal uma semana após a posse do presidente Lula.

Até agora, 239 executores do vandalismo foram identificados pelas câmeras de segurança ou pelas redes sociais, e os demais 1.150 foram presos no acampamento em frente ao quartel-general do Exército e foram denunciados como incitadores dos atos de vandalismo. E um agente público foi denunciado por omissão.

LEVANTE INTEGRALISTA – O único precedente de um processo desta envergadura contra a extrema direita da nossa história republicana ocorreu em 1938, quando a Ação Integralista Brasileira (fascista), de Plínio Salgado, tentou tomar o poder.

Getúlio Vargas estava havia oito anos na Presidência, sem passar pelas urnas. O golpe da Revolução de 1930 deu-lhe quatro anos de mandato presidencial. A Constituição de 1934 permitiu sua recondução por mais quatro anos, eleito apenas pelos deputados federais.

Vargas arquitetava um plano para permanecer no poder, com apoio dos integralistas, os “galinhas verdes”, por causa dos uniformes que usavam à moda do nazifascismo de Hitler e Mussolini, ditadores da Alemanha e da Itália, respectivamente.

GOLPE DENTRO DO GOLPE – Plínio Salgado, o grande líder integralista, tinha conhecimento das intenções golpistas. Acreditava que o golpe seria a oportunidade para ter mais prestígio político, imaginava que Vargas assumiria o integralismo como ideologia e partido oficial.

Em novembro de 1937, quando o Estado Novo foi decretado, a pretexto de que se preparava uma nova tentativa de tomada do poder pelos comunistas (apesar de o líder comunista Luiz Carlos Prestes estar preso), Plínio Salgado retirou a sua candidatura à Presidência e apoiou o golpe dentro do golpe.

Entretanto, Vargas colocou todos os partidos políticos na ilegalidade, inclusive a Ação Integralista Brasileira. Em março de 1938, pequenos atos integralistas tentaram invadir a rádio Mayrink Veiga, no Rio de Janeiro, mas foram frustrados por forças leais ao governo.

ATAQUE AO PALÁCIO – Dois meses mais tarde, uma revolta comandada pelo tenente Severo Fournier atacou o Palácio da Guanabara. Eram 80 militantes integralistas, entre eles um membro da família imperial brasileira.

Muitos foram fuzilados, outros tantos, feridos. Cerca de 1.500 integralistas acabaram presos e ficaram sob a responsabilidade de Filinto Müller, chefe da Polícia Especial de Vargas. Com a prisão e o exílio de Plínio Salgado, o fim da guerra e a redemocratização, o integralismo desapareceu. A direita golpista e reacionária abrigou-se na antiga União Democrática Nacional (UDN).

Tanto tempo depois, nova tentativa de golpe, e agora há 1.390 envolvidos que estão prestando contas à Justiça.


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