Publicado em 7 de abril de 2023 por Tribuna da Internet
Campos Neto disse que é importante perceber o esforço de Haddad
Pedro do Coutto
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que o projeto de âncora fiscal ou arcabouço, como também é chamado, do ministro Fernando Haddad, é bastante positivo, mas nem por isso poderá afetar a queda dos juros da Selic, hoje na escala de 13,75% ao ano. Acentuou que existe uma diferença entre a política financeira e a política monetária, e disse que as decisões da autoridade monetária são técnicas e não políticas.
Campos Neto fez essas afirmações a investidores na cidade de São Paulo. Para ele é importante perceber o esforço do ministro Fernando Haddad, mas afirmou que existe uma certa ansiedade ainda em relação à parte das receitas públicas e que é preciso acompanhar os seus efeitos e a tramitação do projeto no Congresso Nacional. A matéria é focalizada no O Globo, por Ivan Martinez-Vargas e João Sorima Neto, e na Folha de S. Paulo por Eduardo Cucolo.
Para Campos Neto, os juros são um problema de todos, criticando a tentativa de politizar as decisões do BC sobre a taxa básica de juros da Selic. Portanto, não há sinais de que se tenha recuos na política que vem sendo colocada em prática pelo Banco Central e que colide com a política do próprio governo. O BC assumiu uma posição de orientador e de crítico do próprio governo e ao projeto do presidente da República.
CONFLITO – Uma prova concreta da falta de articulação que marca o governo Lula da Silva nestes primeiros meses revelou-se no episódio envolvendo o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates. Alexandre Silveira anunciou uma mudança na política de preços da gasolina e do óleo diesel. Prates e a Diretoria da Petrobras contestaram e o problema permaneceu como está.
O ministro teve a sua decisão abalada em virtude do confronto com a empresa subordinada à sua pasta. A divergência foi grande e seus efeitos serão sentidos na autoridade do governo.
SANEAMENTO – Reportagem de Geralda Doca, Bruno Góis e João Sorima Neto, O Globo, destaca que o presidente Lula decidiu mudar as regras para o marco legal do saneamento básico que se encontrava em vigor desde 2020. Na prática, as empresas estaduais deficitárias serão as principais beneficiadas pela medida, enquanto especialistas do setor admitem um risco do problema parar na justiça e o não cumprimento da meta traçada até 2033.
A questão do saneamento é fundamental para o Brasil. Não é possível existir no país um tratamento de esgotos que atenda somente metade da população, enquanto 33% têm dificuldade de consumir água potável. O marco legal para o saneamento existe, mas tem que ser concretizado na prática. É fundamental para o país.
APOSTAS – Na edição de quarta-feira de O Globo, Athos Moura revela que os grandes clubes do Rio e São Paulo divulgaram documento reclamando não terem sido ouvidos pelo governo em debate sobre sobre a Medida Provisória das apostas.
Sustentam uma contrapartida, pois é com base nos jogos que as apostas se desenvolvem. Os clubes afirmam que há questões relevantes a serem discutidas. As casas de apostas patrocinam hoje 39 dos 40 clubes das séries A e B do Brasileiro, à exceção da cidade de Cuiabá. Portanto, o patrocínio abrange os grandes times brasileiros. Os clubes ainda não procuraram o Ministério da Fazenda para dialogar sobre o assunto.
A Fazenda informa que foi comunicada por alguns clubes, mas não recebeu nenhum pedido de audiência até o momento, mas que será concedida caso a solicitação se efetive. Há uma Medida Provisória para ser assinada pelo presidente Lula regulamentando as casas de apostas no país. A permissão pagará uma taxa de R$ 30 milhões. Há uma dúvida se o valor é unitário ou conjunto. O assunto precisa ser analisado à luz do conjunto, pois nenhuma equipe joga sozinha.
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