Publicado em 24 de abril de 2023 por Tribuna da Internet
Julia Duailibi
GloboNews
As declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em Londres, sinalizando que pode não haver uma queda dos juros no curto prazo, aumentaram a pressão no governo por uma saída fiscal para tentar fomentar o crescimento do PIB.
Num evento na sexta-feira (dia 21), Campos Neto disse que “o anseio pela queda de juros é político, mas nosso trabalho é técnico” e sinalizou que as condições para a queda dos juros, hoje em 13,75%, ainda não estão dadas.
RESPOSTA A PACHECO – A fala do presidente do Banco Central repercutiu mal não só no governo, mas também no Congresso, ao ser interpretada como uma resposta ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que antes, no mesmo evento em Londres, havia feito um apelo para a queda da Selic.
Lula está cobrando integrantes do governo que busquem alternativas que possam compensar a política monetária. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem sido praticamente uma voz isolada ao defender a harmonia entre o fiscal e a política monetária.
Com a sinalização de Campos Neto na sexta-feira, integrantes do governo apostam que Lula insistirá na adoção de políticas parafiscais, com o uso dos bancos públicos para subsidiar taxa de juros. ‘Ninguém toma dinheiro emprestado a 13,75%’, disse Lula em Portugal, nesta segunda-feira.
EFEITO CONTRÁRIO – Medidas como essas, já adotadas em gestões passadas do PT, são criticadas pelo efeito contrário que podem causar na Selic e pelo fato de que o crédito subsidiado acaba indo para as mãos de empresários — e não necessariamente com retorno em geração de empregos e crescimento econômico.
Na última ata do Copom, o BC disse que o uso de políticas parafiscais eleva o juro neutro da economia (patamar que não acelera nem desestimula economia). A declaração sinaliza que, se o governo puxar de um lado com o fiscal, está agravada a queda de braço: o BC puxará do outro com a monetária.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – É uma disputa ridícula. O presidente Lula da Silva erra ao forçar a baixa de juros e o economista Roberto Campos Neto também erra, ao fazer birra e não reduzir a taxa Selic. Seu avô, a que conheci e com quem trabalhei, jamais se comportaria assim. Com suas tiradas de efeito, Roberto Campos levaria Lula ao ridículo, porém jamais manteria juros altos apenas para contrariar o presidente. Na próxima semana tem reunião do Copom e os juros precisam cair, isso já é óbvio, não me interessa quem está vendido ou comprado no mercado futuro, digamos assim. (C.N.)