Publicado em 24 de janeiro de 2023 por Tribuna da Internet
Pedro do Coutto
Jussara Soares e Thiago Bronzatto, O Globo, revelam que o presidente Lula da Silva não concordou com a posição do ministro Múcio Monteiro e decidiu punir, de fato, os militares que estiveram envolvidos no vandalismo que deu sequência à invasão de Brasília. O ministro Múcio Monteiro era favorável a que a página fosse virada e o episódio esquecido.
Conforme se constata, a atitude de Lula, que hoje, terça-feira, se reúne com o Alto Comando das Forças Armadas, vai colocar o assunto da punição e da rejeição absoluta do governo em relação a todos – civis e militares – envolvidos nas depredações ocorridas no Palácio do Planalto, no Supremo e no Congresso Nacional.
SEGURANÇA – Percebe-se, portanto, do episódio, que a nomeação do general Tomás Miguel Ribeiro Paiva proporcionou ao governo a segurança que estava faltando e, indiretamente, inibiu os que integraram a onda subversiva que durante horas vandalizou o patrimônio público, colocou em risco a vida dos que resistiram bravamente, como foi o caso da Polícia do Senado, com o objetivo de provocar uma situação de desordem absoluta no pensamento de seus organizadores capaz de derrubar o presidente Lula, eleito democraticamente nas urnas de outubro.
Na minha impressa, Múcio Monteiro não tem o perfil adequado para exercer o cargo em que se encontra. Contra a horda de fanáticos bolsonaristas voltados para a destruição do poder e da República, passando por cima da democracia e da Constituição, é praticamente impossível estabelecer uma conciliação dos termos em que a coloca o ministro Múcio Monteiro.
Esta semana será marcada provavelmente por fatos importantes, não só os que resultarem da reunião de Lula com o Alto Comando, mas também em decorrência do depoimento que o ex-ministro Anderson Torres deverá prestar à Polícia Federal. O que ele disser poderá comprometer seriamente o ex-presidente Jair Bolsonaro, com quem se encontrou em Orlando, no dia 9 de janeiro, e poderá deslocar o inquérito para os dias finais do governo passado. Mas, para ter a certeza, é indispensável esperar os acontecimentos.
MANOBRAS – Numa entrevista de página inteira a Bruno Rosa, os bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, acionistas amplamente majoritários e controladores das Lojas Americanas, ao O Globo de ontem, afirmaram que não tinham conhecimento das manobras contábeis do balanço da empresa. Aliás, melhor dizer dos balanços, pois as manobras contábeis ocorriam há vários anos.
Eles publicaram também uma página publicitária no O Globo e na Folha de S. Paulo, isentando-se de culpa. Entretanto, na entrevista a Bruno Rosa, acentuaram que é possível chegar a um acordo com os credores. A empresa encontra-se em recuperação judicial. A afirmação que Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira de que não tinha conhecimento é simplesmente espantosa.