Publicado em 19 de janeiro de 2023 por Tribuna da Internet
Vicente Nunes
Correio Braziliense
Distante há três semanas do Brasil, de onde saiu dois antes da posse do presidente Luiz Inácio da Silva, o ex-presidente Jair Bolsonaro está monitorando, por meio de aliados que têm na Polícia Federal e na Polícia Militar do Distrito Federal, tudo o que acontece com seu ex-ministro da Justiça Anderson Torres, que está preso em Brasília.
Bolsonaro ainda confia no ex-subordinado, mas está com medo de que ele não resista às pressões para dizer tudo o que sabe sobre os ataques terroristas em Brasília no domingo 8 de janeiro e sobre a minuta do golpe que previa a declaração de estado de defesa para intervir no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a fim de mudar os resultados das eleições presidenciais, vencidas por Lula.
TORRER VAI NEGAR? – Pelos relatos que Bolsonaro têm recebido, Torres está ciente de suas responsabilidades e comprometido a negar qualquer envolvimento com os terroristas e com tentativas de golpe.
Mas o ex-presidente acredita que, a depender do tempo em que ficar preso, o ex-ministro e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal poderá romper os compromissos e delatar o que sabe.
Torres foi preso no sábado, quando desembarcou em Brasil, oriundo dos Estados Unidos, onde diz não ter se encontrado com Bolsonaro. O depoimento do ex-ministro ia acontecer quarta-feira, mas ele se recusou, porque seu advogado ainda não tivera acesso aos autos. O depoimento deve ser remarcado para a próxima semana.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Anderson Torres não deve denunciar Bolsonaro, porque seria prejudicado e poderia perder o emprego de alto salário como delegado federal senior, cerca de R$ 35 mil. Não há provas materiais contra Torres, apenas circunstanciais. A principal é a minuta do decreto. Se ele indicar quem lhe encaminhou, estará salvo, porque não é crime um ministro receber minutas de decretos. De toda forma, Bolsonaro deve estar muito preocupado, porque Anderson Torres realmente é a nova versão hitchcockiana de “O Homem que Sabia Demais”, como Pedro do Coutto classificou. (C.N.)