Publicado em 19 de janeiro de 2023 por Tribuna da Internet
Antonio Carlos Rocha
As Escrituras Budistas conhecidas como Sutra Lótus ou Sutra do Lótus passaram a ser conhecidas, na antiga Índia, por volta do século I antes de Cristo. Deduzimos então que devem ter sido escritas bem antes, pois Sidarta Gautama, o Buda, era do século 6 antes de Cristo.
Lótus é uma planta aquática, nasce no lodo e salta para a superfície abrindo-se feliz em várias cores, às vezes cresce além do espelho da água e tremula no ar adornando a natureza. As folhas não se deixam molhar, parecem ser impermeáveis e assim o imaginário hindu afirma que a nossa alma deve ser como o Lótus, que não se suja na lama nem se encharca na água.
A FORÇA DA GRATIDÃO – O sábio budista japonês Nichiren (1222-1262), às vezes escrevem Nitiren, também é conhecido como Jyougyou Bossatsu, o enviado do Buda Primordial, Adhi-Buddha, um dos muitos nomes do Criador. Nichiren era muito grato à Vida e a Kokuzo, uma energia semelhante ao “Espírito Santo” no Cristianismo.
Era grato porque aos 11 anos tendo ficado órfão de pai e mãe, como escrevemos aqui na semana passada, foi adotado por um Templo local onde estudou e se formou. A característica desse templo é que pertencia ao Budismo Esotérico e assim, sabemos que ele aprendeu muita coisa boa para se viver bem e uma delas é a Gratidão.
Precisamos ser gratos desde que acordamos até a hora de dormir, como diz a Bíblia: “Em tudo daí graças”, 1Tes 5:18, para que as coisas boas melhorem e as ruins sejam transformadas em coisas ótimas. É um pouco de Dialética que o budismo tem bastante.
BUDAS ANTERIORES – O sábio Nichiren, ao estudar o Sutra Lótus, teve uma experiência literária transcendental e “inscreveu” o Gohonzon (é uma imagem que fica nos oratórios) onde consta o nome de muitos Budas anteriores e mestres consagrados dando a entender que a nossa Gratidão também se deve a estes seres que em tempos bem remotos trilharam o Caminho do Meio, o Caminho dos Budas, dos iluminados.
Este verbo “inscrever” é importante no contexto nichirênico: o dicionário afirma que inscrever é esculpir, insculpir, gravar na pedra, no bronze, na madeira e aí fica gravado para sempre, de forma duradoura, mas se na vida nada é permanente, pois tudo muda, o “sempre” é gravado apenas na alma, na mente, no coração, em outra dimensão diferente da dimensão física onde estamos e onde tudo é passageiro.
Inscrever também é moldar, da mesma forma que moldamos uma obra de arte. Assim, nossas vidas, nossas existências serão mais agradáveis quando passarmos a vê-las como obras de arte que vamos construindo aos poucos.
TRABALHANDO A VIDA – Assim, vamos “inscrevendo” como se fôssemos nos inscrever em um concurso público chamado Vida e, de preferência, que possamos passar nas provas. É um bom trabalho que nos espera, entendam, por favor, esta paródia.
E já que eu falei em arte, no Sutra Lótus encontramos as palavras de Buda:
“Digo Sutras e também Versos,
Tradições, Játakas e Maravilhas
E Introduções
Com centenas de formosas comparações;
Digo também Poemas para serem cantados
E também Ensinamentos”
Játakas são fábulas. Vemos assim o Buda como um escritor (literatura oral) bem prolífico e seu discípulo Nichiren nos brindando com ótimos ensinamentos.
Por fim, o Sutra Lótus afirma que o Budismo é praticado em outros planetas, mas isto fica para um outro artigo, sempre frisando… acredite se quiser.