Carlos Newton
A mídia está acompanhando atentamente as reações das Forças Armadas no enfrentamento contra o Tribunal Superior Eleitoral sobre a confiabilidade das urnas eletrônicas. Em O Globo, o colunista Lauro Jardim registra que a ala política do governo tem insistido que, na segunda quinzena de agosto, quando o ministro Alexandre de Moraes assumir a presidência do TSE, algumas propostas dos militares para o processo de votação sejam examinadas.
Na CNN, o repórter Kenzô Machida revela que o Ministério da Defesa pretende pedir um encontro de seus técnicos com os especialistas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para discutir as propostas das Forças Armadas.
TRADUÇÃO SIMULTÂNEA – Bem, parece filme reprisado na TV, mas é justamente a estratégia do Planalto, que tem o respaldo entusiástico do Ministérios da Defesa, mas é vista com reservas pelo comandante do Exército, general Marco Antônio Gomes, e pelo chefe do Alto Comando, general Valério Stumpf Trindade.
Assim, em tradução simultânea, o Exército não está apoiando incondicionalmente a estratégia do presidente Jair Bolsonaro. E isso significa que, por enquanto, fica afastada a possibilidade de golpe militar.
A sequência dos acontecimentos vai influir no futuro, porque a inflexibilidade do ministro Edson Fachin na presidência do TSE foi um fator altamente negativo. Com a posse de Moraes no dia 16, o quadro pode melhorar, por incrível que pareça.
UM NOVO DIÁLOGO – Como Moraes tem agido com exagerado rigor em relação aos limites à liberdade de expressão e à imunidade parlamentar, há possibilidade de fazer uma distensão na presidência do TSE e aceitar novas reuniões com os técnicos militares, inclusive para que haja consenso sobre a necessidade de dar um ponto final nas análises conjuntas desta eleição.
O Ministério da Defesa julga que a substituição de Fachin pode possibilitar o entendimento com o TSE, com base na boa relação construída entre os militares e Alexandre Moraes, antes de se tornar integrante do Supremo.
Moraes foi secretário de Segurança Pública de São Paulo, na gestão do ex-governador Geraldo Alckmin; e ministro da Justiça, no governo do ex-presidente Michel Temer.
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P.S. – Quanto ao golpe militar, essa hipótese existirá enquanto Bolsonaro continuar fazendo discursos ameaçadores. Nesse contexto, os atos públicos do Sete de Setembro, é claro, podem servir como principal termômetro da febre política. (C.N.)