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segunda-feira, julho 11, 2022

Ministro da Defesa erra ao apoiar tese de que eleição de Lula será “a ruína moral da nação”

Publicado em 11 de julho de 2022 por Tribuna da Internet

Oposição questiona se Forças Armadas vão respeitar eleições e ministro mostra Constituição | Política | Valor Econômico

Ministro não devia tomar partido em questões políticas

Rafael Moraes Moura
O Globo

O ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, compartilhou na noite deste sábado, via WhatsApp, um artigo de um general da reserva que diz que a eventual vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de outubro “será o desastre e a ruína moral da nação e de suas instituições”.

O título do artigo, que também foi publicado na página de Rocha Paiva no Facebook, é “Lula presidente – Ruína moral da nação e das instituições”.

GENERAL DA RESERVA – O texto não é assinado por Nogueira, mas pelo general da reserva Luiz Eduardo Rocha Paiva, ex-comandante da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército e diretor de geopolítica e conflitos do Instituto Sagres, entidade composta por militares da reserva. 

Em março do ano passado, esse mesmo militar disse que o Brasil vivia o risco de ruptura institucional e que as “Forças Armadas serão chamadas pelos próprios Poderes da União, como reza a Constituição”.

Questionado sobre o artigo com críticas a Lula, o ministro da Defesa respondeu que “o texto é muito bom” e que o autor “é uma das maiores inteligências da história do Exército”.

MOMENTO IMPRÓPRIO – O envio do artigo pelo WhatsApp ocorre depois de uma semana em que o ministro fez indiretas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em uma audiência na Câmara dos Deputados e aumentou  a tensão entre os poderes ao reforçar ataques de Jair Bolsonaro à corte em uma reunião ministerial.

Adotando um discurso dúbio, Nogueira disse na Câmara que não colocava em dúvida o sistema eleitoral, mas que “nenhum sistema é inviolável” e que “as Forças Armadas estavam quietinhas no seu canto” quando foram chamadas pelo TSE para participar de uma comissão técnica para melhorar a segurança e a transparência nas eleições.

Intramuros, na reunião ministerial no Planalto, ele adotou um tom diferente, corroborando os ataques de Jair Bolsonaro à corte eleitoral e às urnas eletrônicas.

CRÍTICAS AO TSE – Na Câmara, o ministro da Defesa reclamou que o TSE até hoje não atendeu seu pedido para uma reunião específica dos militares com a corte e sugeriu que vai tentar impor um cronograma para que a corte atenda às sugestões dos militares para o sistema eletrônico de votação.

O artigo compartilhado por Nogueira ontem diz que Lula “representa o que são antivalores” para as Forças Armadas.

“E, após condenado por unanimidade em três instâncias da justiça e descondenado com base em questões formais de discutível legitimidade, criou-se uma situação de extremo embaraço para as FA (Forças Armadas). Como promover o culto a valores morais, cívicos e éticos, ao mesmo tempo em que se submeteriam e prestariam honras militares a um comandante supremo com o histórico de Lula? Quais os reflexos na coesão, disciplina, autorrespeito e autoestima nas FA?”, questiona o general Paiva.

NADA DE ERRADO? – O oficial da reserva não menciona e parece não considerar passíveis de gerar embaraço para as Forças Armadas o escândalo de corrupção sobre o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro e nem os episódios de tráfico de influência em negociações para a venda de vacinas contra a Covid, na gestão do general Eduardo Pazuello no Ministério da Saúde – igualmente capazes de criar embaraço para as Forças Armadas.

Mas diz que que a volta de Lula à cena política poderia provocar a “ruína” das instituições, ao discorrer sobre as decisões do STF que restabeleceram a elegibilidade do ex-presidente.

Citando uma declaração do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, que disse no mês passado que “ninguém pode esquecer” que houve corrupção no Brasil, o general Rocha Paiva avança ainda mais.

INDIGÊNCIA MORAL – “Caso a Nação o eleja em 2022, o Brasil passará um atestado de indigência moral, ferindo de morte o seu futuro”, em apontando o que considera “injustificável a adesão ou a leniência de segmentos da sociedade, inclusive de grande parte da mídia e de empresários, aos desígnios de um político inconfiável como Lula”, ele conclui:

“Na realidade, as instituições não funcionam e, por isso, o Brasil é uma pseudodemocracia.”

Um trecho do artigo, porém, revela o que talvez seja a real preocupação tanto do general Rocha Paiva como do próprio ministro da Defesa:  “Em sua autocrítica, após a queda de Dilma, o PT e militantes comuno-socialistas declararam que o erro cometido foi não ter assumido o controle das Forças Armadas (FA), em particular de seus sistemas de ensino, promoções e designação de cargos. Assim, para implantar seu projeto de poder, as Instituições mais atacadas serão as FA”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – O ministro da Defesa cometeu um erro terrível ao se manifestar politicamente, pois de forma clara coonestou o texto do general da reserva, que pode dizer o que bem entender. O que está erradíssimo é o ministro da Defesa se transformar em cabo eleitoral de quem quer que seja. O general Paulo Sérgio Nogueira deveria ser o primeiro a respeitar os regulamentos militares, que proíbem manifestações políticas de militares da ativa. 
 E não adianta alegar que exerce cargo político. Ele poderia até já ter passado para a reserva, mas não o fez e está no comando das tropas, e isso significa estar absolutamente na ativa. O assunto é gravíssimo e vamos voltar a ele. (C.N.)

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