César Cavalcanti
Desde o governo Michel Temer o tema da Reforma da Previdência Social vem ocupando o noticiário da mídia nacional. O assunto é indigesto e impopular, porque provoca uma série de temores e dúvidas, principalmente no que diz respeito aos aspectos legais e mesmo constitucionais, especialmente no tocante ao chamado direito adquirido.
O maior problema é a falta de transparência, que significa um ponto crucial e assustador. Por que manter dados em sigilo, se o assunto interessa a todos brasileiros, especialmente às novas gerações? O que há de tão terrível e grave que não pode ser revelado? Tanto mistério é indicativo de que há algo errado, ou algo de podre, como diria Hamlet, antes de se fingir de louco para se proteger.
INVESTIDORES? – Outra coisa que levanta suspeitas é o propalado interesse dos investidores nacionais e estrangeiros de que essa reforma passe, sob pena de não investirem no País, uma espécie de chantagem, enquanto a Bolsa de Valores e o dólar sobem ou descem a cada notícia, numa frenética gangorra.
Afora isso, a imprensa faz uma campanha ferrenha a favor dessa Reforma da Previdência, colocando-a como necessária para que o Brasil saia da atoleiro em que se encontra, com seus mais de 13 milhões de desempregados e outros 15 milhões de subutilizados, como revela o IBGE, chegando a um total de 28,3 milhões.
No meio dessa discussão, em nenhum momento o governo federal demonstra interesse em cobrar judicialmente os grandes devedores da Previdência Social, que incluem grandes grupos, como a JBS e a Marfrig, indústrias como a Teka, e instituições de ensino, além dos clubes de futebol, é claro.
GANHAM OS BANCOS – Muito estranho esse desinteresse em aumentar a receita. Porque a cobrança aos sonegadores traria um expressivo aporte financeiro para um caixa dito tão combalido. Muitas conclusões disso tudo devemos tirar. Uma delas de que há que vá ganhar com a Reforma da Previdência , notadamente os grandes bancos , pois os trabalhadores e servidores públicos serão obrigados a eles recorrerem para fazerem um plano de Previdência Privada , sob pena de passarem privações na velhice.
Antes dessa reforma, seria de bom alvitre cobrar a dívida dos grandes devedores do INSS e fechar o gargalo da lendária corrupção existente na autarquia. Seria uma grande começo para recuperar a credibilidade do País.
Preferível trilhar um caminho mais fácil do que tirar de quem pouco tem. E o fato concreto é que há algo de podre nessa reforma da Previdência.