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quarta-feira, abril 03, 2019

Reforma perversa de Guedes começa a ser mitigada antes de entrar em discussão


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Charge do Gilmar (Arquivo Google)
Carlos Newton
Foi uma surpresa ver o ministro Onyx Lorenzoni, chefe da Casa Civil, ter reconhecido a necessidade de separar as contas de Previdência Social para efeito da reforma, excluindo-se os gastos que desde sempre deveriam estar alinhados na rubrica de Assistência Social. Em entrevista ao “Correio Braziliense”, publicada no domingo, com o presidente Jair Bolsonaro já fora do país, Onyx veio a confirmar as insistentes afirmações da auditora Maria Lucia Fatorelli sobre a real situação das contas previdenciárias, que vêm sendo divulgadas aqui na TI.
Para justificar o baú de maldades em que se transformou a reforma da Previdência, o déficit tem sido ardilosamente superfaturado pela equipe econômica. Mas era uma espécie de “segredo de polichinelo”, que a mídia amestrada ainda tentava manter em sigilo, mas já era sabido por todos.
ÔNYX E MAIA – É claro que o chefe da Casa Civil não falou por acaso. Com a experiência de sete mandatos, Onyx conhece a Câmara como poucos e já sabia que os deputados não iam cair na esparrela da equipe de Paulo Guedes, aceitando que continuem a ser incluídos na contabilidade de Previdência vultosos gastos óbvios de Assistência Social, como aposentadorias e benefícios de trabalhadores rurais, idosos desamparados e deficientes físicos que jamais contribuíram com o INSS.
Mais jovem, porém tão experiente quanto Onyx, o presidente da Câmara jamais se deixou enganar. Rodrigo Maia também sabia que estava sendo forçado a articular sozinho uma iniciativa governamental nada republicana, pois defende claramente o interesse da Previdência Privada, que não ampara o trabalhador em caso de acidente ou invalidez, nem deixa pensão à viúva.
INTERESSE PÚBLICO – É preciso reformar o sistema, colocar um freio nas aposentadorias das elites da nomenklatura, todos sabem, mas é necessário haver critérios que respeitem o interesse público, algo que o ministro Guedes desconhece, no seu furor uterino de proteger o mercado financeiro, que é a sua praia, como fundador do banco BTG Pactual e operador de aplicações de fundos de pensão, inclusive com contas a prestar à Justiça.
O presidente Jair Bolsonaro é modesto e franco, ao reconhece nada entender de economia. Mas está claro que escolheu errado o posto Ipiranga para se informar.
A verdade está lá fora, como dizia o agente Molden, mas enfim ela já começa a chegar aos corredores e gabinetes da Câmara. Como disse Rodrigo Maia, as mudanças da aposentadoria rural e do benefício mensal aos idosos desvalidos e aos deficientes físicos já estão descartadas antes da discussão começar.
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P.S. 1 –
 Falta agora o Congresso Nacional despertar também para o descontrole da dívida pública, que impede o crescimento do país e foi também mencionado pelo ministro Onyx Lorenzoni na entrevista ao Correio. Segundo ele, o governo só tem folego para rolar a dívida por mais quatro anos.
P.S. 2 – Portanto, é hora de discutir a dívida pública, antes que seja tarde demais. Mas quem se interessa? (C.N.)

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