Um governo lastreado de desastres de toda ordem tem sido o tom dado, no arriar das malas, do que se acostumou de chamar de “O Novo”. Em apenas 100 dias a triste figura de Bolsonaro e sua trupe têm demonstrado total incompetência para exercer o cargo que lhe fora outorgado. Interferência indevida e despropositada da “ famiglia”, entre outros absurdos administrativos que têm resultado em queda de popularidade. Até o presente momento, não conseguiu formar uma base sólida no Congresso para aprovar reformas. O Planalto parece apostar ainda mais na radicalização.
Os 100 dias de desgoverno, marca simbólica do presidente Jair Bolsonaro se concretizou na quarta-feira (10/04/2019). Este período é considerado como indicador para avaliar a força inicial do gestor e sinalizar qual vai ser o tom de sua administração, no restante do mandato. Também costuma englobar a fase de “lua de mel” de presidentes estreantes com o Congresso e a maior parte da população.
No caso específico do atual gestor, no entanto, a lua de mel vem se transformado em lua de fel. A primeira fase foi mais curta do que o esperado e quanto a segunda, ao que tudo indica, essa se instalou de forma definitiva. A gestão presidencial tem sido marcado por controvérsias, brigas, intrigas e um desempenho aquém do prometido. Passada a campanha eleitoral o tumulto já começa a esfriar, o mesmo acontece com a euforia de alguns setores da sociedade e do mercado.
Em apenas pouco mais de um trimestre, houve sucessivas baixas ministeriais, além de inúmeros atritos entre o Executivo, Legislativo e judiciário. Consequências provocadas pelas interferências do “Senhor da Casa Grande” e seus pupilos, todas elas voltadas para as disputas pelo poder entre os setores militar e o núcleo de extrema direita encabeçado pelo ideólogo, cabeça torta, Olavo de Carvalho.
O resultado de toda esta pantomima de gestão administrativa tem refletido de forma danosa na paralisação em Pasta como o Ministério da Educação e a reforma da Previdência. Esta, pouco ou quase nada avançou, enquanto o Planalto continua estagnado, sem conseguir montar uma coalizão digna de nome no Congresso. No centro de uma das piores crises políticas enfrentadas pelo país, encontra-se como pivô central o inepto presidente Jair Bolsonaro. Que de forma inábil e demonstrando forte inclinação para sucessivos surtos de desequilíbrio mental continua tentando conter as sucessivas crises, jogando combustível para apagar o incêndio nas disputas com os seus adversários.
Todo este cenário de terror político tem o seu preço, e este já começa a ser cobrado. A fatura já vem aparecendo, e o capital político do presidente tem demonstrado sinais de desgastes e fadiga de material. Tudo isso acontece precocemente. Pesquisas apontam o presidente Bolsonaro com a pior avaliação em início de primeiro mandato desde a redemocratização – 30% da população avalia seu governo como ruim ou péssimo. Cerca de 61% acreditam que ele fez menos do que o esperado. Além da queda de confiança entre investidores. Apenas 28% consideram o governo ótimo ou bom. Em janeiro, o percentual era de 80%. A pesquisa mostrou ainda que 55% dos deputados consideram ruim ou péssima a relação da Câmara com o Planalto – em janeiro, eram só 12%.
Todas estas crises são oriundas pelo fato do presidente ser acometido por um sintoma de uma enfermidade conhecida como Incapacidade de Ser Verdadeiro. O que está acontecendo é que por ser ele, um embuste, cedo ou tarde a fatura começa a ser cobrada, no caso atual, ao que parece, ela começou a ser cobrada ainda cedo.
*Sérgio Jones, jornalista (sergiojones@live.com)