Elio Gaspari
O Globo/Folha
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Nos lances que se seguiram à prisão de Michel Temer, o Ministério Público disparou contra ele uma sucessão de denúncias espetaculares. A saber:
1) Temer teria mandado uma mensagem para o ex-ministro Moreira Franco a 1h25m do dia em que ambos seriam presos. Isso indicaria que ele sabia da próxima ação da Polícia Federal e, no meio da madrugada, estaria alertando o amigo. Falso. A hora mencionada pelos procuradores era a de Greenwich. No Brasil eram 21h25m e o assunto era banal.
2) Temer poderia fugir do país. Junto com esse receio apareceu a informação de que ele tem nacionalidade libanesa. Ele não a tem.
3) Uma pessoa tentou depositar R$ 20 milhões em dinheiro vivo em contas do coronel João Batista Lima, o que indicaria que “a organização criminosa continua atuando”. A tentativa depósito em espécie era fantasia. Tratava-se de uma transferência eletrônica de uma agência do Bradesco para o Santander.
Se os procuradores aprenderem a pedir desculpas, os aspectos sólidos de suas acusações ganham força. Soltando fogos de artifício, enfraquecem-se.
FUTURO DE MORO – O ministro Sergio Moro deu dois sinais públicos de cansaço. Outro dia ele defendeu seu projeto de leis contra o crime dizendo que “o Governo não pode agir como um avestruz (…), tem que se posicionar e liderar, com o Congresso, a mudança de um sistema de leis que favorece a impunidade para um de responsabilidade.”
O governo é onde ele está.
Durante sua passagem por Lisboa, disse que ir para o Supremo Tribunal Federal “seria como ganhar na loteria”. O ministro esclareceu que seu objetivo é apenas fazer o seu “trabalho”, mas ficou claro que está de olho no bilhete premiado.
A primeira vaga só ocorrerá em novembro do ano que vem.