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sexta-feira, dezembro 07, 2018

Brasil está sendo desnacionalizado e os militares fingem que não sabem de nada


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Charge do Newton Silva (newtonsilva.com)
Milton Vieira de Souza Lima
Há muitos brasileiros que consideram idiotice defender nacionalismo. Claro que não devemos ser bitolados/xenófobos. Penso que devemos ser nacionalistas, sim, no sentido de defender o que é nosso para o bem de nosso povo em primeiríssimo plano, prestigiar a empresa nacional (que gera dinheiro aqui e que é investido aqui) e não permitir que sejamos explorados. Sou a favor de privatizações de empresas de áreas não estratégicas. Entretanto não vejo com bons olhos a desnacionalização da Economia de forma desmedida. Não quero me estender com meus pontos de vista.
Para reflexão sobre nacionalismo e liberalismo quero colocar aqui parte do pronunciamento do Desembargador Pedro Vals Feu Rosa, feito por ocasião da abertura do XXV Curso de Política e Estratégia da ADESG – ES (01/07/2010). É impressionante.
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A DESNACIONALIZAÇÃO DO BRASIL
Pedro Vals Feu Rosa
Rússia, Índia e China trataram de fortalecer seus respectivos parques industriais e tecnológicos nacionais, enquanto que nós fizemos o oposto, vendendo para estrangeiros algumas de nossas melhores empresas. Nominalmente, não produzimos sequer uma calculadora de bolso, pois falta-nos até mesmo uma fábrica de chips. Somos meros montadores de aparelhos eletrônicos.
E é assim que o documento norte-americano sugere que a participação do Brasil no BRIC será a de sediar conversas e negociações lá no Rio de Janeiro, onde a atmosfera é mais amena e o carnaval está chegando.
Concluiu-se, ainda, que o Brasil, após 2020, deverá ser um dos grandes exportadores de petróleo e de produtos agrícolas do planeta, o que robusteceria profundamente sua economia; também confere: basicamente é a continuação da economia extrativista que há 500 anos retira do Brasil riquezas naturais a preço de banana em troca de bens industrializados importados a peso de ouro.
ABERTURA DOS PORTOS – Sobre este aspecto, as gerações contemporâneas, na ansiedade de agradar o capitalismo estrangeiro, engendraram uma segunda “abertura dos portos” – esta última, entretanto, de resultados calamitosos para um país que pretende se desenvolver.
Em verdade, o processo de desnacionalização da economia que se promoveu no nosso país, até onde pesquisei, não encontra paralelo no planeta! Citarei um pequeno exemplo: há coisa de um ou dois anos planejou-se vender uma das maiores empresas privadas da França a um grupo norte-americano – um negócio absolutamente lícito.
Mas eis que os Poderes constituídos daquele país, de forma aberta e frontal, anunciaram ser aquela empresa uma jóia do país, que não poderia ser vendida, e que tudo fariam para impedir o avanço das negociações. O resultado: a empresa continua francesa, e agora revitalizada. Em nosso país o processo histórico contemporâneo foi diferente: Venda-se! Entregue-se!
COMPRANDO TUDO… – Nos últimos anos, incríveis 60% das empresas brasileiras negociadas foram parar nas mãos de estrangeiros. Foi assim que chegamos no insólito país cujos habitantes compram o leite de suas próprias vacas, a água mineral de suas próprias nascentes e a maioria dos produtos de sua própria terra de empresas estrangeiras aqui instaladas.
Da indústria alimentícia à mineração, da comunicação à siderurgia, dos transportes à energia, o que o Brasil possuía de melhor foi vendido a grupos estrangeiros. Um país não pode se desenvolver verdadeiramente sob tais condições.
Em verdade, vejo sustentando nossa aparente pujança o remeter para fora, a preços aviltantes, riquezas as mais preciosas que temos a maioria delas de natureza não-renovável.
DILAPIDAÇÃO – A conta desta cegueira já começará a ser paga pela próxima geração – no ritmo atual de extrativismo, que a cada dia só aumenta, daqui a 82 anos não teremos mais minério de ferro para exportar.
Nosso níquel só durará mais 116 anos, o chumbo 96, o nióbio apenas mais 35 anos, o estanho 80, os diamantes 123 e o ouro míseros 43. Sim, o Brasil da Serra Pelada será importador de ouro daqui a mínimos 43 anos!
Dizem alguns que o Brasil cresceu nas últimas décadas. Fico a me perguntar, e vai aí uma grande pergunta, quem tem crescido verdadeiramente – se o Brasil, exportador cada vez maior de riquezas em sua maioria não-renováveis, ou se empresas aqui instaladas, com alguns poucos e evidentes reflexos positivos no nosso dia-a-dia e nas contas nacionais. Confesso não ter encontrado, ainda, resposta a esta pergunta.
PARQUE AGRÍCOLA – Permito-me, concluindo este raciocínio, apontar o exemplo do parque agrícola do sul do Brasil. Éramos grandes e poderosos plantadores e exportadores de soja, trigo etc. E eis que, dentro da nossa macro-política histórica de internacionalização da economia, abrimos nossas fronteiras aos concorrentes argentinos.
Ganharam eles, que praticamente levaram à miséria os agricultores dos estados do sul. A quem disser que “em compensação passamos a exportar mais para lá”, e que graças a isto crescemos, responderia que, após consultar a pauta de nossas exportações, constatei que a maior parte dela é de produtos fabricados por empresas estrangeiras aqui instaladas.
Em uma frase: sacrificamos nossa agricultura a troco de enriquecermos empresas estrangeiras. Ouso perguntar: isto é crescimento real, sólido e consistente?
DESINDUSTRIALIZAÇÃO – O fato é que nossa geração abriu mão de desenvolver um parque industrial próprio, desnacionalizou nossas mais importantes empresas, e está a consumir inebriadamente as maiores riquezas não-renováveis que a natureza nos ofereceu.
Temos assistido complacentemente o capital estrangeiro se apropriar de serviços e riquezas do Brasil de forma antes só concebível em alguns indefesos países africanos. Que a história nos seja misericordiosa, pois que nossa responsabilidade é imensa – afinal, somos nós, a elite do país, os detentores de recursos muito poderosos, hábeis a eliminar ou atenuar estas ameaças.
Parece incrível, mas vergonhosamente empresas estrangeiras já são responsáveis por 70% de nossas exportações de soja, 15% das de laranja, 13% de frango, 6,5% de açúcar e álcool e 30% das de café! Isto já sangra o Brasil em mais de US$ 12 bilhões a cada ano só a título de remessa de lucros.
MEDRIOCRIDADE – Diante desta vergonha fico a pensar nos grandes vultos que, com sacrifício, nos entregaram o Brasil grande que recebemos se contorcendo em suas tumbas, rubros de indignação e revolta com nossa fraqueza e mediocridade. E fico a temer pela cobrança das gerações seguintes, que estão por receber de nossas mãos um país loteado, retalhado, quase que vendido.
Não se diga, cinicamente, em nossa defesa, que a culpa foi do povo. Jamais. Este está lá, padecendo nas íngremes encostas dos nossos morros, trabalhando de sol a sol, semeando e colhendo quase sempre sem apoio algum. Este povo humilde, se algo der errado, terá sido vítima, jamais culpado.
NOSSA CULPA – A culpa tem sido, é e será nossa. Nós, autoridades, empresários e formadores de opinião somos os responsáveis. Aliás, não somos. Fomos.
Digo isto porque já não vejo condições de o Brasil sair de uma era que talvez no futuro seja batizada por algum historiador de “Período de Internacionalização”, “Era da Alienação”, ou seja lá o que for, para nosso desdouro.
É fato: sem que tenhamos percebido, acabamos de passar por uma das “encruzilhadas da História”.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Grato pelo texto, Milton Souza Lima (um sobrenome que prezo muito).Tudo isso foi dito na Escola Superior de Guerra. Ao que parece, os militares ouviram, mas não escutaram. Os militares hoje não são nacionalistas, apenas tiram uma onda, quando é cantado o Hino Nacional. Na verdade, os militares são tão medíocres quanto os civis. Quando vejo as declarações do futuro chanceler, tenho vontade de vomitar. É mais americanista do que os cadetes de West Point. (C.N.)

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