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sexta-feira, dezembro 05, 2008

Ela ouviu o galo cantar, só não sabe onde

por Mario Guerreiro
Recebi recentemente um e-mail anônimo em que uma escritora holandesa anônima critica os brasileiros que falam mal do Brasil e tenta mostrar que eles estão completamente equivocados. Como sou um desses mal-falantes, resolvi responder a esta desconhecida nativa de Netherlanden (Países Baixos), mesmo que ele não passe de uma invenção de internautas. Afinal de contas, tudo o que importa são as idéias veiculadas...

Diz ela: “Os brasileiros acham que o mundo todo presta, menos o Brasil, realmente parece que é um vício falar mal do Brasil. Todo lugar tem seus pontos positivos e negativos, mas no exterior eles maximizam os positivos, enquanto no Brasil se maximizam os negativos. Aqui na Holanda, os resultados das eleições demoram horrores porque não há nada automatizado.

Digo eu: Eu não sou desses que acham que “o mundo todo presta”. Há muitos países piores do que o Brasil. Por exemplo: Somália, Haiti, Bangladesh, Venezuela, etc. O Brasil não é o pior dos mundos possíveis, mas está longe de ser o belo país que a mencionada escritora pensa...

De fato, ele tem razão. A automação do sistema eleitoral brasileiro é extremamente eficiente. Talvez a melhor do mundo. Nunca se viu, em nenhum lugar do mundo, um sistema tão avançado, para servir eleitores e políticos tão retrógrados, ineptos e corruptos. Alta tecnologia em taba de tupinambá!

Prossegue ela: “Só existe [na Holanda] uma companhia telefônica e pasmem!: Se você ligar reclamando do serviço, corre o risco de ter seu telefone temporariamente desconectado”.

Digo eu: No Brasil, existem várias, mas só após ter acabado o monopólio estatal da telefonia, sob protestos das esquerdas botocudas sempre a favor de monopólios estatais. No Rio de Janeiro, em determinados locais, uma linha telefônica estatal chegava a custar 7.000 dólares. Hoje, com a quebra do monopólio, todo mundo tem celular, mas ninguém pode ter certeza de que seu telefone não está grampeado pela Gestapo tupiniquim. Nem mesmo os telefones dos ministros do STF!

Prossegue a doce e ingênua escritora: “Nos Estados Unidos e na Europa, ninguém tem o hábito de enrolar o sanduíche em um guardanapo - ou de lavar as mãos antes de comer. Nas padarias, feiras e açougues europeus, os atendentes recebem o dinheiro e com mesma mão suja entregam o pão ou a carne. Em Londres, existe um lugar famosíssimo que vende batatas fritas enroladas em folhas de jornal - e tem fila na porta.”

Digo eu: Hábitos de higiene variam de um país para outro. Os alemães, por exemplo, costumam exagerar a dose quando comparados com os franceses. Mas, do modo que a escritora fala, parece que o Brasil, quando comparado com a Europa e os Estados Unidos, é uma maravilha em matéria de higiene. Se fosse, não teríamos tantos problemas de saúde pública como a malária, a esquistossomose e o dengue. Brasileiro joga lixo em qualquer lugar: rios, ruas, estradas, parques, terrenos baldios, etc., apesar das inúmeras campanhas dos patetas naturebas e ecológicos fanáticos pelo Greenpiss.

Mas a autora não desiste, insiste e persiste: “Na Europa, não-fumante é minoria. Se pedir mesa de não-fumante, o garçom ri na sua cara, porque não existe. Fumam até em elevador”

Digo eu: No Brasil, pode ser observada uma mudança de hábitos. O tabagismo tem diminuído entre os mais jovens, mas em compensação o canabisativismo (vício de fumar maconha) tem aumentado, juntamente com o consumo de ecstasy e cocaína nas badaladas baladas da noite.

Mas a autora é mesmo persistente: “Em Paris, os garçons são conhecidos por seu mau humor e grosseria e qualquer garçom de botequim no Brasil podia ir pra lá dar aulas de Como Conquistar o Cliente”.

Digo eu: Não é de causar espécie o mau humor e a grosseria dos garçons em Paris, pois, raras exceções feitas, os parisienses são grossos e mau humorados. O que não quer dizer que todos os garçons brasileiros sejam gentis e bem humorados. Alguns até que são.

Agora a autora revela seu antiamericanismo: “Você sabe como as grandes potências fazem para destruir um povo? Impõem suas crenças e cultura. Se você parar para observar, em todo filme dos EUA a bandeira nacional aparece, e geralmente na hora em que estamos emotivos”.

E digo eu: A quase onipresença da bandeira americana se deve ao fato de que os americanos a amam e eles a amam porque amam seu país. E amam seu país porque têm bons motivos para fazer tal coisa. Gostaria eu de ter motivos para amar o meu, mas não posso amar um país que só me cobre de vergonha. Só não sente vergonha do Brasil quem é um rematado sem-vergonha ou um grande imbecil!

Mas a autora é mesmo cabeça dura e mal informada. Diz ela: “Vocês têm uma língua que, apesar de não se parecer quase nada com a língua portuguesa, é chamada de língua portuguesa, enquanto que as empresas de software a chamam de português brasileiro, porque não conseguem se comunicar com os seus usuários brasileiros através da língua Portuguesa”.

Digo eu: Afirmar que o português falado no Brasil em nada se parece com o falado em Portugal só pode ser encarado como uma hipérbole ou um gracejo. Trata-se da mesma língua, apesar de algumas diferenças de natureza semântica. Entendes lá o que digo, ó pá? Ora, pois...

Mas a autora não se cansa: “Os brasileiros são vitimas de vários crimes contra a pátria, crenças, cultura, língua, etc.... Os brasileiros mais esclarecidos sabem que temos muitas razões para resgatar suas raízes culturais.”

Digo agora eu: Do jeito que a moçoila se expressa, parece até que os referidos crimes são cometidos por estrangeiros contra brasileiros quando, na realidade, são cometidos por brasileiros contra brasileiros, algozes e vítimas ao mesmo tempo, como nos casos de suicídio.

A verdade é que milhões de brasileiros não têm nenhuma ética, adoram trapaças, trambiques e maracutaias. Eles têm raiva dos políticos ladrões, não por uma indignação moral, mas sim por não estar no lugar deles e roubar mais do que eles. A verdade é que milhões de brasileiros não dão a menor importância para a educação e para o conhecimento, e tanto é assim que elegeram e reelegeram para Presidente da República alguém que também não dá a mínima importância, e disso se orgulha publicamente.

E para completar, a escritora holandesa acrescenta alguns dados da Antropos Consulting. Não os questiono, mas acrescento algumas notinhas:

1. O Brasil é o país que tem tido maior sucesso no combate à AIDS e de outras doenças sexualmente transmissíveis, e vem sendo exemplo mundial.

Observação minha: O que mostra que a promiscuidade sexual no Brasil tem um grau elevadíssimo semelhante ao da Nigéria, embora o Brasil tenha se mostrado mais eficiente do que a Nigéria no combate ao efeito dessa promiscuidade. Se a saúde pública não desse despesas para o erário, causadas pela promiscuidade sexual e por tantos outros hábitos anti-higiênicos, teria mais dinheiro para aplicar em outras coisas.

2. O Brasil é o único país do hemisfério sul que está participando do Projeto Genoma.

Observação minha: o que mostra que em mais de 100 milhões de analfabetos funcionais e infectados por espistemofobia (horror do conhecimento) não é muito difícil encontrar uma meia dúzia de epistemófilos (amantes do conhecimento).

3. Numa pesquisa envolvendo 50 cidades de diversos países, a cidade do Rio de Janeiro foi considerada a mais solidária.

Observação minha: Mais solidária ou mais solitária? Quem fez essa pesquisa certamente nunca foi ao Complexo do Alemão e ao Morro do Macaco.

4. Nas eleições de 2000, o sistema do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) estava informatizado em todas as regiões do Brasil, com resultados em menos de 24 horas depois do início das apurações. O modelo chamou a atenção de uma das maiores potências mundiais: os Estados Unidos, onde a apuração dos votos teve que ser refeita várias vezes, atrasando o resultado e colocando em xeque a credibilidade do processo.

Observação minha: Devemos elogiar a eficiência da Justiça Eleitoral. Nunca tantos deveram tanto a tão poucos. Mas reiteramos: de que adianta alta tecnologia em taba de tupinambá? Os eleitores - verdadeiros idiotas políticos - não estão à altura da eficiência técnica do processo eleitoral e, por isso mesmo, elegem os “excelentes” políticos que elegem.

5. Mesmo sendo um país em desenvolvimento, os internautas brasileiros representam uma fatia de 40% do mercado na América Latina.

Observação minha: É verdade. O brasileiro, embora não seja o povo que mais viaja na Internet, é o que permanece mais tempo na Rede. Uma meia dúzia de gatos pingados faz isso por motivos de ordem empresarial, por deficiência de nosso monopólio estatal de correios-e-telégrafos e para a comunicação eletrônica de idéias, mas a maioria usa a Internet para contar piadas, arranjar namoros, fazer pegadinhas, plagiar artigos, armar trambiques para pessoas físicas e jurídicas, aliciar moçoilas para a prostituição, etc.

6. No Brasil, há 14 fábricas de veículos instaladas e outras 4 se instalando, enquanto alguns países vizinhos não possuem nenhuma.

Observação minha: Este mercado foi durante muito tempo um poderoso cartel da Autolatina. Graças ao renegado Collor, outras empresas puderam se instalar no país promovendo uma sadia competição. E assim deixamos de produzir “verdadeiras carroças”. A expressão é de Collor, que tentou - mas não conseguiu totalmente - fazer o mesmo que D. João VI: abrir os portos brasileiros às nações amigas. Seu maior oponente: um senador paulista que tinha suas bases eleitorais na máfia portuária de Santos (SP).

7. Das crianças e adolescentes entre 7 a 14 anos, 97,3% estão estudando.

Observação minha: De fato, elas estão matriculadas nas escolas de onde saem verdadeiros analfabetos funcionais. Sendo a maioria delas rejeitada pelo mercado de trabalho, onde sobram empregos para mão-de-obra especializada e faltam empregos para os inempregáveis. Olavo de Carvalho tem razão: “A educação no Brasil só difere o crime organizado, porque o crime é organizado”. Pior do que isto só mesmo certas doutoras em pedagogia que justificam a depredação de escolas feitas pelos próprios alunos. Cumpre lembrar que destruição de patrimônio público (e privado) é crime e incentivo ao crime também é crime.

8. O mercado de telefones celulares do Brasil é o segundo do mundo, com 650 mil novas habilitações a cada mês. Na telefonia fixa, o país ocupa a quinta posição em número de linhas instaladas.

Observação minha: Mas somente após a quebra do monopólio estatal. E em compensação a rede ferroviária brasileira no tempo do Segundo Império era a segunda do mundo e hoje é inexpressiva. Um país com tantos rios navegáveis não explora este potencial de um meio muito mais barato do que o transporte rodoviário e o aéreo. O fluvial e o ferroviário são os mais baratos e os menos explorados. É incompetência ou safadeza?

10. Das empresas brasileiras, 6.890 possuem certificado de qualidade ISO-9000, maior número entre os países em desenvolvimento. No México, são apenas 300 empresas e 265 na Argentina.

Observação minha: De onde se conclui que o empresário brasileiro é um verdadeiro herói. Consegue suplantar as inúmeras barrreiras colocadas contra ele pelo Estado burocrático e ineficiente, e isto para não falar do vampiro tributário que suga seu sangue e sua grande inimiga: a Justiça do Trabalho, onde o patrão nunca tem razão.

11. O Brasil é o segundo maior mercado de jatos e helicópteros executivos.

Observação minha: o que mostra que o trânsito da cidade de São Paulo consegue ser o segundo pior do mundo. Além disso, em nenhum país do mundo prefeitos e governadores têm helicópteros pagos e mantidos com o dinheiro do contribuinte.

12. Por que vocês têm esse vício de só falar mal do Brasil? Por que não se orgulham em dizer que o mercado editorial de livros é maior do que o da Itália, com mais de 50 mil títulos novos a cada ano?

Observação minha: O mercado livreiro do Brasil é de fato muito maior do que o da Itália, porque o número de leitores é também muito maior. Porque a população do Brasil é muito maior também. Mas não perguntem quantos livros o brasileiro lê em média por ano. Não perguntem o que ele lê e muito menos ainda se ele entende aquilo que lê...

13. Quem têm o mais moderno sistema bancário do planeta?

Observação minha: O dono do Banco Itaú, é claro. Se há algum mérito nisto, que seja creditado a uma particular empresa privada, não ao país em que ele está instalada.

14. Que agências de publicidade ganham os melhores e maiores prêmios mundiais?

Observação minha: O Brasil, porque a demanda gera a oferta. Não há no mundo povo mais crédulo, sugestionável e carente de autocrítica: paraíso para publicitários e marqueteiros políticos com seus bonecos de ventríloquo no colo. Vide o caso de Duda Mendonça, criador do slogan triunfante: Lulinha-Paz-e-Amor.

15. Por que não falam que são o país mais empreendedor do mundo e que mais de 70% dos brasileiros, pobres e ricos, dedicam considerável parte de seu tempo em trabalhos voluntários?

Observação minha: Agora, ponho em cheque essa estatística. Se o brasileiro não gosta de trabalhar, porque raios gostaria de trabalhar de graça? “Quem trabalha de graça é relógio”, diz o dito popular.

16. Por que não dizem que são hoje a terceira maior democracia do mundo?

Observação minha: Porque uma democracia não deve ser avaliada pela quantidade de votantes. Se assim fosse, San Marino não seria uma verdadeira democracia, uma vez que é a menor e a mais antiga república do mundo.

16 Que apesar de todas as mazelas, o Congresso está punindo seus próprios membros, o que raramente ocorre em outros países ditos civilizados?

Observação minha: Não nego que uma vez na vida e outra na morte o Congresso escolhe um bode expiatório, para imolar no altar de “democracia” brasileira. De vez em quando, é preciso mostrar serviço ao ignorante e crédulo eleitor.

17. Por que não se lembram que o povo brasileiro é um povo hospitaleiro, que se esforça para falar a língua dos turistas, gesticula e não mede esforços para atendê-los bem?

Observação minha: Mui hospitaleiro, principalmente quando não arma trambiques para tirar grana dos turistas ou mesmo os assalta levando até a roupa. É um fato espantoso que, diante de tamanho risco de morte e enorme desorganização, ainda existam turistas vindo para o Brasil.

É verdade que o brasileiro se esforça e gesticula para falar línguas estrangeiras, mas o fato é que não sabe nem falar a sua. Prova disso é que em frente do antigo prédio da Academia Brasileira de Letras há um restaurante com um letreiro luminoso em letras garrafais: COMIDA À KILO. Três palavras, dois erros de português.

18. Por que não se orgulham de ser um povo que faz piada da própria desgraça e que enfrenta os desgostos sambando?

Observação minha: Esta faço questão de responder soltando um “latinorum”: In asinus buca risus abundat. (tradução para não-iniciados na língua de Cícero: “Na boca do asno o riso é abundante”).

19. É! O Brasil é um país abençoado de fato. Bendito este povo, que possui a magia de unir todas as raças, de todos os credos.Bendito este povo, que sabe entender todos os sotaques. Bendito este povo, que oferece todos os tipos de climas para contentar toda gente. Bendita seja, querida pátria chamada Brasil!!

Observação: Diante de tamanho ufanismo, só respondendo com uma estorinha do saudoso Stanislaw Ponte Preta:

Quando Deus criou o mundo, disse: “Vou criar alguns países com enormes desertos e falta d’água. Outros com furacões devastadores. Outros ainda assolados por terremotos, maremotos e vulcões. Mas vou criar um país chamado Brasil em que não haverá desertos, a água será abundante, não terá terremotos, vulcões, maremotos nem furacões. As terras serão férteis e não existirá um inverno longo e inclemente.

A esta altura um anjo observou: “Mas, Senhor, isto não é extremamente injusto?! E Deus respondeu: “Espere só, para ver o povo que eu vou colocar nesse país.”

Revista Jus Vigilantibus,

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