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sexta-feira, janeiro 18, 2008

PMDB aborta posse de filho de Lobão

BRASÍLIA - Numa operação de blindagem ao novo ministro de Minas e Energia, senador Edison Lobão (PMDB-MA), o comando do PMDB no Senado decidiu "abortar" o mandato de Edison Lobão Filho - conhecido como Edinho, do DEM. Com a posse do pai na próxima segunda-feira, Edinho assumiria a vaga no Senado. No entanto, o ministro já avisou que seu filho vai se licenciar do cargo "para se defender".
Lobão Filho vem sendo acusado de ter usado uma empregada doméstica como laranja na gestão de uma empresa no Maranhão. "Ele pretende se licenciar para responder lá fora as alegações que são feitas contra ele do ponto de vista empresarial. Não é nada político e nem há dinheiro público. Além disso, é tudo injusto e falso", disse.
Lobão disse ainda esperar que as denúncias contra seu filho não atrapalhem sua atuação no ministério. "Mas isso consome bastante energia", ironizou. Responsável pela indicação do senador Lobão para o cargo de ministro, o senador José Sarney (PMDB-AP) chamou quarta-feira para uma reunião em sua casa os principais líderes do PMDB.
Ele fechou ali o acordo com dois objetivos: assegurar suporte político ao novo ministro e em troca garantir que a vaga de Lobão seja ocupada por um peemedebista. O acerto implicou no pedido de licença do primeiro suplente e filho de Lobão, e a posse do ex-deputado Remi Ribeiro, segundo suplente, e filiado ao PMDB.
De quebra, a bancada se livra da tarefa de conciliar a esperada reação contra a posse de um suplente de senador que está sendo investigado pelo Ministério Público (MP). Lobão Filho é acusado de ser sócio oculto da distribuidora de bebidas Itumar, que teria sonegado R$ 42 milhões em 2000.
E, sem ter de arcar com este "peso", a bancada do PMDB fica liberada para atender Sarney e apoiar Lobão. Sobretudo da possível pressão de petistas, capitaneados pela ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Segundo um participante do encontro, Lobão precisa desse suporte para se firmar no cargo.
No encontro, Sarney negou que esteja trabalhando pela nomeação de Astrogildo Quental para o lugar de Valter Cardeal, aliado da ministra Dilma, na presidência da Eletrobrás. Segundo um dos interlocutores do senador, Sarney afirmou que Astrogildo poderia ser transferido da diretoria financeira da Eletronorte para o correspondente ao mesmo cargo na Eletrobrás.
Foi o único "afilhado" ao qual se referiu na conversa, embora tenha dito ter em mãos reivindicações de peemedebistas, como o ex-presidente do Senado Renan Calheiros (AL) e do deputado Jader Barbalho (PA) para cargos influentes do setor.
O líder do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), um dos presentes à reunião, acredita que as nomeações do partido não entrarão em choque com os interesses da ministra Dilma. "Se o PMDB ocupar 50% dos cargos, já será uma grande conquista", alegou. Além de Raupp, estavam presentes o presidente do Senado, Garibaldi Alves (RN), e o líder do governo, senador Romero Jucá (RR).
Homem forte do governo, José Sarney deu duas demonstrações do seu poder de influência no Planalto. Não apenas ao "emplacar" um nome de sua inteira confiança, contestado inclusive por empresários do setor, mas também ao convencer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a rever, em poucos minutos, a intenção de adiar, por mais alguns dias, a formalização do convite a Lobão.
Fonte: Tribuna da Imprensa

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