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segunda-feira, janeiro 28, 2008

Lobão: "Não vou fazer desordem"

PMDB e Planalto disputam cargos no setor elétrico
BRASÍLIA - Uma nova rodada de conversas para definir as nomeações do setor elétrico será feita hoje no Palácio do Planalto, com a participação dos ministros de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB), e de Relações Institucionais, José Múcio (PTB), além dos líderes do PMDB na Câmara e Senado. A expectativa de Lobão é fechar esta semana os nomes, mas ele disse que não tomará nenhuma decisão precipitada.
"Não vou chegar ao setor e fazer uma desordem", afirmou, procurando não entrar em confronto com a ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil, que trabalha nos bastidores para manter sua influência no setor. A reunião servirá para "acertar as arestas" da área elétrica, como definiu o próprio Lobão.
O principal alvo da disputa travada entre o PMDB e o PT é a presidência da Eletrobrás, que vem sendo ocupada interinamente, há mais de um ano, pelo petista Valter Cardeal, homem da confiança de Dilma. A pedido do senador José Sarney (PMDB-AP), a bancada peemedebista do Senado indicou Evandro Coura, presidente da Associação Brasileira das Concessionárias de Energia Elétrica (ABCE).
Apesar de Coura ter apoio do mercado, o sinal vermelho, como definiu um influente senador do PMDB, já foi acionado no gabinete de Dilma e seu nome estaria perdendo fôlego até mesmo dentro do PMDB. Um parlamentar ligado à chefe da Casa Civil disse que o próprio Sarney já não estaria tão empenhado na nomeação de Coura.
Mesmo assim, ficou irritado com a reação da ministra. Diante dessas divergências, o nome que voltou a ganhar força nos bastidores é o do ex-presidente da Eletronuclear Flávio Decat, que também é ligado ao PMDB. Segundo um interlocutor da ministra, ele teria a simpatia de Dilma para ocupar o cargo.
A ministra manifestou sua resistência a Coura e, segundo interlocutores do Planalto, discutiu longamente o assunto com José Múcio. Na avaliação de peemedebistas, Dilma Rousseff, estaria, na verdade, tentando articular a permanência de Cardeal à frente da principal estatal do setor elétrico, que controla importantes geradoras como Furnas, Chesf, Eletronorte e Eletrosul.
Depois de declarar, na semana passada, que Evandro Coura era o nome mais forte de sua lista, o ministro de Minas e Energia assumiu uma postura mais cautelosa ao dizer que o executivo ainda tem chance, mas fez suspense. "É um nome posto, mas pode ser ele ou não", afirmou, acrescentando que não recebera objeções de Dilma nem de setores do PMDB.
Petrobras
Frente às incertezas das cadeiras no setor elétrico, deverá ser adiada também a eleição, inicialmente prevista para hoje, do gerente-geral de engenharia da Petrobras, Jorge Zelada, para o cargo de diretor internacional da empresa.
O nome é um pleito da bancada federal do PMDB, mas também em relação a Zelada começam a pairar dúvidas. É que parte do PMDB do Senado apóia a manutenção do atual ocupante do cargo na Petrobras, Nestor Cerveró. Outro motivo para o adiamento dessa decisão: Edison Lobão ainda não assumiu seu lugar no Conselho de Administração da Petrobras, que é presidido por Dilma Rousseff.
Para a presidência da Eletronorte, o nome cogitado é de Lívio de Assis, ligado ao deputado Jader Barbalho (PMDB-PA). Sarney pediu também que seja nomeado para a diretoria financeira da Eletrobrás, o atual diretor financeiro da Eletronorte, Astrogildo Quental.
Em meio à essa disputa por cargos nas estatais, Quental é o único nome que, por enquanto, é dado como certo na troca de cadeiras. Já a definição da presidência da Eletronorte só deve sair depois que forem concluídas as negociações em torno do comando da Eletrobrás.
Fonte: Tribuna da Imprensa

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