A caminhada dos pré-candidatos à prefeitura de Salvador transcorreu dentro do esperado. Contudo, quem aumentou as lentes para enxergar mais de perto, percebeu que quase todos os partidos se preocuparam em demarcar espaço na avenida e, conseqüentemente, na sucessão municipal. Assim que encerrou a missa na Igreja da Conceição, o ritual de percorrer a maratona de 8 quilômetros até o Bonfim foi iniciado. O ex-prefeito Antonio Imbassahy (PSDB) puxou o cordão, arrastando consigo deputados federais, estaduais e vereadores. Cumprimentado pelo povo das calçadas, o tucano esboçou fé e otimismo sobre a caminhada. “Este dia é especial para nós baianos, especialmente aqui de Salvador, porque é o dia de se homenagear e agradecer ao nosso Senhor do Bonfim e pedir a ele a proteção permanente”. Cheio de energia, Imbassahy atribuiu ao santo esta graça. “É ele que passa esta energia e esta multidão também aí, que abraça a gente e estimula. Vamos chegar lá com muita fé”. E a candidatura? “Não é hora de falar em política. Quando um homem público se reúne com uma multidão desta, sempre existem manifestações e eu estou muito alegre”, disse, entre abraços e fotos. Ao lado do bloco do PSDB, os militantes do PDT caminharam ostentando bandeiras e trajando camisas do partido. O bloco que os dois partidos ensaiam formar na Câmara de Vereadores fazia uma prévia na avenida. Alexandre Brust, secretário geral, deu o recado dos brizolistas. “É uma festa baiana em que o PDT sempre participa com muito axé e com muita fé. A nossa proposta é fazer uma longa caminhada e marchar junto com os nossos parceiros”. Foi o que aconteceu. O ex-governador Paulo Souto (DEM) também marcou presença na festa e foi muito cumprimentado. “É uma manifestação de identidade do povo da Bahia, cultural e religiosa. Nós estamos participando, como sempre fizemos”. Contudo, ele protestou contra o uso da máquina para promover o governo do Estado. “Eu não posso deixar de estranhar é o uso indiscriminado investido do dinheiro público, que é a propaganda institucional do governo da Bahia. Isso, usando a linguagem da moda, nunca se viu antes na história da Bahia. Isso me deixa preocupado, com o uso de recurso do governo numa festa popular”, criticou. Ao lado de Souto, o deputado ACM Neto apresentou-se como um prefeiturável. Vestido com um branco tradicional, ele disse que estava “muito satisfeito em ver o povo alegre e contente nesta festa, que continua protegido pelo Senhor do Bonfim”. O democrata não aprofundou quando o assunto foi política, mas mostrou sintonia com o embate eleitoral futuro. “Esta é uma manifestação que qualquer homem público gostaria de ter”, declarou, referindo-se à receptividade do povo. O que falta nesta caminhada? “Se eu pudesse destacar uma coisa, era o senador Antonio Carlos. Esta festa tem tudo a ver com ele”, respondeu, conforme a intenção da pergunta. Seguia o grupo também os deputados federais José Carlos Aleluia e Jorge Khoury, o estadual Sandro Régis (PR), além do senador ACM Júnior. (Por Evandro Matos)
Partidos da base foram discretos
O que vinha acontecendo nos bastidores da política ficou escancarado aos olhos da longa avenida que liga a Igreja da Conceição ao Bonfim. Os blocos dos partidos que compõem ou já compuseram a base de apoio do prefeito João Henrique mantiveram uma distância estratégica do bloco do PMDB. A deputada federal Lídice da Mata (PSB) não ficou a todo o momento no bloco do PSB, mas esteve, segundo os socialistas, junto com o governador Jaques Wagner. Isso apenas confirmou o que ela dissera antes, de que “iria para a avenida no bloco do governador”. Todo o discurso que foi pregado antes pelos militantes e pela cúpula do PCdoB foi cumprido na avenida. “O partido quer mostrar a sua cara, adquirir uma nova identidade”, diziam. Além de bandeiras e balões, os comunistas portavam faixas onde se lia a sua nova proposta, reforçada com símbolos como a foice e o martelo, e ícones como Che Guevara, Zumbi e Maria Quitéria. Um dos cartazes sintetizava esta nova proposta do partido: “Coragem e ousadia”. Como esperado, os protestos mais evidentes foram contra a aprovação do PDDU. “Aprovação do PDDU foi traição na Câmara de Vereadores. Vai ter renovação em outubro de 2008”, dizia outro cartaz. À frente da barulhenta bateria e de centenas de militantes comunistas, uma imensa faixa divisória era conduzida pelos deputados Daniel Almeida, Alice Portugal, os vereadores Everaldo Augusto, Aladilce Souza e Oliveira. “Vamos juntos nesta caminhada”, era o mote. “O PCdoB está organizado e com toda a disposição para este anjo de 2008 lutar por uma Salvador melhor”, disse a vereadora Aladilce. A pré-candidata do partido, vereadora Olívia Santana, só foi avistada na subida da Colina Sagrada. “A nossa militância está quentíssima. O PCdoB está mostrando que tem sintonia com as representações mais populares desta cidade”, disse, entusiasmada. (Por Evandro Matos)
Prefeito acompanhou cortejo até Água Brusca
Apesar de ter se mostrado bastante animado e até declarado que dessa vez (“se Deus quiser”) chegaria à Colina Sagrada, o prefeito João Henrique Carneiro (PMDB) repetiu o que fez nos anos anteriores e deixou o cortejo no meio do percurso, encerrando sua participação na Ladeira da Água Brusca, em Água de Meninos. Na sua chegada e ao ter seu nome citado nas imediações do Mercado Modelo e do Hospital dos Fuzileiros Navais, o prefeito recebeu algumas vaias, mas encarou-as como “parte do processo democrático.” O prefeito chegou por volta das 8h30 à Igreja de Nossa Conceição da Praia e esteve acompanhado do governador Jaques Wagner, do ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, além de secretários, assessores e amigos. Antes de iniciar a caminhada, declarou estar muito satisfeito em participar mais uma vez das homenagens ao Senhor do Bonfim. “É muita alegria, muita satisfação ver a tradição da Bahia sendo mantida e renovada a cada ano. Assim como o Carnaval, essa caminhada do Bonfim já faz parte do calendário cultural da Bahia. Por isso, acho que todas as matizes religiosas, inclusive a minha, que é evangélica, respeitam. Aqui no Brasil nós não cultivamos a intolerância religiosa, principalmente aqui na Bahia, onde as religiões convivem de forma democrática, de forma respeitosa, e isso faz com que a Bahia seja única e especial”, declarou. Sobre as especulações de que partidos de esquerda estariam formando grupos ao longo do percurso para vaiá-lo, o prefeito disse que faz parte do processo. “Eu vejo isso com extrema naturalidade, é uma postura democrática e essas manifestações fazem parte. Imagine o que seria de um governo se não tivesse oposição?”, indagou. Falando de política, João Henrique ressaltou a importância da aprovação do PDDU para a cidade. “A gente não quer que Salvador continue sendo, como foi em 14 anos, a capital brasileira do desemprego. E a gente não quer continuar com 400 mil desempregados. Temos que dar um salto de qualidade, com vista no futuro e com a aprovação do plano passaremos a não ter medo do legal e deixaremos de ser cúmplices do ilegal, possibilitando que a cidade cresça com base jurídica, sólidas e ordenadas”. O prefeito também falou sobre a expectativa da sua candidatura à reeleição. “Espero ter o reconhecimento da população de que essa parceria dos governos municipal, estadual e federal está trazendo benefícios para Salvador. A cidade precisa sair dessa condição de economia adormecida e tem que dar um salto. Por isso a aprovação do PDDU, por isso a atração de investimentos internacionais, por isso nós retomamos agora a posição de maior PIB do Estado, que estava com Camaçari. Salvador precisa de uma administração com visão de futuro, e isso a nossa gestão tem”.O ministro Geddel Viera Lima também ressaltou a importância da aprovação do PDDU para Salvador. “Precisamos modernizar esta cidade, fazendo um trabalho de atualização econômica." (Por Carolina Parada)
Confusão na saída não chegou a ameaçar
Não houve, salvo em momentos isolados, sem muita expressão, as vaias aos governantes anunciadas nos últimos 15 dias para a lavagem do Bonfim, mas, para um cortejo que se diz de paz, o clima foi de guerra na Praça Cayru devido à grande pressão da massa descontrolada. A segurança do governador Jaques Wagner e do prefeito João Henrique precisou agir com rigor para evitar uma conseqüência mais grave, e até a primeira-dama, Fátima Mendonça, mereceu proteção especial no trecho que antecede a entrada na Rua Miguel Calmon. Durante a confusão, o semblante do governador mostrava que ele estava preocupado com a situação. Houve um incidente entre o ministro Geddel Vieira Lima e um popular, que só desistiu quando alertado de que se tratava de um ministro de Estado. Geddel ficou irritado e gesticulava muito para a cidadão, mas depois minimizou: “O que aconteceu foi um empurra-empurra natural, até vocês da imprensa foram vítimas. Sou um homem da concórdia, estão até me chamando de `Geddelzinho paz e amor”. O quadro de risco estendeu-se por toda a Rua Miguel Calmon e só arrefeceu quando o cortejo, na altura do terceiro quilômetro, passava pela unidade dos Fuzileiros Navais, na Avenida Jequitaia. O secretário da Segurança Pública, Paulo Bezerra, indagado se temeu pela segurança de Wagner, respondeu: “Absolutamente. É um governo popular e o povo tem um carinho muito grande pelo governador. O homem público tem de estar ao lado do povo”. O chefe da Casa Militar do governo do Estado, coronel Expedito Manoel de Souza, coordenador do esquema de segurança montado para a comitiva do governador, também entendeu que a integridade de Wagner e acompanhantes não sofreu qualquer risco. “A festa é do Senhor do Bonfim, estamos bem protegidos, com fé, brincando em paz”, argumentou. (Por Luis Augusto Gomes)
Fonte: Tribuna da Bahia
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