Por: MARIA LUCIA VITOR BARBOSA, Socióloga
Quando se pensa que tudo foi visto, o PT e seu governo oferecem ao Brasil mais espetáculos degradantes sob a conivência ou conveniência do presidente da República. Nessa conjuntura, aqueles que possuem consciência cívica se sentem tomados de profundo asco e perguntam o quê fazer para livrar o país da barafunda institucional em que estamos mergulhados. A sensação é a de que não se tem a quem recorrer para organizar protestos que tomem as ruas com transbordante indignação. E a quem se queixar, se é das mais altas autoridades que partem os piores exemplos? A percepção é a de que não existem instituições com as quais se pode contar. Podemos contar com o Legislativo? Em que pese existirem parlamentares que fazem jus ao voto que receberam, parece até que por trás da desmoralização do Congresso há um plano concebido para acabar com a frágil democracia brasileira. Prova disso se pode ver com clareza no caso da estrondosa corrupção que envolve os chamados mensaleiros, cuja maioria, pelo menos a declarada, vai se safando despudoradamente. Quatro deles renunciaram para fugir ao castigo. Oito já foram perdoados. Dois ainda não julgados pelo plenário devem estar comemorando antecipadamente com champanhe sua absolvição. Apenas três foram cassados, entre estes, o então deputado Roberto Jefferson que anunciou que ele e pouquíssimos dos envolvidos nas falcatruas seriam punidos.A última absolvição, certamente obra de companheiros solidários e dos que se venderam ao governo do PT através dos mensalões, causou mais uma vez profunda repugnância. Nem bem a deputada petista, Ângela Guadagnin (PT-SP), tinha executado sua dança da vitória para comemorar a impunidade do companheiro João Magno (PT-MG), e eis que outro se livra: o mensaleiro João Paulo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados, homem de notória ligação com Marcos Valério, deputado que confessou ter recebido o “troco” de R$ 50 mil do esquema montado por Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT, e que mentiu dizendo que a quantia era para pagar prestação de TV a cabo. O relator do processo de João Paulo, o deputado Cézar Schirmer (PMDB-RS), elaborou relatório irretocável, irrespondível, brilhante, provando de forma arrasadora a culpa do deputado cuja cassação foi pedida pelo Conselho de Ética. Em vão. O plenário perdoou João Paulo, tão corrupto quanto os demais mensaleiros, por 256 votos contra 209. Houve nove abstenções e dois votos nulos.Ainda no Congresso outras cenas nauseantes se repetiram quando da aprovação do relatório final da CPI dos Correios. Tomada de desespero quando viu que perderia, e que os companheiros indiciados teriam seus nomes mantidos, a tropa de choque do PT desencadeou seu habitual terrorismo legislativo querendo ganhar no grito e na truculência. Além da estridente senadora Ideli Salvati, que tentou até o fim invalidar o relatório do deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), o deputado Jorge Bittar (PT-RJ), depois de muita gritaria histérica dirigiu-se à mesa e xingou de “F.d.p.” o presidente da CPI dos Correios, senador Delcídio Amaral (PT-MS). Segundo consta, se não fossem alguns colegas Bittar teria esmurrado Delcídio. É que o PT está acostumado com suas reuniões onde, conforme comentado pela imprensa, se costuma fazer “democracia” com base em cadeiradas.Entre os espetáculos apresentados ao respeitável público por ilustres petistas, outro se destacou na semana quando o advogado do ex-ministro da Fazenda, Antonio Palocci, fez (como se diz popularmente) os jornalistas de bestas. Enquanto seu cliente, de forma privilegiada, conversava comodamente em casa com delegado da Polícia Federal sobre sua ordem de quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo, o advogado, José Roberto Batochio, ex-presidente da OAB, atraiu os jornalistas para outro local dizendo que comunicaria uma “bomba”. Na verdade Palocci não queria ser incomodado pela imprensa. Se não fosse o achincalhe ao qual os jornalistas foram submetidos, o episódio lembraria aquela brincadeira de crianças: “enganei o bobo na casca do ovo”.Podemos contar com o Judiciário? Aqui relembro a séria questão por mim já levantada em artigos: o STF tem julgado várias vezes não com base na da lei, mas de acordo com a vontade política do Executivo. Resta esperar que essa anomalia institucional termine com a saída de Nelson Jobim, que foi de uma fidelidade ímpar ao presidente Luiz Inácio.Podemos contar com o Executivo? Isso é impossível no momento, pois que é o próprio governo do senhor Luiz Inácio que está desconstruindo os outros dois Poderes para se fortalecer cada vez mais. E sendo o governo petista a origem dos desmandos que hoje se observam, torna-se o Executivo o menos confiável dos Poderes.O que resta então? Resta o principal, ou seja, o povo, cujos votos em outubro determinarão o fim do asco ou sua continuidade.
Fonte: Diegocasagrande
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