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terça-feira, abril 25, 2006

Empresa de assaltante aparece entre doadoras a Garotinho

Por: SERGIO TORRES e ELVIRA LOBATO

José Onésio Rodrigues Ferreira, 33, assaltante que cumpre pena no complexo penitenciário de Bangu (zona oeste do Rio), é fundador da empresa Virtual Line Projetos e Consultoria de Informática, que teria doado R$ 50 mil à pré-campanha de Anthony Garotinho (PMDB) à Presidência. Seu nome saiu da sociedade neste mês. A doação ocorreu em fevereiro, quando Ferreira era sócio.
A Virtual faz parte de lista de empresas divulgadas como doadoras. Algumas têm endereços fictícios em Rio Bonito (70km do Rio), conforme publicou o jornal "O Globo" no domingo.
Antes de ser preso, há dois meses, Ferreira morava em uma vila no pé do Tuiuti (São Cristóvão, zona norte), morro controlado pela facção criminosa Comando Vermelho. Sua ex-mulher, Sarajane Aparecida Luz Costa, também é ex-sócia da firma. Seu endereço residencial fica dentro da favela.
"Fomos laranjas. Não ganhei nada para fazer isso. Moro em um cômodo no porão da casa da minha mãe, na favela, com dois filhos. Sou depiladora e ganho R$ 385 por mês", disse Sarajane à Folha, em entrevista por telefone.
De acordo com a prestação de contas, que foi divulgada no site www.anthonygarotinho.com.br, a Virtual Line doou R$ 50 mil dos R$ 650 mil que teriam sido arrecadados neste ano pelo diretório do PMDB no Estado do Rio, com o único objetivo de financiar a pré-campanha de Garotinho.
Documento oficial da Junta Comercial do Estado informa que a Virtual Line foi fundada em 1º de dezembro de 2004, por Ferreira e sua então mulher, com um capital social de R$ 4.000.
A Junta Comercial registra que, no último dia 5, Ferreira deixou a sociedade. A doação dos R$ 50 mil ocorreu no dia 17 de fevereiro, conforme divulga o site do ex-governador do Rio.
A informação de que o irmão é dono de uma empresa de informática que teria doado R$ 50 mil a Garotinho surpreendeu Noélia Rodrigues Ferreira.
Ela disse que jamais soube que o irmão era empresário e que entendesse de informática. Os dois sempre moraram juntos. Noélia é quem cuida dos assuntos referentes ao irmão preso.
O site informa que, além da Virtual Line, doaram à pré-campanha as empresas Inconsul Informática e Consultoria de Projetos (R$ 150 mil), Emprin Empresa de Projetos de Informática (R$ 200 mil) e Teldata Telecomunicações e Sistema (R$ 250 mil).
A Virtual Line, a Inconsul e a Emprin teriam sede no município de Rio Bonito, onde a alíquota do ISS (Imposto sobre Serviço) é de apenas 1%. A Teldata, em Recife.
A Folha percorreu na quinta-feira passada e ontem, em Rio Bonito, os endereços das empresas divulgados pelo site. No suposto endereço da Virtual, funcionários do prédio informam que a empresa já não funciona lá há cerca de um ano. Os endereços da Inconsul e da Emprin são fictícios.
Os endereços corretos da Inconsul e da Emprin aparecem apenas na Secretaria Municipal de Fazenda. Elas seriam representadas em Rio Bonito pela firma Eloin Contábil. O dono da Eloin, José Américo dos Santos, disse que alugou "um espaço virtual" para a Inconsul e a Emprin.
"Isso é normal aqui. Elas funcionam virtualmente. Fisicamente, eu não sei onde funcionam. Também não conheço os donos. Não faço a menor idéia sobre quem são. Fiz a locação por meio de um intermediário. Sou um mero locador das firmas. Eu cedo espaço."
Anteontem, o PMDB divulgou nota afirmando que as doações foram feitas de forma legal.
Fonte: Folha de S.Paulo

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