Por: Rosanne D'Agostino
Suzane von Richthofen está presa novamente, após 9 meses e 10 dias de liberdade. Ela se entregou à polícia às 19h40 desta segunda-feira (10/4), após o juiz do 1° Tribunal do Júri de São Paulo, Richard Francisco Chequini, ter decretado sua prisão preventiva, para evitar qualquer tentativa de Suzane de intimidar seu irmão, Andreas, e também devido às entrevistas concedidas por ela, "clara intenção de criar fatos e situações novas, modificando, indevidamente, o panorama processual".Ré confessa pelo assassinato dos pais, Manfred e Marísia von Richthofen, Suzane se entregou no 89° DP (Portal do Morumbi), após saber que sua prisão havia sido decretada. Ela está na sede do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), onde passará o resto da noite e a madrugada.O pedido de prisão foi feito à Justiça pelo promotor do caso, Roberto Tardelli, um dia depois da veiculação das entrevistas concedidas por ela à revista Veja e ao programa Fantástico, da TV Globo. A reportagem exibida pela Globo na noite de domingo procurou mostrar o que seria uma "farsa" montada pela defesa de Suzane. A emissora exibiu trechos de gravações em que os advogados a orientavam a chorar.No pedido, o promotor apresentou uma foto de Suzane ao lado de uma mulher que "supostamente", segundo escreve o juiz no decreto de prisão, seria sua avó. Com isso, ao decretar a prisão, o juiz entendeu que o irmão de Suzane, Andreas, estava "ao seu alcance" e que "tornaram-se públicas as divergências havidas entre Suzane e seu irmão, ora por desacordo na partilha de bens dos falecidos pais, vítimas".E prosseguiu o juiz: "Mais do que garantir a aplicação da lei penal e proteger uma testemunha, tem-se a necessidade de garantir a perfeita ordem de julgamento da ré e dos demais acusados, uma vez que se nota a clara intenção de criar fatos e situações novas, modificando, indevidamente, o panorama processual", se referindo, neste trecho, às entrevistas.A prisãoSuzane chegou ao 89° DP acompanhada por seu tutor, Denivaldo Barni Júnior, que também é um dos seus advogados. Barni Júnior disse que a entrevista ao Fantástico foi mal entendida e que mandou ela chorar "para que o irmão dela desse alguma coisa para ela", poque ela não teria moradia fixa nem alimentação garantida.Do DP, Suzane foi levada para o DHPP, onde chegou às 20h42, usando um capuz azul escuro e uma roupa azul clara. Acompanhada apenas pelo delegado titular da 1ª Delegacia do DHPP, Marco Antonio Olivato, Suzane escondeu o rosto e evitou os jornalistas que a aguardavam na porta do prédio, no bairro da Luz, região central de São Paulo. Ela faria exame de corpo de delito no próprio DHPP e não no IML-Sul (Instituto Médico Legal da região Sul da capital), como chegou a informar a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. Segundo Olivato, os médicos legistas iriam ao DHPP para fazer o exame.Olivato disse que chegou a ir até o local onde ela estava morando, no Morumbi, e não a encontrou, porque, ao saber da prisão, ela decidiu se entregar e escolheu o 89° DP.Em resposta às perguntas dos jornalistas sobre as entrevistas concedidas por Suzane que teriam motivado sua prisão, o delegado contou que ela tinha dificuldades de falar e que disse apenas que "tudo o que fez" foi devido a orientações dos advogados. "A única coisa que ela falou sobre essa entrevista, foi que ela foi orientada pelos advogados. Ela estava numa clínica, e no caminho de volta para casa, ficou sabendo da (decretação da) prisão".Segundo o delegado do DHPP, Suzane vai passar a madrugada em uma sala, vigiada por uma policial, e deve deixar o prédio do departamento na manhã desta terça-feira. Ela será levada para algum CDP (centro de detenção provisória) destinado a mulheres. O destino será definido entre a noite desta segunda e a madrugada de terça.Barni Júnior, que foi visitar Suzane no DHPP, deixou o prédio pouco depois da meia-noite, e voltou a falar com jornalistas. Disse que ela estava triste e chorando e que havia tomado soro à tarde, em uma clínica, antes da decretação da prisão.O casoSuzane é ré confessa de planejar e participar do assassinato dos seus pais, Marísia e Manfred von Richthofen, em 31 de outubro de 2002, em São Paulo. Suzane, seu então namorado, Daniel Cravinhos, e o irmão dele, Cristian, irão a júri no diz 5 de junho por duplo homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa das vítimas), além de fraude processual, por terem alterado a cena do crime para tentar simular latrocínio (roubo seguido de morte). A defesa de Suzane ainda tenta um julgamento separado.A moça estava em liberdade desde 30 de junho de 2005, após o STJ (Superior Tribunal de Justiça) ter concedido habeas corpus, determinando que ela fosse solta. Os ministros da 6ª Turma do tribunal entenderam que não havia motivo para a manutenção da preventiva, que se sustentava em "clamor público". A preventiva deve ser decretada quando o réu, em liberdade, puder fugir, voltar a cometer o mesmo ou outro crime ou figurar como ameaça ao andamento do processo. No dia 8 de novembro, o STJ extendeu a liberdade aos irmãos Cravinhos, que estavam presos em Iperó (interior de SP).Tiro pela culatraOs advogados de Suzane, Mário Sérgio de Oliveira e Denivaldo Barni Júnior, estão sob a mira da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).O presidente da seccional paulista da Ordem, Luiz Flávio Borges D’Urso, disse, no final da tarde desta segunda-feira, que vai instaurar uma comissão de sindicância para apurar eventuais desrespeitos aos princípios éticos da Ordem pelos advogados. A OAB informou ainda que Oliveira deverá ser afastado do Tribunal de Ética da Ordem, do qual faz parte.No início da tarde, o presidente do Conselho Federal da OAB, Roberto Busato, havia afirmado que o comportamento dos advogados de Suzane Richthofen durante entrevista ao programa Fantástico, exibido pela TV Globo, instruindo sua cliente a mentir, “contraria os princípios éticos da advocacia”.De acordo com ele, Oliveira, constituído por Suzane, e Barni Júnior, que além de advogado é tutor da moça, devem ser punidos. Para Busato, a punição cabe à seccional da Ordem onde estão inscritos os advogados.Procurado pela reportagem de Última Instância, o advogado Mário Sérgio de Oliveira afirmou, por meio de nota, que irá se manifestar no procedimento a ser instaurado pela OAB-SP, "entidade com competência para decidir sobre sua atuação profissional". Além disso, disse que "sempre atuou dentro da ética profissional, não forjando nem produzindo qualquer prova".Colaborou a Redação
Fonte: Uol
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