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segunda-feira, maio 02, 2022

Sem perspectivas de crescer

 




O Brasil empobreceu nos últimos quatro anos, e não há populismo que seja capaz de alterar esse fato

Por José Roberto Mendonça de Barros* (foto)

A pré-campanha eleitoral segue numa polarização cada vez mais raivosa e, tudo indica, assim vai continuar. Lamentavelmente, do ponto de vista econômico só não se discute o principal: estamos sem crescer há muito tempo e sem perspectivas à frente. 

O debate de conjuntura está focado nos próximos meses. Discute-se, furiosamente, se o crescimento deste ano será de 0,5% ou 1%, sem atentar que essas diferenças pouco significam. Considerando os anos de 2019 a 2022, o crescimento médio será de 0,55% ao ano se o PIB corrente crescer 0,5%, ou de 0,68% se crescermos 1%, como prevê o Banco Central (a projeção do Focus está em 0,65%). 

Como o crescimento médio da população é de 0,74% ao ano, a evolução do PIB per capita, nos quatro anos deste governo, será negativa. O ponto central é que o País empobreceu nesses anos e não há populismo que consiga alterar esse fato. 

As autoridades estão animadíssimas porque os analistas vêm revendo para mais suas projeções para 2022, resultado de desempenho algo melhor no início deste ano. Como vimos, isso significou muito pouco no desempenho desse período. Entretanto, o oficialismo não diz que, junto com esta melhora, houve um significativo rebaixamento dos números para 2023, resultando na projeção de apenas 1% no mais recente Boletim Focus – muito abaixo da projeção de 2,5% feita em setembro. 

Se o Brasil parou, o mundo continuou andando. Entre 2014 e 2021, enquanto o PIB global cresceu 20,5%, o brasileiro caiu 0,09%! Naturalmente, com este resultado, não pode surpreender que o número de desocupados e de pobres em nosso País não pare de aumentar. 

Os leitores devem se lembrar que, junto com a lei que autorizou a privatização da Eletrobras, aprovou-se um “jabuti” gigante. Um absurdo sem tamanho para beneficiar um grupo pequeno de empresários conhecidos, pois a lei obriga a contratação de algo como 8 mil MW de novas usinas a serem construídas em regiões como o Norte e o Nordeste, que não têm gás, gasodutos, nem demanda firme de energia que justifique os projetos.

Agora, a Empresa de Pesquisa Energética publicou um trabalho calculando o custo do projeto em R$ 52 bilhões até 2036, a serem transferidos aos consumidores.

Calcula-se que a energia brasileira no mercado regulado seja a segunda mais cara do mundo, apenas atrás da alemã. Isso é fruto dos desarranjos do setor desde a edição da famigerada MP 579, que vêm sendo resolvidos pela solução simples de passar todos os custos das ineficiências para as tarifas. 

O atual jabuti vai dar uma grande contribuição para a estagnação do crescimento brasileiro. 

*Economista e sócio da MB Associados

O Estado de São Paulo

Sob Bolsonaro, diplomacia brasileira se isolou nos fóruns do continente - Editorial

 





Dias atrás o Brasil voltou a passar vergonha num fórum internacional. Foi em Santiago, no Chile, na Conferência das Partes do Acordo de Escazú, que vincula os direitos humanos ao meio ambiente e garante acesso a informações e à Justiça nas questões que envolvam o tema. Firmado em 2018 na Costa Rica por países caribenhos e latino-americanos, entre os quais o Brasil, o acordo se tornou tabu para o presidente Jair Bolsonaro. Nem foi remetido ao Congresso para ratificação. Eis o motivo para, no encontro, o Brasil cumprir o papel aviltante de simples “observador”.

Não se tem notícia de conferência multilateral no continente em que o Brasil não tenha exercido, quando não a liderança pela importância regional, ao menos certo protagonismo. Ainda mais nas questões ambientais, por abrigar 60% da Amazônia. Por ironia, o Itamaraty fora uma das chancelarias que mais contribuíram para a formulação do acordo na Costa Rica.

Tristemente, o que se viu no Chile tem se tornado um padrão. O isolacionismo brasileiro cresce no continente em razão da mistura sem cabimento que o governo faz entre o interesse nacional e a ideologia. Não é por acaso que, à medida que vão sendo eleitos presidentes de esquerda — como Gabriel Boric no próprio Chile, Pedro Castillo no Peru ou Alberto Fernández na Argentina —, o Brasil perde liderança, encolhe e se isola.

Bolsonaro despachou o vice, Hamilton Mourão, para as posses de Boric e Castillo, sinal de que deseja manter distância dos dois. Fernández, um peronista de esquerda, assumiu a Casa Rosada no final de 2019. Levou meses até as diplomacias brasileira e argentina abrirem um canal de comunicação entre os presidentes dos países mais relevantes do continente, sócios-fundadores do Mercosul, cujas economias já funcionam de modo integrado. Sob o então chanceler Ernesto Araújo, veículo da ideologização do Itamaraty, as estruturas profissionais das diplomacias de ambos os lados tinham de se esforçar para manter contato.

Bolsonaro querer distância do vizinho mais importante é um equívoco político-diplomático sem tamanho, que se soma à postura negativa diante de um continente que precisa se integrar para se desenvolver — e onde tudo depende do tamanho e do peso geopolítico do Brasil.

Com a derrota de Donald Trump nos Estados Unidos, Bolsonaro ficou sem interlocução importante nos dois hemisférios. Na reta final de seu mandato, a diplomacia bolsonarista deixa para a História uma viagem inconsequente a Moscou, nas vésperas da invasão da Ucrânia pela Rússia, uma rematada insensatez. Com escala em Budapeste para visitar o ultradireitista Viktor Orbán, com quem mantém afinidade ideológica.

O que está em jogo, contudo, não é ideologia, mas bom senso. O desserviço de Bolsonaro não se limita ao dano de imagem ou à vergonha em fóruns como o de Santiago. Resulta também em perda de oportunidades de negócios. Os prejuízos causados pelo bolsonarismo são amplos.

O Globo

Atos do 1º de Maio pró e contra governo têm baixa adesão

 




Em vídeo transmitido na Avenida Paulista, Bolsonaro foi sucinto, elogiou seus apoiadores e não atacou STF. Lula participou de evento em frente ao estádio do Pacaembu e focou em direitos trabalhistas e qualidade de vida.

O presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que devem se enfrentar nas urnas em outubro, participaram de atos neste 1º de Maio, Dia do Trabalhador, que não atraíram grandes multidões, indicando que a população em geral ainda não está engajada para participar de mobilizações presenciais em torno dos dois principais nomes da disputa.

O receio que Bolsonaro reeditasse a sua participação no feriado de 7 de Setembro do ano passado, quando ele fez na Avenida Paulista um discurso inflamado com ameaças golpistas contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), também não se confirmou.

O presidente já havia dado uma estocada nessas instituições na quarta-feira, quando defendeu uma contagem paralela de votos nas eleições realizada pelas Forças Armadas. Neste domingo, porém, Bolsonaro esteve por apenas cerca de dez minutos no ato de Brasília e não discursou, e sua rápida fala na Avenida Paulista, transmitida em vídeo, não trouxe ataques diretos ao Judiciário.

"Essa manifestação é pacífica como todas as demais em defesa da Constituição, da família e da liberdade (...) Devo lealdade a todos vocês, temos um governo que acredita em Deus, respeita os seus militares, defende a família e deve lealdade ao seu povo", afirmou Bolsonaro. "Estarei sempre ao lado da população brasileira. Agradeço ao criador pela minha vida e a vocês por terem me ofertado essa missão de conduzir o destino do Brasil, porque o bem sempre vence o mal", disse o presidente. Seus apoiadores encheram cerca de três quarteirões da Paulista, segundo veículos de imprensa.

'Ato em Brasília reuniu poucos apoiadores do presidente'

Em Brasília, o ato reuniu poucos apoiadores do presidente e teve como pauta elogios ao indulto concedido a Silveira, a defesa de sua elegibilidade nestas eleições e ataques ao Supremo, com faixas como "Fora a ditadura da toga" e "Criminalização do comunismo. Destituição dos ministros".

Bolsonaro havia sido aconselhado por aliados a não participar dos atos desde domingo para não acirrar ainda mais, neste momento, o conflito com o Supremo. A concessão do indulto ao deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), um dia depois após ele ter sido condenado pela Corte, foi considerada um vitória política pelos bolsonaristas, mas a sugestão de uma contagem paralela de votos despertou reações negativas também dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

No Rio, estrela é Daniel Silveira

A presença mais celebrada nos atos bolsonaristas realizados no Rio de Janeiro foi Silveira, que participou de manifestações em Copacabana e na orla de Icaraí, em Niterói.

Em Copacabana, Silveira fez discursos nos três caminhões de som que estavam no local e disse que o Brasil tem hoje "presos políticos" e que a sua própria prisão, em 2021, havia sido "inconstitucional".

"O Brasil hoje tem presos políticos: Roberto Jefferson, eu, Oswaldo Eustáquio, Wellington Macedo, Alan dos Santos exilado, e vários outros que talvez eu não consiga nominar aqui. Isso é inadmissível em um país que grita democracia. Fala que tem democracia, mas age como ditadura. Então, não se dobrem perante a arbitrariedades estatais. Quem manda no Brasil somos nós", afirmou

'Silveira foi saudado no Rio como possível candidato a senador em outubro'

Silveira também defendeu o armamento da população, uma das bandeiras de Bolsonaro. "O de nove dedos [referência a Lula] disse que ia acabar com a família, com o armamento. Eu estou armado, quem tiver armado não é bandido não, quer se proteger", afirmou. No sábado, Lula havia dito, em um evento em São Paulo, que "o povo brasileiro não está precisando de armas, está precisando de paz."

Ele foi saudado pelos manifestantes como candidato a senador em outubro, mas, ao condená-lo, o Supremo também determinou a sua inelegibilidade. O STF ou o TSE ainda deverão avaliar se os efeitos do decreto de indulto abrangem também o seu direito de disputar eleições.

Lula prioriza fala sobre economia e qualidade de vida

O ato organizado por sete centrais sindicais foi realizado em frente ao estádio do Pacaembu, em São Paulo, e também não encheu, apesar de ter como chamarizes a presença de Lula e shows de Daniela Mercury e Leci Brandão, entre outros.

Em sua fala, Lula deu destaque a temas que afetam a qualidade de vida da população, como salário mínimo, inflação e direitos trabalhistas. "Todos vocês, mesmo aqueles que são jovens, devem ter um parente neste país que já viveu melhor quando eu governava este país. No tempo em que eu governava este país, o salário mínimo tinha aumento real todo ano. Isso fez com que o salário mínimo subisse 77% durante o meu governo", afirmou.

Em seguida, o petista mencionou a alta da inflação, a redução do poder de compra dos brasileiros e o aumento da fome do país, e disse que, se eleito, seu governo se engajaria em criar novas regras trabalhistas para os trabalhadores de aplicativos, que segundo o petista são hoje tratados "como se fossem escravos".

"Eles têm que ter direito a um programa de saúde, eles têm que ter direito a um programa de assistência social, eles têm que ter direito à assistência médica, têm que ter seguro quando bater no seu carro, moto ou bicicleta, essas pessoas têm que ter descanso semanal remunerado, porque a escravidão acabou em 13 de maio de 1888", afirmou.

'Manifestação das centrais sindicais teve adesão abaixo da esperada em São Paulo'

O petista também voltou a criticar o estímulo ao armamento da população promovido pelo Bolsonaro, e disse que a prioridade deveria ser investir em educação. "Este país (...) tem uma sociedade que é a mistura de negros, europeus e índios, e essa miscigenação produziu o povo mais feliz do mundo, e nós não aceitamos o ódio que está imposto neste país por esse genocida que governa o Brasil. Ao invés de ficar abrindo salões e mais salões para que as pessoas deles, que estão comprando armas, fiquem treinando tiro, nós vamos abrir salões e salões para fazer biblioteca para que nosso povo aprenda a ler, vamos levar internet de banda larga a cada lugar deste país", afirmou.

Na conclusão de sua fala, Lula tentou se apropriar do termo "liberdade" – muito usado no repertório bolsonarista – e aplicá-la a um contexto diferente. "Logo vai estar tudo formalizado e nós vamos acordar, um belo dia do mês de outubro, agradecendo a Deus e agradecendo a liberdade. E vamos agradecer que a liberdade finalmente abriu as asas sobre o povo brasileiro, e vamos voltar a ter um país civilizado, as instituições vão se respeitar", disse.

A campanha eleitoral só começa, formalmente, no dia 16 de agosto, mas tanto Lula como Bolsonaro e outros pré-candidatos vêm mantendo agenda intensa de eventos. Segundo a lei eleitoral, é permitida a participação dos pré-candidatos em eventos coletivos e manifestações, sendo vedado apenas o pedido explícito de voto.

Deutsche Welle

Novos olhares da política

 




Por Merval Pereira (foto)

Foi-se o tempo em que a vitória do ex-presidente Lula nas eleições de outubro era dada como certa, e provavelmente no primeiro turno. Pesquisas recentes, feitas por diversos métodos e institutos, alertam para uma tendência de crescimento do presidente Bolsonaro, que em algumas delas já se aproxima de um empate técnico que os bolsonaristas acreditam que em julho estará superado a seu favor.

Erros na campanha petistas já estão sendo detectados, como a mudança do marqueteiro, e o isolamento dentro do partido de Franklin Martins, que não se sabe se continuará na coordenação da comunicação. Mas não é só isso. Existem queixas sobre a abordagem do PT nas coligações partidárias, tanto que a federação de esquerda não é integrada pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), apesar da indicação de Geraldo Alckmim para vice na chapa petista.  

Também o partido Rede Sustentabilidade, que decidiu oficialmente apoiar a candidatura de Lula, não teve a adesão do grupo de sua principal líder, a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva. Não que Marina não admita apoiar Lula, muito menos que, como Lula alega, tenha mágoa com o PT, mas seu grupo acha que não se deve dar apoio incondicional a ninguém antes que um programa específico seja negociado. Não deixaram de notar, por exemplo, que a palavra “sustentabilidade” não foi usada por Lula em nenhum momento de seu discurso na solenidade de oficialização do apoio.

Existe a questão mais ampla, de princípios, e a pontual, de visões e projetos. Nessa visão, os candidatos têm que dizer com que estão se comprometendo, afirmar que será um novo acordo político, sem resquícios do que temos hoje com o Centrão, que não seja uma coalizão em cima dos interesses dos grupos que assaltam o país, agora institucionalizado pelo orçamento secreto.  Também seria preciso que a maneira de fazer campanha não apele mais para ataques pessoais, como Marina se queixa de ter sido feito em 2014. Não por questões pessoais, mas de visão do que seja política. Não vale tudo para se manter no poder.

Marina chama essa nova maneira de ver as coisas de “presidencialismo de proposição”. Nas questões específicas, os especialistas alertam que a competência ambiental do Brasil em termos de ideias, propostas, capacidade técnica, não está dentro dos partidos políticos, e por isso o meio-ambiente, que é a questão central no mundo, foi o tema da eleição do democrata Joe Biden nos Estados Unidos, e da reeleição do centrista Macron, na França, não está posta até agora nas campanhas presidenciais aqui no Brasil.

Nossa força ambiental difusa está à disposição de quem quiser realmente tratar do assunto de maneira técnica: na academia, nas empresas sustentáveis, nos movimentos sociais, nos movimentos indígenas. No próprio poder público, que resiste em órgãos como o Ibama, o Inpe, a Anvisa, e muitos outros. Pegar essa competência que está difusa na sociedade e transformar em políticas públicas através do diálogo, muitas vezes até mesmo com idéias divergentes, seria o papel dos líderes. Seria preciso que a visão de um novo ciclo de desenvolvimento sustentável fosse negociado com Lula e o PT para que a união entre Rede e PT fosse, mais que uma jogada política, uma visão de como seria o país no futuro.

Quando Marina era ministra do Meio Ambiente, no governo Lula, por exemplo, houve o caso da hidrelétrica de Belo Monte, que ela não licenciou, apenas encaminhou para estudos. Quando saiu, Belo Monte foi licenciada, e hoje é um grande trauma ecológico no país. No governo Dilma, tentaram algo semelhante, mas com impacto incomparavelmente maior, no caso do Complexo do Tapajós. A questão da Amazônia, um tema de dimensões internacionais, seria preciso, na visão de ambientalistas, ser enfrentada com um conjunto de ações estruturantes, não apenas medidas de comando e controle.

Aquela realidade do passado, em que foi possível enfrentar bandidos madeireiros, hoje está atravessada pelo crime organizado, que vem se expandindo na região devido à falta de fiscalização e leniência das autoridades federais. A infraestrutura para um desenvolvimento sustentável não admite hidrelétrica no Rio Tapajós, por exemplo, ou fazer rodovias de qualquer jeito,  ou continuar assinando medida provisória para regularizar áreas griladas a cada quatro anos. As mudanças climáticas já estão acontecendo agora, em São Paulo, Rio de Janeiro, em todos os estados, demonstrando que o país está mais vulnerável, alertam.

O que se vê, no entanto, nas campanhas, é um bater de cabeças diante da situação terrível que está imposta, com Bolsonaro crescendo, ainda mais que ele agora resolveu escancarar a postura antidemocrática utilizando os militares. Não apenas na campanha do PT, mas também entre os partidos da terceira via. Uma parte dos problemas que estamos vivendo é fruto de erros cometidos pelo campo da social-democracia, que passou anos se dividindo entre petistas e tucanos, e permitiu o surgimento da extrema-direita que estava hibernando. Uma coalizão a favor da democracia só seria viável se  erros como reeleição, mensalão, petrolão fossem reconhecidos, e o legado dos acertos de ambos os lados fosse usado na construção de uma nova forma de coalizão. Talvez a necessidade promova essa mudança.

O Globo

A origem da política é a violência

 




O que está em jogo é quem ou o que consegue exercer força de modo mais ou menos legitimado.

Por Luiz Felipe Pondé (foto)  

Quais as origens da política? O tema é polifônico. Muitas vozes buscam identificar tal processo. Reconhecer as diferentes formas de organização política é a mesma coisa que identificar as causas da necessidade da política? Não necessariamente.

É importante dizer que a busca por compreender tais questões não implica a última resposta para elas. A razão para entender a origem da política é buscar sofrer menos com as causas que geram a política enquanto tal. É sofrer menos violência, de qualquer forma em que ela se apresente na experiência concreta do cotidiano social e individual.

A origem da política é a violência. O debate entre Hobbes (século 17) e Rousseau (século 18), que opõe pessimistas a otimistas acerca da natureza humana pré-política, é interminável. Ambos erraram ao imaginar que existiu um homem pré-político, fosse ele o lobo do Hobbes ou o doce selvagem do Rousseau. Nunca fomos seres isolados a marchar sobre o mundo. E aqueles que por azar caíram nessa condição eram rapidamente assimilados pelos bandos, para o bem ou para o mal.

Todavia, ambos acertam quando veem que a violência é um problema para os seres humanos, e que o surgimento das formas políticas é um modo de lidar com essa violência, tentando organizá-la, com maior ou menor sucesso. Evidentemente que nunca houve um contrato social assinado, nem os autores imaginaram que tenha existido ao lançar mão desse termo.

O contrato social é uma hipótese de trabalho para tentar explicar como teria surgido a ordem política sem a interferência das explicações religiosas e mágicas.

O que está por trás da ideia de um contrato social é a suposição que teriam sido decisões racionais que levaram os homens à ordem política.

O filósofo Francis Fukuyama no monumental "Origins of Political Order", da Farah, Straus and Giroux de 2011 —com tradução no Brasil—, demole essa hipótese racionalista. Não somente ele, claro, percebe a inconsistência de tal hipótese.

O que nos leva à vida política é a condição humana determinada pelas contingências de um ambiente aberto à violência contínua. Proteger-nos da violência implica fazer a gestão contínua dessa mesma violência, usando-a como recurso disponível. Se a gestão da política é racional, sua substância é emocional.

Fukuyama, mesclando história e filosofia política, diz que nunca houve homens pré-políticos porque a violência sempre fez parte do cenário humano. Jacob Burckhardt, historiador do século 19, já dissera que a violência surge como resultado das diferenças de poder entre indivíduos, grupos e sociedades no cotidiano da busca por realização dos intentos humanos.

Tanto o filósofo quanto o historiador veem essas diferenças de poder já na ordem biológica. Uns são mais fortes do que os outros, os homens mais do que as mulheres. Umas sociedades mais do que as outras, por elementos naturais e geográficos ou culturais e técnicos.

Fukuyama vai aos chipanzés para ver como entre eles também há política porque há diferenças de capacidade para exercer a violência.

Reconhecer que a violência é parte da condição humana é como reconhecer que existe a gravidade, a priori não se trata de um enunciado moral. Tampouco significa que sejamos apenas capazes de violência, mas sim que negar essa disposição, e diferentes capacidades para o exercício da violência, implica não compreender a política real.

O que está em jogo na política institucionalizada é quem ou o que consegue exercer mais violência de modo mais ou menos legitimado. E esta legitimidade implica, em grande medida, na importância da forma como a violência é exercida e organizada no cotidiano dos grupos. Organizar a violência no cotidiano de um grupo é, basicamente, reduzi-la.

Nunca existiu um processo acumulativo e linear de sucessos na gestão da violência na longa duração da história. Dos grupos organizados por parentesco à corrupção no coração dos Estados, às teocracias, à tentativa de uma organização impessoal e mais transparente, tudo é efêmero e pode, um dia, degenerar em violência desorganizada.

Folha de São Paulo

Com um enorme passado pela frente, Lula e Bolsonaro fogem de sabatina




Por Josias de Souza

Lula ou Bolsonaro?, eis a pergunta que se insinua como inevitável nas pesquisas de opinião. Até num exame vestibular o sujeito pode optar por uma entre quatro alternativas. Na eleição presidencial, porém, a conjuntura esfrega na cara do brasileiro a pergunta única.

UOL e Folha serviram ao eleitorado uma rodada de sabatinas com pretendentes ao trono presidencial. Lula e Bolsonaro não deram as caras. A fuga é um prenúncio do que está por vir. Os líderes nas pesquisas só devem participar de debates em caso de extrema necessidade.

Há 20 anos, em março de 2002, Lula já reclamava dos debates: "O formato no qual aparecem dez candidatos respondendo por dois minutos já se mostrou ineficaz."

Em 2018, Bolsonaro ecoou a mesma crítica. À frente de sua campanha, Gustavo Bebianno declarou que o capitão estava "de saco cheio desses debates inócuos, que não levam a nada. Não vale a pena comparecer."

A crítica ao modelo tradicional de debates é procedente. Mas o problema não foi criado pelos meios de comunicação. Os confrontos foram engessados pela legislação eleitoral e pelo esforço das assessorias para proteger os candidatos atrás de regras draconianas que inibem o contraditório.

Mantendo-se na rota de fuga, os candidatos terão de ajustar os argumentos para justificar a eventual ausência nos debates que UOL e Folha programaram para a internet. Serão livres de comerciais e das amarras impostas pela legislação às emissoras de TV aberta. O modelo será o de banco de tempo. Nele, os candidatos administram a duração de suas respostas ou comentários, sacando do respectivo saldo a quantidade de tempo que desejarem. Estrepa-se quem chega ao final do debate sem fundos no banco de tempo.

Lula sugeria em 2002 um formato mais direto: "Por que não fazemos debates como no futebol, com disputas dois a dois?" Hoje, um tête-à-tête com Bolsonaro seria de enorme serventia. Mas a lei só autoriza o mano a mano no segundo turno.

O petista mostrava-se aberto também às sabatinas: "Podemos pensar na volta do palanque eletrônico. O cara senta diante de jornalistas e personalidades e responde a perguntas feitas por eles e pelos telespectadores."

Agora, embora seu presidenciável faça campanha em tempo integral, o PT alega que Lula não pode participar de sabatinas porque ainda não é um candidato formal. O pretexto não faz jus às palavras daquele Lula que prevaleceu nas urnas de 2002: 

"A gente precisa botar na cabeça que a eleição é uma oportunidade para estimular a consciência política do povo. As baixarias e a falta de debate destinam-se a evitar que isso aconteça."

No fundo, Lula e Bolsonaro não implicam com o formato de debates e sabatinas. Implicam mesmo é com a perspectiva de serem questionados, pois não há modelo capaz de transformar debate em palanque.

Bolsonaro faz comícios até nos salões do Planalto. Lula atiça sua rouquidão em encontros partidários e entrevistas edulcoradas. Ambos dispõem de suas próprias mídias. 

Na última terça-feira, quando concedia uma de suas entrevistas companheiras, Lula foi agraciado com inúmeras levantadas de bola e um gol contra. Um dos inquisidores quis saber: 

"O senhor pretende estabelecer, com esse passo de hoje, uma proximidade maior com nós (sic), que fazemos esse trabalho que o Allan dos Santos [blogueiro bolsonarista foragido da polícia) faz, mas do lado oposto?" Lula se absteve de responder.

O Brasil vive uma fase peculiar de sua história. Ao observar o cenário da campanha de 2022, o eleitor vê um enorme passado pela frente.

A maioria oscila entre um ex-presidente do mensalão e do petrolão e um presidente apologista da ditadura e cultor do golpe. A ausência de contraditório e o nanismo das candidaturas alternativas não ajudam a distinguir certos candidatos do candidato certo.

Blog do Josias de Souza

A aparência democrática




A Liberdade nasce com cada pessoa; tem nela os seus alicerces e as suas restrições morais. A Democracia é a escolha livre de quem governa o estado. A Democracia só é possível nos estados liberais. 

Por André Abrantes Amaral 

Após a fome se ter alastrado na Rússia no Inverno de 1921, das greves, motins e algumas revoltas que ocorreram um pouco por todo país, Lenine achou por bem dar uma folga à população. A sua ideia foi implementar um programa económico que permitisse às pessoas deterem os seus pequenos negócios, comprarem os produtos que precisassem e venderem os que produzissem. O plano estabelecia também que os camponeses fossem tributados pelos seus rendimentos, ao invés de lhes ser confiscado o que produziam. Lenine não acreditava na liberdade individual nem na livre iniciativa, mas percebeu que precisava que o povo fosse livre por uns tempos para que a economia se equilibrasse. Ou pelo menos que saísse da situação caótica em que se encontrava sob pena de o regime cair de vez.

Os resultados foram surpreendentemente bons. Há 100 anos a tragédia da experiência comunista ainda era inimaginável e, com o novo plano económico, a população julgou que os governantes se tinham apercebido do óbvio, que o sonho comunista não passava de uma ilusão de intelectuais burgueses. Finalmente o país seria um pouco mais livre, após o cancelamento de algumas das restrições provenientes do tempo dos czars.

Infelizmente não foi o que sucedeu. Tanto Lenine como os seus companheiros tinham como objectivo libertar a Rússia da opressão que historicamente a submetera. Também a quiseram democratizar. Mais: quiseram descentralizá-la. Nesse sentido concederam autonomia às regiões não russas com o intuito de pôr termo à opressão da população russa. Os objectivos pareciam dignos; o problema foi não serem verdadeiros. Os dirigentes comunistas quiseram democratizar a Rússia, mas não queriam que o povo escolhesse livremente os seus governantes, apenas que deixasse de depender das hierarquias estabelecidas pela tradição e pela história e passasse a responder directamente a Moscovo; os dirigentes comunistas desejavam a autonomia das repúblicas não russas como forma de aplacar o descontentamento das populações fartas da autocracia dos czares mas, na verdade, os novos dirigentes comunistas dessas repúblicas também respondiam directamente às instruções de Moscovo. Sob pretexto da descentralização e da autonomia cortaram-se poderes intermédios para só restar o Kremlin. Dentro da mesma lógica de aparência, os dirigentes comunistas decidiram abrir escolas, contratar professores, o analfabetismo recuou e a literacia subiu. Sucede que o pretendido não foi que as pessoas, com mais conhecimentos, se tornassem capazes de pensar e de escolher de acordo com a sua vontade, mas que simplesmente lessem os panegíricos comunistas, os únicos que podiam ser impressos e que circulavam livremente. Lenine sabia que a mensagem comunista não chegava à maioria da população porque esta não sabia ler. Assim, foi preciso ensiná-la a ler para que lesse o que o partido escrevia. Moscovo pretendeu aumentar a produção agrícola, mas não o fez para que os agricultores ganhassem mais dinheiro e escolhessem os bens que precisavam ou quisessem consumir. O objectivo, mais simples embora não tão modesto, cingia-se a que a comida chegasse às cidades, às fábricas pejadas de mão-de-obra barata (de agricultores cuja fome afastava dos campos) e que dotavam o Estado de produtos que se vendiam no estrangeiro.

Dentro da mesma lógica a política da paz comunista à época não passou de uma farsa. Uma forma cínica de salvar o regime que sucumbiria perante uma invasão alemã em larga escala. Trotsky, que nas suas deslocações a Brest-Litovsk se inteirou do estado caótico das defesas russas, ainda tentou ganhar tempo desconcertando as potências centrais com a fórmula do nem guerra nem paz, ao mesmo tempo que Moscovo incentivava uma revolução bolchevique em Berlim. A revolução não aconteceu e no Inverno de 1918 o tratado de paz acabou por ser assinado nos termos impostos pelos alemães.

A aparência da paz é idêntica à aparência da democracia. Os bolcheviques não pretendiam a paz, mas tempo para, através da revolução, destituírem o governo alemão. O resultado foi o nazismo e uma nova invasão. A democracia que propugnavam pouco ou nada tinha a ver com democracia liberal em que vivemos; simplesmente traduzia-se na aceitação do decidido pelo Politburo onde os consensos eram conseguidos por coerção. Bukharin, Zinoviev e Kamanev que o digam. Estes sofreram as agruras da repressão embora não esqueçamos que (à semelhança de Trostky) só se importaram com esta quando foram reprimidos e não enquanto reprimiam.

Recordar o passado é importante porque as aparências continuam. A da paz, como temos visto com a posição do PCP relativamente à invasão da Ucrânia pela Rússia, mas também a relativa ao tipo de democracia que o PCP e o Bloco de Esquerda continuam a propagar em nome do 25 de Abril. Apesar do que estes dois partidos repetem à exaustão é importante recordar que não há democracia nem liberdade sem eleições livres, sem a separação dos poderes do Estado, sem liberdade de imprensa e de pensamento. Tal como também não há democracia sem o reconhecimento que a liberdade é de cariz individual. Que esta nasce com e para as pessoas. São estas o seu princípio e o seu fim último. Sem respeito pelas liberdades individuais não há Estado de Direito, não há sociedade livre digna desse nome e das pessoas que a compõem; não há justiça nem sequer segurança. Da mesma forma não há política de educação nem cuidados de saúde funcionais e minimamente justos.

Há quem acredite que foi Estaline quem deturpou o projecto comunista e que, sem ele, o ideal marxista-leninista teria sido um sucesso. Não é verdade. Estaline foi apenas mais violento que Lenine, Trostky e os demais. A violência de Estaline só foi possível porque tinha as suas bases no pensamento de Lenine e também porque num estado totalitário não há forma de controlar o poder do mais implacável. Esse controlo só se consegue com a separação de poderes dentro do Estado, com a democracia, a liberdade de imprensa, de associação, de pensamento e da liberdade económica num mercado livre. Com as liberdades que nascem da liberdade individual. A moderação não é possível sem democracia, esta não existe sem uma ideia de liberdade que se esvazia se não for individual, se não se alicerçar nas pessoas. Sem o respeito pela liberdade individual existirão dados estatísticos que nos dizem que há obra, mas uma que vale muito pouco ou mesmo nada.

Observador (PT)

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Putin cometeu um erro de cálculo grave na Ucrânia




Putin uniu o Ocidente, revigorou a Otan e rearmou a Alemanha, diz o jornalista da DW

Por Miodrag Soric*

Presidente russo já conquistou muito desde que suas forças invadiram o país vizinho. Contudo, de uma Otan revigorada a uma Rússia ainda mais isolada, tais conquistas são o oposto do que ele esperava.

O presidente russo, Vladimir Putin, está ficando sem tempo. Será que ele conseguirá declarar algum tipo de vitória até 9 de maio, data que marca a vitória da Rússia sobre os nazistas em 1945? Afinal, os ucranianos resistem ferozmente à agressão de Moscou, defendendo suas casas e famílias.

A Rússia, por outro lado, não está demonstrando tal determinação. O mundo tem visto repetidamente que as forças russas estão sofrendo com moral baixo e que seus soldados – alguns com apenas 18 ou 19 anos – não querem lutar nesta guerra.

Eles não estão encontrando um regime fascista na Ucrânia ou uma minoria de língua russa esperando para ser libertada. Os russos estão sendo recebidos com feroz resistência, não com flores. Na verdade, os ucranianos desfrutam de maior liberdade em casa do que os russos comuns em seu país, onde reina o medo, onde os meios de comunicação mentem e onde as autoridades reprimem todo tipo de dissidência.

Vivendo uma mentira

O exército da Rússia falhou com Putin. Seus propagandistas precisarão sonhar algum tipo de conquista vitoriosa a tempo do desfile de 9 de maio, e então disseminar essa mentira na televisão controlada pelo Estado. Isso, infelizmente, não é novidade na Rússia. Afinal, é o país de Grigory Potemkin.

A cada dia de guerra, mais sombria é a situação do território e maior é o número de soldados mortos. Ao mesmo tempo, restaurantes, cafés e bares de Moscou estão cheios de clientes bebendo vodca e dançando. A vida continua.

E aí está de novo: a esquizofrenia coletiva que é padrão para o "homo sovieticus". Ele vive e sobrevive de mentiras, com medo do serviço secreto, com vergonha de sua própria covardia.

Muitos russos continuam a desviar os olhos hoje, tentando suprimir qualquer conhecimento de crimes cometidos em seu nome. Um dia, quando o massacre de irmãos e irmãs ucranianos não puder mais ser negado, eles alegarão que não sabiam, que não eram responsáveis, e tentarão se safar de tudo, assim como fizeram após o colapso da União Soviética em 1991.

As "conquistas" de Putin

Putin deve isolar ainda mais seu país e escalar o conflito, para sua própria sobrevivência política. Quão grande deve ser seu desespero, se ele agora recorre a ameaças de usar armas nucleares? As armas convencionais aparentemente não produziram os resultados esperados.

As ações dele também estão levando o Ocidente à independência das importações de energia russa em poucos meses, algo que nunca teria ocorrido de outra forma.

A conduta de Putin convenceu a maioria dos alemães – um povo que geralmente prefere a harmonia – a aprovar uma postura dura contra o agressor. Eles estão dispostos a fazer sacrifícios para garantir que a Ucrânia mantenha a vantagem. Parlamentares alemães relutantes em enviar armas pesadas à Ucrânia estão sob pressão. Esquerdistas do Partido Social-Democrata (PSD) e do Partido Verde deram o aval de bilhões de euros em gastos com defesa para fortalecer as próprias forças armadas alemãs.

Otan revigorada

Em poucos meses, a geralmente sonolenta Alemanha mudou de uma maneira que não ocorria há décadas. Está explorando seus talentos tradicionais: proeza organizacional, diligência e disposição para fazer sacrifícios. Outros países europeus reagiram de forma semelhante. A Finlândia e a Suécia estão considerando ingressar na Otan. E o Japão pacifista decidiu aumentar suas capacidades de defesa à luz da agressão russa. Tudo isso graças a Putin.

Ele revigorou a Otan, a qual alguns membros haviam dito sofrer de "morte cerebral". Os Estados Unidos prometeram mais de 30 bilhões de dólares para ajudar a Ucrânia a se defender. A União Europeia segue o exemplo. Graças a Putin, os livros de encomendas dos fabricantes de armas estão tão cheios quanto durante a Guerra Fria.

Ninguém está falando em uma vitória rápida contra a Rússia – pelo contrário. A Otan espera que esse confronto se arraste por muitos anos. Não se deve permitir nunca que Moscou seja tão forte novamente, capaz de travar guerra contra outras nações.

A Rússia deve ser obrigada a pagar pela reconstrução ucraniana no pós-guerra, deve ser obrigada a retirar as suas tropas da Geórgia e da Moldávia e a deixar Belarus. Durante a década de 1980, o Ocidente economicamente superior usou a corrida armamentista para levar a Rússia à falência. A história está se repetindo. Contudo, a Rússia de hoje é mais fraca do que era a União Soviética. E o Ocidente está maior, mais unido e mais poderoso do que nunca.

Sem dissidência

Como se chegou a isso? Ninguém na Rússia se atreve a contradizer Putin. Até o ditador soviético Stalin era mais esperto. O Politburo o temia, mas alguns de seus membros o avisavam quando ele estava errado.

Stalin era mais pé no chão do que Putin, preferindo dormir em uma simples cama de campo. Putin, por outro lado, desfruta de uma vida luxuosa em palácios e superiates. Stalin foi cuidadoso, enquanto Putin é um jogador. Ele não entende o mundo moderno. Dizem que ele não usa internet sozinho, nem sabe enviar e-mails.

A conduta dele mais se assemelha à do czar russo Ivan 4º, também conhecido como Ivan, o Terrível, durante a Guerra da Livônia no século 16. A Rússia perdeu essa guerra, lutando contra várias potências menores, e descendeu para o que viria a ser conhecido como o politicamente tumultuado "Smutnoye Vremya", ou Tempo de Dificuldades.

Então quanto tempo durará a guerra da Rússia na Ucrânia? Enquanto os ucranianos estiverem dispostos a defender sua pátria. E quanto ao apoio do Ocidente a Kiev, está apenas começando.

*Miodrag Soric é jornalista da DW

Deutsche Welle
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