Certificado Lei geral de proteção de dados

Certificado Lei geral de proteção de dados
Certificado Lei geral de proteção de dados

segunda-feira, maio 02, 2022

Sob Bolsonaro, diplomacia brasileira se isolou nos fóruns do continente - Editorial

 





Dias atrás o Brasil voltou a passar vergonha num fórum internacional. Foi em Santiago, no Chile, na Conferência das Partes do Acordo de Escazú, que vincula os direitos humanos ao meio ambiente e garante acesso a informações e à Justiça nas questões que envolvam o tema. Firmado em 2018 na Costa Rica por países caribenhos e latino-americanos, entre os quais o Brasil, o acordo se tornou tabu para o presidente Jair Bolsonaro. Nem foi remetido ao Congresso para ratificação. Eis o motivo para, no encontro, o Brasil cumprir o papel aviltante de simples “observador”.

Não se tem notícia de conferência multilateral no continente em que o Brasil não tenha exercido, quando não a liderança pela importância regional, ao menos certo protagonismo. Ainda mais nas questões ambientais, por abrigar 60% da Amazônia. Por ironia, o Itamaraty fora uma das chancelarias que mais contribuíram para a formulação do acordo na Costa Rica.

Tristemente, o que se viu no Chile tem se tornado um padrão. O isolacionismo brasileiro cresce no continente em razão da mistura sem cabimento que o governo faz entre o interesse nacional e a ideologia. Não é por acaso que, à medida que vão sendo eleitos presidentes de esquerda — como Gabriel Boric no próprio Chile, Pedro Castillo no Peru ou Alberto Fernández na Argentina —, o Brasil perde liderança, encolhe e se isola.

Bolsonaro despachou o vice, Hamilton Mourão, para as posses de Boric e Castillo, sinal de que deseja manter distância dos dois. Fernández, um peronista de esquerda, assumiu a Casa Rosada no final de 2019. Levou meses até as diplomacias brasileira e argentina abrirem um canal de comunicação entre os presidentes dos países mais relevantes do continente, sócios-fundadores do Mercosul, cujas economias já funcionam de modo integrado. Sob o então chanceler Ernesto Araújo, veículo da ideologização do Itamaraty, as estruturas profissionais das diplomacias de ambos os lados tinham de se esforçar para manter contato.

Bolsonaro querer distância do vizinho mais importante é um equívoco político-diplomático sem tamanho, que se soma à postura negativa diante de um continente que precisa se integrar para se desenvolver — e onde tudo depende do tamanho e do peso geopolítico do Brasil.

Com a derrota de Donald Trump nos Estados Unidos, Bolsonaro ficou sem interlocução importante nos dois hemisférios. Na reta final de seu mandato, a diplomacia bolsonarista deixa para a História uma viagem inconsequente a Moscou, nas vésperas da invasão da Ucrânia pela Rússia, uma rematada insensatez. Com escala em Budapeste para visitar o ultradireitista Viktor Orbán, com quem mantém afinidade ideológica.

O que está em jogo, contudo, não é ideologia, mas bom senso. O desserviço de Bolsonaro não se limita ao dano de imagem ou à vergonha em fóruns como o de Santiago. Resulta também em perda de oportunidades de negócios. Os prejuízos causados pelo bolsonarismo são amplos.

O Globo

Em destaque

0 Segundo dados, servidor público tem escolaridade superior à do trabalhador privado

    BPC: regularização do CadÚnico é feita no Cras, afirma INSS Os beneficiários do Benefício de Prestação Continuada (BPC) não precisam com...

Mais visitadas