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segunda-feira, maio 30, 2022

Maior erro de Bolsonaro foi deixar de demitir Paulo Guedes, que fracassou e atrapalha a reeleição

Publicado em 30 de maio de 2022 por Tribuna da Internet

Offshore de Guedes

Charge do Duke (domtotal.com)

Roberto Nascimento        

Na opinião do ministro Paulo Guedes, quem critica o teto do aumento do ICMS no valor de 17% é “despreparado, ingrato ou militante”. Como se vê, o ministro da Economia fala o que lhe vem à cabeça, sem refletir. Suas reações são típicas de pessoas autoritárias, que não suportam críticas.

Os três adjetivos destinados aos governadores cabem como uma luva no figurino do próprio ministro. Além de “despreparado, ingrato ou militante”, Guedes é também mentiroso, porque comporta-se como se a redução do ICMS tivesse o condão de reduzir o preço dos combustíveis lá na bomba, seja no posto Ipiranga ou de outra bandeira, mas isso não acontecerá.

PESSOA NEFASTA – Trata-se de uma “autoridade” insensível e insensata, que chamou o funcionalismo público de parasita, disse que empregadas domésticas não deveriam viajar para a Disney e filho de porteiro não podia frequentar universidade com financiamento público. Assim, demonstra ser uma pessoa nefasta.

Quanto ao ”despreparo”, esta é a imagem dele. Comanda a economia desde 2019 e não consegue segurar a inflação, manter os juros abaixo dos dois dígitos e reduzir os índices de desemprego. Exatamente como o presidente Bolsonaro, Guedes coloca a culpa sempre nos outros, pode ser a pandemia, a guerra da Ucrânia ou a crise global.

Como operador financeiro, tinha dado elevado  prejuízo a fundos de pensão, em gestão temerária. Foi denunciado oficialmente pela Previc (Superintendência Nacional de Previdência Complementar), houve abertura de inquérito, mesmo assim Bolsonaro o nomeou.  

PARAÍSO FISCAL – No entanto, o ministro da Economia mostra que sabe cuidar muito bem dos seus investimentos pessoais, que aplica nos paraísos fiscais das Ilhas Britânicas Virgens, para fugir dos impostos aqui no Brasil, pois não confia no sucesso da economia brasileira.

No escândalo internacional dos Pandora Papers, Paulo Guedes aparece como dono de uma empresa offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, um conhecido paraíso fiscal. Em janeiro de 2019, quando ele assumiu o cargo de ministro da Economia, sua empresa tinha um saldo de US$ 9,5 milhões.

Guedes também é um mestre na arte de permanecer como ministro, mesmo sem entregar nada ao presidente em termos de melhora dos índices econômicos. Tenho um palpite: Guedes nunca contraria as ordens de Bolsonaro e até consegue ir além da confissão do general Eduardo Pazzuelo, que disse, com o presidente ao lado: “Um manda e o outro obedece, simples assim”.

FORTE INTUIÇÃO – Guedes se adianta e obedece antes de o presidente mandar, pois intui maravilhosamente os desejos de Bolsonaro. Está aí o segredo da longevidade no cargo.

Por muito menos, o chefe do governo já demitiu quatro presidentes da Petrobrás e quatro ministros da Educação. No entanto, por esses mistérios insondáveis da natureza humana, vem mantendo esse parasita dos cofres públicos, cuja preocupação maior se resume em favorecer o grande capital, facilitando a venda dos ativos nacionais por preços irrisórios.

A nomeação de Guedes foi o maior erro de Bolsonaro, que vai pagar caro por isso, porque a permanência do ministro da Economia é tão negativa que está destruindo o projeto de reeleição do presidente.


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