Publicado em 29 de maio de 2022 por Tribuna da Internet
Denise Rothenburg
Correio Braziliense
Aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL) avaliam que o governo já fez tudo o que estava ao alcance para atender as classes D e E — Auxílio Brasil com R$ 400 de valor mínimo, auxílio gás, microcrédito, Casa Verde e Amarela, socorro aos empresários para manutenção de empregos… Agora, se faltar diesel, com a inflação alta e o preço de alimentos e combustíveis minando o humor do eleitor, será difícil tirar a diferença, no segmento mais pobre, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) apresenta hoje nas pesquisas de intenção de voto.
Embora o abastecimento de diesel e a inflação sejam uma questão mundial, o eleitor quer ver o governo resolvendo esses problemas. Por isso, dizem alguns, não dá para o presidente apenas dizer que tudo é culpa dos governadores e do #fiqueemcasa, como tem feito.
GREVE VEM AÍ – Enquanto a Câmara debatia o projeto de ICMS dos combustíveis, o líder dos caminhoneiros, Wallace Landim, o Chorão, foi até o Parlamento e deu o seguinte aviso:
“Essa questão do ICMS é um paliativo, ajuda, mas não resolve o problema, porque, mesmo baixando o valor do imposto, vem o aumento e acaba ficando o mesmo preço na bomba. Isso afeta a categoria e a gôndola do mercado. Não estamos aguentando mais. Vamos parar“, disse à coluna, depois de um périplo junto aos principais líderes partidários, aos quais esse recado foi dado com todas as letras.
O aviso ajudou na mobilização para aprovar o texto do limite de 17% ao ICMS, que é considerado “melhor do que nada”, mas não foi suficiente para convencer todos os atores. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, vai conversar, primeiro, com governadores e secretários de Fazenda, antes de colocar a matéria em votação.
DISSE BOLSONARO – E o presidente Jair Bolsonaro disse que “não tem cabimento” dar compensação aos estados para eventuais quedas de arrecadação. Se nada for feito para reduzir o preço, os caminhoneiros vão apimentar a largada da campanha eleitoral.
Interessado em tirar do governo o protagonismo de qualquer iniciativa que ajude a baixar os preços dos combustíveis, o ex-presidente Lula entrou em campo para levar a bancada petista a votar favoravelmente à proposta de limitação do ICMS para o setor.
“Não dá para votar contra um projeto desses”, disse Lula.
###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Pela primeira vez, temos um governo que não manda na Petrobras. E quando um presidente perde autoridade, nem o garçom que serve cafezinho quer conversa com ele. Se o diesel continuar subindo, a greve será inevitável. Quanto à falta de diesel, não tem justificativa, é e sempre será culpa exclusiva da Petrobras. (C.N.)