Certificado Lei geral de proteção de dados

Certificado Lei geral de proteção de dados
Certificado Lei geral de proteção de dados

quinta-feira, junho 09, 2011

Jornais: Gleisi também prestou serviços de consultoria

O ESTADO DE S. PAULO

Nova ministra da Casa Civil também deu consultoria empresarial
Assim como outros colegas de Esplanada e seu antecessor Antonio Palocci, a nova ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, também atuou no ramo de consultoria nos últimos anos. Entre 2007 e 2009, ela foi dona de 90% da GF Consultoria e Assessoria Empresarial Ltda em sociedade com sua irmã, Francis Mari. A sede da empresa virou, até mesmo, escritório político da campanha de Gleisi à prefeitura de Curitiba em 2008, quando ela ficou em segundo lugar.

A GF foi aberta no dia 1.º de junho de 2007, segundo dados da Junta Comercial do Paraná. A nova ministra da Casa Civil ficou com 90% das cotas da sociedade e como "administradora" dos negócios da empresa perante órgãos públicos, instituições financeiras e entidades privadas. Segundo os registros da Junta Comercial, a GF foi criada para atuar no ramo de "assessoria, consultoria, orientação e assistência operacional para a gestão do negócio e apresentação de palestras prestados a empresas e a outras organizações".

A empresa foi aberta um ano depois de Gleisi deixar a diretoria financeira de Itaipu Binacional, período em que se aproximou de Dilma Rousseff, então ministra de Minas e Energia. Na direção de Itaipu, comandou um orçamento anual de US$ 3 bilhões. Partiu da equipe dela a criação do sistema de gestão integrada com o Paraguai. Ela deixou o cargo para disputar, sem sucesso, o Senado em 2006.

Apesar da existência da consultoria entre 2007 e 2009, a empresa não aparece na declaração de bens de Gleisi enviada à Justiça Eleitoral em 2008, quando ela foi candidata à prefeitura de Curitiba. Procurada pelo Estado, a ministra informou, por meio de sua assessoria, que abriu empresa para prestar assessoria em gestão empresarial. Alegou que não a declarou à Justiça Eleitoral em 2008 porque seus rendimentos começaram apenas a partir daquele ano. Informou ainda dois clientes que teriam contratado os serviços de Gleisi: Fusão Assessoria Empresarial e Combraseg Logística e Serviços.

Relatores do Código Florestal no Senado negociam texto conjunto
Após a maior derrota sofrida até agora na Câmara dos Deputados, o Palácio do Planalto quer conciliar interesses e corrigir "imperfeições" do texto do Código Florestal que tramita no Senado. Em encontro com a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, os senadores Jorge Viana (PT-AC) e Luiz Henrique (PMDB-SC) reforçaram a promessa de que as comissões trabalharão de forma articulada para construir um relatório conjunto. "Se um ponto ou outro ficar divergente, o plenário do Senado vai ter maturidade de votar", disse Viana. Para Luiz Henrique, é preciso fazer "aperfeiçoamentos" para garantir que o projeto aprovado pelo Congresso não seja alvo de ações de inconstitucionalidade. Os senadores são relatores do Código na Comissão de Meio Ambiente e da Agricultura, respectivamente.

Em maio, Izabella apresentou à bancada de senadores do PT 11 pontos que o governo pretende alterar. Na ocasião, destacou a preocupação do Planalto em retirar do texto a emenda que anistia desmatadores. O Planalto avalia que um dos motivos para a derrota na Câmara foi a demora para entrar no debate, algo que espera reverter no Senado.

"Não podemos ter um texto que possa provocar contradições, que não seja recepcionado pela sociedade, que não esclareça para o agricultor familiar e para o agronegócio quais os seus direitos e como se regulariza a situação do passado e, mais do que isso, como nós avançamos em uma agenda ambiental sólida que tem a ver com o uso do território", disse Izabella.

Dilma reage a críticas e diz ter encontrado sozinha solução para crise
Depois de enfrentar três semanas de desgaste e ouvir críticas de imobilismo e falta de habilidade política, a presidente Dilma Rousseff aproveitou a despedida de Antonio Palocci da Casa Civil nesta quarta-feira, 8, – até então o homem forte do governo, da cota do ex-presidente Lula – para tentar demonstrar reação e retomada do controle do governo. Enfatizou, ainda, que coube a ela própria encontrar a saída para a crise. "Jamais vamos ficar imobilizados diante de embates políticos, pois sabemos travar o embate e, ao mesmo tempo, governar", disse a presidente.

Em solenidade no Planalto, ela fez questão de dizer que escolheu sozinha a senadora Gleisi Hoffmann para substituir Palocci na Casa Civil: "Assim como estou triste pela saída de um parceiro de luta, não posso deixar de afirmar que estou satisfeita pela solução que encontrei para assegurar a imediata continuidade do trabalho do gabinete civil da Presidência da República".

Ao contrário de quase todos os pronunciamentos anteriores no Planalto, a presidente não citou Lula. No momento em que a demissão de Palocci é vista como verdadeiro início da gestão Dilma por setores políticos, a falta de referência ao antecessor foi observada por assessores de governo. Em alguns dos 58 discursos feitos no Palácio e durante viagens, ela chegou a citar o ex-presidente três vezes.

Presidente da Petrobrás defende permanência de Palocci em conselho
O presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, defendeu nesta quarta-feira a permanência do ex-ministro da Casa Civil, Antônio Palocci no Conselho de Administração da estatal. Em entrevista em evento no Rio, o executivo afirmou que Palocci não tem por que deixar o assento no Conselho, cargo para o qual foi eleito no final de abril.

Segundo ele, os convite feitos para integrar o Conselho são direcionados às pessoas físicas e não estão atrelados ao cargo que ela ocupa no governo. "O ex-ministro Palocci foi eleito por um ano e deverá ficar este ano. Não cabe à Petrobrás qualquer decisão sobre isso", afirmou, destacando que a eleição dos membros do conselho acontece apenas uma vez por ano dentro da Assembleia Geral Ordinária (AGO).

Gabrielli defendeu Palocci, dizendo que o ex-ministro é uma "pessoa de alta competência". "A Procuradoria arquivou as denúncias e ele renunciou para não prejudicar o governo. Se ele decidir ficar ou não (no Conselho) é com ele", disse. Caso decidisse sair por conta própria, segundo Gabrielli, o lugar ficaria vago até nova assembleia geral ocorrer em abril de 2012, ou poderia ser preenchido por um outro nome indicado pelo atual presidente do Conselho, o ministro da Fazenda Guido Mantega. Ontem em Brasília, fontes afirmaram que é intenção de Palocci deixar o cargo.

Dilma só troca Luiz Sérgio após armistício no PT
A presidente Dilma Rousseff decidiu enfrentar o PT no Congresso e exigir que as bancadas parem de brigar antes de substituir o ministro das Relações Institucionais, Luiz Sérgio. Para Dilma, o partido que mais atrapalha a coordenação política é o próprio PT, hoje dividido em várias alas. A presidente sabe que os petistas estão por trás da insistência na demissão de Luiz Sérgio.

Numa conversa que teve nesta quarta-feira, 8, com o ministro das Relações Institucionais, Dilma o informou que a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, empossada nesta quarta no lugar de Antonio Palocci, não cuidará da coordenação política. A própria presidente fará os contatos com os partidos. Abandonado pelo PT, Luiz Sérgio reconheceu que não reunia mais apoio da bancada para se manter no cargo. Quando questionado sobre a crise da articulação política do governo, após reunião no Ministério da Fazenda nesta quarta, Luiz Sérgio foi enigmático: "Há dias de falar e há dias de calar".

Emparedados, e sem conseguir decifrar os próximos passos de Dilma, os petistas decidiram pedir ajuda ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com quem deverão reunir-se na próxima semana. Eles acham que Lula terá a capacidade de acabar com as brigas internas que não cessam desde que o deputado Marco Maia (RS) derrotou o líder do governo, Cândido Vaccarezza (SP), na disputa pela presidência da Câmara.

Câmara veta moção de repúdio contra Dilma por não receber iraniana
A Câmara derrubou nesta quarta-feira, 8, moção de repúdio à atitude da presidente Dilma Rousseff de não receber na próxima terça-feira a advogada iraniana de direitos humanos Shirin Ebadi, prêmio Nobel da Paz em 2003. Apresentada pelo PSDB, a moção foi rejeitada por 293 votos a 60.

“Não tem problema ideológico neste caso. É apenas um problema de agenda da presidente”, afirmou o líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP). “É inconcebível e injustificável a atitude da presidente Dilma Rousseff ao decidir não receber a senhora Shirin Ebadi. Não se trata de mais um dissidente, sujeito aos protocolos do ministério das Relações Exteriores”, argumentou o líder do PSDB, Duarte Nogueira (SP), autor da moção de repúdio.

Satiagraha foi legal, afirma procurador da República
O procurador da República Rodrigo de Grandis, acusador da Satiagraha, afirmou nesta quarta-feira, 8, que não houve ilegalidade na operação que levou o banqueiro Daniel Dantas à prisão, em 2008. “Sempre tive e tenho a convicção de que não havia ilegalidade alguma.” Provas obtidas no curso da Satiagraha foram anuladas pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), em sessão realizada nessa terça-feira, 7.

Por três votos a dois, os ministros da 5ª Turma da corte acolheram habeas corpus de Dantas e julgaram ilegal a participação de homens da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) na missão desencadeada pela Polícia Federal. “A legalidade da investigação ficou muito clara nos votos dissidentes, inclusive do ministro Dipp [Gilson Dipp], o maior especialista da magistratura brasileira em ações sobre crimes financeiros e lavagem de dinheiro”, anota o procurador. “A Segunda Câmara do Ministério Público Federal também se manifestou pela legalidade. Espero que [a decisão do STJ] seja revertida.”

O Ministério Público Federal poderá ingressar com recurso extraordinário no Supremo Tribunal Federal após a publicação do acórdão do STJ. “Sem prejuízo de eventual recurso ao STF vamos analisar qual é o real impacto da decisão do STJ em várias ações penais e investigações em trâmite”, disse o procurador. “Em casos de nulidade o que importa é verificar seu alcance.” A defesa de Dantas sustenta que a sentença do STJ sepulta toda a Satiagraha, desde a condenação do banqueiro a 10 anos de prisão por suposto crime de corrupção ativa, até o inquérito principal da Satiagraha, que atribui a ele crimes financeiros e evasão de divisas.

ANTT muda edital do trem-bala para definir tecnologia
A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) vai alterar o edital do trem-bala para permitir que a empresa que receberá a tecnologia do consórcio vencedor seja escolhida em comum acordo entre o governo e os empresários. "Já está definido. Fizemos uma reunião técnica e faremos essa alteração. O que muda é o fato de a escolha da empresa não mais ser de livre arbítrio do governo", afirmou Bernardo Figueiredo, diretor-geral da ANTT, em entrevista à Agência Estado.

O Trem de Alta Velocidade (TAV), o trem-bala, vai ligar São Paulo, Campinas e Rio de Janeiro. Segundo Figueiredo, essa alteração do edital só não foi publicada ainda no Diário Oficial da União porque a ANTT aguarda a análise das mudanças de outros itens, a exemplo da flexibilização do traçado. Em São Paulo, a proposta em análise é a retirada do texto final do edital da citação do Campo de Marte, na zona norte de São Paulo, como o local da estação na capital paulista. A prefeitura defende que seja na Barra Funda, na zona oeste, porque tem um projeto de revitalização para o local.

Essa e outras alterações, como a flexibilização do porcentual de conteúdo nacional no empreendimento, serão tema de uma reunião na ANTT na semana que vem, quando serão apresentadas as conclusões do grupo de trabalho responsável por essas questões. O grupo é constituído, entre outros, por representantes do Ministério da Ciência e da Tecnologia e do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Depois dessa reunião, as alterações serão publicadas no Diário Oficial.

FOLHA DE S.PAULO

Justiça reduz salário de senador da Paraíba
O senador Cícero de Lucena Filho (PSDB-PB), 53, teve o salário reduzido em cerca de R$ 18 mil por decisão da Justiça. O tucano recebia cerca de R$ 45 mil por mês, acumulando o salário de R$ 26.723 do Senado e uma pensão de R$ 18.371 concedida aos ex-governadores da Paraíba. Agora, de acordo com a decisão da Justiça Federal na Paraíba, o senador só receberá do Senado a diferença entre sua aposentadoria e o teto constitucional, que estabelece um pagamento máximo de R$ 26.723,13. Assim, o Senado passará a pagar por mês, ao tucano, R$ 8.351,69.

A decisão atendeu a um pedido de liminar do Ministério Público Federal, que abriu uma ação contra Lucena e outros três ex-governadores por acúmulo de aposentadorias com o salário de congressista. A assessoria do senador afirmou que os advogados do senador estão esperando a ação ser julgada para analisar se ele vai recorrer.

"Fichas-sujas" não poderão exercer cargos públicos
A Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul promulgou ontem uma emenda constitucional que impede a nomeação de "fichas-sujas" para cargos públicos comissionados do Estado. A norma segue os critérios da Lei da Ficha Limpa, que foi sancionada pelo governo federal no ano passado e prevê a inelegibilidade de quem foi condenado por decisão colegiada da Justiça ou que transitou em julgado (quando não há possibilidade de recurso). O projeto, de autoria do deputado Paulo Duarte (PT), previa a restrição apenas para cargos de primeiro e segundo escalões. A proposta aprovada recebeu emenda que ampliou a abrangência para todos os cargos de "livre nomeação".

Dilma demitiu Palocci no "momento certo", diz Lula
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu ontem a demissão do ex-ministro Antonio Palocci, que chefiou a Casa Civil nos primeiros cinco meses do governo Dilma Rousseff. Ele afirmou que Dilma agiu "no momento certo", deixando claro que a decisão de sair do governo não foi de Palocci. "É sempre triste tirar um companheiro. Eu tive que tirar companheiros, e é um sofrimento muito grande. Mas acho que a presidente tem autoridade e fez no momento certo", disse o petista.

A declaração contraria a versão oficial de que Palocci teria decidido abrir mão do cargo para proteger Dilma. O ex-ministro entregou carta de renúncia à presidente e disse ontem, no discurso de despedida, que saía para preservar o diálogo do governo com a sociedade. Sobre a escolha da nova ministra Gleisi Hoffmann, senadora novata do PT paranaense, Lula foi conciso: "Se a companheira Dilma escolheu, está certa."

Dilma levou 23 dias para demitir o aliado desde que a Folha revelou o aumento do seu patrimônio, multiplicado por 20 em quatro anos. Durante as mais de três semanas de agonia, Palocci se recusou a divulgar a lista de clientes que teria atendido como consultor. Lula quebrou o silêncio sobre o caso ontem à noite, antes de dar palestra remunerada a convidados da fabricante de embalagens Tetrapak, em São Paulo. Ele evitava declarações à imprensa, mas agiu intensamente nos bastidores e negociou com Dilma os termos da demissão de Palocci.

BC aumenta taxa de juros de novo para deter preços
Um dia após a queda do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, visto desde o primeiro mandato de Lula como uma espécie de avalista da política econômica do governo, o Banco Central deu continuidade à sua estratégia de combate à inflação. Elevou a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, para 12,25% ao ano.

A decisão foi tomada por unanimidade pela diretoria do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC, após dois dias de reuniões. E ficou exatamente dentro do previsto por analistas de mercado. Com a inflação ainda acima da meta oficial do governo, apesar dos primeiros sinais de desaceleração dos preços, esse foi o quarto aumento seguido da taxa básica de juros (Selic), referência para o custo do dinheiro a empresas e consumidores.

Em comunicado, o BC manteve a avaliação de que o ritmo de desaceleração da economia é incerto. Por isso, o aumento de juros "por um período suficientemente prolongado continua sendo a estratégia mais adequada" para combater a inflação. Agora, a expectativa é que haja pelo menos mais um aumento de 0,25 ponto percentual da taxa, na próxima reunião do Copom, em julho.

Ministro diz que saiu para “preservar diálogo”
Aplaudido de pé duas vezes, Antonio Palocci deixou o comando da Casa Civil afirmando que saiu para preservar o diálogo entre governo, base e oposição. "Se eu vim para ajudar a promover o diálogo, saio agora para ajudar a preservá-lo", discursou. Na fala de despedida, ele ressaltou que a Procuradoria-Geral da República confirmou" a legalidade das ações de sua empresa de consultoria, a Projeto. "Ocorre que o mundo jurídico não trabalha no mesmo diapasão que o político. Ficar no governo com a permanência do embate político não permitiria que eu continuasse as atividades", disse.

O petista tentou destacar que partiu dele a decisão de deixar o governo. "A vida é uma luta permanente e não costumo me abater pelas pedras no caminho", afirmou. Essa é a segunda vez que ele deixa um ministério em meio a uma crise -foi ministro da Fazenda na gestão Lula. O petista elogiou a presidente Dilma Rousseff e disse que continuará "leal" a ela. Em seguida, desejou sorte para a sua sucessora, Gleisi Hoffmann, que havia sido uma das primeiras petistas a pedir seu afastamento.

Dilma, que também discursou, lamentou a saída do "amigo", "parceiro de lutas" e "artífice da jornada vitoriosa que a elegeu". Com a voz embargada, afirmou estar "triste" com a mudança na equipe. Na despedida, desejou "boa sorte" a ele. A presidente aproveitou para criticar o comportamento da oposição, segundo ela "quase sempre ruidosa e nem sempre justa". E ainda emendou: "Jamais ficaremos paralisados diante de embates políticos".

Bancos estrangeiros lamentam saída de ex-ministro do cargo
A demissão de Antonio Palocci não passou em branco na avaliação de analistas do mercado financeiro. Em relatórios enviados ontem a clientes e comentários feitos à Folha, eles lamentaram a saída do ministro, tido como um "defensor" da austeridade fiscal do governo. "Ele sempre teve uma visão sobre política econômica equilibrada, favorecendo também a retomada de reformas estruturais", disse o diretor de mercados emergentes do Goldman Sachs, Paulo Leme, por e-mail.

David Becker, da Merrill Lynch, escreveu em nota que "a notícia é claramente negativa". Para ele, Palocci era "ator-chave em eventual deterioração macroeconômica" e os mercados não estão reagindo porque já vinham "digerindo a notícia. Também em relatório feito por seus economistas, o banco de investimento português Banif disse que Palocci é "insubstituível" nas políticas pró-mercado".

Estilo solitário de Dilma decidir deixa aliados no escuro
A demissão de Antonio Palocci revelou um estilo quase solitário da presidente Dilma Rousseff na hora de trocar um ministro de sua equipe. Além dela, apenas cinco pessoas participaram da operação que levou à primeira troca no primeiro escalão, deixando aliados no escuro. Segundo assessores, Dilma fez questão de restringir o número de pessoas para evitar vazamentos e pressões de última hora. Ela sabia que as maiores resistências viriam sobretudo de seu partido -e não estava disposta a recuar.

Na tarde de anteontem, quando tudo já estava definido, petistas e peemedebistas ainda reagiam com descrença sobre a possibilidade de a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) substituir Palocci. Nem o vice-presidente Michel Temer nem o ministro demissionário sabiam da operação. Temer só foi informado da escolha quase no início da noite de terça. Dilma escalou o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) e seu chefe de gabinete, Giles Azevedo, para sondarem a senadora.

Na segunda, aproveitando a presença no Planalto do ministro Paulo Bernardo (Comunicações), marido de Gleisi, os dois enviaram mensagem à senadora: ela deveria ficar de sobreaviso pois seria chamada a uma conversa. Horas depois, Gleisi estava com Carvalho e Azevedo. A senadora ouviu dos dois que Palocci deveria pedir demissão e que Dilma gostaria de conversar com ela. No dia seguinte, Gleisi foi chamada à tarde para uma conversa com a presidente. Dilma foi direta e a convidou para substituir Palocci.

Dilma amplia participação de Temer
A presidente Dilma Rousseff disse ao vice Michel Temer que passará a acioná-lo mais para participar de decisões do governo e da articulação política com o Congresso. Dilma acredita que precisa da ajuda de Temer para acalmar os ânimos da base aliada.

Troca na Casa Civil abre disputa por cargos
A troca de comando na Casa Civil abriu uma disputa entre alas do PT pelo poder no Planalto e intensificou cobranças do principal partido aliado da presidente Dilma Rousseff, o PMDB. Com a substituição de Antonio Palocci por Gleisi Hoffmann em uma Casa Civil menos política e mais gestora, como quer Dilma, grupos do PT passaram a fazer forte pressão pela troca do petista Luiz Sérgio (Relações Institucionais), que pode ser substituído nos próximos dias.

Embora a função da pasta das Relações Institucionais seja fazer a articulação com o Legislativo, era Palocci o principal interlocutor do governo com parlamentares. Entre as principais forças que disputam o comando da articulação política estão o grupo que apoiou a eleição do presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), e o do líder do governo na Casa, Cândido Vaccarezza (PT-SP).

Há dois nomes fortes para a pasta. O do deputado Pepe Vargas (PT-RS), que tem boa relação com Dilma, e o da ministra Ideli Salvati (Pesca), que tem a simpatia do ex-presidente Lula, mas não o apoio da bancada do PT.

Ex-ministro deve sair de conselho
Antonio Palocci tem mandato de um ano como membro do Conselho de Administração da Petrobras e não perde o cargo com a demissão da Casa Civil. Ele não oficializou ainda a sua saída do conselho, mas deve pedir afastamento ao ministro Guido Mantega (Fazenda), que preside o órgão.

Gleisi faz afagos na oposição e diz a Aécio que precisará de sua ajuda
Ao assumir a Casa Civil e se despedir do Senado, a ministra Gleisi Hoffmann indicou que não deixará de lado a atuação política, apesar de ter recebido a incumbência da presidente Dilma de cuidar da gestão do governo.

A nova ministra fez afagos no PT e no PMDB, principal aliado do governo no Congresso, e também na oposição - a quem prometeu uma "convivência respeitosa". Gleisi afirmou que sua escolha "manifesta o apreço [de Dilma pelo] Congresso". Citando o exemplo da petista -que era um quadro técnico e acabou se tornando presidente- disse acreditar que "a política dá sentido à técnica e esta qualifica a política".

Em uma sinalização de diálogo com a oposição, Gleisi afirmou que "viver exposta a pontos de vista contraditórios" é uma "condição" da vida política. "Todos foram adversários duros no debate, mas prevaleceu sempre a convivência democrática." Antes de subir à tribuna do Senado para seu discurso de despedida, Gleisi fez um apelo ao senador: "Vou precisar de ajuda aqui no Congresso". O tucano sorriu, fez elogios a sua competência e prometeu diálogo.

Ministra pagou advogado com verba do gabinete
Nos pouco mais de quatro meses em que atuou como senadora, Gleisi Hoffmann (PT-PR) destinou parte de sua verba de custeio de mandato para o escritório que a representa eleitoralmente e que prestou serviços de advocacia nas suas campanhas ao Senado, em 2010, e à Prefeitura de Curitiba, em 2008. Os R$ 15 mil pagos ao Escritório Guilherme Gonçalves & Advogados Associados - R$ 7,5 mil em março e R$ 7,5 mil em abril- se deram na rubrica que cobre "contratação de consultorias, assessorias, pesquisas, trabalhos técnicos e outros serviços de apoio ao exercício do mandato parlamentar".

O valor representa nesses dois meses a metade do que cada senador têm direito na chamada "verba indenizatória", que repõe gastos com aluguel de escritório nos Estados, alimentação, hospedagem e contratação de trabalhos técnicos. A atuação eleitoral do escritório para a petista se dá no Paraná e em Brasília.

No site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a banca figura como representante de Gleisi nos seis recursos em tramitação, relativos às duas eleições. Tanto o gabinete de Gleisi quanto o advogado Guilherme de Salles Gonçalves, sócio-majoritário do escritório, negam que a contratação da consultoria tenha se dado em decorrência dos serviços eleitorais prestados. Eles afirmam que o escritório auxiliou Gleisi exclusivamente na área legislativa, em preparação e discussão de projetos que ela apresentou ou estudava apresentar no Senado, como a limitação de gastos do funcionalismo público e a discussão sobre a reforma política.

Petista resistia a disputar eleições por causa de um "tique" em um dos olhos
A nova ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, resistiu a disputar eleições até 2006 por um motivo peculiar: um tique num dos olhos, que piscava constante e involuntariamente. Era uma desculpa, segundo contam amigos e aliados, para se esquivar do assédio dos correligionários.

Filiada ao PT do Paraná desde 1989, ela tem uma "determinação fora do normal", mas é de "trato fácil" e dificilmente se exasperava com subordinados, conforme ex-colegas da usina de Itaipu, onde trabalhou entre 2003 e 2006 como diretora-executiva de Finanças. Sua gestão foi marcada não só pelo saneamento das contas, como também por ações voltadas às mulheres.

Ela permitia, por exemplo, que as funcionárias tirassem folga para participar de eventos especiais dos filhos ou para acompanhá-los em consultas médicas. O convívio com os filhos é uma prioridade para a ministra.

Procuradoria quer salvar investigações feitas pela PF
O Ministério Público Federal vai iniciar uma batalha jurídica para reverter ou no mínimo limitar os efeitos das decisões do Superior Tribunal de Justiça que anularam provas das operações Satiagraha e Castelo de Areia da Polícia Federal. Complexos e extensos, esses casos geraram vários inquéritos e processos judiciais. A meta da Procuradoria é salvar pelo menos parte desses procedimentos. De outro lado, as defesas dos réus vão à Justiça para pedir que as decisões do tribunal possam ser usadas para anular por completo todas as ações relativas aos casos.

Esse cabo de guerra jurídico vai se dar, principalmente, em torno da tese conhecida como "teoria da contaminação dos frutos da árvore envenenada". Segundo ela, a ilegalidade de uma prova "contamina" e torna nula as apurações resultantes dela. Na Satiagraha, que investigou supostos crimes financeiros do banqueiro Daniel Dantas, do grupo Opportunity, o STJ considerou ilegal a participação de agentes da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) nas apurações.

Dantas e os outros acusados nas investigações negam ter cometido os crimes. Esse entendimento levou a corte a declarar a nulidade do processo em que Dantas foi condenado sob a acusação de corrupção, cujas investigações teriam contado com servidores da Abin. O procurador da República Rodrigo de Grandis, responsável pelo caso em primeira instância, diz que não houve ilegalidade na participação dos agentes da Abin, pois eles trabalharam sob coordenação da PF e em atividades secundárias.

Folha tenta obter na Justiça acesso a dados sobre publicidade estatal
A Folha ajuizou no STJ (Superior Tribunal de Justiça) uma ação contra a Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência da República) para obter informações detalhadas sobre a publicidade estatal federal. O jornal requereu em março uma relação de todas as empresas de mídia que veicularam propaganda estatal nos últimos dez anos, período para o qual há estatísticas confiáveis a respeito. Foram pedidos os nomes dos veículos e quanto cada um recebeu de verba publicitária.

A Secom, por meio da ministra Helena Chagas, atendeu parcialmente ao pedido da Folha. Forneceu dados globais, mas não quem de fato recebeu dinheiro para veicular publicidade estatal. O governo diz que revelar os dados prejudicaria negociações de preços com veículos de comunicação.

Fonte: Congressoemfoco

CCJ do Senado proíbe “prefeito itinerante”

Edson Sardinha

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou hoje (8) apenas uma das quatro propostas relacionadas à reforma política incluídas na pauta, sugeridas pela comissão especial criada para tratar do assunto. Os senadores acolheram o projeto que impede prefeitos e vice-prefeitos de transferir o domicílio eleitoral enquanto estiverem no exercício do mandato, uma iniciativa para coibir os “prefeitos itinerantes”.

Mais polêmicas, as outras três propostas – a que acaba com a reeleição, a que extingue as coligações partidárias nas eleições proporcionais e a que amplia para cinco anos o mandato para os cargos do Executivo – tiveram sua votação adiada. Essas proposições só devem ser votadas na próxima quarta-feira.

O relator do PLS 265/2011, José Pimentel (PT-CE), disse que a proibição de transferência eleitoral para prefeitos tem como objetivo impedir a burla à legislação, que proíbe a recondução ao cargo por mais de duas vezes. Alguns prefeitos mudam o domicílio eleitoral no último ano de mandato para buscar a eleição em outro município. Pimentel afirmou que a mudança é necessária para inibir a perpetuação no poder de clãs políticos. A proposta foi aprovada em caráter terminativo e seguirá diretamente para a Câmara.
Fonte: Tribuna da Imprensa

Quem manda é ela mesmo

Carlos Chagas

Dos 190.732.694 brasileiros registrados no último censo nacional, apenas quatro não se surpreenderam quando Dilma Rousseff mandou anunciar o nome de Gleisi Hofmann para a chefia da Casa Civil: a presidente, que fez a escolha e o convite, a senadora, que aceitou, o marido dela, ministro Paulo Bernardo, e o ex-presidente Lula. Para o resto da população, foi uma surpresa. Os ministros do governo, inclusive os palacianos, os líderes parlamentares, os meios de comunicação e a torcida do Flamengo nem desconfiavam. O próprio vice-presidente Michel Temer soube por um telefonema de Dilma, menos de uma hora antes do anúncio. Quem disser que sabia, fora dos referidos acima, pode ser preso como mentiroso. Mesmo os montes de deputados e senadores que manifestaram naturalidade candidatam-se a uma vaga no sanatório, porque só não caíram estatelados por já estarem sentados.

Ficou caracterizado o estilo da presidente e evidenciada uma realidade da qual muita gente já duvidava: quem manda é ela mesmo. Deu a volta por cima nas suposições de que governava em condomínio com o Lula, com Antônio Palocci e outros.

Agora, saber se a surpreendente nomeação vai dar certo é outra história. A senadora declarou que suas funções serão técnicas, de coordenar a administração. A política ficará com o ministro respectivo, ao que parece outro que não o atual, Luis Sérgio.

A crise que envolveu Antônio Palocci poderia ter sido decidida logo que eclodiu, com o seu afastamento imediato. Dilma demorou, dando tempo ao então chefe da Casa Civil para recuperar-se. Como não conseguiu, recebeu a última sugestão, de vir a público em entrevistas onde não deveria esconder nada. Escondeu. Por isso ficou pendurado no pincel, sem escada, ainda que lhe fosse dada a chance de pedir demissão, por carta.

Tanto o PT quanto o PMDB e demais partidos da base oficial andam de crista baixa. Terá arrefecido, neles, o furor para enquadrar e submeter a presidente a seus interesses. Nenhum partido foi consultado para a nomeação de Gleisi Hoffmann, muito menos os companheiros.

ALERTA PARA TODOS

Acendeu a luz amarela nos semáforos da Esplanada dos Ministérios. Se o mais poderoso dos ministros não foi poupado quando meras suspeitas pesaram sobre o aumento de seu patrimônio, melhor para os demais que se cuidem. Atividades privadas, mesmo anteriores às respectivas nomeações, começam a passar pelo crivo dos meios de comunicação. Pior ficará se algum ministro for flagrado em atividades pouco claras praticadas depois que virou ministro. Tem gente botando cartões corporativos no fundo da gaveta.

Outros decidiram não receber a sós lobistas, empresários e até parlamentares. Chamam auxiliares para testemunhar quaisquer conversas e não marcam encontros em restaurantes de luxo. Muito menos frequentam as belas mansões sustentadas por empresas que tem contratos com o governo. Todo cuidado é pouco, a partir de agora. �

VAI DAR PREJUÍZO

Informou o já ex-ministro Antônio Palocci que se dedicará a dois objetivos: emagrecer e cuidar dos negócios de sua empresa de consultoria. Parece mais fácil perder alguns quilos, se mantiver a boca fechada, porque os clientes, agora, vão minguar. Quem se interessará pelos conselhos de alguém catapultado do governo? Grandes empreiteiras, bancos monumentais e sucedâneos não terão mais motivo para gastar milhões com uma empresa cujo proprietário acaba de perder a chave do cofre.

DECISÃO INUSITADA

Tome-se uma situação corriqueira: a polícia chega bem na hora em que o ladrão assalta uma casa, precisando os policiais arrombar a janela para entrar e prender o bandido. Levado para a delegacia, seu advogado alega a impossibilidade da prisão porque os policiais, afinal, violaram a lei ao depredar propriedade particular.

Pois é. Com todo o respeito, não dá para entender como o Supremo Tribunal Federal anulou toda a “Operação Satiagraha”, destinada a prender ladrões de colarinho branco flagrados em olímpicos ilícitos, só porque agentes da Abin juntaram-se à Polícia Federal durante as investigações.

Trata-se de um caso típico de inversão de valores, favorecendo bandidos que agora festejam a impossibilidade de responder por seus crimes.

Fonte: Tribuna da Imprensa

O lobo da Alsácia

Sebastião Nery

O major Sanches Osório, da Comissão Coordenadora do Movimento das Forças Armadas (MFA) e ministro da Comunicação Social do Governo Provisório do general Spinola, em 1974, em Portugal, conta em seu livro “O Equivoco do 25 de Abril” que foi ao gabinete militar da Presidência, onde estavam os generais Galvão de Melo, Silvério Marques, Diogo Neto, Pereira de Melo, vários coronéis, tenentes-coronéis e majores.

Convocaram o primeiro-ministro coronel Vasco Gonçalves, que entrou no gabinete e estendeu a mão ao general Galvão de Melo:

- Como está, meu general?

O general ficou imóvel.

- O meu general não me aperta a mão?

- Não, eu não falo a filhos da puta.

- O meu general é um estupor.

O general Diogo Neto interpôs-se entre os dois e disse a Gonçalves:

- Tu és uma vergonha, meu comunista ordinário, que queres levar o país para uma guerra civil. Se abres a boca, parto-te a cara.

25 DE ABRIL

O ministro Sanches Osório disse ao primeiro ministro:

- O governo incitou os partidos, o que é desonesto.

- Isto é uma calúnia. O senhor está a insultar-me.

- Não estou. São os fatos tais como se passaram.

O general Diogo Neto virou-se para o primeiro-ministro:

- És um merda.

O general Silvério Marques acrescentou: – Olha-me de frente. Tenho quatro estrelas, mas só duas são da Revolução. Deixo-as aqui, atiro-as à tua cara. Tu vais dar ordem ao teu partido, ao PC, para acabar com a rebelião.

Chegou o Presidente, general Spínola, que ainda viu parte da cena. Era no Palácio de Belém, em 27 de setembro de 1974.

Portugal estava vivendo a metáfora do cão da Alsácia. O menino tinha um cão. Um lindo lobo da Alsácia. A mãe não gostava do cão. O pai gostava. O pai estava em casa, o cão ficava solto, alegre, guardando o jardim. E o menino feliz. O pai viajava, a mãe prendia o cão. O cão ficava amarrado, triste, dormindo no seu canto. O menino, infeliz. Quando o pai voltava, soltava o cão. O cão saia desesperado de seu canto, corria para o jardim e comia todos os cravos dos canteiros. De raiva.

MARIO SOARES

O menino e o cão desta história eram portugueses. Os cravos desta história eram portugueses. Esta era uma história portuguesa. Eu a ouvi de amigos em Lisboa, numa noite de amargas lembranças anti-fascistas. E nunca mais consegui pensar em Portugal sem lembrar o lobo da Alsácia.

Portugal passou cinquenta anos preso, amarrado, triste, dormindo no seu canto. Infeliz. De repente, soltaram-no. Saiu desesperado para o jardim da liberdade. O perigo é que passasse a comer os canteiros dos cravos vermelhos. De ódio. Foram três gerações espezinhadas, mutiladas. O 25 de Abril de 1974 foi a revolução francesa deles, com 200 anos de atraso, em nome da liberdade, da igualdade, da fraternidade. Foi um Maio de 68 que deu certo. Jovem, explosivo, incontido, anárquico. Quase desesperado.

Portugal foi salvo, literalmente, pela Constituinte de 75. O Partido Socialista Português, do rotundo estadista Mario Soares, ganhou brilhantemente as eleições, construiu um governo democrático de respeitabilidade internacional e deu a paz a Portugal.

POMBAL

Da janela do hotel Fênix em Lisboa, eu via o Marques de Pombal, elegante e orgulhoso, a cabeleira encaracolada,o olhar aberto,soberbamente de pé no meio da praça, contemplando em pedra a cidade-monumento que ressuscitou da poeira do terremoto. No fim, perdeu a guerra contra os jesuítas.Portugal tinha continuado um país de jesuítas. O país das palavras, das fórmulas,tocando nas fórmulas e nas palavras para não tocar nas coisas.

Você ia a Trás-os-Montes e encontrava aldeias medievais. Entraram séculos, saíram séculos, e Portugal pouco avançara do sistema feudal. Descobriu mundos, pulou oceanos e inventou um jesuitismo só dele, que muito explica o antes e o depois do 25 de Abril: o capitalismo escritural.

BANQUEIROS

Era tudo papel, letra, número. Tudo escrituração. Fábricas feitas sem um tostão. Na escrita. Negócios de bilhões feitos sem um tostão. Na escrita. Setenta por cento da economia nacional eram controlados por sete grupos. Na escrita. Daí terem também descoberto, eles, os banqueiros jesuítas, o que nem Hitler, nem Mussolini jamais sonharam: o fascismo do crédito.

Se o crédito nascia, vivia e morria na escrita, o crédito era só deles. Como capitalismo é dinheiro, e portanto crédito, o satânico silogismo estava amarrado: deles eram a economia, o governo, o Estado, o país.

Nós, netos de Portugal, como eu, fiquemos tranquilos. Portugal vai sair dessa crise, como saiu em 1975. E com a mesma arma: a democracia.

Fonte: Tribuna da Imprensa

Investigação contra Palocci prossegue, conduzida pelo procurador Paulo José Rocha Júnior, um nome a ser lembrado como exemplo de lisura e competência.

Carlos Newton

Agora, com Palocci definitivamente fora do governo, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, anuncia que vai enviar à seção da Procuradoria da República no Distrito Federal as informações prestadas pelo ex-ministro Antonio Palocci. Como se sabe, independentemente da decisão que ia ser tomada por Gurgel, muito antes a seção do DF já havia aberto um inquérito contra o então chefe da Casa Civil, por improbidade administrativa.

Gurgel ficou mal no episódio e tenta se limpar, dizendo que “é da tradição do Ministério Público, infelizmente, que as suas manifestações nem sempre agradem. Ora agrada uns e desagrada outros; ora desagrada outros e agrada uns. É exatamente o que aconteceu”. E acrescentou: “O Ministério Público não pode se pautar para causar simpatia, mas pelo que ele entende que é o exercício exato e correto da sua atribuição”.

No caso de Palocci, Gurgel ressalvou que ao procurador-geral da República cabia examinar matéria tão-somente criminal. “E foi o que eu fiz. Destaquei que há um inquérito civil público instaurado exatamente para apurar eventual ato de improbidade administrativa” – afirmou.

Assim, para inocentar Palocci na esfera criminal, o procurador-geral alegou que não havia na lista de “clientes” nenhum que caracterizasse aquela hipótese em que a atividade do parlamentar é vedada. “A Constituição prevê que quem está no exercício do mandato parlamentar não pode ter contratos com o poder público”, justificou, como se isso constituisse crime (mas não constitui).

E quer dizer que o ilustre jurista somente se preocupou com a parte criminal (uma desculpa realmente bisonha), porque a seção do DF da Procuradoria-Geral da República já havia iniciado um inquérito contra Palocci por improbidade? Foi isso?

Ora, o que o procurador Paulo José Rocha Júnior fez, ao abrir a investigação por conta própria, foi um ato de rebeldia funcional. Sabia que existiam os requerimentos dos partidos de oposição, já encaminhados ao procurador-geral Gurgel, que é seu superior, mas se adiantou e abriu o processo, com base apenas no noticiário da imprensa e nas próprias explicações oficiais da Casa Civil.

O procurador Paulo José Rocha Júnior cumpriu o seu dever, não se curvou aos interesses do governo nem do procurador-geral. Buscou diretamente a verdade, sem intermediários nem escalas. Deu à nação um exemplo de independência e lisura que nos conforta, nessa fase de inegável decadência política.

Enquanto Roberto Gurgel jazia sentado sobre os requerimentos da oposição, redigindo as 37 laudas mais inúteis de sua carreira, Rocha Júnior já havia até intimado a empresa de Palocci (Consultoria Projeto) e a Receita Federal a entregarem até o próximo dia 16 as respostas aos ofícios da investigação acerca do enriquecimento do ministro, perdão, ex-ministro.

Rocha Júnior cobrou da Projeto os seguintes documentos: escrituração contábil, contratos de prestação de serviços e possíveis aditivos, e comprovantes da prestação de serviços feitos, incluindo cópias de pareceres, atas das reuniões e atestados de recebimento.

Da Receita, a Procuradoria cobrou cópias da declaração de Imposto de Renda da consultoria Projeto desde sua criação, em 2006. (Segundo a Receita, o pedido será “respondido na forma da lei”, sem esclarecer se entregará ou não os documentos requisitados, ora vejam só).

Agora, Gurgel se esconde atrás da competência e da honradez de Rocha Júnior, para alegar que pode até enviar à Procuradoria no DF os documentos que recebeu de Palocci, inclusive a lista de clientes. “Eles (os procuradores) já tinham feito uma solicitação dos mesmos documentos. Se não houver duplicidade, vou enviar sim” – disse Gurgel, acrescentando que as informações não serão disponibilizadas a mais ninguém, pois são dados sigilosos. E adianta que, entre os clientes, não havia nenhum relacionado ao poder público.

Para Gurgel, foram “extremamente injustas” as críticas à decisão de arquivar a representação criminal contra Palocci por falta de provas. “O procurador-geral da República se manifesta de acordo com sua convicção. Foi o que eu fiz no caso, apesar dos julgamentos feitos pela imprensa. Fiz isso com a mesma firmeza contra o ministro Palocci no caso do caseiro” – declarou, dizendo que já está acostumado com esse tipo de reação.

Firmeza? Houve tanta firmeza na investigação do caso Francenildo? Na verdade, houve tão pouca firmeza que Palocci escapou incólume. Só agora, seis anos depois, é que a Caixa Econômica Federal comunicou que a ordem para quebrar o sigilo do caseiro partiu do próprio ministro da Fazenda e não de seu assessor Marcelo Netto. Se tivesse havido firmeza naquela época, a Caixa não teria sonegado a informação decisiva, Palocci seria condenado e estaria hoje fora da política, sem condições de prestar tão generosas consultorias. E o caseiro já teria sido indenizado pelo mal que Palocci e sua quadrilha fizeram a ele, covarde e impiedosamente.

Fonte: Tribuna da Imprensa

Itália recorrerá à Haia contra liberdade para Battisti

Para a ministra da Juventude da Itália, Giorgia Meloni, a negativa de extradição é a "enésima humilhação" às vítimas do terrorismo

09/06/2011 | 08:03 | Agência Estado

O governo da Itália anunciou, na madrugada desta quinta-feira, que entrará com recurso na Corte de Justiça de Haia, na Holanda, para tentar reverter a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que ontem determinou a imediata soltura do ex-ativista italiano Cesare Battisti, negando sua extradição. Battisti deixou o presídio da Papuda, em Brasília, no início da madrugada. O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, expressou "desgosto" diante do veredicto.

Para a ministra da Juventude da Itália, Giorgia Meloni, a negativa de extradição é a "enésima humilhação" às vítimas do terrorismo. Por 6 votos a 3, o STF considerou que a decisão do então presidente Lula de negar a extradição de Battisti ao governo italiano foi um ato soberano e não podia sequer ser analisado pelo tribunal - que havia autorizado, antes, a extradição. O ex-ativista esteve preso no Brasil desde março de 2007 a pedido da Itália, cuja Justiça o condenou à prisão perpétua por quatro homicídios. O governo italiano contestava no STF a decisão do ex-presidente.
Fonte: Gazeta do Povo

Fotos do dia

A ex-BBB Tati Rio foi vista em uma boate trocando carinhos com o ator Claudio Heinrich A loira faz ensaio para o Bella da Semana Theatro Municipal reabre suas portas amanhã após três anos de reforma
Terreno onde será construído o Fielzão fica totalmente encharcado por causa das chuvas Flanelinha atua em rua próxima ao bolsão de estacionamento do Mercado Municipal Sem energia, moradora da zona sul mostra remédios que devem ser refrigerados

Leia Notícias do seu time

vencer

    • Corinthians
    • São Paulo
    • Palmeiras
    • Santos
    • Portuguesa
    • Guarani
    • Ponte preta
    • São Caetano
    • Santo André
    • Prudente

Mãe reclama de aula vaga e diretora diz que escola não é particular

Léo Arcoverde
do Agora

A diretora da Escola Estadual MMDC, na Mooca (zona leste), disse à mãe de uma aluna, que reclamava da falta de professores, para ela "procurar outra escola". "A senhora quer que escola pública funcione como escola particular e não é assim", afirmou, ainda, a diretora.

A afirmação foi feita durante reunião com a mãe de uma aluna do primeiro ano do ensino médio, que pediu transferência do colégio no mês passado. A conversa com a diretora, ocorrida no dia 13 de abril, foi gravada pela vendedora Josefa Rosélia Melo, 50 anos, por meio de um telefone celular.

O Agora mostrou, no último dia 4 de abril, que a escola tinha aula vaga todos os dias. A reportagem retornou ao local ontem à tarde. Segundo relatos de alunos e de mães de estudantes, o problema de falta de professores continua o mesmo.

Leia esta reportagem completa na edição impressa do Agora nesta quinta

Prazo para pedir pensão ao INSS poderá subir

Débora Melo
do Agora

A CAS (Comissão de Assuntos Sociais) do Senado aprovou um projeto de lei que amplia de 30 para 90 dias o prazo que a família de um segurado do INSS que morreu tem para fazer o pedido de pensão e garantir o pagamento do benefício desde a data da morte.

Hoje, se a família faz a solicitação da pensão em um prazo maior que 30 dias, o pagamento do benefício começa a contar da data do pedido, ou seja, não retroage à data da morte do segurado.

De acordo com informações da Agência Senado, o autor do projeto, senador Paulo Paim (PT-RS), diz que o objetivo da mudança é "corrigir uma injustiça". Segundo ele, muitas vezes a família do segurado deixa de pedir a pensão por morte dentro dos 30 dias porque ainda está de luto e não conseguiu voltar à rotina.

Leia esta reportagem completa na edição impressa do Agora nesta quinta

INSS quer adiar pagamento de revisão

Luciana Lazarini e Paula Cabrera
do Agora

O INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) pediu que a Justiça dê mais prazo para começar a pagar a revisão pelo teto nos postos. O pedido foi feito no recurso apresentado na segunda-feira contra a decisão da Justiça de São Paulo, que obriga o pagamento da revisão pelo teto nos postos do INSS a partir de agosto.

Segundo o presidente do INSS, Mauro Hauschild, o governo não recorreu do direito à revisão, que foi reconhecido pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em 2010. "Recorremos do prazo e da forma que o juiz propõe o pagamento.

No entanto, o ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves, disse, em maio, que o instituto pretendia providenciar o pagamento até agosto, quando vencia o prazo da decisão, em vez de recorrer.

Leia esta reportagem completa na edição impressa do Agora nesta quinta

quarta-feira, junho 08, 2011

Supremo mantém decisão de Lula e liberta Cesare Battisti

Extradição do ex-ativista tinha sido negada pelo ex-presidente Lula.
Preso há cerca de 4 anos, italiano deve ser libertado nesta quinta (9).

Debora Santos Do G1, em Brasília


O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quarta-feira (8) manter a determinação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que no dia 31 de dezembro do ano passado, negou o pedido de extradição do ex-ativista de esquerda Cesare Battisti. Preso no Brasil desde 2007, o italiano deve ser libertado ainda nesta quinta-feira (9).

Depois da decisão de Lula, Battisti poderia ter sido solto, mas a República da Itália voltou ao STF e o caso – que já havia sido arquivado – foi reaberto, em janeiro deste ano. Acusado de quatro assassinatos, ocorridos na Itália, durante a luta armada na década de 70, Battisti foi condenado à prisão perpétua em seu país de origem.

Em um voto de cerca de duas horas, marcado por bate-bocas e provocações, o relator do caso, ministro Gilmar Mendes, defendeu a anulação do ato do ex- presidente e negou o pedido de liberdade feito pela defesa de Battisti. Mas, por 6 votos a 3, a maioria determinou que o ex-ativista seja solto.

Acompanharam o voto do relator o presidente do STF, Cezar Peluso, e a ministra Ellen Gracie. Ela falou sobre o sentimento de impunidade que a decisão do ex-presidente poderia gerar na sociedade italiana.

Ex- integrante do grupo Proletários Armados para o Comunismo (PAC), Battisti foi acusado de quatro assassinatos, ocorridos na Itália, durante a luta armada na década de 70, e condenado à prisão perpétua em seu país de origem. Ele sempre negou ter sido o autor do crime.

“O não cumprimento da pena conduz a um sentimento de impunidade que o estado italiano não pretende tolerar”, afirmou a ministra.

A defesa do italiano espera que o alvará de soltura seja expedido nesta quinta-feira (9). Após a liberação os advogados de Battisti ainda terão de resolver questões formais sobre a permanência do ex-ativista no Brasil. Preso há mais de 4 anos, Battisti está sem passaporte ou visto de autorização para permanecer no país.

Em março do ano passado, o italiano foi condenado pela Justiça Federal do Rio de Janeiro pelo uso de passaporte falso. O documento teria sido usado por ele para entrar no Brasil, em 2004. A pena é de 2 anos em regime aberto foi em prestação de serviços à comunidade e multa de dez salários mínimos.

Rejeição
Os ministros rejeitaram, sem analisar o mérito, ação do governo da Itália contra a decisão do ex-presidente. Por 6 votos a 3, o plenário entendeu que o ato do ex-presidente Lula é um ato de política internacional e não cabe ao governo de outro estado contestá-lo.

A impossibilidade de a Itália contestar uma decisão do presidente brasileiro, foi levantada pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel. No início do julgamento, Gurgel argumentou que o governo da Itália não teria legitimidade para questionar uma decisão do governo brasileiro.

“O processo de extradição é um ato de soberania do estado brasileiro. O tramite do processo é questão interna corporis da República Federativa do Brasil. Falta à República italiana legitimidade para impugnar ou exercer o controle de do ato do presidente que negou a extradição de Cesare Battisti”, afirmou Gurgel.

Julgamento
Ao defender a liberdade do ex-ativista, a defesa citou ainda o fato de o Brasil ter anistiado os acusados por crimes políticos durante a ditadura militar (1964-1985).

“Estou invocando o argumento moral da anistia. Demos anistia a agentes do estado, a homens que torturaram meninas e meninos de 18 anos com choques nas vaginas, no pênis e no ânus, antes de os jogarem de aviões. Se nós demos a anistia a todos, é não só moralmente legítimo, como moralmente desejável, que o presidente da República do Brasil não venha punir no Brasil pessoas que aqui estão por fatos que nós tomamos a decisão política de não punir”, afirmou o advogado.

Barroso afirmou ainda que extraditar Battisti seria uma “vingança histórica”. “Volto a esta tribuna para tentar impedir a consumação de uma vingança histórica tardia, injusta que significaria enviar para a prisão um homem de cerca de 60 anos para morrer no cárcere”, disse a defesa do ex-ativista.

Em defesa dos interesses do governo italiano, o advogado Nabor Bulhões atacou a decsião de Lula e disse que o ex-presidente foi “induzido” a erro.

“Atos da autoridades estão sujeitos ao controle jurisdicional. O Supremo Tribunal Federal estabeleceu os limites em acórdão claramente definidor da atuação da autoridade do executivo e, não obstante, a isso a decisão que se produz é inexistente porque não se conforma com o que está no tratado [de extradição firmado entre Brasil e Itália]”, afirmou o advogado.

LINCHADORES DE BATTISTI GOLEADOS: 6x3. UM AINDA ESPERNEIA

Depois que o Supremo Tribunal Federal decidiu, por 6x3, não levar em conta a reclamação da Itália contra a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se negou a extraditar Cesare Battisti, o relator Gilmar Mendes impôs a todos o penoso dever de ouvirem seu longo e tedioso voto, colcha de retalhos de tecnicalices e falácias, colocando em questão exatamente aquilo que já foi votado.

Depois de encerrada sua inútil peroração -- não conseguirá vencer seus colegas pelo cansaço nem os vai iludir com seus contorcionismos jurídicos --, o plenário do STF resolverá a única questão ainda pendente: quando e como será libertado o escritor.

As figurinhas carimbadas Cezar Peluso e Gilmar Mendes só conseguiram atrair Ellen Gracie para sua posição inquisitorial.

A postura legalista é assumida por Carlos Ayres Britto, Cármen Lúcia, Joaquim Barbosa, Luiz Fux, Marco Aurélio Mello e Ricardo Lewandowski.
Fonte: Náufrago da Utopia

Maioria do Supremo valida decisão de Lula e manda soltar Battisti

FELIPE SELIGMAN
NÁDIA GUERLENDA CABRAL
DE BRASÍLIA

A maioria do STF (Supremo Tribunal Federal) validou nesta quarta-feira (8) a decisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de negar a extradição do italiano Cesare Battisti e determinou que ele seja solto.

Com o resultado, Battisti ficará no Brasil e caberá ao Ministério da Justiça regularizar sua situação.

Assista ao julgamento do STF ao vivo
Entenda o caso envolvendo Battisti
Análise: Seja qual for, decisão sobre Battisti vai desagradar

Dos 9 ministros que participam do julgamento do italiano, 5 entenderam que não caberia ao Supremo analisar o ato do presidente da República, já que ele tinha a palavra final sobre o caso. Eles disseram que a decisão de Lula é "soberana".

Apenas o relator do caso, Gilmar Mendes, defendeu a anulação da decisão do ex-presidente, negando a libertação de Battisti.

O Supremo há havia decidido, por 6 votos a 3 "não conhecer" da reclamação feita pelo governo da Itália ao Supremo. O ministro Luiz Fux, por exemplo, chegou a dizer que a Itália deveria questionar isso em tribunais internacionais, e não no Supremo.

"A República Italiana litigou contra a República Federativa do Brasil. Isso não é de competência do Supremo Tribunal Federal. Isso é de competência do Tribunal Internacional de Haia.

Foi a quinta vez que o caso de Cesare Battisti é debatido pelo plenário do Supremo. O italiano fez parte do PAC (Proletários Armados pelo Comunismo), grupo terrorista de extrema esquerda que atuou na Itália dos anos 70, os "anos de chumbo". E foi condenado pela Justiça de seu país a prisão perpetua por participação em quatro assassinatos orquestrados pelo grupo em que atuava.

Ele sempre negou a autoria dos crimes e disse que sofreu perseguição política. Seu argumento chegou a convencer o então ministro da Justiça brasileiro Tarso Genro, que concedeu a ele, no final de 2008, o status de refugiado político. Na ocasião, Tarso argumentou que existia "fundado temor de perseguição política" caso Battisti fosse enviado à Itália.

Esse ato, porém, foi considerado ilegal pelo Supremo, que em 2009 autorizou sua extradição, deixando a última palavra para o presidente da República. Dias depois, o tribunal afirmou que Lula deveria seguir o que diz o Tratado de Extradição entre Brasil e Itália.

Durante a sessão, os ministros protagonizaram momentos tensos durante o julgamento e clima chegou a esquentar, quando Marco Aurélio Mello tentou argumentar que a questão já estava encerrada.

"Vossa Excelência não é censor de colega", disse Mendes a Marco Aurélio.

Joaquim Barbosa também argumentou que a questão já havia sido resolvida e levantou a voz: "Chega. Chega!"

VOTOS

Além de Barbosa e Marco Aurélio, os colegas Luiz Fux, Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski, e Carlos Ayres Britto votaram pelo não conhecimento da reclamação.
De acordo com eles, a decisão de Lula de manter Battisti no Brasil não deve ser questionada pelo Judiciário. Marco Aurélio, em seu voto, afirmou que outro entendimento poderia causar uma "crise institucional".

"Tem-se bem claro que o STF analisa a legitimidade do pedido da extradição, observadas as regras dos tratados e as leis, mas quem defere ou recusa a extradição é o Presidente da República, a quem cumpre as relações com estados estrangeiros", afirmou o ministro.

Mendes, Cezar Peluso e Ellen Gracie, porém, defenderam a análise do pedido, ao argumentar que qualquer ato da presidência está submetido ao exame do tribunal.

José Antonio Dias Toffoli e Celso de Mello não participaram do julgamento, pois se declararam impedidos para analisar o caso.

Fonte: Folha.com

Prefeito de Londrina é investigado por suspeita de corrupção

NATÁLIA CANCIAN
DE SÃO PAULO

O prefeito de Londrina, Homero Barbosa Neto (PDT), e a primeira-dama do município, Ana Laura Lino, são alvos de uma ação civil pública por suspeita de exigir propina para contratar uma Oscip (organização da sociedade civil de interesse público) na área da saúde.

O Ministério Público do Paraná chegou a pedir o afastamento do prefeito na ação, enviada ao Tribunal de Justiça na terça-feira (7). O pedido foi negado pela 4ª Vara Cível de Londrina na tarde desta quarta-feira, que considerou que não havia risco à investigação.

A ação também aponta o secretário municipal de Planejamento Fábio Passos de Góes e o publicitário Ruy Nogueira --que atuou na campanha de Barbosa Neto--, como participantes do suposto esquema de corrupção.

Segundo a Promotoria, Góes e Nogueira intermediaram junto à primeira-dama e ao prefeito a contratação da Oscip Instituto Atlântico, com sede em Londrina, em troca de um pagamento no valor de R$ 300 mil.

A organização foi contratada em caráter emergencial em dezembro do ano passado para suprir o fim do contrato com uma organização chamada CIAP --investigada na época por irregularidades. O contrato teria a duração de seis meses.

Ainda de acordo com a ação, a primeira-dama teria pedido outros R$ 20 mil ao presidente da organização, Bruno Valverde Chahaira. O advogado do Instituto Atlântico, Frederico Reis, confirma que houve pagamento da última quantia. Segundo ele, o pedido foi justificado pela prefeitura como um "empréstimo".

O advogado Vinícius Borba, que também faz a defesa do instituto, diz que agentes da prefeitura continuaram a pedir dinheiro à instituição. Na ação, a Oscip é investigada por falsificar notas fiscais e superfaturar valores. Borba confirma, mas rebate: "Teve notas falsas, mas por conta da exigência dos agentes públicos."

OUTRO LADO

O prefeito de Londrina, por meio de seu secretário de Governo, Marco Cito, nega que ele e sua mulher, Ana Laura, tenham recebido propina do Instituto Atlântico.

Segundo Cito, o prefeito não tem responsabilidade direta sobre a contratações das Oscips.

Ainda de acordo com o secretário, as acusações foram baseadas apenas no depoimento de pessoas "que têm ligações políticas com outros setores da cidade". Ele afirma, porém, que a prefeitura já tinha conhecimento de que ocorriam possíveis fraudes envolvendo as organizações.

"Desde o primeiro mês estávamos pedindo a prestação de contas e ela começou a vir incompleta", diz.

Procurados pela reportagem, o secretário de Planejamento Fábio Góes e o publicitário Ruy Nogueira não foram localizado para comentar o caso. Em depoimento, ambos negaram ter qualquer envolvimento na cobrança de propina junto às organizações.

Fonte: Folha.com

Em destaque

0 Segundo dados, servidor público tem escolaridade superior à do trabalhador privado

    BPC: regularização do CadÚnico é feita no Cras, afirma INSS Os beneficiários do Benefício de Prestação Continuada (BPC) não precisam com...

Mais visitadas