NATÁLIA CANCIAN
DE SÃO PAULO
O prefeito de Londrina, Homero Barbosa Neto (PDT), e a primeira-dama do município, Ana Laura Lino, são alvos de uma ação civil pública por suspeita de exigir propina para contratar uma Oscip (organização da sociedade civil de interesse público) na área da saúde.
O Ministério Público do Paraná chegou a pedir o afastamento do prefeito na ação, enviada ao Tribunal de Justiça na terça-feira (7). O pedido foi negado pela 4ª Vara Cível de Londrina na tarde desta quarta-feira, que considerou que não havia risco à investigação.
A ação também aponta o secretário municipal de Planejamento Fábio Passos de Góes e o publicitário Ruy Nogueira --que atuou na campanha de Barbosa Neto--, como participantes do suposto esquema de corrupção.
Segundo a Promotoria, Góes e Nogueira intermediaram junto à primeira-dama e ao prefeito a contratação da Oscip Instituto Atlântico, com sede em Londrina, em troca de um pagamento no valor de R$ 300 mil.
A organização foi contratada em caráter emergencial em dezembro do ano passado para suprir o fim do contrato com uma organização chamada CIAP --investigada na época por irregularidades. O contrato teria a duração de seis meses.
Ainda de acordo com a ação, a primeira-dama teria pedido outros R$ 20 mil ao presidente da organização, Bruno Valverde Chahaira. O advogado do Instituto Atlântico, Frederico Reis, confirma que houve pagamento da última quantia. Segundo ele, o pedido foi justificado pela prefeitura como um "empréstimo".
O advogado Vinícius Borba, que também faz a defesa do instituto, diz que agentes da prefeitura continuaram a pedir dinheiro à instituição. Na ação, a Oscip é investigada por falsificar notas fiscais e superfaturar valores. Borba confirma, mas rebate: "Teve notas falsas, mas por conta da exigência dos agentes públicos."
OUTRO LADO
O prefeito de Londrina, por meio de seu secretário de Governo, Marco Cito, nega que ele e sua mulher, Ana Laura, tenham recebido propina do Instituto Atlântico.
Segundo Cito, o prefeito não tem responsabilidade direta sobre a contratações das Oscips.
Ainda de acordo com o secretário, as acusações foram baseadas apenas no depoimento de pessoas "que têm ligações políticas com outros setores da cidade". Ele afirma, porém, que a prefeitura já tinha conhecimento de que ocorriam possíveis fraudes envolvendo as organizações.
"Desde o primeiro mês estávamos pedindo a prestação de contas e ela começou a vir incompleta", diz.
Procurados pela reportagem, o secretário de Planejamento Fábio Góes e o publicitário Ruy Nogueira não foram localizado para comentar o caso. Em depoimento, ambos negaram ter qualquer envolvimento na cobrança de propina junto às organizações.
Fonte: Folha.com