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quinta-feira, outubro 18, 2007

Brasil cai em ranking mundial de liberdade de imprensa


O Brasil caiu nove posições no ranking mundial de liberdade de imprensa e ocupa hoje o 84º lugar. A classificação foi divulgada pela organização não-governamental Repórteres sem Fronteiras, que avaliou 169 países.
É o sexto ano consecutivo que a entidade publica o levantamento. Nesse período, o Brasil registra expressiva queda. Em 2002, estava na 54ª classificação. No ano seguinte, passou para o 71º lugar. Depois ficou dois anos estável, em 66º e 63º, e a partir daí voltou a cair.
Na América do Sul, os brasileiros ficaram com a quinta pior classificação de liberdade de imprensa. O país está à frente de Colômbia, Peru, Venezuela e Paraguai, que ocupam, respectivamente, os 126º, 117º, 114º e 90º lugares no ranking
A classificação serve para medir o grau de liberdade que os jornalistas e os meios de comunicação desfrutam em cada país. Serve, também, para avaliar as medidas criadas pelos Estados para respeitar a liberdade de imprensa.
O estudo é uma fotografia da situação da mídia em determinado momento. Leva em conta fatos ocorridos entre 1º de setembro de 2006 e 1º de setembro deste ano.
A avaliação considera um conjunto de violações dos direitos humanos. Verifica quantos jornalistas foram mortos, feridos ou detidos. Vê, ainda, quantos estão enfrentando processo ou sofreram censura prévia de suas reportagens.
'Censura preventiva'
Não há detalhes específicos sobre os motivos que fizeram o Brasil despencar no ranking. Mas o site da ONG registra alguns fatos ocorridos neste ano que considera preocupantes.
“Repórteres sem Fronteiras está preocupada com a recente multiplicação de medidas de 'censura preventiva' tomadas contra a mídia brasileira. Essas medidas emanam de autoridades locais e, em geral, não dão lugar a recursos”, diz a página.
A entidade faz referência a alguns casos em seu site. Um deles é a ação na Justiça da Bahia que determinou a apreensão de 30 mil exemplares de uma edição do jornal da rede Metrópole que tinha uma caricatura do prefeito de Salvador, Luiz Henrique.
Há ainda registros semelhantes em Vinhedo (SP), Itaquaquecetuba (SP) e Joinville (SC).
A ONG também repudia o ataque ao apresentador da Rede TV Rondônia, Domingues Júnior, o assassinato do jornalista Luiz Carlos Barbon Filho, no interior de São Paulo, e um incêndio criminoso que destruiu a sede da redação do Tribuna do Povo, em Minas Gerais.
Em relação ao governo federal, Repórteres sem Fronteiras manifesta preocupação sobre as conseqüências da decisão do Partido dos Trabalhadores (PT) de convocar os políticos a uma mobilização contra setores da mídia que fazem reportagens contra o partido e contra o governo do presidente Lula.
"Esta decisão nos parece inoportuna e sem fundamento", avalia a Repórteres sem Fronteira. A organização lembra que a imprensa fez críticas ao atual governo, mas não deixa de criticar representantes dos partidos de oposição citados em casos de corrupção, abuso de poder e fraude.
Liberdade no mundo
No ranking divulgado pela Repórteres sem Fronteiras, a Eritréia ficou na última posição. O estudo diz que a imprensa privada no país africano desapareceu. Quatro jornalistas foram mortos. "E temos razões de sobra para acreditar que acontecerá o mesmo com outros", declarou a ONG.
Entre os 20 países pior classificados sete são asiáticos, cinco africanos, quatro do Oriente Médio, três da antiga União Soviética e apenas um das Américas: Cuba.
Os dez melhores estão na Europa: Islândia, Noruega, Eslováquia, Estônia, Bélgica, Finlândia, Suécia, Dinamarca, Irlanda e Portugal.
Fonte: BBC Brasil

População exige o fim dos esgotos a céu aberto

Maria Clara Lima, do A Tarde On Line
Ludmila dos Santos, 18, mora no Parque Sílvio Leal, fundo de Cajazeiras VI desde que nasceu e convive diariamente com o canal de esgoto a céu aberto que corta a região. Além de reclamar do cheiro exalado, ela conta os transbordamentos são comuns quando chove. "A água invade as casas próximas", diz. Em uma destas vezes, inclusive, muitos dos moradores adquiriram uma espécie de alergia. “Meu pé encheu de ferida. Eu tinha que ir para a escola e passei pela água. Mesmo de sandália, no outro dia, o pé todo coçava”.
Assim como Ludmila, outros moradores também não são assistidos pelos programas de saneamento do estado e da prefeitura. E, em alguns casos, o cheiro do esgoto já passa despercebido. “A gente acaba acostumando”, diz Luiz Pereira, chapista. Pereira é morador do loteamento Nogueira de Águas Claras há sete anos. Pereira é casado com Rosângela Pereira que, diferentemente do marido, ainda não se acostumou. “O rio precisa é de limpeza, porque está muito sujo. Qualquer chuvinha ele transborda e a casa enche de água e de bichos", reclama. "E os mosquitos? A minha filha tem alergia. E até mosquito da dengue tem. Os fumaceiros não vêm aqui nunca. Nós estamos completamente abandonados”, dispara.
O subgerente de Operações da Superintendência de Manutenção e Conservação da Cidade (Sumac), Nazareno Gonçalves, explica que nesta última segunda-feira, 15, começou a Operação Cidade Bonita, “uma espécie de mutirão com os funcionários da Sumac e outras secretarias e superintendências para limpeza dos canais, ruas, sarjetas, recuperação de calçadas”. Enfim, um vasto trabalho que precisa ser realizado na cidade. Quem executará o trabalho? As oito unidades de conservação vinculadas à Sumac, que segundo Gonçalves, não são suficientes para atender esta demanda. “Precisamos de mais unidades porque Salvador é a terceira cidade do país. Temos projeto para pôr uma equipe só em Cajazeiras e outra na região do subúrbio”.
Em relação à poluição das águas, segundo Gonçalves, “saneamento é saúde. A poluição é prejudicial à população que mora próximo a esgotos”. Mas este não é o trabalho da Sumac, que deve zelar pelo desentupimento para evitar que os rios transbordem. A limpeza das águas cabe ao programa Bahia Azul da Empresa Baiana de Águas e Saneamento S/A. (Embasa).
O gerente do Departamento de Esgotamento Sanitário de Salvador da Embasa, Cantídio Duarte, conta que em algumas regiões de Salvador ainda não têm rede de esgoto, apesar dos 12 anos de Bahia Azul. Um outro problema é o desaguamento dos esgotos de muitos imóveis nestes rios que cortam a cidade. A questão é que, enquanto estes esgotos não forem desviados para a estação de tratamento da Bahia Azul, os canais continuarão poluídos.
Duarte diz que a Embasa, neste momento, faz estas ligações domiciliares. Segundo ele, no ano passado, foram 50 mil e até o final deste ano, serão 30 mil ligações. Mas o processo é lento, ressalta. “E tem muita gente que não deixa ligar porque não quer pagar a tarifa de esgoto”.
Fonte: A TARDE

Operação da PM erradica mais de um milhão de pés de maconha na BA

Cristina Laura, da Sucursal Juazeiro
Uma operação reunindo seis companhias da Polícia Militar da Bahia destruiu cerca de um milhão de pés de maconha nos municipios de Juazeiro, Curaçá e Ibó. Foram encontradas ainda 205 mil covas, 93 roças, 320 quilos da droga pronta para o consumo, três sementeiras e 750 mudas. Em Xique-Xique, a PM descobriu ainda uma roça com três mil pés de maconha. As informações são do comando da Polícia Militar na região do sertão baiano.
Para o Cel. Wellington Muller, comandante das companhias especiais da PM, a operação é uma das maiores já realizadas e vai exigir da polícia ação redobrada a partir de agora. “Com o prejuízo causado aos traficantes, eles devem procurar outras formas de arrecadar dinheiro e isso acaba direcionando para os assaltos”, lembra o Cel. Muller.
O prejuízo é calculado pela polícia seguindo a idéia de que, para cada 12 pés de maconha, é possível extrair 1kg da droga, somando 96.250Kg com toda a maconha encontrada. “A droga sai de Juazeiro ao preço de R$ 100,00 e chega em Salvador por R$ 250,00. O prejuízo dessa operação aos traficantes fica em torno de R$ 24 milhões.
A Operação Sertão Livre foi realizada quatro meses depois da Operação Prometeu, que envolveu policias federais, militares e civis que trabalharam em zona rural, urbana e ilhas dos municípios de Juazeiro, Curaçá, Abaré e Casa Nova (BA) e Lagoa Grande, Santa Maria da Boa Vista, Belém do São Francisco, Orocó, Parnamirim (PE), quando foram erradicados mais de 1,5 milhões de pés de maconha.
Fonte: A TARDE

Uma goleada à altura do público

Ricardo Gonzalez
A torcida carioca começou a festa antes de Brasil e Equador entrarem em campo. O show da Seleção só veio no segundo tempo, mas valeu a pena esperar. O time goleou por 5 a 0, ontem, no Maracanã, primeira vitória brasileira nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2010. Vágner Love abriu o placar aos 19 minutos do primeiro tempo. No segundo, Ronaldinho Gaúcho, aos 26, Kaká, aos 32 e 39, e Elano, aos 37, completaram a goleada.
A Seleção demorou a entrar no clima da torcida, que gritou e cantou desde antes dos times entrarem em campo. Era como se o time estivesse apreciando o show das arquibancadas.
- Não dá para ficar tanto tempo sem jogar aqui, está muito lindo - exultou Ronaldinho Gaúcho.
Nos primeiros dez minutos, o time de Dunga só fez tocar a bola para o lado. A primeira emoção para o público veio aos 14 minutos. E só aconteceu devido a um erro grosseiro do equatoriano Hurtado, que atrapalhou seu goleiro. Como num prenúncio, a bola sobrou para Vágner Love, que acertou a trave.
Aos 19, o time chegou ao gol. Pela direita, Robinho tocou na frente para Maicon. O lateral deu uma meia-lua em Espinoza, foi à linha de fundo e tocou rasteiro para a pequena área. A bola passou diante do goleiro Viteri e chegou limpa a Vágner Love, que só escorou, marcando o primeiro gol do Brasil nas Eliminatórias: 1 a 0 .
E nada de mais relevante aconteceu antes do intervalo.
- Temos de acertar o último passe - explicava Ronaldinho.
- O time precisa de mais ofensividade - diagnosticava Kaká.
O segundo tempo foi outro jogo. O Brasil voltou forçando, mas só teve chances claras aos 19 e 20, quando Vágner Love perdeu duas grandes chances. Mas aos 26, Kaká arriscou da entrada da área, Ronaldinho Gaúcho desviou de pé esquerdo e tirou o goleiro Viteri do lance: 2 a 0. O destino começaria a fazer justiça a Kaká aos 32. Desta vez, ele colocou de direita, no ângulo, sem chance de defesa: 3 a 0.
- Melhor do mundo, melhor do mundo ! - gritou a torcida.
A jogada que poderia simbolizar o show só veio aos 37. Robinho entortou De La Cruz pela esquerda várias vezes, e jogou na área para Elano bater de esquerda e fazer o quarto. E o gol que faltava para a aclamação de Kaká veio em dois minutos: o meia arriscou da entrada da área e Viteri aceitou: 5 a 0. Justo, incontestável e lindo, como a torcida merecia.
Fonte: JB Online

Bactéria resistente se espalha e pode matar mais que Aids

Cristine Gerk
Um germe resistente aos remédios se espalha pelos Estados Unidos e poderá causar mais mortes que a Aids. Estima-se que a bactéria cause a cada ano mais de 94 mil infecções graves e 19 mil mortes. Na maioria dos casos, são infecções na corrente sangüínea.
O alerta está num estudo dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), nos EUA, publicado no Journal of the Medical Association. A cepa do Staphylococcus aureus é resistente aos antibióticos e transmitida por simples contato. Pode gerar infecções cutâneas e há casos de necrose, com eliminação do tecido devido à morte celular.
A infecção pode ser resolvida com antibióticos. Mas, em alguns casos, o micróbio entra nos pulmões e provoca pneumonia ou se estende aos ossos, órgãos vitais e ao sangue, ameaçando a vida do paciente.
O total de mais de 94 mil casos foi calculado com base numa extrapolação de dados de 2005 em nove regiões urbanas consideradas representativas. Houve 5.287 casos de infecções invasivas, que se traduziriam num total estimado de 94.360 casos em todo o país, segundo os pesquisadores. Os cientistas disseram que se todas as infecções estiverem vinculadas ao Staphylococcus aureus, o total superaria as mortes provocadas pelo vírus da Aids, que em 2005 matou 17.011 pessoas.
Juvêncio Furtado, integrante da Sociedade Brasileira de Infectologia, conta que a resistência ocorre quando as bactérias são expostas a muitos tipos de antibióticos.
- Isso acontece muito em ambiente hospitalar. Nosso arsenal terapêutico para estas infecções de Staphylococcus é pequeno. Temos algumas drogas que ainda têm ação contra os sensíveis, mas já existem cepas resistentes - explica o médico.
As bactérias sofrem mutações e a resistência é transmitida de um Staphylococcus para outro, e até para outras bactérias. Furtado diz que no Brasil, há cepas tolerantes, embora não totalmente resistentes.
- Ainda não temos conhecimento deste germe multiresistente dos EUA no Brasil, mas nada impede que venha para cá. Isto certamente levará muitas pessoas ao óbito, dependendo da gravidade da doença - alerta o médico.
Segundo Furtado, a bactéria só mata quem é acometido por uma doença grave, como pneumonia ou meningite. Se for algo mais simples, como problema de pele, mesmo lidando com a resistência, o próprio organismo resolve. O risco maior é para pacientes em emergências, com aparelhos respiratórios, ou para pessoas com próteses, como as cardíacas.
- Por isso, a recomendação mais importante é o uso adequado dos antibióticos, na dosagem e hora certas - conclui.
Fonte: JB Online

Estiagem atinge 80% do Brasil

Cristine Gerk
A grave estiagem que castiga o Brasil desde o inverno já atinge 80% do território, quebrando o recorde de extensão registrado em 2004. Desde 1996, não havia um setembro com tanta escassez de chuvas. O clima no Brasil está diferente, e as consequências da alteração são conhecidas. Mas os cientistas ainda divergem sobre as causas e desconhecem a relação do fenômeno com as mudanças climáticas globais.
José Fernando Pesquero, meteorologista do grupo de previsão climática do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), conta que algumas localidades, como Brasilia, já sofrem com 90 dias de seca.
- Em setembro inteiro e na primeira quinzena de outubro, só choveu nos extremos Sul e Norte e no Leste do Nordeste - conta.
O cientista atribui a estiagem à presença de um sistema de alta pressão em cima do oceano Atlântico, que funciona como uma barreira inibidora da formação de nuvens. O ar vai para locais de baixa pressão, onde pode ser mais leve e formar ventos e nebulosidade.
- Este fenômeno é comum, mas este ano está mais forte. Se as estiagens continuarem assim, ficaremos sempre com dois meses a mais de secas. Isso é muito perigoso para a agricultura e para o abastecimento elétrico - alerta Pesquero.
O cientista conta que o Inpe está fazendo estudos para entender como as mudanças climáticas globais podem estar impactando o Brasil, mas ainda é cedo para conclusões. A previsão para os próximos três meses é de chuvas abaixo da média. O cientista diz que é provável que chova no Rio nos próximos 15 dias, mas a precipitação não será intensa já que o solo ainda está muito seco.
André Madeira, meteorologista do serviço ClimaTempo, conta que não chove significativamente no Estado desde 25 de setembro. Durante o mês, a media de chuva na praça Mauá é de 69,7 milímetros (mm) - mas este ano foi de 13 mm.
- Há uma massa de ar quente impedindo a chegada de frentes frias e a precipitação. Mas está perdendo força. Por isso, a situação deve mudar - aposta Madeira.
Em outras áreas do Sudeste, no Paraná e no Centro-Oeste as chuvas já começam a voltar.
Para Isimar dos Santos, meteorologista do departamento de Geociências da UFRJ, a baixa reserva de água no solo também colabora para a estiagem e a seca nos rios.
- O processo de reserva está afetado pelo desmatamento e pela ocupação desordenada - diz.
Entre os prejuízos da falta de chuva, estão queimadas e danos para pastagens, gado e outros animais. A estiagem prolongada mudou o visual do Pantanal: várias lagoas desapareceram. O fenômeno já causou queda na produção agrícola nacional, entre setembro e agosto, de aveia, cevada e milho em grãos, e na exportação de café. Alguns alimentos tiveram o preço elevado.
Fonte: JB Online

Coisas da Política - Só o povo é soberano (1)

Os excelsos membros do Tribunal Superior Eleitoral podem apoiar-se em todos os argumentos, morais e jurídicos, para defenderem a decisão - unânime, reconheça-se - que tomaram, substituindo a soberania do povo pela direção dos partidos políticos, mas o senso comum não consegue entendê-la. Os tribunais interpretam as leis, não podem criá-las. O poder de legislar, tão bem definido por Locke, é do povo, que o delega somente ao Parlamento - e o Parlamento não pode transferi-lo a ninguém mais.
Os constitucionalistas patrícios, desde 1891, espelham-se no exemplo norte-americano, e atribuem ao Judiciário o poder de ler a Constituição conforme o seu arbítrio. Entre as várias decisões da Suprema Corte daquele país, duas, a partir do voto do juiz John Marshall, que a presidiu por mais de 30 anos, se destacam nessa linha. A primeira, no caso Marbury versus Madison, determinou que nenhum ato do Congresso pode ser contrário à Constituição. Na segunda (Mcculloch versus Maryland), em 1819, o mesmo Marshall inaugurou a doutrina dos poderes implícitos do Congresso, para suprir a ausência do mandato constitucional explícito. Se, no caso anterior, estava em causa a simples nomeação de um juiz federal, em 1819 o problema era mais grave. O Estado de Maryland quis cobrar taxas do Banco dos Estados Unidos, cuja natureza jurídica era estranha. Tratava-se de uma instituição híbrida, com minoria dos diretores nomeada pelo governo e a maioria escolhida pelos acionistas privados, muitos deles estrangeiros, e tinha finalidades lucrativas. Tratava-se do Banco Central dos Estados Unidos, que emitia e recolhia taxas federais e era caixa do Tesouro. Mcculloch, funcionário da filial de Maryland, recusou-se a pagar a taxa estadual, alegando que o banco era federal. O Estado de Maryland contestou, afirmando que a criação do Banco, por ato do Congresso, fora inconstitucional e reclamou a soberania do Estado para impor a taxa.
A decisão de Marshall foi a de que o banco era constitucional, por ter sido criado pelo Congresso, e que Maryland não podia cobrar os impostos. O que faz essas duas decisões importantes é o que se seguiu depois, durante a Presidência do democrata Andrew Jackson. Jackson foi o primeiro presidente a associar a democracia à igualdade econômica. Eleito em 1828, demonstrou sua oposição aos banqueiros de Filadélfia que, sob a direção do aristocrata Nicholas Biddle, controlavam o banco, cuja patente caducaria em 1836. Jackson, candidato à reeleição em 1832, deixou claro que não a renovaria. Um ato do Congresso determinou que a carta seria automaticamente renovada.
O presidente Jackson vetou-o e contestou também a decisão assumida pela Suprema Corte em 1819, na qual se apoiara o Congresso para a renovação antecipada. Disse Jackson que cada um dos poderes, tendo jurado cumprir a Constituição, tem o direito de interpretá-la e entendê-la, conforme a sua própria razão, e não de acordo com o entendimento dos outros. Lembrou que o Congresso de 1791 (por iniciativa de Hamilton) decidira em favor do Banco, e o de 1811, contra (o banco foi então extinto), o de 1815 negara a reabertura do banco e o de 1816, a determinara. Como chefe do Poder Executivo, e entendendo que lhe cumpria agir em favor da nação, decidira não renovar a licença.
A doutrina de Jackson - a de que cada um dos poderes tem o direito de interpretar a Constituição conforme seu próprio entendimento - voltaria a ser lembrada durante o governo Roosevelt, e é um tema para a reflexão daqueles parlamentares que ainda pensam no Brasil - e de todos os cidadãos.
Fonte: JB Online

Governo admite: dengue já é epidemia

O Brasil está em alerta contra a dengue. Somente nos primeiros nove meses de 2007, já foram registrados 481.316 casos da doença no país, contra 321.368 notificações no mesmo período do ano passado. Na Bahia, este ano, a Secretaria de Saúde do Estado (Sesab) registrou 10.227 ocorrências de dengue clássica, sendo 1.125 em Salvador. Foram contabilizados 28 casos de dengue hemorrágica e três óbitos – dois na capital baiana e um no município de Luís Eduardo Magalhães. Em virtude dos dados assustadores, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, lançou ontem a Campanha Nacional de Mobilização contra a Dengue. Com o tema “Combater a dengue é dever meu, seu e de todos. A dengue pode matar”, a campanha foi lançada, justamente, antes do período chuvoso, quando o risco da doença aumenta. A idéia é estimular a população a eliminar os locais de água parada, onde o mosquito transmissor se multiplica. “Temos um número de casos muito grande. É uma epidemia que é preocupante por vários motivos, principalmente pelas características do vírus, que tem quatro sorotipos, e três sorotipos já circulam no País, e pelas características deste mosquito, que tem fantástico grau de adaptação. Já se adaptou nas áreas urbanas e nas áreas rurais, inclusive em áreas em que se imaginava que não adaptaria, como a região serrana [do Rio] e o Sul do país”, disse o ministro. Temporão disse estar preocupado com o número de mortes causadas pela dengue. “A dengue é um problema sério e mata. Neste ano, 1.076 pessoas tiveram a dengue hemorrágica, que é a forma mais grave da doença. Desse total, 121 morreram”, disse Temporão. Em 2002, os casos de dengue atingiram 794 mil pessoas no País. O número caiu para 345 mil no ano passado, no entanto, até agora as notificações aumentaram em 50%. A diretoria de Vigilância Epidemiológica (Divep), da Sesab, informa que o órgão vem realizando o acompanhamento e monitoramento dos municípios do Estado, realizando ações de bloqueio de transmissão, com a aplicação de inseticida a Ultra Baixo Volume (UBV), mais conheA?Ô?š?cido como “fumacê”, nos municípios com ocorrência de dengue clássico, confirmado laboratorialmente, e casos suspeitos de dengue hemorrágica. O técnico da Divep, João Emanuel Araújo, assegura que em 64 municípios onde foram realizadas amostra de infestação do mosquito, no mês de agosto, todos apresentaram resultado negativo. Outros 151 municípios tiveram índice abaixo de 1% - a meta do programa de controle da doença do governo federal é que apenas 1% dos imóveis estejam infestados pelo mosquito Aedes aegypti. O sanitarista ressalta que é de responsabilidade dos municípios o trabalho de controle da doença e vigilância epidemiológica. Segundo ele, as principais dificuldades para a realização das operações de controle são a falta de colaboração da população e o número de agentes que ainda é insuficiente. “Se cada pessoa tomar conta de sua casa, eliminando os recipientes que são propícios para a manifestação do mosquito iremos obter ótimos resultados no controle da doença”, afirma Araújo, acrescentando que 80% dos focos são encontrados no interior das casas.(Por Renata Leite)
Prevenção ainda é o melhor combate
A dengue é uma doença febril aguda causada por um vírus de evolução benigna, na maioria dos casos, e seu principal vetor é o mosquito Aedes aegypti (fêmea), que se desenvolve em áreas ou em recipientes com água parada. O vírus causador da doença possui quatro sorotipos: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4. A infecção por um deles dá proteção permanente para o mesmo sorotipo e imunidade parcial e temporária contra os outros três. Existem duas formas de dengue: a clássica e a hemorrágica. O verão é a época mais propícia para a proliferação do mosquito Aedes aegypti, mas neste período da primavera o alerta deve continuar. A participação da população é fundamental neste processo de combate à dengue, principalmente dentro de casa. Os especialistas recomendam não deixar exposta à chuva, pneus ou recipientes que possam acumular água limpa e parada, servindo de criadouro do mosquito transmissor da doença. As garrafas devem ficam viradas de boca para baixo, manter as lixeiras tampadas e secas, não jogar lixo em terrenos baldios. Para o ministro da Saúde, a prevenção é a melhor maneira de combater a dengue. “O quadro deste ano é ruim e estamos fazendo a campanha antes do período de chuvas, quando o mosquito transmissor se prolifera. Ou seja, temos tempo para a prevenção, mas os resultados dependem da participação de todos”, disse Temporão. Após a picada do mosquito, os sintomas se manifestam a partir do terceiro dia. A dengue clássica apresenta-se, geralmente, com febre alta, forte dor de cabeça, moleza e dor no corpo, náuseas e vômitos, perda de paladar e apetite. A pessoa também pode ter dor nos ossos, nas articulações e por trás dos olhos, tonturas, extremo cansaço, manchas e erupções na pele semelhante ao sarampo, principalmente no tórax e membros superiores. A dengue clássica pode afetar crianças e adultos, mas raramente mata. Já a dengue hemorrágica é a forma mais severa da doença. Além dos sintomas da dengue clássica, é possível ocorrer sangramento, ocasionalmente choque e pode levar à morte. As pessoas devem ficarA?n?š?À?????ido como “fumacê atentas, quando acaba a febre e persistirem alguns sintomas: dores abdominais fortes; vômitos; pele pálida, fria e úmida; sangramento pelo nariz, boca e gengivas; manchas vermelhas na pele; sonolência, agitação e confusão mental; sede excessiva e boca seca, pulso rápido e fraco; dificuldade respiratória; e perda de consciência. Na dengue hemorrágica o quadro clínico se agrava rapidamente, apresentando sinais de insuficiência circulatória e choque, podendo levar a pessoa à morte em até 24 horas. De acordo com estatísticas do Ministério da Saúde, cerca de 5% das pessoas com dengue hemorrágica vão a óbito.(Por Renata Leite)
Fonte: Tribuna da Bahia

Bahia já criou 56 mil empregos em 2007

TRIBUNA DA BAHIA Notícias
O saldo de 56.054 novos empregos gerados este ano no estado já representa mais que o dobro (123%) das vagas abertas em 2006 (25.089). Em setembro, o nível de emprego com carteira assinada cresceu 0,54%, percentual que corresponde a 6.582 novos postos criados no mês. As informações são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, com análise da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia – SEI, autarquia da Secretaria do Planejamento do Estado. O nível de crescimento acumulado foi de 4,82% no ano, apenas um ponto percentual abaixo da média nacional (5,81%) e superior em relação ao conjunto da região Nordeste (4,05%). Vale ressaltar que a Bahia responde por um terço (33,3%) dos empregos criados no Nordeste (168.076) nos primeiros nove meses do ano. Entre os setores de atividade econômica, os serviços abriram 13.509 novas oportunidades (24% do total), sendo que o subsetor de alojamento, alimentação, reparação e manutenção foi isoladamente responsável pela geração de 4.958 novas oportunidades de emprego no ano. A Indústria de Transformação acumula 11.056 empregos (19,7% do total), com grande destaque para os subsetores de produção de alimentos e bebidas (3.660 vagas), calçadista (2.267 postos) e têxtil/vestuário (1.287 vagas). “A criação de empregos no segmento de alimentos e bebidas guarda relação direta com o bom desempenho da produção industrial deste segmento, que de janeiro a agosto de 2007 apresentou crescimento de 12,9% em relação ao mesmo período do ano anterior”, explica José Ribeiro Soares, diretor de pesquisas da SEI. A agropecuária, mesmo diante do desempenho negativo em agosto e setembro, acumula criação de 10.922 empregos (19,4% do total). Esta performance contribuiu decisivamente para a significativa expansão de 6,04% no nível de emprego no interior do Estado, mediante a criação de 33.519 postos (59,8% do total) fora da Região Metropolitana de Salvador durante os nove primeiros meses do ano. O setor da construção civil gerou 10.909 e?»??:?a??E?Empregos (19,4% do total), reflexo dos investimentos públicos em infra-estrutura e privados na implantação e/ou ampliação de empreendimentos. A taxa de expansão do emprego no setor já alcançou 12,92% em 2007. O comércio acumula criação de 8.061 empregos em 2007, sendo 5.592 no comércio varejista e 2.469 no comércio atacadista. “A oferta de vagas no comércio varejista acompanha o desempenho econômico do setor na Bahia. Segundo a Pesquisa Mensal do Comércio Varejista (IBGE/SEI), no acumulado dos sete primeiros meses de 2007, a taxa de expansão do setor situou-se em 10,2% em relação ao mesmo período do ano passado”, comenta o economista. No mês, o destaque entre os setores de atividade econômica também ficou por conta do setor de serviços, com 2.803 novos empregos. Em seguida, a indústria de transformação criou 1.633 empregos. A construção civil foi responsável por 1.514 vagas em setembro, enquanto o comércio gerou 1.421 novos postos, sendo a quase totalidade (1.409) no comércio varejista.
Sebrae lança Anuário Brasileiro do Biodiesel e mapeia produção
A crise energética que surge diante da necessidade de se encontrar alternativas aos finitos e poluentes combustíveis fósseis, a exemplo do petróleo, coloca na ordem do dia a agroenergia e os biocombustíveis. Para enriquecer a discussão sobre o tema, um importante trabalho sobre a cadeia do biodiesel será lançado amanhã, às 19 horas, no auditório do Sebrae Bahia, que fica na Rua Horácio César 64, no Centro. É o 1º Anuário Brasileiro do Biodiesel. Mapeando todos os elos da cadeia produtiva do biodiesel no País, a publicação, patrocinada pelo Sebrae e Petrobras e com o apoio da Revista Biodiesel, apresenta os conceitos do biodiesel, informações sobre matérias-primas e os aspectos técnicos e de produção do biocombustível. A publicação reúne também as normas e legislação sobre o setor e apresenta um estudo sobre o potencial de inclusão social da produção de biodiesel. Bilíngüe (português e inglês), o anuário serve de guia para os pequenos agricultores que quiserem entrar nesse emergente mercado, principalmente os produtores de mamona, girassol e algodão. Além do livro, o anuário é composto por um CD e um mapa que lista e indica as usinas em operação e em implementação, as experimentais/pesquisas e aquelas que ainda estão em fase de projeto.
Fonte: Tribuna da Bahia

Neta de Jorge Amado resgata lembranças em casa devastada

Saudade de Maria João só não supera indignação pelo abandono do famoso imóvel


Alexandre Lyrio
A neta medita sobre os dizeres impressos na bancada do quintal e tem a certeza de que o avô, de uma forma ou de outra, está ali: “Nesse recanto de jardim, quero repousar em paz quando chegar a hora. Eis meu testamento”. No exato local em que estão depositadas as cinzas do escritor Jorge Amado, sob o pé de uma mangueira, a saudade de Maria João só não é maior que a indignação. Ao adentrar a casa em que viveu os primeiros 20 anos de sua vida, mergulha em pensamentos contraditórios. Divide-se entre o fantasioso passado, majestoso e imponente, e o presente de decadência e ruínas.
A casa do Rio Vermelho sucumbe ao descaso. O lugar que abrigou todo o acervo pessoal do maior escritor baiano está jogado às traças e cupins, bem diferente do que Maria João deixou. Num primeiro instante, lembra-se da menina manhosa e faceira, que escondia-se no forro do teto para ouvir a conversa dos adultos. Depois, as alegres reminiscências são interrompidas pelas imagens de destruição. A neta de Jorge Amado atenta para a força das raízes de um jambeiro, que ergue o piso da sala e faz rachar as paredes. Um flamboyant também levanta o chão da varanda que dá acesso ao enorme quintal.
O local, aliás, ainda abriga espécimes das mais diversas. As frutíferas pitangueiras, ingás, jaqueiras e pés de sapoti, dividem espaço com um sagrado iroco, árvore ancestral onde se oferendam as comidas de alguns orixás nos terreiros de candomblé. Maria passeia pelo jardim, o seu jardim de infância onde dependurou-se nos cipós e enfeitiçou-se com a roseira de rosas verdes da avó, Zélia. O lugar perdeu a aparência limpa e exuberante. Tomado pelo matagal, ganhou o mesmo aspecto carrancudo de toda a casa. A única coisa nova ali é o telhado. “Colocamos telhas novas de forma emergencial. Senão o que tinha dentro ia se acabar”.
Quase tudo de grande valor foi retirado da casa. A família preferiu guardar os materiais em local seguro, onde pudesse se iniciar o processo de restauração. Mas ali ainda existem verdadeiras relíquias, peças que não podem ser removidas por estarem incrustadas nas paredes. “Meu avô tinha a mania de embutir no concreto as peças que ganhava de presente. Este material não dá para ser retirado”, explica Maria João. Fixado na alvenaria, um colorido quadro de Pablo Picasso destaca-se entre centenas de obras.
Arte - A casa, apesar de decadente, é impregnada de arte. As salas de estar e jantar dividem-se por um gradeado de ferro esculpido por Carybé. O amigo artista plástico, aliás, espalha-se por quase todos os cômodos. Está nas esculturas em metal, pinturas e azulejos de decoração. Os mesmos azulejos brancos, com figuras azuis, envolvem a armação de concreto da cama de casal em que Jorge e Zélia sonharam os personagens de seus livros. Enquanto isso, desenhos estilizados de Calasans Neto, o amigo Calá, estão reservados em um quarto dos fundos, onde estão colocadas as gravuras originais utilizadas no livro Tereza Batista, cansada de guerra.
O único segurança que protege o casarão criou afeição ao lugar e vínculo à família. Toda segunda-feira coloca oferenda aos pés do Exu, talhado em ferro por Carybé e fincado no chão do quintal entre as árvores. “Você está dando a cachaça do Exu, seu Taciano?”, pergunta a neta Amado. “Claro dona Maria. Se não der, ele fica bravo”, respondeu o vigia, que, há quatro anos, é guardião da casa do Rio Vermelho, junto com o Exu. Trabalha sem ter a noção exata do patrimônio que toma conta, mas ultimamente tem viajado em fantásticas histórias sobre a Bahia. “Ganhei dois livros autografados por dona Zélia. Estou nas primeiras páginas”, orgulha-se.
A possibilidade de transformar tudo aquilo em memorial de visitação empolga a neta. A casa do Rio Vermelho já foi destino de turistas de todo o mundo. Ainda hoje, caravanas de outros países têm o casarão no roteiro turístico, mas encontram as portas fechadas. “A demanda de visitação é grande. Mais que um museu, isso aqui poderia ser um centro de cultura”, vislumbra Maria João. Os projetos de financiamento para reforma estão atravancados, esbarram na falta de vontade política.
O último plano, aprovado no Ministério da Cultura, prevê a destinação de R$3,5 milhões para reerguer o patrimônio, mas ainda não encontrou fonte de financiamento. Maria acredita que a verba pode vir do exterior, onde o avô é devidamente valorizado. “Queremos deixar essa casa exatamente do jeito que ela era. É o mínimo que pode ser feito”.
Fonte: Correio da Bahia

Em defesa da lógica

Por: Carlos Chagas

BRASÍLIA - Foi baseada na lógica a decisão de terça-feira, do Tribunal Superior Eleitoral, sobre os mandatos de senadores, prefeitos, governadores e presidente da República pertencerem aos partidos pelos quais se elegeram, ou seja, mudando de partido devem perder o mandato. Isso porque, meses atrás, a mesma corte, referendada pelo Supremo Tribunal Federal, estabeleceu pertencerem aos partidos os mandatos dos deputados federais, estaduais e vereadores.
O resultado é que tanto em eleições proporcionais quanto majoritárias a regra agora é a mesma: mudou, dançou. Importa menos, para a Justiça Eleitoral, que uns se elejam em grande maioria com a sobra dos votos dos partidos, e outros se apresentem isolados às urnas.
É a lógica, para a qual deve voltar-se na próxima semana o TSE, sempre sujeito à confirmação do Supremo Tribunal Federal, ao decidir a respeito de quando deve valer a decisão de agora. A lei não retroage senão para beneficiar, jamais para prejudicar. Por analogia, vale o mesmo para os pronunciamentos judiciais.
Senadores, prefeitos, governadores e presidente estão sujeitos à perda de mandato se trocarem de legenda, mas apenas a partir de terça-feira, quando exarada a sentença. Pretender atingir aqueles que mudaram de partido antes de terça-feira seria extrapolar os limites do bom senso.
Mesmo assim, estão com as barbas de molho senadores que saltaram de banda dos partidos antes da recente reunião do TSE. Um já deu o dito pelo não dito. Adelmir Santana retornou ao antigo aprisco, o DEM. Outros aguardam a decisão complementar, na próxima semana, mas já prontos para bater às portas do Supremo Tribunal Federal com recursos baseados na lógica.
Na atual Legislatura mudaram de partido os senadores Almeida Lima, Augusto Botelho, César Borges, Edison Lobão, Expedito Júnior, Fernando Collor, Geraldo Mesquita, João Ribeiro, Leomar Quintanilha, Marcelo Crivella, Papaléu Paes, Patrícia Saboya, Romero Jucá, Romeu Tuma e Roseana Sarney. Condená-los à perda de mandato atentaria também contra a vontade do eleitorado, que elegeu os titulares e até, por via transversa, os suplentes em exercício.
Não pode mais
Atinge Aécio Neves a decisão do Tribunal Superior Eleitoral sobre pertencerem aos partidos os mandatos dos senadores, prefeitos, governadores e presidente. Está o governador de Minas impedido de trocar o PSDB pelo PMDB para candidatar-se em 2010. Desfazem-se diversos sonhos, a começar pelo do próprio Aecinho, porque no ninho tucano tudo indica que o candidato será José Serra.
O PMDB também precisará reformular sua estratégia, se é que pensava a sério na candidatura de Aécio. A partir de agora, torna-se necessário buscar um nome dentro de seus quadros. Roberto Requião, Nelson Jobim, Roseana Sarney? Da mesma forma, estreita-se o círculo de opções do próprio presidente, que pensava em Aécio no PMDB como alternativa para a falta de companheiros candidatos.
A gente fica pensando se o Poder Judiciário tem tanto poder assim, de revirar a sucessão presidencial de cabeça para baixo, mas, pelo jeito, tem, porque decisões judiciais não se discutem. Cumprem-se.
De fora
Lula entendeu o sentido da licença de 45 dias requerida pelo senador Renan da presidência do Senado. Tanto que lá da África não perdeu tempo e declarou imaginar que uma vez decorrido aquele prazo, Renan retorne ao cargo. É claro que nem o governo, nem o Senado cogitam do retorno. A operação envolve a prorrogação do pedido de licença pelo menos até o final do ano. Em 2008 as coisas precisarão ser revistas, quem sabe com a volta do presidente do Senado ou com sua renúncia do cargo.
Tudo depende de como o governo e partidos da base oficial venham a se comportar durante o julgamento de Renan no Conselho de Ética. Caso os ventos soprem no sentido de sua condenação, na iminência de ter seu mandato cassado Renan retornará à presidência como um kamikaze no fim da guerra do Pacífico. Retornará para melar o jogo da CPMF. É o que o Planalto mais teme.
Renan está disposto a esticar a licença e até a não retornar à presidência do Senado desde que preservado o seu mandato, coisa que depende do governo. Uma recomendação de Lula ao seu partido para que alivie a pressão no Conselho de Ética salvará Renan. Daí o comentário africano.
Fonte: Tribuna da Imprensa

Da África, Lula tritura Renan e tortura a oposição

Por: Helio Fernnades

"O presidente do Senado tem que ser José Sarney"
Da África, onde exibe sua importância de trabalhador, se considerando mais estadista do que mecânico, Lula mandou o recado surpreendente: "O lugar de presidente do Senado pertence ao PMDB, e não ao PT, este já tem a presidência da Câmara". Foi a mais aberta e visível condenação ao mandato de presidente do Senado de Renan Calheiros. Enquanto este afirma que pode reassumir ou prolongar a licença, Lula puxa o alçapão.Esse é o recado verdadeiro de Lula, é o que ele considera o melhor para aprovar a CPMF. Mas como a própria oposição (?) já reconhece que Lula se transformou num bom jogador de xadrez, movimenta as pedras.Como sabe que sua afirmação está sujeita às mais diversas interpretações, começa ele mesmo a tumultuar os caminhos, deixando obstáculos em todos os lados. Tendo condenado Renan, dá um passo atrás, e finge: "Pelo que tenho visto nos jornais, Renan apenas pediu licença".Embalado, Lula vai nessa linha de que "só sei das coisas pelos jornais", embora não canse de fustigar os mais diversos órgãos, sem identificá-los ou nominá-los. E apesar de repetir que não lê jornal, é informado por eles.São muitas as versões e confusões da fala de Lula, algumas feitas apenas para confundir, outras para decidir. Depois de garantir que "o problema surgiu no Senado e terá que ser resolvido no Senado", como se não tivesse nada com isso, além do recado sobre Renan, dá também "ordens para ordenar" o processo de substituição.No dia em que Renan anunciou a licença, afirmei: "Surgiu um novo candidato a presidente do Senado. Tião Viana, vice que assume interinamente, logicamente tentará ser efetivado." E começou a trabalhar tão ostensivamente, na bancada e fora dela, que Lula teve que vetá-lo antes que ficasse irrevogável.Dizendo que a presidência do Senado "pertence ao PMDB", Lula coloca sibilinamente, que palavra, a vontade pessoal e a decisão presidencial: "O candidato é José Sarney". Palavra de ordem para o PT-PT, o PMDB e os 9 do DEM e do PSDB que votaram contra a cassação de Renan.Essa é uma "palavra de ordem tão ostensiva", que nem precisa de interpretação, basta a leitura que leva logo à conclusão. O PMDB tem 4 candidatos. Pedro Simon, Jarbas Vasconcellos, Mão Santa e Garibaldi Alves. Os 3 primeiros Lula não aceitaria de jeito algum. E Garibaldi não se elege nem pelo nome histórico.Sobrou José Sarney, que como sempre "não aceita nada", mas no final fica com tudo. E a declaração taxativa de Sarney é mais do que definitiva: "Só serei presidente do Senado se houver CONSENSO". Ora, no regime democrático, maioria é CONSENSO.Entre congressistas, a impressão é de que Renan não está indiferente nem ausente das afirmações de Lula. Já disse aqui mesmo: no momento, manter o mandato é mais importante do que a presidência. Em 3 anos, sabe que se recupera. Quanto à afirmação de Sarney, "não quero presidir nem a Academia", basta lembrar uma afirmação dele, quando seu nome foi cogitado mas afastado por não morar no Rio: "Rui Barbosa presidiu a Academia sem morar no Rio". Nenhuma pretensão, arrogância ou presunção na comparação.Durante o processo de cassação de Renan, se travava também a batalha pela presidência da "casa". Lula desenterrou o debate da mesma forma como faz com a distante sucessão de 2010, a sucessão que pode não haver.PS - Não posso terminar sem louvar Jader Barbalho e seu conselho a Renan: "Se você se licenciar não volta mais. Conheço bem a situação". Conhece mesmo.
Al Gore
Ganhou o Nobel do nada. Do vazio. Da hipocrisia. Serve ao ego, ambição, vaidade e aos interesses dos EUA.
Nos EUA a vigilância e fiscalização no trânsito vêm de longe. Mais de 50 por cento dos desastres, provocados pela bebida. Mas também cuidam de quem não bebe. Em 1940, a primeira-dama Eleonor Roosevelt vinha de Georgetown para a Casa Branca, dormitou na direção, foi parada por um guarda. Reconhecida, assim mesmo foi para a delegacia, perdeu a carteira por 6 meses, novo exame para recuperá-la.
Nenhuma insinuação "sabe com quem está falando", recurso à Casa Branca. No computador, aparece até multa por infração de trânsito.
O "capitão" Guimarães (bicheiro) e o Anisio da Beija Flor (bicheiro ainda mais famoso) foram depor anteontem na Câmara Municipal. Impressionante a arrogância deles. Mas alguns pediam autógrafos.
Entraram e saíram alegres e felizes, convencidos de um fato: nada vai acontecer. Em 13 de dezembo de 1968, AI-5 e, lógico, em plena ditadura os maiores bicheiros (incluindo esses), foram presos.
Recolhidos à belíssima Ilha Grande, onde quase todos tinham mansões. Ficaram 6 meses "presos" lá, até Castor de Andrade.
Eduardo Eugenio Gouveia Vieira começa o quinto mandato como presidente da Firjan. Justíssimo. Ele foi candidato com uma "plataforma" veemente, contra um candidato "continuísta", com 3 mandatos. Pela idade, Eduardo Eugenio chega ao décimo mandato.
Semana que vem o Superior Tribunal de Justiça começa a examinar casos de parlamentares que mudaram de legenda depois de 27 de março. Quem declarar "divergência" com a linha do partido, ganhará.
Ricardo Teixeira esteve várias vezes no Senado. Ao contrário dos que muitos admitem, não responderá a nova CPI. Mas continua indiciado por 7 crimes financeiros. Nada acontecerá.
O presidente da GM, Ray Young, deixa o cargo e com declaração hipócrita: "O financiamento longo para carros pode provocar crise financeira". Foi esse financiamento que levou ao aumento da produção. O próprio banco da GM abusa do financiamento.
O petróleo chegou a 88 dólares. Os "adivinhadores" de plantão já anunciam: "Até o final do ano deve bater nos 100 dólares". Agora não será apenas "adivinhação" e sim antecipação da realidade.
Carlos Lacerda criou o Ipeg, que funcionou muito bem com ele e o sucessor Negrão de Lima. Liquidado por péssimos administradores, virou Iperj, um fracasso. Agora, com Cabral, acabou. Previsível.
A luta de bastidores para prefeito do Rio está naturalmente mais acelerada do que a disputa presidencial para 2010. Há 4 meses fiz reportagens sobre os 13 candidatos, tudo se confirmou. Menos o episódio Eduardo Paes.
Como Jandira Feghali me disse que nunca transferiu seu título, e que ficaria secretária em Niterói até 30 de março, confirmou. É talvez a única certa para o segundo turno. Mesmo com problemas internos.
Eduardo Paes foi uma jogada de Sérgio Cabral para se aproximar de Aécio Neves. Mas como este ainda não se decidiu para lado algum, bola no mar. E Paes não ganha a legenda, nem ganharia a eleição.
Todos os telegramas aparecem com o libelo dos Correios: "Quem usa drogas financia a violência". Podia alternar com o combate a outra droga "legal" que é o cigarro: "Quem fuma, financia a morte".
Itamar Franco vai desmentir a decisão do Supremo "o mandato pertence ao partido". Por onde Itamar se candidatar, será eleito.
A Constituição diz, realmente, "que para se candidatar o cidadão tem que pertencer a um partido". Daí não avança um milímetro.
Nem fala sobre a "propriedade" do mandato. A Constituição estipula até um certo ponto do caminho. Mas não traça o roteiro a seguir.
Convicção em Brasília, divulgada mas não publicada: o governo não se incomoda se tiver que convocar o Congresso para aprovar a CPMF. Desprestigiaria o Senado, e perderia apenas 1 mês. "Maquiavélico".
Mais de uma semana passada e a Bovespa oscila entre 62 mil pontos, altos e baixos. Os lucros não são afetados.
O dólar, também há uma semana se mantém em 1,80 alto ou 1,81 baixo. É o que Banco Central anunciou, mas não é por isso.
O desembargador Luiz Zveiter está em campanha para o Tribunal de Justiça, apesar de Murta Ribeiro ter assumido a presidência agora. Ontem Zveiter deu convites privilegiados para 20 desembargadores idem. Para Brasil-Equador, lógico.
O Diário Oficial da Justiça do Estado do Rio publicou ato do seu presidente, tornando nula a exoneração de Irlene Meira Cavalieri. (Casada com o ex-presidente, Sergio Cavalieri).
Dona Irlene volta a ser assessora DAS-8, cargo cobiçadíssimo.
Em agosto, o desembargador Raul Lins e Silva enviou ofício ao procurador geral da República enquadrando a nomeação dela na prática de NEPOTISMO, proibida pelo Conselho de Justiça.
Não houve nenhuma providência, o procurador geral mandou o ofício do desembargador do Rio, para assessores, nada de solução.
A decisão do Conselho de Justiça contra o NEPOTISMO foi referendada pelo Supremo. Só que entraram com mandado de segurança, alegando: "Essas nomeações não são atingidas pela decisão do Conselho, tem mais de 5 anos, decadência". Assim, Murta Ribeiro teve que tornar sem efeito a exoneração, favorecendo a mulher do ex-presidente Cavalieri.
XXX
Agora todos fazem pesquisas, mas a Rádio Haroldo de Andrade, todo dia. Ontem: Aumenta o número de mães que abandonam os filhos. É desamor ou irresponsabilidade? Irresponsabilidade, 85%, desamor, 15%.
Concordaria com a esterilização de mães que abandonam os filhos? SIM, 56%, NÃO, 44%.
XXX
Geralmente gosto do que Roberto DaMatta escreve. Mas analisando o filme "Tropa de elite", abusou da "antropologia". Devia terminar com uma frase: "O que eu quero dizer é o seguinte".
XXX
O mundo teria mesmo salvação? Então por que aumentam no mundo os lucros da Coca-Cola, McDonalds e fábricas de cigarros?
Por outro lado a bela e competente Joana Limongi continua seu Mestrado em Arte, falta apenas mais 1 ano. É o lado positivo.
XXX
Mario Reis terá duas festas na passagem dos 100 anos de nascimento. Uma, no Country, 8 de novembro. A outra, no Copacabana Palace, 29 também de novembro. Merecidíssimas.
Fonte: Tribuna da Imprensa

Oposição e PMDB começam a discutir sucessão

BRASÍLIA - Líderes da oposição e senadores do PMDB começaram ontem a discutir a sucessão no Senado em torno de quatro nomes peemedebistas. São eles: os senadores Garibaldi Alves (RN), Gerson Camata (ES) e Pedro Simon (RS) e o ministro das Comunicações, Hélio Costa, que admitiu trocar o ministério pela cadeira de parlamentar. Nenhum deles, no entanto, desponta como solução fácil ou natural.Um quinto nome fazia parte da lista de "presidenciáveis do PMDB do Senado", mas ficou de fora. Questionado pelo líder do PSDB na Casa, Arthur Virgílio (AM), sobre a possibilidade de se lançar candidato à sucessão de Renan, o senador José Maranhão (PB) descartou a idéia.
Alegou apenas que tinha outro projeto político em mente - se referiu à possibilidade de assumir o governo da Paraíba no lugar do governador Cássio Cunha Lima (PSDB), que o senador espera que seja cassado, em breve, por abuso de poder econômico na campanha.
Costa é alvo de críticas constantes da bancada de senadores e deputados do PMDB, todos queixosos pelos "maus-tratos" do ministro, que "ignora" os pleitos dos parlamentares. Alves, por sua vez, era velho amigo do senador José Sarney (PMDB-AP), mas se desentendeu com o grupo quando aderiu ao movimento dos rebeldes do PMDB e derrubou uma medida provisória (MP) que criava 660 cargos federais, até mesmo o Ministério de Ações de Longo Prazo.
Sarney se considerou traído e o grupo dele não o perdoou. Há, entre os sarneizistas, quem prefira o rebelde Simon a Alves na presidência do Senado. Camata também é visto como "independente" e enfrenta resistências na bancada porque não pertence a grupo nenhum.
Não por acaso, Simon pegou carona, ontem, na homenagem da bancada ao mais novo peemedebista do Senado: o senador Edison Lobão (MA). Foi num almoço organizado pelo líder Valdir Raupp (RO), a pretexto de dar as boas vindas a Lobão, mas que serviu também para um desagravo público a Simon.
Raupp se desculpou por tê-lo destituído da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O senador Wellington Salgado (MG), suplente de Costa, também lhe pediu desculpas. "Foi um erro terrível. Você não é apenas um quadro do PMDB; é um senador de todo o Brasil", disse Salgado.
Destacou, no entanto, que as desculpas não se estendiam ao segundo senador afastado da CCJ por votação da bancada, Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE). Este, por sua vez, nem estava presente. A candidatura de Vasconcelos não é cogitada pela oposição até mesmo por que é público que o pernambucano jamais compareceu a uma reunião de bancada.
Embora tenha sido convidado para o almoço na véspera pelo próprio Raupp e tenha mostrado disposição para encarar os colegas e o cardápio árabe, Renan foi aconselhado pelo próprio grupo a não comparecer. "O Renan deve ter mudado de idéia (quanto ao convite), para deixar a temperatura política baixar", avaliou o líder ontem à tarde. "Nos falamos por telefone e ele, possivelmente, não virá ao Congresso esta semana", acrescentou.
Fonte: Tribuna da Imprensa

MPF diz que medidas de Jungmann não vão assustar

SÃO PAULO - "Nenhuma medida vai intimidar o Ministério Público (MP)", declarou ontem o procurador federal Antônio Carlos Bigonha, presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR). Bigonha defendeu o procurador Pedro Machado, de Brasília, a quem o deputado Raul Jungmann (PPS-PE) pretende processar por danos morais e representar perante o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).
"Machado é totalmente independente, corajoso. Não age sob pressão política", afirmou o procurador federal. "Os procuradores têm garantias constitucionais". O procurador que será alvo de processo de Jungmann acusa o deputado do PPS de Pernambuco de improbidade.
Quando exercia o cargo de ministro do Desenvolvimento Agrário (governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso), Jungmann teria autorizado a contratação sem licitação de uma agência de publicidade ao custo de R$ 2,3 milhões.
Ele anunciou que processará Machado, sob alegação de que é alvo de "perseguição política, canalhice". Dizendo-se ferido na honra, mas não derrotado, Jungmann arrola dois argumentos - no mérito, afirma que não assinou nem autorizou a contratação que o MP põe sob suspeita, e sustenta que a trajetória política e o patrimônio pessoal são provas de uma carreira ilibada.
"Jungmann é um parlamentar respeitado, mas o procurador não pode deixar de propor medida judicial quando o acusado é deputado", afirmou Bigonha. "Se assim proceder, o procurador deixa de ser independente. A Constituição reserva ao deputado, como a qualquer cidadão, o direito de defesa, que poderá exercitar no processo".
Fonte: Tribuna da Imprensa

Com Lula, fim da reeleição está perto

Por: Pedro do Coutto

Na entrevista ao repórter Kennedy Alencar, "Folha de S. Paulo" de 14/10, o presidente Lula finalmente decidiu ser abertamente contra a reeleição e a favor de Aécio Neves como o candidato de uma aliança PMDB-PT às eleições de 2010. Com o governador de Minas, a vice tem que logicamente caber ao PT, preferência para a ministra Dilma Rousseff, em face de sua atuação substituindo José Dirceu.
Na matéria, Luís Inácio da Silva traçou tanto o rumo que projeta para sua sucessão quanto as regras do jogo que deseja imprimir. Mas acentuou que pode vir a ser novamente candidato em 2014 ou 2015. Com isso, fechou o raciocínio deixando entretanto no ar uma dúvida quanto à duração do novo mandato, se de 4 ou 5 anos. Sinalizou mais para 5, na medida em que considerou quatro anos pouco tempo. O mandato do sucessor seria igual ao que foi cumprido por Juscelino e àquele que Itamar Franco completou após o impeachment de Fernando Collor. Estes através de eleições diretas.
Ernesto Geisel e José Sarney permaneceram cinco anos no Planalto, mas pelo voto indireto. Médici ficou 4 anos e meio depois da morte de Costa e Silva. João Figueiredo permaneceu seis anos. Citei Itamar Franco. Pois é. Se Aécio vier a ser mesmo o candidato de Lula, Itamar ressurge no horizonte político. Ele foi, no governo de Minas, o grande eleitor de Neves, e do próprio Lula, nas eleições de 2002. Itamar, no pleito de 2006, ressaltou que seu candidato à presidência em 2010 seria exatamente Aécio, para recolocar Minas no governo do País. Itamar, o retorno, eis aí uma perspectiva interessante no quadro político.
Voltando a Lula, a importância essencial de sua entrevista, sem dúvida, foi o sinal verde que abriu para qualquer deputado ou senador apresentar projeto de emenda constitucional acabando com o sistema implantado por FHC que resultou num desastre enorme para o País. Um sistema, entretanto, do qual, ele, Luís Inácio, se beneficiou, inclusive quebrando recorde. Tornando-se o único político do mundo a disputar cinco vezes a presidência da República. A marca anterior pertencia a Roosevelt, que venceu quatro vezes, e a Mitterrand, vitorioso em duas e derrotado em outras tantas. Em 2014 ou 2015, mais provável 2015, Lula estará em condições de concorrer pela sexta vez.
Em política, claro, não se pode pensar nada a médio ou longo prazo, mas com base no quadro de hoje não se nota muitas alternativas. Em 2010, por exemplo, dificilmente o embate deixará de ser entre José Serra e Aécio Neves. Assim, em 2015, Lula poderia se transformar numa versão moderna de Montecristo, fascinante personagem de Alexandre Dumas pai. A força do retorno.
Na entrevista a Kennedy Alencar, Lula manda um recado, sobretudo aos empresários, a respeito de José Dirceu. Interessante isso. Prestem atenção às palavras: "Não acho que José Dirceu seja um traidor". "Foi (verbo no passado) um quadro político importante para o governo. Na hora em que cometeu erros, saiu." O presidente da República poderia ter dito: foi importante para minha campanha. Mas não disse. Destacou ter cometido erros e por isso saiu (do governo). Não acenou - poderia ter feito - com a hipótese de volta. Lula, neste caso, necessitaria ser traduzido? Não creio. Foi bastante claro.
Por falar em traduzir, um outro assunto. Paulo Knauss escreveu um bom artigo no caderno "Idéias", "Jornal do Brasil" de 13/10, a respeito de um livro de Ângela Castro Gomes e Jorge Ferreira, Ed. FGV, focalizando as contradições de João Goulart, antes e depois da queda em 64. São muitas as contradições e ambigüidades. A principal, para os autores, o fato de ter ele defendido a reforma agrária quando era grande proprietário rural, tanto no Brasil quanto no Uruguai e na Argentina. Ângela e Jorge colheram vários depoimentos.
O mais importante, sem dúvida, do senador Afonso Arinos de Melo Franco. Mas como provavelmente os dois escritores são jovens, suponho não testemunharam o tempo de Jango e os idos de março. Tampouco o agravamento da crise institucional em 1963. É preciso lembrar que o líder absoluto da oposição a Goulart era o governador Carlos Lacerda. Quem lidera hoje a oposição a Lula?
Porém em torno de Jango, a quem conheci razoavelmente bem, existia outro aspecto: talvez o destino. Goulart só teve onze anos no plano federal. Em 53, Vargas o nomeou ministro do Trabalho. Mal assumiu, foi tragado por uma revolta desencadeada por um manifesto de coronéis, clara insubordinação, exigindo sua saída. Getúlio cedeu e o demitiu. Helio Fernandes, a cerca de dois meses, analisou bem o episódio ao dizer que Vargas começou a perder o poder e a vida naquele instante. É verdade. O documento dos coronéis foi encabeçado por Amaury Kruel. Este foi ministro do Exército de Goulart, em 62, e o comandante do II Exército decisivo em sua derrubada dois anos depois.
Em 54, Jango, dois meses após a tragédia de agosto, perdeu as eleições para o Senado pelo Rio Grande do Sul. Mas em 55 ressurgiu como candidato a vice de JK na aliança PSD-PTB. Sua indicação deflagrou a crise da posse, logo depois da vitória nas urnas. Dois movimentos militares, 11 e 21 de agosto, foram necessários para que o resultado do pleito fosse respeitado.
A legislação da época não tinha impedimento quanto ao vice e ele foi reeleito em 60. Com a absurda renúncia de Jânio Quadros, uma terrível tempestade contra sua a posse novamente desencadeada por Carlos Lacerda. Para que assumisse, até o regime foi mudado de presidencialista para parlamentarista. Conseguiu reaver os poderes presidenciais no pleito de 63. Mas não resistiu aos ataques de Lacerda, de fora da fortaleza, e de Leonel Brizola, de dentro dela. Era demais para quem detestava confrontos e bolas divididas. Caiu. Era um conciliador, mas o destino não o interpretou assim. O mistério estaria aí? Ou nos ventos que Shakespeare imaginou como prenúncio da morte de César?
Fonte: Tribuna da Imprensa

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