Um homem de 58 anos morreu após ser atingido por tiros e ter seu pênis arrancado em um crime motivado por uma suposta relação extraconjugal na Áustria. O agressor, um homem de 76 anos, disparou duas vezes com uma escopeta contra seu colega de trabalho de 58 anos que estava em um ponto de ônibus. Depois, ele retirou as calças e cortou o pênis da vítima, que morreu de hemorragia.
O incidente ocorreu em Wimpassing, cerca de 50 km ao sul de Viena, por volta das 22h (17h em Brasília). O homem desconfiava que a vítima tinha uma relação amorosa com sua mulher. Após cortar o pênis da vítima, o agressor colocou o membro ao lado do corpo e tentou fugir, mas foi detido poucos minutos depois ao ser denunciado por moradores que tinham presenciado o crime.
O homem, de origem turca, afirmou ao ser interrogado pela polícia que suspeita que sua mulher de 67 anos mantinha uma relação amorosa secreta há 20 anos com a vítima, também original da Turquia. Segundo a polícia, o acusado não se arrepende do ocorrido, já que assegura que desta forma "restabeleceu sua honra".
Fonte: EFE
Fonte: CINFORM
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segunda-feira, outubro 15, 2007
TROPA DE ELITE: A Criminalizacao da Pobreza!
Por Ivan Pinheiro
"Homem de preto. Qual é sua missão? É invadir favela E deixar corpo no chão" (refrão do BOPE)
Não dá cair no papo furado de que "Tropa de Elite" é "arte pura" ou "obra aberta". Um filme sobre questões sociais não podia ser neutro. Trata-se de uma obra de arte objetivamente ideológica, de caráter fascista, que serve à criminalização e ao extermínio da pobreza. É possível até que os diretores subjetivamente não quisessem este resultado, mas apenas ganhar dinheiro, prestígio e, quem sabe, um Oscar. Vão jurar o resto da vida que não são de direita. Aliás, você conhece alguém no Brasil, ainda mais na área cultural, que se diga de direita? Como acredito mais em conspirações do que no acaso, não descarto a hipótese de o filme ter sido encomendado por setores conservadores. Estou curioso para saber quais foram os mecenas desta caríssima produção, que certamente foi financiada por incentivos fiscais. O filme tem objetivos diferentes, para públicos diferentes. Para os proletários das comunidades carentes, o objetivo é botar mais medo ainda na "caveira" (o BOPE, os "homens de preto"). O vazamento escancarado das cópias piratas talvez seja, além de uma estratégia de marketing, parte de uma campanha ideológica. A pirataria é a única maneira de o filme ser visto pelos que não podem pagar os caros ingressos dos cinemas. Aliás, que cinemas? Não existe mais um cinema nos subúrbios, a não ser em shopping, que não é lugar de pobre freqüentar, até porque se sente excluído e discriminado. No filme, os "caveiras" são invencíveis e imortais. O único que morre é porque "deu mole". Cometeu o erro de ir ao morro à paisana, para levar óculos para um menino pobre, em nome de um colega de tropa que estava identificado na área como policial. Resumo: foi fazer uma boa ação e acabou assassinado pelos bandidos. Para as classes médias e altas, o objetivo do filme é conquistar mais simpatia para o BOPE, na luta dos "de cima", que moram embaixo, contra os "de baixo", que moram encima. Os "homens de preto" são glamourizados, como abnegados e incorruptíveis. Apesar de bem intencionados e preocupados socialmente, são obrigados a torturar e assassinar a sangue frio, em "nosso nome". Para servir à "nossa sociedade", sacrificam a família, a saúde e os estudos. Nós lhes devemos tudo isso! Portanto, precisam ser impunes. Você já viu algum "caveira" ser processado e julgado por tortura ou assassinato? "Caveira" não tem nome, a não ser no filme. A "Caveira" é uma instituição, impessoal, quase secreta. Há várias cenas para justificar a tortura como "um mal necessário". Em ambas, o resultado é positivo para os torturadores, ou seja, os torturados não resistem e "cagüetam" os procurados, que são pegos e mortos, com requintes de crueldade. Fica outra mensagem: sem aquelas torturas, o resultado era impossível. Tudo é feito para nos sentirmos numa verdadeira guerra, do bem contra o mal. É impossível não nos remetermos ao Iraque ou à Palestina: na guerra, quase tudo é permitido. À certa altura, afirma o narrador, orgulhoso : "nem no exército de Israel há soldados iguais aos do BOPE". Para quem mora no Rio, é ridículo levar a sério as cenas em que os "rangers" sobem os morros, saindo do nada, se esgueirando pelas encostas e ruelas, sem que sejam percebidos pelos olheiros e fogueteiros das gangues do varejo de drogas! Esta manipulação cumpre o papel de torná-los ainda mais invencíveis e, ao mesmo tempo, de esconder o estigmatizado "Caveirão", dentro do qual, na vida real, eles sobem o morro, blindados. O "Caveirão", a maior marca do BOPE, não aparece no filme: os heróis não podem parecer covardes! O filme procura desqualificar a polêmica ideológica com a esquerda, que responsabiliza as injustiças sociais como causa principal da violência e marginalidade. Para ridicularizar a defesa dos direitos humanos e escamotear a denúncia do capitalismo, os antagonistas da truculência policial são estudantes da PUC, "despojados de boutique", que se dão a alguns luxos, por não terem ainda chegado à maioridade burguesa. Os protestos contra a violência retratados no filme são performances no estilo "viva rico", em que a burguesia e a pequena-burguesia vão para a orla pedir paz, como se fosse possível acabar com a violência com velas e roupas brancas, ou seja, como se tratasse de um problema moral ou cultural e não social. A burguesia passa incólume pelo filme, a não ser pela caricatura de seus filhos que, na Faculdade, fumam um baseado e discutem Foucault. Um personagem chamado "Baiano" (sutil preconceito) é a personificação do tráfico de drogas e de armas, como se não passasse de um desses meninos pobres, apenas mais espertos que os outros, que se fazem "Chefe do Morro" e que não chegam aos trinta anos de idade, simples varejistas de drogas e armas, produtos dos mais rentáveis do capitalismo contemporâneo. Nenhuma menção a como as drogas e armas chegam às comunidades, distribuídas pelos grandes traficantes capitalistas, sempre impunes, longe das balas achadas e perdidas. E ainda responsabilizam os consumidores pela existência do tráfico de drogas, como se o sistema não tivesse nada a ver com isso! O Estado burguês também passa incólume pelo filme. Nenhuma alusão à ausência do Estado nas comunidades carentes, principal causa do domínio do banditismo. Nenhuma denúncia de que lá falta tudo que sobra nos bairros ricos. No filme, corrupção é um soldado da PM tomar um chope de graça, para dar segurança a um bar. Aliás, o filme arrasa impiedosamente os policiais "não caveiras", generalizando-os como corruptos e covardes, principalmente os que ficam multando nossos carros e tolhendo nossas pequenas transgressões, ao invés de subirem o morro para matar bandido. A grande sacada do filme é que o personagem ideológico principal não é o artista principal. Este, branco, é o que mais mata. Ironicamente, chama-se Nascimento. É um tipo patológico, messiânico, sanguinário, que manda um colega matar enquanto fala ao celular com a mulher sobre o nascimento do filho. Mas para fazer a cabeça de todos os públicos, tanto os "de cima" como os "de baixo", o grande e verdadeiro herói da trama surge no final: Thiago, um jovem negro, pacato, criado numa comunidade pobre, que foi trabalhar na PM para custear seus estudos de Direito, louco para largar aquela vida e ser advogado. Como PM, foi um peixe fora d'água: incorruptível, respeitava as leis e os cidadãos. Generoso, foi ele quem comprou os óculos para dar para o menino míope. Sua entrada no BOPE não foi por vocação, mas por acaso. Para ficar claro que não há solução fora da repressão e do extermínio e que não adianta criticar nem fazer passeata, pois "guerra é guerra", nosso novo herói se transforma no mais cruel dos "caveiras" da tropa da elite, a ponto de dar o tiro de misericórdia no varejista "Baiano", depois que este foi torturado, dominado e imobilizado. Para não parecer uma guerra de brancos ricos contra negros pobres, mas do bem contra o mal, o nosso herói é um "caveira" negro, que mata um bandido "baiano", de sua própria classe, num ritual macabro para sinalizar uma possibilidade de "mobilidade social", para usar uma expressão cretina dos entusiastas das "políticas compensatórias". A fascistização é um fenômeno que vem sendo impulsionado pelo imperialismo em escala mundial. A pretexto da luta contra o terrorismo, criminalizam-se governos, líderes, povos, países, religiões, raças, culturas, ideologias, camadas sociais. Em qualquer país em que "Tropa de Elite" passar, principalmente nos Estados Unidos e na Europa, o filme estará contribuindo para que a sociedade se torne mais fascista e mais intolerante com os negros, os imigrantes de países periféricos e delinqüentes de baixa renda. No Brasil, a mídia burguesa há muito tempo trabalha a idéia de que estamos numa verdadeira guerra, fazendo sutilmente a apologia da repressão. Sentimos isso de perto. Quantas vezes já vimos pessoas nas ruas querendo linchar um ladrão amador, pego roubando alguma coisa de alguém? Quantas vezes ouvimos, até de trabalhadores, que "bandido tem que morrer"? Se não reagirmos, daqui a pouco a classe média vai para as ruas pedir mais BOPE e menos direitos humanos e, de novo, fazer o jogo da burguesia, que quer exterminar os pobres, que só criam problemas e ainda por cima não contam na sociedade de consumo. Daqui a pouco, as milícias particulares vão se espalhar pelo país, inspiradas nos heróicos "homens de preto", num perigoso processo de privatização da segurança pública e da justiça. Não nos esqueçamos do modelo da "matriz": hoje, os mais sanguinários soldados americanos no Iraque são mercenários recrutados por empresas particulares de segurança, não sujeitos a regulamentos e códigos militares. Parafraseando Bertolt Brecht, depois vai sobrar para nós, que teimamos em lutar contra o fascismo e a barbárie, sonhando com um mundo justo e fraterno. A trilha sonora do filme já avisou: "Tropa de Elite, Osso duro de roer, Pega um, pega geral. Também vai pegar você!"
Email:: paulodopcb@gmail.com
Fonte: CMI Brasil
"Homem de preto. Qual é sua missão? É invadir favela E deixar corpo no chão" (refrão do BOPE)
Não dá cair no papo furado de que "Tropa de Elite" é "arte pura" ou "obra aberta". Um filme sobre questões sociais não podia ser neutro. Trata-se de uma obra de arte objetivamente ideológica, de caráter fascista, que serve à criminalização e ao extermínio da pobreza. É possível até que os diretores subjetivamente não quisessem este resultado, mas apenas ganhar dinheiro, prestígio e, quem sabe, um Oscar. Vão jurar o resto da vida que não são de direita. Aliás, você conhece alguém no Brasil, ainda mais na área cultural, que se diga de direita? Como acredito mais em conspirações do que no acaso, não descarto a hipótese de o filme ter sido encomendado por setores conservadores. Estou curioso para saber quais foram os mecenas desta caríssima produção, que certamente foi financiada por incentivos fiscais. O filme tem objetivos diferentes, para públicos diferentes. Para os proletários das comunidades carentes, o objetivo é botar mais medo ainda na "caveira" (o BOPE, os "homens de preto"). O vazamento escancarado das cópias piratas talvez seja, além de uma estratégia de marketing, parte de uma campanha ideológica. A pirataria é a única maneira de o filme ser visto pelos que não podem pagar os caros ingressos dos cinemas. Aliás, que cinemas? Não existe mais um cinema nos subúrbios, a não ser em shopping, que não é lugar de pobre freqüentar, até porque se sente excluído e discriminado. No filme, os "caveiras" são invencíveis e imortais. O único que morre é porque "deu mole". Cometeu o erro de ir ao morro à paisana, para levar óculos para um menino pobre, em nome de um colega de tropa que estava identificado na área como policial. Resumo: foi fazer uma boa ação e acabou assassinado pelos bandidos. Para as classes médias e altas, o objetivo do filme é conquistar mais simpatia para o BOPE, na luta dos "de cima", que moram embaixo, contra os "de baixo", que moram encima. Os "homens de preto" são glamourizados, como abnegados e incorruptíveis. Apesar de bem intencionados e preocupados socialmente, são obrigados a torturar e assassinar a sangue frio, em "nosso nome". Para servir à "nossa sociedade", sacrificam a família, a saúde e os estudos. Nós lhes devemos tudo isso! Portanto, precisam ser impunes. Você já viu algum "caveira" ser processado e julgado por tortura ou assassinato? "Caveira" não tem nome, a não ser no filme. A "Caveira" é uma instituição, impessoal, quase secreta. Há várias cenas para justificar a tortura como "um mal necessário". Em ambas, o resultado é positivo para os torturadores, ou seja, os torturados não resistem e "cagüetam" os procurados, que são pegos e mortos, com requintes de crueldade. Fica outra mensagem: sem aquelas torturas, o resultado era impossível. Tudo é feito para nos sentirmos numa verdadeira guerra, do bem contra o mal. É impossível não nos remetermos ao Iraque ou à Palestina: na guerra, quase tudo é permitido. À certa altura, afirma o narrador, orgulhoso : "nem no exército de Israel há soldados iguais aos do BOPE". Para quem mora no Rio, é ridículo levar a sério as cenas em que os "rangers" sobem os morros, saindo do nada, se esgueirando pelas encostas e ruelas, sem que sejam percebidos pelos olheiros e fogueteiros das gangues do varejo de drogas! Esta manipulação cumpre o papel de torná-los ainda mais invencíveis e, ao mesmo tempo, de esconder o estigmatizado "Caveirão", dentro do qual, na vida real, eles sobem o morro, blindados. O "Caveirão", a maior marca do BOPE, não aparece no filme: os heróis não podem parecer covardes! O filme procura desqualificar a polêmica ideológica com a esquerda, que responsabiliza as injustiças sociais como causa principal da violência e marginalidade. Para ridicularizar a defesa dos direitos humanos e escamotear a denúncia do capitalismo, os antagonistas da truculência policial são estudantes da PUC, "despojados de boutique", que se dão a alguns luxos, por não terem ainda chegado à maioridade burguesa. Os protestos contra a violência retratados no filme são performances no estilo "viva rico", em que a burguesia e a pequena-burguesia vão para a orla pedir paz, como se fosse possível acabar com a violência com velas e roupas brancas, ou seja, como se tratasse de um problema moral ou cultural e não social. A burguesia passa incólume pelo filme, a não ser pela caricatura de seus filhos que, na Faculdade, fumam um baseado e discutem Foucault. Um personagem chamado "Baiano" (sutil preconceito) é a personificação do tráfico de drogas e de armas, como se não passasse de um desses meninos pobres, apenas mais espertos que os outros, que se fazem "Chefe do Morro" e que não chegam aos trinta anos de idade, simples varejistas de drogas e armas, produtos dos mais rentáveis do capitalismo contemporâneo. Nenhuma menção a como as drogas e armas chegam às comunidades, distribuídas pelos grandes traficantes capitalistas, sempre impunes, longe das balas achadas e perdidas. E ainda responsabilizam os consumidores pela existência do tráfico de drogas, como se o sistema não tivesse nada a ver com isso! O Estado burguês também passa incólume pelo filme. Nenhuma alusão à ausência do Estado nas comunidades carentes, principal causa do domínio do banditismo. Nenhuma denúncia de que lá falta tudo que sobra nos bairros ricos. No filme, corrupção é um soldado da PM tomar um chope de graça, para dar segurança a um bar. Aliás, o filme arrasa impiedosamente os policiais "não caveiras", generalizando-os como corruptos e covardes, principalmente os que ficam multando nossos carros e tolhendo nossas pequenas transgressões, ao invés de subirem o morro para matar bandido. A grande sacada do filme é que o personagem ideológico principal não é o artista principal. Este, branco, é o que mais mata. Ironicamente, chama-se Nascimento. É um tipo patológico, messiânico, sanguinário, que manda um colega matar enquanto fala ao celular com a mulher sobre o nascimento do filho. Mas para fazer a cabeça de todos os públicos, tanto os "de cima" como os "de baixo", o grande e verdadeiro herói da trama surge no final: Thiago, um jovem negro, pacato, criado numa comunidade pobre, que foi trabalhar na PM para custear seus estudos de Direito, louco para largar aquela vida e ser advogado. Como PM, foi um peixe fora d'água: incorruptível, respeitava as leis e os cidadãos. Generoso, foi ele quem comprou os óculos para dar para o menino míope. Sua entrada no BOPE não foi por vocação, mas por acaso. Para ficar claro que não há solução fora da repressão e do extermínio e que não adianta criticar nem fazer passeata, pois "guerra é guerra", nosso novo herói se transforma no mais cruel dos "caveiras" da tropa da elite, a ponto de dar o tiro de misericórdia no varejista "Baiano", depois que este foi torturado, dominado e imobilizado. Para não parecer uma guerra de brancos ricos contra negros pobres, mas do bem contra o mal, o nosso herói é um "caveira" negro, que mata um bandido "baiano", de sua própria classe, num ritual macabro para sinalizar uma possibilidade de "mobilidade social", para usar uma expressão cretina dos entusiastas das "políticas compensatórias". A fascistização é um fenômeno que vem sendo impulsionado pelo imperialismo em escala mundial. A pretexto da luta contra o terrorismo, criminalizam-se governos, líderes, povos, países, religiões, raças, culturas, ideologias, camadas sociais. Em qualquer país em que "Tropa de Elite" passar, principalmente nos Estados Unidos e na Europa, o filme estará contribuindo para que a sociedade se torne mais fascista e mais intolerante com os negros, os imigrantes de países periféricos e delinqüentes de baixa renda. No Brasil, a mídia burguesa há muito tempo trabalha a idéia de que estamos numa verdadeira guerra, fazendo sutilmente a apologia da repressão. Sentimos isso de perto. Quantas vezes já vimos pessoas nas ruas querendo linchar um ladrão amador, pego roubando alguma coisa de alguém? Quantas vezes ouvimos, até de trabalhadores, que "bandido tem que morrer"? Se não reagirmos, daqui a pouco a classe média vai para as ruas pedir mais BOPE e menos direitos humanos e, de novo, fazer o jogo da burguesia, que quer exterminar os pobres, que só criam problemas e ainda por cima não contam na sociedade de consumo. Daqui a pouco, as milícias particulares vão se espalhar pelo país, inspiradas nos heróicos "homens de preto", num perigoso processo de privatização da segurança pública e da justiça. Não nos esqueçamos do modelo da "matriz": hoje, os mais sanguinários soldados americanos no Iraque são mercenários recrutados por empresas particulares de segurança, não sujeitos a regulamentos e códigos militares. Parafraseando Bertolt Brecht, depois vai sobrar para nós, que teimamos em lutar contra o fascismo e a barbárie, sonhando com um mundo justo e fraterno. A trilha sonora do filme já avisou: "Tropa de Elite, Osso duro de roer, Pega um, pega geral. Também vai pegar você!"
Email:: paulodopcb@gmail.com
Fonte: CMI Brasil
A namoradinha do Planalto
por Percival Puggina
Resumo: O recente pedido de licença de Calheiros mostra, novamente, a imoralidade das manobras articuladas no outro lado da praça. © 2007 MidiaSemMascara.org
Proponho aos leitores uma reflexão sobre a indigesta pauta que vem dominando o noticiário nacional: Renan Calheiros, as acusações que contra ele se acumulam e a conduta dos envolvidos no processo político que sucedeu às denúncias da revista Veja.Na frente da cena, tivemos o senador, suas relações empresariais, sua “namoradinha”, o custeio das despesas decorrentes daquelas traquinagens, o excepcional valor do gado alagoano e por aí afora. Tudo muito constrangedor, acumulando indícios de importantes desvios de conduta pessoal. A grande mídia aferrou-se ao assunto e lhe conferiu tal relevo que acabou desatenta a algo bem mais grave atuando no fundo do palco.Refiro-me às articulações promovidas pela base do governo para evitar a cassação de Renan. Escândalo, escândalo mesmo, de arrepiar os cabelos de qualquer pessoa decente, foi o que aconteceu ali. Que ninguém se iluda: o presidente do Senado Federal só não foi cassado porque o governo ficou ao seu lado direito, ao seu lado esquerdo, acima e abaixo. Cercou-o de proteção por interesse próprio, olhos postos na parceria do PMDB e nos votos que ele, Renan, comandava no plenário da Casa para a manutenção da CPMF. Esse imposto tornou-se a Mônica Velloso do governo Lula. Ele é a fonte dos prazeres políticos federais, acintosos à miserável abstinência de estados e municípios. Para seu oneroso sustento pagamos todos. Por eles se vendeu e se vende, como boiada, a honra nacional. A pergunta que fica ecoando é a seguinte: sob o ponto de vista político, institucional e ético, o que é mais danoso? O pecado individual do senador ou a atitude colegiada do governo e seus teleguiados? O erro de um ou o erro de tantos? A conduta de Renan ou os afagos de Lula e dos seus, que o proclamaram suficientemente digno de dirigir a Câmara Alta da república?O recente pedido de licença de Calheiros mostra, novamente, a imoralidade das manobras articuladas no outro lado da praça. Examine os fatos e perceba que a reversão dos comportamentos foi determinada pela reação da opinião pública. Poucas e boas - aliás, muitas e ótimas - passaram a ser ouvidas pelos senadores e senadoras ao retornarem aos seus Estados. Tornaram-se, todos, titulares de mandatos sem respeito e de uma função apontada como inútil. A essas alturas, até o sujeito da banca de jornais instalada no Senado, enquanto desempacotava fardos e fardos da revista Playboy, sabia que só a derrubada da CPMF restauraria a imagem da Casa. Aí, e só aí, Renan tornou-se desconfortável ao governo. A escada foi retirada e o senador, seguro no pincel, escorreu com a tinta.
Naquele açude, caros leitores, o alagoano é mero lambari.
O autor é arquiteto, político, escritor e presidente da Fundação Tarso Dutra de Estudos Políticos e Administração Pública. puggina.org
http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=6116 http://www.midiasemmascara.com.br/
Fonte: CMI Brasil
Resumo: O recente pedido de licença de Calheiros mostra, novamente, a imoralidade das manobras articuladas no outro lado da praça. © 2007 MidiaSemMascara.org
Proponho aos leitores uma reflexão sobre a indigesta pauta que vem dominando o noticiário nacional: Renan Calheiros, as acusações que contra ele se acumulam e a conduta dos envolvidos no processo político que sucedeu às denúncias da revista Veja.Na frente da cena, tivemos o senador, suas relações empresariais, sua “namoradinha”, o custeio das despesas decorrentes daquelas traquinagens, o excepcional valor do gado alagoano e por aí afora. Tudo muito constrangedor, acumulando indícios de importantes desvios de conduta pessoal. A grande mídia aferrou-se ao assunto e lhe conferiu tal relevo que acabou desatenta a algo bem mais grave atuando no fundo do palco.Refiro-me às articulações promovidas pela base do governo para evitar a cassação de Renan. Escândalo, escândalo mesmo, de arrepiar os cabelos de qualquer pessoa decente, foi o que aconteceu ali. Que ninguém se iluda: o presidente do Senado Federal só não foi cassado porque o governo ficou ao seu lado direito, ao seu lado esquerdo, acima e abaixo. Cercou-o de proteção por interesse próprio, olhos postos na parceria do PMDB e nos votos que ele, Renan, comandava no plenário da Casa para a manutenção da CPMF. Esse imposto tornou-se a Mônica Velloso do governo Lula. Ele é a fonte dos prazeres políticos federais, acintosos à miserável abstinência de estados e municípios. Para seu oneroso sustento pagamos todos. Por eles se vendeu e se vende, como boiada, a honra nacional. A pergunta que fica ecoando é a seguinte: sob o ponto de vista político, institucional e ético, o que é mais danoso? O pecado individual do senador ou a atitude colegiada do governo e seus teleguiados? O erro de um ou o erro de tantos? A conduta de Renan ou os afagos de Lula e dos seus, que o proclamaram suficientemente digno de dirigir a Câmara Alta da república?O recente pedido de licença de Calheiros mostra, novamente, a imoralidade das manobras articuladas no outro lado da praça. Examine os fatos e perceba que a reversão dos comportamentos foi determinada pela reação da opinião pública. Poucas e boas - aliás, muitas e ótimas - passaram a ser ouvidas pelos senadores e senadoras ao retornarem aos seus Estados. Tornaram-se, todos, titulares de mandatos sem respeito e de uma função apontada como inútil. A essas alturas, até o sujeito da banca de jornais instalada no Senado, enquanto desempacotava fardos e fardos da revista Playboy, sabia que só a derrubada da CPMF restauraria a imagem da Casa. Aí, e só aí, Renan tornou-se desconfortável ao governo. A escada foi retirada e o senador, seguro no pincel, escorreu com a tinta.
Naquele açude, caros leitores, o alagoano é mero lambari.
O autor é arquiteto, político, escritor e presidente da Fundação Tarso Dutra de Estudos Políticos e Administração Pública. puggina.org
http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=6116 http://www.midiasemmascara.com.br/
Fonte: CMI Brasil
A Ré-Pública na Playboy
Por Bruno Bezerra* 15/10/2007 às 00:53
Mônica mostrou os reais interesses de uma Ré-Pública verde e amarela. Em cada praça brasileira deveria existir uma estátua em tamanho natural ? nua claro ? de Mônica Veloso.
"Não era esta a República que eu sonhava? Beijamin Constant, militar e estadista brasileiro (1836-1891). Duke, o premiado chargista mineiro, parceiro do nosso blog (Atitude Empreendedora), expressou de maneira nua (literalmente) e crua, a verdadeira face do atual cenário do poder político no parlamento brasileiro. Em duas charges, Duke fala por milhões e milhões de palavras. Na revista Playboy as fotos da primeira-dama, ou melhor, da primeira-amante do parlamento brasileiro, nua e crua ? mais nua do que crua ? como as charges do mineiro Duke. Já a manchete da Playboy tenta simplificar a história: A mulher que abalou a república. Agora eu pergunto: que república? Entendendo república como sendo uma organização política de um Estado com vista a servir à coisa pública, ao interesse comum. Mônica mostrou muito mais do que um belo corpo bronzeado em suas perfeitas curvas. Mônica não abalou, Mônica simplesmente mostrou a Ré-Pública brasileira. Mônica mostrou os reais interesses de uma Ré-Pública verde e amarela. Em cada praça brasileira deveria existir uma estátua em tamanho natural ? nua claro ? de Mônica Veloso. Mas a vida continua ? também nua, crua e dura ? e como no mundo globalizado a economia não pode descansar um só segundo, meio mundo de gente tem faturado alto em Brasília: os deputados na aprovação da prorrogação até 2011 da CPMF, os senadores para livrar o presidente Renan Calheiros da cassação, Mônica para representar a Ré-Pública brasileira nas páginas da Playboy, e a Playboy para mostrar a cara descarada da Ré-Pública brasileira ao povo... brasileiro. E enquanto tudo isso acontece, o Brasil vem diminuindo de maneira considerável a desigualdade social, um grande avanço realmente. Por outro lado, o país vem perpetuando o acumulo de uma infinidade de miseráveis na questão do acesso a uma educação de qualidade, o verdadeiro caminho do desenvolvimento, a verdadeira riqueza de um povo. Sem educação de qualidade não existe república de verdade. *o pernambucano Bruno Bezerra é administrador de empresas e colaborador de diversos sites e Jornais. Na internet mantém o blog Atitude Empreendedora Æ ? www.brunobezerra.blogspot.com
URL:: http://www.brunobezerra.blogspot.com/
Fonte; CMI Brasil
Mônica mostrou os reais interesses de uma Ré-Pública verde e amarela. Em cada praça brasileira deveria existir uma estátua em tamanho natural ? nua claro ? de Mônica Veloso.
"Não era esta a República que eu sonhava? Beijamin Constant, militar e estadista brasileiro (1836-1891). Duke, o premiado chargista mineiro, parceiro do nosso blog (Atitude Empreendedora), expressou de maneira nua (literalmente) e crua, a verdadeira face do atual cenário do poder político no parlamento brasileiro. Em duas charges, Duke fala por milhões e milhões de palavras. Na revista Playboy as fotos da primeira-dama, ou melhor, da primeira-amante do parlamento brasileiro, nua e crua ? mais nua do que crua ? como as charges do mineiro Duke. Já a manchete da Playboy tenta simplificar a história: A mulher que abalou a república. Agora eu pergunto: que república? Entendendo república como sendo uma organização política de um Estado com vista a servir à coisa pública, ao interesse comum. Mônica mostrou muito mais do que um belo corpo bronzeado em suas perfeitas curvas. Mônica não abalou, Mônica simplesmente mostrou a Ré-Pública brasileira. Mônica mostrou os reais interesses de uma Ré-Pública verde e amarela. Em cada praça brasileira deveria existir uma estátua em tamanho natural ? nua claro ? de Mônica Veloso. Mas a vida continua ? também nua, crua e dura ? e como no mundo globalizado a economia não pode descansar um só segundo, meio mundo de gente tem faturado alto em Brasília: os deputados na aprovação da prorrogação até 2011 da CPMF, os senadores para livrar o presidente Renan Calheiros da cassação, Mônica para representar a Ré-Pública brasileira nas páginas da Playboy, e a Playboy para mostrar a cara descarada da Ré-Pública brasileira ao povo... brasileiro. E enquanto tudo isso acontece, o Brasil vem diminuindo de maneira considerável a desigualdade social, um grande avanço realmente. Por outro lado, o país vem perpetuando o acumulo de uma infinidade de miseráveis na questão do acesso a uma educação de qualidade, o verdadeiro caminho do desenvolvimento, a verdadeira riqueza de um povo. Sem educação de qualidade não existe república de verdade. *o pernambucano Bruno Bezerra é administrador de empresas e colaborador de diversos sites e Jornais. Na internet mantém o blog Atitude Empreendedora Æ ? www.brunobezerra.blogspot.com
URL:: http://www.brunobezerra.blogspot.com/
Fonte; CMI Brasil
Em entrevista com Edir Macedo, Record volta a criticar Globo
da Folha Online
A Globo voltou a ser alvo dos ataques da Record. Reportagem exibida hoje no programa "Domingo Espetacular", da Record, criticou a forma como a Globo mostrou a prisão Edir Macedo em 1992. Ele foi acusado, na época, de cometer os crimes de curandeirismo, charlatanismo e estelionato.
A matéria da Record também criticou a forma como a minissérie "Decadência", da Globo, retratou o bispo. O folhetim contou a história de um pastor corrupto, vivido pelo ator Edson Celulari, que extorquia dinheiro de seus fiéis. De acordo com a matéria, o personagem de Celulari usou frases do líder da Igreja Universal na minissérie.
Prometendo relembrar os maus momentos que o bispo viveu há 15 anos, a reportagem foi veiculada na semana do lançamento do livro "O Bispo - A História Revelada de Edir Macedo".
"Voltar ao passado faz parte da maratona de entrevistas que Edir Macedo concedeu por conta de um livro que vai ser lançado nesta semana", disse Paulo Henrique Amorim ao anunciar o livro que, segundo ele, trará "revelações surpreendentes sobre o dono da Record e da igreja que mais cresce no país".
Em entrevista para o "Domingo Espetacular", a mulher e a filha de Macedo disseram que sua prisão foi "muito violenta" e que chegaram a pensar que era um "seqüestro".
"Eu não vi nada. O que eu vi, o que eu senti era revolta. Eu estava em paz comigo, mas revoltado com aquela situação e pensando e nela [mulher] e minha filha deveriam estar naquele momento. [...] Não sabia se estava sendo seqüestrado, pois preso não havia razão", disse ele na entrevista para o "Domingo Espetacular.
A reportagem mostrou Edir Macedo visitando a cela onde ficou preso por 11 dias. "Casado, pai de filho, ficar de castigo 11 dias numa prisão. Ser aprisionado por quê? O que que você fez? A quem eu fiz mal. A pergunta é essa. Quem foi prejudicado através do meu trabalho, do meu ministério.?"
Ele também fez questão de dizer que a Igreja Universal do Reino de Deus não pára de crescer. "A igreja existe há 30 anos. E ela só cresce. Se sou uma pessoa que prejudica, que explora o pobre, por que ela cresce? É possível enganar as pessoas um tempo, dois tempos, mas não todo o tempo. Estamos há 30 anos no mundo, não só no Brasil. Estamos nos Estados Unidos, na Europa e até no Japão."
O bispo disse que não poderia mais ficar calado e que correu o risco de sofrer um ataque cardíaco fulminante quando foi abordado pelos policiais no dia em que foi preso "por causa de uma injustiça". Depois completou: "sem justiça não há amor
Fonte: Folha Online
A Globo voltou a ser alvo dos ataques da Record. Reportagem exibida hoje no programa "Domingo Espetacular", da Record, criticou a forma como a Globo mostrou a prisão Edir Macedo em 1992. Ele foi acusado, na época, de cometer os crimes de curandeirismo, charlatanismo e estelionato.
A matéria da Record também criticou a forma como a minissérie "Decadência", da Globo, retratou o bispo. O folhetim contou a história de um pastor corrupto, vivido pelo ator Edson Celulari, que extorquia dinheiro de seus fiéis. De acordo com a matéria, o personagem de Celulari usou frases do líder da Igreja Universal na minissérie.
Prometendo relembrar os maus momentos que o bispo viveu há 15 anos, a reportagem foi veiculada na semana do lançamento do livro "O Bispo - A História Revelada de Edir Macedo".
"Voltar ao passado faz parte da maratona de entrevistas que Edir Macedo concedeu por conta de um livro que vai ser lançado nesta semana", disse Paulo Henrique Amorim ao anunciar o livro que, segundo ele, trará "revelações surpreendentes sobre o dono da Record e da igreja que mais cresce no país".
Em entrevista para o "Domingo Espetacular", a mulher e a filha de Macedo disseram que sua prisão foi "muito violenta" e que chegaram a pensar que era um "seqüestro".
"Eu não vi nada. O que eu vi, o que eu senti era revolta. Eu estava em paz comigo, mas revoltado com aquela situação e pensando e nela [mulher] e minha filha deveriam estar naquele momento. [...] Não sabia se estava sendo seqüestrado, pois preso não havia razão", disse ele na entrevista para o "Domingo Espetacular.
A reportagem mostrou Edir Macedo visitando a cela onde ficou preso por 11 dias. "Casado, pai de filho, ficar de castigo 11 dias numa prisão. Ser aprisionado por quê? O que que você fez? A quem eu fiz mal. A pergunta é essa. Quem foi prejudicado através do meu trabalho, do meu ministério.?"
Ele também fez questão de dizer que a Igreja Universal do Reino de Deus não pára de crescer. "A igreja existe há 30 anos. E ela só cresce. Se sou uma pessoa que prejudica, que explora o pobre, por que ela cresce? É possível enganar as pessoas um tempo, dois tempos, mas não todo o tempo. Estamos há 30 anos no mundo, não só no Brasil. Estamos nos Estados Unidos, na Europa e até no Japão."
O bispo disse que não poderia mais ficar calado e que correu o risco de sofrer um ataque cardíaco fulminante quando foi abordado pelos policiais no dia em que foi preso "por causa de uma injustiça". Depois completou: "sem justiça não há amor
Fonte: Folha Online
TSE decide amanhã sobre fidelidade partidária
O Tribunal Superior Eleitoral deve julgar amanhã a aplicação da fidelidade partidária para os ocupantes de cargos majoritários, como senadores, governadores e presidente da República. Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal validou a decisão do TSE de impor a fidelidade a partir de 27 de março deste ano. A regra, por enquanto, só deve ser aplicada para os políticos eleitos no pleito proporcional (deputados federais, estaduais e vereadores). Sobre o caso referente aos majoritários, a expectativa era de que o ministro Carlos Ayres Britto apresentasse, na última quinta-feira, seu voto em relação ao tema. No entanto, o presidente do TSE, ministro Marco Aurélio Mello, disse que o julgamento está condicionado à presença de todos os ministros do tribunal. O TSE entende que o mandato pertence aos partidos, e não aos eleitos pelo sistema proporcional. (Folhapress)
Fonte: JB Online
Fonte: JB Online
Vários nomes para o mandato tampão do Tribunal de Justiça
Nos corredores do Tribunal de Justiça da Bahia respira-se uma atmosfera de eleição à vista. Até o início de novembro, dois membros integrantes da mesa diretora da casa se afastam, em razão de aposentadoria: a desembargadora Lucy Carvalho, atual vice-presidente, e o desembargador Benito Figueiredo, presidente do TJB. Nos meios forenses a discussão gira em torno dos substitutos para os referidos cargos. Alguns nomes são cogitados para ocupar a presidência da instituição durante o biênio 2008/2010, mas paira no ar um clima de disputa acirrada tendo em vista que os que estão aptos desejam presidir a Corte, mas apenas um poderá ocupar a cobiçada cadeira do Poder Judiciário. Antes da eleição propriamente dita do futuro presidente, um desembargador terá que exercer um mandato tido como “tampão”, até que o número de votos do pleito seja conhecido. O desembargador Sinésio Cabral é o preferido do grupo liderado pelo desembargador Carlos Cintra, enquanto que o colega João Pinheiro, atualmente corregedor, não faz segredo sobre a vontade de galgar ao posto. A discussão a respeito da questão, entretanto, se situa nas normas estabelecidas na Lei Orgânica da Magistratura (Loman), mais precisamente em torno da interpretação que deve ser atribuída aos seus artigos 102, que regula a eleição dos membros da mesa, e 114, que regula a respeito da substituição de desembargador em caso de afastamento ou vaga. Ambos dispositivos acima mencionados privilegiam, para preenchimento dos cargos que ficarão vagos, a antigüidade no exercício de cargo de desembargador. O preenchimento das vagas derivadas da aposentadoria corresponde à hipótese de substituição ( art. 114 da Loman) e não de eleição. Neste caso, preencher-se-ia primeiro o cargo de vice-presidente vago com a aposentadoria da desembargadora Lucy Carvalho, através da indicação do desembargador mais antigo. Após isto, o novo vice-presidente substituiria o presidente Benito Figueiredo, que posteriormente se aposentará, abrindo vaga para uma nova indicação do vice-presidente, sempre seguindo o mesmo critério da antigüidade. Segundo a reportagem da Tribuna da Bahia conseguiu apurar, o desembargador João Pinheiro pretende exercer a presidência com base em interpretação do art. 102 da Loman, segundo a qual, como mais antigo, seria candidato único ao cargo de presidente, em face da previsão legal no sentido de que os candidatos entre os mais antigos devem corresponder ao número de vagas existentes (no caso uma). A aceitação da tese da substituição favoreceria também ao desembargador João Pinheiro, muito embora contra a pretensão deste exista o exercício atual do cargo de corregedor, do qual, a princípio, não poderia renunciar para exercer outro cargo na mesa. Caso prevaleça o entendimento de que a hipótese é de substituição, e seguindo-se a ordem da antigüidade, e impedido João Pinheiro, por já estar participando da mesa diretora, entra em cena o desembargador Jerônimo dos Santos. O exercício da presidência do TJB no final do atual mandato, poderia ser do desembargador Paulo Furtado, como o desembargador mais antigo exercendo o cargo, porém esta hipótese ficou afastada em razão do fato de que este já exerceu a presidência da Corte. (Por Nelson Rocha)
Iphan abre negociações com os proprietários da Mansão
O entorno da Igreja de Nossa Senhora da Vitória não foi tombado definitivamente, ao contrário do que aconteceu com o templo católico, na última terça-feira, dia 9, após reunião do Conselho Consultivo do Iphan no Palácio Capanema, no Rio de Janeiro. O anúncio foi feito depois que os conselheiros se reuniram numa sessão fechada, sem a participação dos interessados, que somente puderam permanecer na sala do julgamento até a leitura do voto do relator, não acompanhando a discussão que parece ter sido intensa, pela demora da reunião, que somente terminou às 19h30. Os detalhes da abertura de uma janela para o mar que se dará no terreno da família Wildberger, na Vitória, serão discutidos na próxima semana. Os entendimentos serão conduzidos pelo diretor de patrimônio do Iphan, em Brasília e, conforme ficou decidido, deverão ser ágeis, informam os advogados da família Wildberger. O objetivo é por fim às pendências ocasionadas pela delonga deste processo. O reconhecimento, pôr parte do Conselho durante a sessão realizada na última terça-feira, da importância das contrapartidas do empreendimento podem indicar a breve conclusão da demolição da antiga Mansão Wildberger e o início das obras previstas para a área. O projeto inclui uma praça pública de 1200 m²; que será doada ao município, um centro comunitário voltado para a comunidade da Vila Brandão, a abertura da última janela para o mar do Corredor da Vitória, a construção de um mirante, entre outros.
Newton Pinto, amigo, poeta e profeta
O cidadão-estadista Newton Pinto de Araújo nos deixou no último sete de setembro aos noventa e seis anos de idade. Tantas e tão festejadas eram suas qualidades que de pronto vem à nossa mente o pensamento de que pessoas como ele não deveriam morrer, para fazerem contraponto com o festival de maldade que assola o País e o mundo. Como médico, Newton salvou de morte certa, por desidratação, centenas de crianças no interior do Estado, onde conquistou merecida reputação como profissional dos melhores, injetando-lhes, pioneiramente, água de coco verde à guisa de soro. Como político, foi prefeito de Jequié e deputado estadual, deixando em ambos os casos a marca superior de sua operosidade e espírito público. Não é à toa que as várias entidades a que pertenceu, como o Rotary Clube e a Assembléia Legislativa, vêm lhe prestando as homenagens devidas. Mas foi como quiromante que Newton Pinto granjeou prestígio e notoriedade nacional, de que dão testemunho as repetidas consultas que lhe formulavam alguns dos mais destacados vultos da Bahia e do Brasil. Quem compareceu à festa do seu nonagésimo aniversário, se surpreendeu com a quantidade de políticos das mais diferentes regiões do Brasil. Sem dúvida, as antevisões que anunciou com grande riqueza de detalhes continuam sendo objeto de admiração e espanto dos que as vivenciaram e conhecem. Num dos episódios mais comentados, o deputado estadual José Bonifácio Mariani despediu-se dele e de outros parlamentares, à porta da Assembléia Legislativa. Minutos depois, Newton Pinto anunciou, com visível ar de tristeza estampado no rosto: nunca mais veremos o Mariani com vida. De fato, horas depois chegou a notícia do acidente que vitimara mortalmente o indigitado e brilhante jovem político. A Lomanto Júnior, seu sucessor na prefeitura de Jequié, Newton Pinto assegurou que ainda bastante jovem ele, Lomanto, assumiria o governo da Bahia, o que de fato sucedeu antes de completar trinta e oito anos. Observe-se que a previsão de um prefeito de uma cidade média do interior vir a assumir o governo do Estado soava, à época, tão inverossímil que anos depois, quando Lomanto anunciou sua candidatura, muitos observadores, inclusive o então governador Juracy Magalhães, avaliaram como ridícula e despropositada a pretensão. A listagem de sua casuística exigiria espaço que ultrapassa os limites de um breve artigo. Prefiro, neste passo, restringir-me à minha experiência pessoal, declarando de plano que é antigo meu ceticismo em matéria de superstição, crendice ou religião. Quando leu a minha mão, em 1973, Newton Pinto falou do meu passado como se sempre estivesse debruçado sobre minha vida e intenções. Por isso, anotei cuidadosamente o que tinha a dizer sobre o meu futuro. É do meu dever reconhecer que até agora tem sido excepcional o seu nível de acerto. Em alguns momentos, quando as coisas ameaçavam cair, costumava dizer aos próximos de mim que, segundo as previsões de Newton Pinto, as coisas vão acontecer de modo diferente do que parece. E nunca deu outra. Em 1982, ele assegurou, categórico: “De nada adiantam as candidaturas que aí estão postas, porque será um dentista o próximo governador da Bahia”. Dizia mais: “Haverá um estouro ensurdecedor que causará uma comoção maior do que a que vitimou o candidato Lauro de Freitas em desastre aéreo em 1950. E isso ocorrerá entre o fim de setembro e o início de outubro”. Nunca esquecerei aquela quinta-feira, 30 de setembro, ao término de nosso almoço na reunião semanal do Rotary, no Clube Bahiano de Tênis, quando ele me pegou pelo braço e disse, com suas bochechas de anjo prestes a estourar: “Joaci, é agora. Será de ensurdecer a intensidade do estouro que enlutará a Bahia e chocará o País inteiro”. No dia seguinte, primeiro de outubro, aconteceu a tragédia que matou Clériston Andrade e os demais ocupantes do helicóptero. Contrariando todas as expectativas, o escolhido para substituir o candidato falecido foi o deputado João Durval. Conforme Newton previra, um dentista foi eleito para governar a Bahia. Tomara que no Céu, onde se encontra como conselheiro de Deus, Newton interfira para melhorar o caráter dos nossos líderes. Joaci Góes é empresário e escritor. joacigoes@uol.com.br
Fonte: Tribuna da Bahia
Iphan abre negociações com os proprietários da Mansão
O entorno da Igreja de Nossa Senhora da Vitória não foi tombado definitivamente, ao contrário do que aconteceu com o templo católico, na última terça-feira, dia 9, após reunião do Conselho Consultivo do Iphan no Palácio Capanema, no Rio de Janeiro. O anúncio foi feito depois que os conselheiros se reuniram numa sessão fechada, sem a participação dos interessados, que somente puderam permanecer na sala do julgamento até a leitura do voto do relator, não acompanhando a discussão que parece ter sido intensa, pela demora da reunião, que somente terminou às 19h30. Os detalhes da abertura de uma janela para o mar que se dará no terreno da família Wildberger, na Vitória, serão discutidos na próxima semana. Os entendimentos serão conduzidos pelo diretor de patrimônio do Iphan, em Brasília e, conforme ficou decidido, deverão ser ágeis, informam os advogados da família Wildberger. O objetivo é por fim às pendências ocasionadas pela delonga deste processo. O reconhecimento, pôr parte do Conselho durante a sessão realizada na última terça-feira, da importância das contrapartidas do empreendimento podem indicar a breve conclusão da demolição da antiga Mansão Wildberger e o início das obras previstas para a área. O projeto inclui uma praça pública de 1200 m²; que será doada ao município, um centro comunitário voltado para a comunidade da Vila Brandão, a abertura da última janela para o mar do Corredor da Vitória, a construção de um mirante, entre outros.
Newton Pinto, amigo, poeta e profeta
O cidadão-estadista Newton Pinto de Araújo nos deixou no último sete de setembro aos noventa e seis anos de idade. Tantas e tão festejadas eram suas qualidades que de pronto vem à nossa mente o pensamento de que pessoas como ele não deveriam morrer, para fazerem contraponto com o festival de maldade que assola o País e o mundo. Como médico, Newton salvou de morte certa, por desidratação, centenas de crianças no interior do Estado, onde conquistou merecida reputação como profissional dos melhores, injetando-lhes, pioneiramente, água de coco verde à guisa de soro. Como político, foi prefeito de Jequié e deputado estadual, deixando em ambos os casos a marca superior de sua operosidade e espírito público. Não é à toa que as várias entidades a que pertenceu, como o Rotary Clube e a Assembléia Legislativa, vêm lhe prestando as homenagens devidas. Mas foi como quiromante que Newton Pinto granjeou prestígio e notoriedade nacional, de que dão testemunho as repetidas consultas que lhe formulavam alguns dos mais destacados vultos da Bahia e do Brasil. Quem compareceu à festa do seu nonagésimo aniversário, se surpreendeu com a quantidade de políticos das mais diferentes regiões do Brasil. Sem dúvida, as antevisões que anunciou com grande riqueza de detalhes continuam sendo objeto de admiração e espanto dos que as vivenciaram e conhecem. Num dos episódios mais comentados, o deputado estadual José Bonifácio Mariani despediu-se dele e de outros parlamentares, à porta da Assembléia Legislativa. Minutos depois, Newton Pinto anunciou, com visível ar de tristeza estampado no rosto: nunca mais veremos o Mariani com vida. De fato, horas depois chegou a notícia do acidente que vitimara mortalmente o indigitado e brilhante jovem político. A Lomanto Júnior, seu sucessor na prefeitura de Jequié, Newton Pinto assegurou que ainda bastante jovem ele, Lomanto, assumiria o governo da Bahia, o que de fato sucedeu antes de completar trinta e oito anos. Observe-se que a previsão de um prefeito de uma cidade média do interior vir a assumir o governo do Estado soava, à época, tão inverossímil que anos depois, quando Lomanto anunciou sua candidatura, muitos observadores, inclusive o então governador Juracy Magalhães, avaliaram como ridícula e despropositada a pretensão. A listagem de sua casuística exigiria espaço que ultrapassa os limites de um breve artigo. Prefiro, neste passo, restringir-me à minha experiência pessoal, declarando de plano que é antigo meu ceticismo em matéria de superstição, crendice ou religião. Quando leu a minha mão, em 1973, Newton Pinto falou do meu passado como se sempre estivesse debruçado sobre minha vida e intenções. Por isso, anotei cuidadosamente o que tinha a dizer sobre o meu futuro. É do meu dever reconhecer que até agora tem sido excepcional o seu nível de acerto. Em alguns momentos, quando as coisas ameaçavam cair, costumava dizer aos próximos de mim que, segundo as previsões de Newton Pinto, as coisas vão acontecer de modo diferente do que parece. E nunca deu outra. Em 1982, ele assegurou, categórico: “De nada adiantam as candidaturas que aí estão postas, porque será um dentista o próximo governador da Bahia”. Dizia mais: “Haverá um estouro ensurdecedor que causará uma comoção maior do que a que vitimou o candidato Lauro de Freitas em desastre aéreo em 1950. E isso ocorrerá entre o fim de setembro e o início de outubro”. Nunca esquecerei aquela quinta-feira, 30 de setembro, ao término de nosso almoço na reunião semanal do Rotary, no Clube Bahiano de Tênis, quando ele me pegou pelo braço e disse, com suas bochechas de anjo prestes a estourar: “Joaci, é agora. Será de ensurdecer a intensidade do estouro que enlutará a Bahia e chocará o País inteiro”. No dia seguinte, primeiro de outubro, aconteceu a tragédia que matou Clériston Andrade e os demais ocupantes do helicóptero. Contrariando todas as expectativas, o escolhido para substituir o candidato falecido foi o deputado João Durval. Conforme Newton previra, um dentista foi eleito para governar a Bahia. Tomara que no Céu, onde se encontra como conselheiro de Deus, Newton interfira para melhorar o caráter dos nossos líderes. Joaci Góes é empresário e escritor. joacigoes@uol.com.br
Fonte: Tribuna da Bahia
Assaltantes agem livremente em pista de skate nos Barris
Freqüentadores relatam roubos e agressões, que se tornaram quase diários
Mariana Rios
Dois meses após a inauguração da pista de skate, nos Barris, os freqüentadores reclamam da falta de segurança. Tem que estar ligado: um olho na manobra, outro na movimentação de pessoas suspeitas. Mochilas, celulares, aparelhos de MP3 e mesmo as surradas pranchas de madeira dos skatistas estão na mira de quem vai ao local com outra intenção – que não é se divertir. Entregue à população como uma opção de lazer, o espaço carece ainda de infra-estrutura mínima para as dezenas de crianças e adolescentes que diariamente vão ao local, como banheiros químicos.
São comuns histórias de assaltos e agressões na Praça João Mangabeira, que deixam em alerta os praticantes do esporte.
A estudante Jamile Oliveira, 18 anos, teve o skate roubado anteontem. Do seu amigo, levaram o tocador de MP3. “O cara disse que estava com uma arma. Depois tirou o chinelo e saiu correndo. Ainda bem que consegui outro skate com um amigo”, afirmou Jamile, que ontem voltou ao local para treinar.
O autônomo Reinaldo Nery, 41, que comercializa caldo de cana nos fins de semana, confirma que sempre ouve “resenhas” sobre roubos e assaltos da semana. “Rolou assalto na sexta, no sábado. Levam celular, skate, o que a galera der bobeira. Falta segurança sim. Mas também não temos bebedouro, nem banheiro”, explicou o morador do Engenho Velho de Brotas, Lucas Rosário, 19, que reclama da infra-estrutura. Quando a sede bate, alguns recorrem ao 5º Centro de Saúde em busca de água.
A solidariedade é uma característica dos praticantes do esporte e, por isso, na ausência de bebedouros, a água é compartilhada. Mas sem banheiros, o jeito é improvisar. Para os garotos, quando aperta, resta a parede do fundo da arquibancada. Jamile, que treina na pista cinco vezes por semana, precisa ir ao banheiro do Dique do Tororó.
Mesmo com tantas deficiências, a pista é freqüentada com assiduidade pelos skatistas. O monitor de informática Ruidinele Vieira, 22, saiu de Castelo Branco 5h50, para aproveitar o domingo. O empresário Bráulio Alves Neto, 53, carrega uma garrafa de 1,5 litro de água para o filho Bráulio Gabriel, 5, que também divide com outras crianças. A pista dos Barris é a preferida do garoto, que também treina nas rampas de Lauro de Freitas. “Gosto mais dessa, que tem mais opção de manobra”, afirmou.
Para o designer gráfico Marlos Pinheiro, 30, o local poderia oferecer uma estrutura melhor aos freqüentadores, como uma ducha ou coberturas de lona nas arquibancadas, para que crianças e acompanhantes possam se proteger do sol intenso. A reportagem ligou, diversas vezes, no início da tarde de ontem para o assessor de comunicação da Polícia Militar, coronel Aristóteles, mas não obteve sucesso. O mesmo ocorreu com a assessoria de comunicação da prefeitura.
Fonte: Correio da Bahia
Mariana Rios
Dois meses após a inauguração da pista de skate, nos Barris, os freqüentadores reclamam da falta de segurança. Tem que estar ligado: um olho na manobra, outro na movimentação de pessoas suspeitas. Mochilas, celulares, aparelhos de MP3 e mesmo as surradas pranchas de madeira dos skatistas estão na mira de quem vai ao local com outra intenção – que não é se divertir. Entregue à população como uma opção de lazer, o espaço carece ainda de infra-estrutura mínima para as dezenas de crianças e adolescentes que diariamente vão ao local, como banheiros químicos.
São comuns histórias de assaltos e agressões na Praça João Mangabeira, que deixam em alerta os praticantes do esporte.
A estudante Jamile Oliveira, 18 anos, teve o skate roubado anteontem. Do seu amigo, levaram o tocador de MP3. “O cara disse que estava com uma arma. Depois tirou o chinelo e saiu correndo. Ainda bem que consegui outro skate com um amigo”, afirmou Jamile, que ontem voltou ao local para treinar.
O autônomo Reinaldo Nery, 41, que comercializa caldo de cana nos fins de semana, confirma que sempre ouve “resenhas” sobre roubos e assaltos da semana. “Rolou assalto na sexta, no sábado. Levam celular, skate, o que a galera der bobeira. Falta segurança sim. Mas também não temos bebedouro, nem banheiro”, explicou o morador do Engenho Velho de Brotas, Lucas Rosário, 19, que reclama da infra-estrutura. Quando a sede bate, alguns recorrem ao 5º Centro de Saúde em busca de água.
A solidariedade é uma característica dos praticantes do esporte e, por isso, na ausência de bebedouros, a água é compartilhada. Mas sem banheiros, o jeito é improvisar. Para os garotos, quando aperta, resta a parede do fundo da arquibancada. Jamile, que treina na pista cinco vezes por semana, precisa ir ao banheiro do Dique do Tororó.
Mesmo com tantas deficiências, a pista é freqüentada com assiduidade pelos skatistas. O monitor de informática Ruidinele Vieira, 22, saiu de Castelo Branco 5h50, para aproveitar o domingo. O empresário Bráulio Alves Neto, 53, carrega uma garrafa de 1,5 litro de água para o filho Bráulio Gabriel, 5, que também divide com outras crianças. A pista dos Barris é a preferida do garoto, que também treina nas rampas de Lauro de Freitas. “Gosto mais dessa, que tem mais opção de manobra”, afirmou.
Para o designer gráfico Marlos Pinheiro, 30, o local poderia oferecer uma estrutura melhor aos freqüentadores, como uma ducha ou coberturas de lona nas arquibancadas, para que crianças e acompanhantes possam se proteger do sol intenso. A reportagem ligou, diversas vezes, no início da tarde de ontem para o assessor de comunicação da Polícia Militar, coronel Aristóteles, mas não obteve sucesso. O mesmo ocorreu com a assessoria de comunicação da prefeitura.
Fonte: Correio da Bahia
Governo pode ceder e reduzir a CPMF
Planalto não tem número para aprovar prorrogação no Senado e é forçado a negociar com oposição
BRASÍLIA - O governo terá de ceder para aprovar a emenda à Constituição que prorroga a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) até 31 de dezembro de 2011 e ofertar aos senadores da base aliada e de oposição, pelo menos, a redução gradual da alíquota cobrada, atualmente de 0,38%. A prorrogação da contribuição enfrenta resistências junto aos partidos aliados e à oposição e, hoje, o governo não tem os 49 votos necessários para aprovar a CPMF até o fim do ano. “Não somos favoráveis à extinção da contribuição, mas também entendemos que há condições para que o governo comece a fazer a desoneração tributária”, afirmou o líder do PDT, senador Jefferson Péres (AM).
Seu partido, da base aliada, que tem atualmente cinco senadores, fechou questão a favor da contribuição, desde que o governo se comprometa a reduzir gradualmente a alíquota da CPMF. “O governo pode enviar um projeto de lei para o Congresso diminuindo a alíquota já a partir de 2008”, defendeu Péres.
A proposta é que, no ano que vem, a alíquota fique em 0,35%. Em 2009, ela baixaria para 0,30% e, em 2010, último ano do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, cairia para 0,25%. Em 2011, último ano de cobrança, o imposto sobre o cheque será de 0,20% sobre as transações financeiras. “Se o governo não quiser negociar vai ser difícil votar a favor da CPMF”, afirmou Péres. “O PDT não está fazendo nenhuma exigência ao governo em termos de cargos ou de liberação de verbas para votar a favor da contribuição. Mas o governo não pode ser intransigente e não negociar”, observou.
A avaliação é que o afastamento de Renan Calheiros (PMDB-AL) da presidência do Senado facilitará as negociações para aprovar a contribuição. “É imprescindível que a Casa volte à normalidade para que votemos a CPMF”, disse a líder do PT, senadora Ideli Salvatti (SC). Entre hoje e amanhã, o presidente em exercício do Senado, Tião Viana (PT-AC), reúne-se com os líderes partidários para definir um cronograma para votação da contribuição. Para não perder arrecadação, a CPMF tem de ser aprovada até o fim de dezembro.
Além do PDT, o PSB é outro aliado que defende também redução na alíquota da contribuição. “O governo vai ter de fazer algum acordo para aprovar a CPMF no Senado. Vai ter que existir uma redução escalonada da contribuição e também queremos que o debate leve a garantir mais recursos para a área de Saúde”, afirmou o senador Renato Casagrande (PSB-ES).
***
Parte do PMDB é contra a cobrança
Há também dissidências sobre o imposto do cheque no PMDB, outro aliado do governo. Da bancada de 20 senadores, três – Jarbas Vasconcellos (PE), Pedro Simon (RS) e Mão Santa (PI) – já anunciaram que votam contra a prorrogação da CPMF. “Voto contra a CPMF. O governo não equilibra mais as contas pública cortando despesas”, afirmou Vasconcellos.Com maioria apertada e algumas dissidências na base aliada, o governo tentará conquistar o maior número possível de dissidentes no DEM e no PSDB para aprovar a prorrogação da contribuição até 2011. Mesmo os oposicionistas que defendem o diálogo dizem que o governo terá que ceder em alguns pontos e rejeitam o discurso de ministros e do próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que a contribuição é imprescindível.
“Noventa por cento dos tucanos não quer saber de conversa com o governo. E os 10%, nos quais eu me incluo, já estamos perdendo a paciência. O imposto é ruim, pune os pobres, onera a cadeia produtiva. Ainda assim, o PSDB começou aceitando conversar. Falamos em desoneração e redução progressiva da alíquota, mas o governo não nos deu bola quando a discussão estava na Câmara. No Senado, não vai ter como atropelar ninguém”, diz o líder tucano no Senado, Arthur Virgílio (AM), integrante da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde será votado o relatório da senadora Kátia Abreu (DEM-TO), que já antecipou ser contrária à prorrogação.
Com a licença de Renan Calheiros da presidência do Senado, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), também integrante da CCJ, acredita que acabou o clima de tensão que ameaçava inviabilizar a votação da CPMF. No entanto, Demóstenes prevê uma “guerra regimental” em que o governo tentará apressar ao máximo a votação em plenário e a oposição fará um esforço para que todos os prazos previstos no regimentos sejam levados até o último dia, na tentativa de empurrar a votação para o ano que vem. “Com Renan na presidência, seria impossível votar porque todas as obstruções seriam feitas. Agora, haverá a discussão normal de um projeto polêmico. Mas o governo terá que negociar porque a oposição vai esticar ao máximo a votação”, afirma o senador do DEM.
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Dilma reconhece dificuldade
RIO - A chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, reconheceu ontem que o governo enfrentará dificuldades no Senado para a aprovação da prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), mas se disse otimista. Mesmo com a licença do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), cuja permanência no posto sob acusação de irregularidades, impedia a votação, o governo não tem os 49 votos para prorrogar a o tributo até 2011. Cautelosa ao falar sobre as chances de vitória do governo na Casa, a ministra cobrou “responsabilidade” da oposição.
“A CPMF é fundamental para o governo, e o governo não pretende abrir mão da CPMF até o último minuto”, avisou Dilma, que esteve em um show de automobilismo promovido pela Petrobras no Parque do Flamengo, na zona sul do Rio. Dilma disse que o governo está em negociação, inclusive com a oposição. Ela indicou que, com o radicalismo contrário do DEM, o governo pretende mesmo aproveitar a disposição do PSDB de negociar utilizando entre os senadores tucanos o argumento da responsabilidade e do passado deles no poder.
“Nós estamos num processo, sem sombra de dúvida, determinado e sistemático no sentido da aprovação da CPMF. E acredito que há também da parte da oposição, principalmente porque ela já foi governo, responsabilidades que não são só da sua condição de oposição, mas de partícipes de um mesmo país, de uma mesma nação. Então espero, e tenho certeza de que isso ocorrerá, que haverá responsabilidade no que se refere ao trato da CPMF”, disse Dilma.
A ministra não quis fazer cálculos sobre a quantidade de votos que o governo já tem entre os senadores. “Eu não tenho cálculo, não é a minha área de atuação”, afirmou, recusando a tarefa do ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, responsável pela articulação política no Congresso e que já vem se reunindo com senadores. “Acho que eu teria cuidado nas afirmações, tanto na que está garantida a aprovação, quanto naquela em que está garantida a desaprovação”, disse, cautelosa.
Para Dilma, é difícil prever a evolução da negociação política, mas em seguida disse esperar um desfecho favorável. “Sou uma otimista no que se refere à aprovação da CPMF”. Apesar da necessidade de aprovar a prorrogação da contribuição ainda este ano, a ministra demonstrou que o governo está preparado para uma negociação longa.
“Lembrei de um político que fez história nesse país que dizia: em política, um dia é um dia, uma semana é uma semana e um mês é um mês”, afirmou, sem dentificar o criador da frase. Ela não quis comentar declaração recente do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que cogitou o aumento de outros impostos caso a prorrogação da CPMF não seja aprovada. No entanto, repetiu que os R$40 bilhões anuais da CPMF são essenciais para a continuidade de programas sociais do governo e até para os investimentos na aceleração do crescimento econômico.
“Os programas sociais do governo hoje respondem por modificações significativas na distribuição de renda. Os programas de infra-estrutura, de saneamento, habitação, todos eles dependem da CPMF, assim como os de saúde pública e educação”, justificou.Dilma esteve no Rio para a apresentação do novo combustível da Petrobras para a Fórmula 1, que atende às novas exigências ambientais da Federação Internacional de Automobilismo (FIA) para o ano que vem. Em 2008, todas as escuderias deverão ter pelo menos 5,75% de componentes oxidantes e biodegradáveis na gasolina. A Petrobras, que desde 1998 é fornecedora da Williams, é a primeira a apresentar o novo combustível, desenvolvido no Centro de Pesquisas (Cenpes) da estatal.
Fonte: Correio da Bahia
BRASÍLIA - O governo terá de ceder para aprovar a emenda à Constituição que prorroga a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) até 31 de dezembro de 2011 e ofertar aos senadores da base aliada e de oposição, pelo menos, a redução gradual da alíquota cobrada, atualmente de 0,38%. A prorrogação da contribuição enfrenta resistências junto aos partidos aliados e à oposição e, hoje, o governo não tem os 49 votos necessários para aprovar a CPMF até o fim do ano. “Não somos favoráveis à extinção da contribuição, mas também entendemos que há condições para que o governo comece a fazer a desoneração tributária”, afirmou o líder do PDT, senador Jefferson Péres (AM).
Seu partido, da base aliada, que tem atualmente cinco senadores, fechou questão a favor da contribuição, desde que o governo se comprometa a reduzir gradualmente a alíquota da CPMF. “O governo pode enviar um projeto de lei para o Congresso diminuindo a alíquota já a partir de 2008”, defendeu Péres.
A proposta é que, no ano que vem, a alíquota fique em 0,35%. Em 2009, ela baixaria para 0,30% e, em 2010, último ano do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, cairia para 0,25%. Em 2011, último ano de cobrança, o imposto sobre o cheque será de 0,20% sobre as transações financeiras. “Se o governo não quiser negociar vai ser difícil votar a favor da CPMF”, afirmou Péres. “O PDT não está fazendo nenhuma exigência ao governo em termos de cargos ou de liberação de verbas para votar a favor da contribuição. Mas o governo não pode ser intransigente e não negociar”, observou.
A avaliação é que o afastamento de Renan Calheiros (PMDB-AL) da presidência do Senado facilitará as negociações para aprovar a contribuição. “É imprescindível que a Casa volte à normalidade para que votemos a CPMF”, disse a líder do PT, senadora Ideli Salvatti (SC). Entre hoje e amanhã, o presidente em exercício do Senado, Tião Viana (PT-AC), reúne-se com os líderes partidários para definir um cronograma para votação da contribuição. Para não perder arrecadação, a CPMF tem de ser aprovada até o fim de dezembro.
Além do PDT, o PSB é outro aliado que defende também redução na alíquota da contribuição. “O governo vai ter de fazer algum acordo para aprovar a CPMF no Senado. Vai ter que existir uma redução escalonada da contribuição e também queremos que o debate leve a garantir mais recursos para a área de Saúde”, afirmou o senador Renato Casagrande (PSB-ES).
***
Parte do PMDB é contra a cobrança
Há também dissidências sobre o imposto do cheque no PMDB, outro aliado do governo. Da bancada de 20 senadores, três – Jarbas Vasconcellos (PE), Pedro Simon (RS) e Mão Santa (PI) – já anunciaram que votam contra a prorrogação da CPMF. “Voto contra a CPMF. O governo não equilibra mais as contas pública cortando despesas”, afirmou Vasconcellos.Com maioria apertada e algumas dissidências na base aliada, o governo tentará conquistar o maior número possível de dissidentes no DEM e no PSDB para aprovar a prorrogação da contribuição até 2011. Mesmo os oposicionistas que defendem o diálogo dizem que o governo terá que ceder em alguns pontos e rejeitam o discurso de ministros e do próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que a contribuição é imprescindível.
“Noventa por cento dos tucanos não quer saber de conversa com o governo. E os 10%, nos quais eu me incluo, já estamos perdendo a paciência. O imposto é ruim, pune os pobres, onera a cadeia produtiva. Ainda assim, o PSDB começou aceitando conversar. Falamos em desoneração e redução progressiva da alíquota, mas o governo não nos deu bola quando a discussão estava na Câmara. No Senado, não vai ter como atropelar ninguém”, diz o líder tucano no Senado, Arthur Virgílio (AM), integrante da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde será votado o relatório da senadora Kátia Abreu (DEM-TO), que já antecipou ser contrária à prorrogação.
Com a licença de Renan Calheiros da presidência do Senado, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), também integrante da CCJ, acredita que acabou o clima de tensão que ameaçava inviabilizar a votação da CPMF. No entanto, Demóstenes prevê uma “guerra regimental” em que o governo tentará apressar ao máximo a votação em plenário e a oposição fará um esforço para que todos os prazos previstos no regimentos sejam levados até o último dia, na tentativa de empurrar a votação para o ano que vem. “Com Renan na presidência, seria impossível votar porque todas as obstruções seriam feitas. Agora, haverá a discussão normal de um projeto polêmico. Mas o governo terá que negociar porque a oposição vai esticar ao máximo a votação”, afirma o senador do DEM.
***
Dilma reconhece dificuldade
RIO - A chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, reconheceu ontem que o governo enfrentará dificuldades no Senado para a aprovação da prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), mas se disse otimista. Mesmo com a licença do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), cuja permanência no posto sob acusação de irregularidades, impedia a votação, o governo não tem os 49 votos para prorrogar a o tributo até 2011. Cautelosa ao falar sobre as chances de vitória do governo na Casa, a ministra cobrou “responsabilidade” da oposição.
“A CPMF é fundamental para o governo, e o governo não pretende abrir mão da CPMF até o último minuto”, avisou Dilma, que esteve em um show de automobilismo promovido pela Petrobras no Parque do Flamengo, na zona sul do Rio. Dilma disse que o governo está em negociação, inclusive com a oposição. Ela indicou que, com o radicalismo contrário do DEM, o governo pretende mesmo aproveitar a disposição do PSDB de negociar utilizando entre os senadores tucanos o argumento da responsabilidade e do passado deles no poder.
“Nós estamos num processo, sem sombra de dúvida, determinado e sistemático no sentido da aprovação da CPMF. E acredito que há também da parte da oposição, principalmente porque ela já foi governo, responsabilidades que não são só da sua condição de oposição, mas de partícipes de um mesmo país, de uma mesma nação. Então espero, e tenho certeza de que isso ocorrerá, que haverá responsabilidade no que se refere ao trato da CPMF”, disse Dilma.
A ministra não quis fazer cálculos sobre a quantidade de votos que o governo já tem entre os senadores. “Eu não tenho cálculo, não é a minha área de atuação”, afirmou, recusando a tarefa do ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, responsável pela articulação política no Congresso e que já vem se reunindo com senadores. “Acho que eu teria cuidado nas afirmações, tanto na que está garantida a aprovação, quanto naquela em que está garantida a desaprovação”, disse, cautelosa.
Para Dilma, é difícil prever a evolução da negociação política, mas em seguida disse esperar um desfecho favorável. “Sou uma otimista no que se refere à aprovação da CPMF”. Apesar da necessidade de aprovar a prorrogação da contribuição ainda este ano, a ministra demonstrou que o governo está preparado para uma negociação longa.
“Lembrei de um político que fez história nesse país que dizia: em política, um dia é um dia, uma semana é uma semana e um mês é um mês”, afirmou, sem dentificar o criador da frase. Ela não quis comentar declaração recente do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que cogitou o aumento de outros impostos caso a prorrogação da CPMF não seja aprovada. No entanto, repetiu que os R$40 bilhões anuais da CPMF são essenciais para a continuidade de programas sociais do governo e até para os investimentos na aceleração do crescimento econômico.
“Os programas sociais do governo hoje respondem por modificações significativas na distribuição de renda. Os programas de infra-estrutura, de saneamento, habitação, todos eles dependem da CPMF, assim como os de saúde pública e educação”, justificou.Dilma esteve no Rio para a apresentação do novo combustível da Petrobras para a Fórmula 1, que atende às novas exigências ambientais da Federação Internacional de Automobilismo (FIA) para o ano que vem. Em 2008, todas as escuderias deverão ter pelo menos 5,75% de componentes oxidantes e biodegradáveis na gasolina. A Petrobras, que desde 1998 é fornecedora da Williams, é a primeira a apresentar o novo combustível, desenvolvido no Centro de Pesquisas (Cenpes) da estatal.
Fonte: Correio da Bahia
Povo não quer volta de Renan
Mauro Braga e Redação
Não precisava nem de pesquisa para constatar a indignação popular em relação ao cenário político do País. Afinal, são décadas e décadas de insatisfação. De acordo com dados apurados pelo instituto Ipsos-Opnion, a esmagadoria maioria dos brasileiros (91%) acha que o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) deve ser condenado pelo Senado. E 85% defendem que ele tenha o mandato cassado. Apenas 5% dos entrevistados aceitam que o senador deixe apenas a presidência da Casa, preservando o mandato de senador. A leitura dessa pesquisa é simples, e quer dizer que o povo não quer a volta de Renan à chefia do Congresso.
Praticamente metade do tempo na Casa este ano foi gasto por conta da série de denúncias envolvendo o senador alagoano. Meio ano em que o País teve uma das casas do Legislativo ocupada com a crise, com pouquíssima produção. E os problemas que requerem a atenção do Senado, como ficam?
O que dizer para os mais de 180 milhões de brasileiros que esperam pela ordem e o progresso estampados em sua bandeira? Uns poucos insistem em manter o País fora do século. Querem assegurar, nas raízes e práticas coloniais, o esquema de posse, em detrimento dos interesses da maioria.
Obras nababescas
Na biografia autorizada de Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus e dono da Rede Record, que chega hoje às livrarias, é exibida uma maquete do mais arrojado templo da história da Igreja Universal a ser construído.
Macedo pretende levantar, no próximo ano, no Brás, em São Paulo, um prédio de 18 andares, com 80 mil metros quadrados de área construída. Duas vezes a altura do Cristo Redentor. Investimento de R$ 200 milhões que, segundo Edir Macedo, foi inspirado no "templo de Salomão". Que as intenções sejam apenas religiosas. Teoricamente, a ostentação não condiz com os fins da prática. Em nenhuma religião.
Gigantismo
Os números sobre a presença da igreja são maiores do que a de muitas multinacionais de grande porte. Enquanto a Philips Morris, dona da marca de cigarros Marlboro, por exemplo, está em 160 países e o McDonald's, famosa rede de fast food, em 118, a Universal já chegou a 172 países. Atualmente, a igreja possui 4.748 templos e 9.660 pastores apenas no País.
Homenagem
O prefeito do Rio, César Maia, resolveu batizar o novo viaduto que vai ligar a Linha Vermelha à Ilha do Governador, ainda sem previsão de conclusão das obras, com o nome do ator Paulo Autran. O prefeito lembrou que, apesar de viver em São Paulo, o ator era carioca. Merecida homenagem a um dos maiores ícones do teatro brasileiro. Paulo Autran, para quem ficou "desligado" durante o feridão, morreu sexta-feira, aos 85 anos.
Parabéns
Mesmo com o trânsito tumultuado na volta do feriadão, os comerciários e os professores podem ainda contar com o dia inteiro para descansar. Afinal, hoje é feriado para as duas categorias. Deixamos aqui nossos parabéns.
Próxima parada
Em virtude das comemorações pelo Dia do Comerciário, hoje, a Comissão de Defesa do Consumidor (Codecon) da Assembléia Legislativa do Rio irá posicionar seu ônibus de serviço na Avenida Atlântica, altura da Praça do Lido, em Copacabana, Zona Sul do Rio. O atendimento será feito das 9h às 17h. "Acreditamos que, com o comércio fechado, a Praia de Copacabana será um dos pontos mais movimentados do Rio na segunda-feira. Queremos aproveitar a grande circulação do local. A partir de terça já estaremos em Campo Grande, também entre as 9h e 17h, para atender a população local", explicou a presidente da comissão, deputada Cidinha Campos (PDT).
Frase do dia
"É mais um passo que a Petrobras dá para garantir o protagonismo do Brasil na área de biocombustíveis". (Da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, ao participar no Rio da apresentação do novo combustível da Petrobras para a Fórmula 1)
Fonte: Tribuna da Imprensa
Não precisava nem de pesquisa para constatar a indignação popular em relação ao cenário político do País. Afinal, são décadas e décadas de insatisfação. De acordo com dados apurados pelo instituto Ipsos-Opnion, a esmagadoria maioria dos brasileiros (91%) acha que o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) deve ser condenado pelo Senado. E 85% defendem que ele tenha o mandato cassado. Apenas 5% dos entrevistados aceitam que o senador deixe apenas a presidência da Casa, preservando o mandato de senador. A leitura dessa pesquisa é simples, e quer dizer que o povo não quer a volta de Renan à chefia do Congresso.
Praticamente metade do tempo na Casa este ano foi gasto por conta da série de denúncias envolvendo o senador alagoano. Meio ano em que o País teve uma das casas do Legislativo ocupada com a crise, com pouquíssima produção. E os problemas que requerem a atenção do Senado, como ficam?
O que dizer para os mais de 180 milhões de brasileiros que esperam pela ordem e o progresso estampados em sua bandeira? Uns poucos insistem em manter o País fora do século. Querem assegurar, nas raízes e práticas coloniais, o esquema de posse, em detrimento dos interesses da maioria.
Obras nababescas
Na biografia autorizada de Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus e dono da Rede Record, que chega hoje às livrarias, é exibida uma maquete do mais arrojado templo da história da Igreja Universal a ser construído.
Macedo pretende levantar, no próximo ano, no Brás, em São Paulo, um prédio de 18 andares, com 80 mil metros quadrados de área construída. Duas vezes a altura do Cristo Redentor. Investimento de R$ 200 milhões que, segundo Edir Macedo, foi inspirado no "templo de Salomão". Que as intenções sejam apenas religiosas. Teoricamente, a ostentação não condiz com os fins da prática. Em nenhuma religião.
Gigantismo
Os números sobre a presença da igreja são maiores do que a de muitas multinacionais de grande porte. Enquanto a Philips Morris, dona da marca de cigarros Marlboro, por exemplo, está em 160 países e o McDonald's, famosa rede de fast food, em 118, a Universal já chegou a 172 países. Atualmente, a igreja possui 4.748 templos e 9.660 pastores apenas no País.
Homenagem
O prefeito do Rio, César Maia, resolveu batizar o novo viaduto que vai ligar a Linha Vermelha à Ilha do Governador, ainda sem previsão de conclusão das obras, com o nome do ator Paulo Autran. O prefeito lembrou que, apesar de viver em São Paulo, o ator era carioca. Merecida homenagem a um dos maiores ícones do teatro brasileiro. Paulo Autran, para quem ficou "desligado" durante o feridão, morreu sexta-feira, aos 85 anos.
Parabéns
Mesmo com o trânsito tumultuado na volta do feriadão, os comerciários e os professores podem ainda contar com o dia inteiro para descansar. Afinal, hoje é feriado para as duas categorias. Deixamos aqui nossos parabéns.
Próxima parada
Em virtude das comemorações pelo Dia do Comerciário, hoje, a Comissão de Defesa do Consumidor (Codecon) da Assembléia Legislativa do Rio irá posicionar seu ônibus de serviço na Avenida Atlântica, altura da Praça do Lido, em Copacabana, Zona Sul do Rio. O atendimento será feito das 9h às 17h. "Acreditamos que, com o comércio fechado, a Praia de Copacabana será um dos pontos mais movimentados do Rio na segunda-feira. Queremos aproveitar a grande circulação do local. A partir de terça já estaremos em Campo Grande, também entre as 9h e 17h, para atender a população local", explicou a presidente da comissão, deputada Cidinha Campos (PDT).
Frase do dia
"É mais um passo que a Petrobras dá para garantir o protagonismo do Brasil na área de biocombustíveis". (Da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, ao participar no Rio da apresentação do novo combustível da Petrobras para a Fórmula 1)
Fonte: Tribuna da Imprensa
Enxurrada de verbas é apenas mais uma acusação
SÃO PAULO - A destinação de verbas federais para Murici (AL), a terra do clã dos Calheiros, numa proporção bem maior que a de outras cidades alagoanas, é apenas mais uma na longa lista de acusações que, desde 25 de maio, esvaziaram completamente o prestígio político do presidente licenciado do Congresso, senador Renan Calheiros PMDB-AL).
Desde aquele dia, quando a revista "Veja" divulgou a primeira dessas suspeitas, até terça-feira da semana passada, quando Renan deixou o cargo - em tese, por 45 dias -, o nome dele estava no centro de quatro ou cinco escândalos e a resistência a deixar a presidência o isolou.
Foram 139 dias em que Renan esbravejou, manobrou no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado e no plenário, jurou que jamais deixaria o posto - tudo em vão. Ao fim, abandonado pelo governo, PT e PMDB, afastou-se para "demonstrar de forma cabal" que "não precisaria do cargo" para mostrar ao País a inocência.
O primeiro dessas escândalos veio a público quando a "Veja" o acusou de recorrer a um lobista da construtora Mendes Júnior para pagar despesas que tinha com a jornalista Mônica Veloso, de Brasília, com quem possuía, fora do casamento, uma filha de três anos. Ao defender-se, ele piorou a situação: apresentou argumentos que se mostraram falsos e notas que a Polícia Federal (PF) descobriu serem frias, sobre operações de venda de gado em Alagoas .
Em seguida, revelou-se uma operação suspeita, a venda de uma fábrica de bebidas para a Schincariol por R$ 27 milhões, muito mais do que valia. Surgiu a suspeita de que parte desse dinheiro seria um pagamento a Renan para intermediar dificuldades da fábrica de cerveja com o Fisco e o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A terceira denúncia foi a de que o presidente licenciado do Congresso teria comprado, com ajuda de laranjas, duas emissoras de rádio e um jornal em Alagoas, sem nada informar à Receita Federal. A quarta dava conta de que Renan teria participado, com outros congressistas, da arrecadação de propinas para o PMDB em vários ministérios.
O único momento de alegria do presidente licenciado, nesses quatro meses e meio, foi ser absolvido pelo plenário do Senado, onde 46 senadores se recusaram a votar pela cassação, em setembro. Agora, o maior desafio será, ao fim dos 45 dias de licença, dispor de condições para retornar ao cargo - uma hipótese em que, no Legislativo, quase ninguém mais acredita.
Fonte: Tribuna da Imprensa
Desde aquele dia, quando a revista "Veja" divulgou a primeira dessas suspeitas, até terça-feira da semana passada, quando Renan deixou o cargo - em tese, por 45 dias -, o nome dele estava no centro de quatro ou cinco escândalos e a resistência a deixar a presidência o isolou.
Foram 139 dias em que Renan esbravejou, manobrou no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado e no plenário, jurou que jamais deixaria o posto - tudo em vão. Ao fim, abandonado pelo governo, PT e PMDB, afastou-se para "demonstrar de forma cabal" que "não precisaria do cargo" para mostrar ao País a inocência.
O primeiro dessas escândalos veio a público quando a "Veja" o acusou de recorrer a um lobista da construtora Mendes Júnior para pagar despesas que tinha com a jornalista Mônica Veloso, de Brasília, com quem possuía, fora do casamento, uma filha de três anos. Ao defender-se, ele piorou a situação: apresentou argumentos que se mostraram falsos e notas que a Polícia Federal (PF) descobriu serem frias, sobre operações de venda de gado em Alagoas .
Em seguida, revelou-se uma operação suspeita, a venda de uma fábrica de bebidas para a Schincariol por R$ 27 milhões, muito mais do que valia. Surgiu a suspeita de que parte desse dinheiro seria um pagamento a Renan para intermediar dificuldades da fábrica de cerveja com o Fisco e o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A terceira denúncia foi a de que o presidente licenciado do Congresso teria comprado, com ajuda de laranjas, duas emissoras de rádio e um jornal em Alagoas, sem nada informar à Receita Federal. A quarta dava conta de que Renan teria participado, com outros congressistas, da arrecadação de propinas para o PMDB em vários ministérios.
O único momento de alegria do presidente licenciado, nesses quatro meses e meio, foi ser absolvido pelo plenário do Senado, onde 46 senadores se recusaram a votar pela cassação, em setembro. Agora, o maior desafio será, ao fim dos 45 dias de licença, dispor de condições para retornar ao cargo - uma hipótese em que, no Legislativo, quase ninguém mais acredita.
Fonte: Tribuna da Imprensa
Senador e irmão conseguem R$ 3,6 milhões para Murici
MURICI (AL) - O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) e o irmão dele, o deputado Olavo Calheiros (PMDB-AL), conseguiram assegurar, entre 2003 e 2006, o envio de R$ 3,6 milhões dos cofres do governo para a prefeitura de Murici, por meio das emendas individuais. Isso sem contar as de bancada e de partido.
Terra natal dos Calheiros, esta pequena cidade, a 42 quilômetros de Maceió, foi uma das mais beneficiadas, no estado, por convênios com a administração federal.Com 22 mil habitantes e ocupando 1,53% da área total do estado, o município foi o sexto mais bem tratado, com um total de 76 convênios com o Poder Executivo federal desde 1996.
Um desses acordos é o 1.197/04, assinado com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Os recursos saíram de uma das emendas de Renan e beneficiaram uma suposta empresa fantasma do ex-assessor dele José Albino Gonçalves de Freitas. A KSI Consultoria e Construções recebeu R$ 280 mil para construir 28 casas na cidade. O contrato foi assinado pelo filho do senador, o prefeito de Murici, Renan Calheiros Filho (PMDB), em 2005.
Apesar de não haver ilegalidade no envio de verbas por meio de emendas para as bases políticas dos parlamentares, as emendas dos irmãos Calheiros estão concentradas no município em que a família detém o poder há mais de uma década. Antes de o filho do senador do PMDB de Alagoas assumir a administração municipal, o prefeito, por dois mandatos, foi o irmão do ex-presidente do Congresso Remi Calheiros.
Em 2004, por exemplo, das emendas individuais de Renan que tiveram empenho (a verba foi assegurada no Orçamento da União), 40% eram destinadas à cidade.
Foram, no total, R$ 1,9 milhão destinados por essas emendas, com dinheiro que partia, prioritariamente, dos Ministérios da Saúde, das Cidades e da Integração Nacional.
Os limites entre o público e o privado se confundem no uso desse numerário. Um exemplo desse fenômeno ocorreu entre 2004 e 2005, quando mais de 30 moradores da antiga Usina Bititinga - atual Fazenda Boa Vista, que pertence a Olavo Calheiros - foram removidos de suas casas e transferidos para a cidade. Eles receberam como indenização habitações populares construídas com recursos da Caixa Econômica Federal (CEF).
Alguns ganharam ainda uma ajuda de 50 reais, outros, de 200 reais, e outros apenas a moradia. Foram 12 residências construídas juntas, numa das ruas do município - com recursos da CEF -, para abrigar os moradores desalojados da fazenda do deputado do PMDB de Alagoas.
Além da Boa Vista, os Calheiros têm outras propriedades rurais na região, algumas suspeitas de grilagem. Em agosto, a Corregedoria da Justiça de Alagoas decretou intervenção no Cartório de Registro de Imóveis de Murici por suspeitar da participação deste nessas operações. A tabeliã Maria de Lourdes Ferreira Moura, que tem a concessão do cartório desde 1973, é investigada em dois processos administrativos. Os casos ainda continuam sob investigação.
Fonte: Tribuna da Imprensa
Terra natal dos Calheiros, esta pequena cidade, a 42 quilômetros de Maceió, foi uma das mais beneficiadas, no estado, por convênios com a administração federal.Com 22 mil habitantes e ocupando 1,53% da área total do estado, o município foi o sexto mais bem tratado, com um total de 76 convênios com o Poder Executivo federal desde 1996.
Um desses acordos é o 1.197/04, assinado com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Os recursos saíram de uma das emendas de Renan e beneficiaram uma suposta empresa fantasma do ex-assessor dele José Albino Gonçalves de Freitas. A KSI Consultoria e Construções recebeu R$ 280 mil para construir 28 casas na cidade. O contrato foi assinado pelo filho do senador, o prefeito de Murici, Renan Calheiros Filho (PMDB), em 2005.
Apesar de não haver ilegalidade no envio de verbas por meio de emendas para as bases políticas dos parlamentares, as emendas dos irmãos Calheiros estão concentradas no município em que a família detém o poder há mais de uma década. Antes de o filho do senador do PMDB de Alagoas assumir a administração municipal, o prefeito, por dois mandatos, foi o irmão do ex-presidente do Congresso Remi Calheiros.
Em 2004, por exemplo, das emendas individuais de Renan que tiveram empenho (a verba foi assegurada no Orçamento da União), 40% eram destinadas à cidade.
Foram, no total, R$ 1,9 milhão destinados por essas emendas, com dinheiro que partia, prioritariamente, dos Ministérios da Saúde, das Cidades e da Integração Nacional.
Os limites entre o público e o privado se confundem no uso desse numerário. Um exemplo desse fenômeno ocorreu entre 2004 e 2005, quando mais de 30 moradores da antiga Usina Bititinga - atual Fazenda Boa Vista, que pertence a Olavo Calheiros - foram removidos de suas casas e transferidos para a cidade. Eles receberam como indenização habitações populares construídas com recursos da Caixa Econômica Federal (CEF).
Alguns ganharam ainda uma ajuda de 50 reais, outros, de 200 reais, e outros apenas a moradia. Foram 12 residências construídas juntas, numa das ruas do município - com recursos da CEF -, para abrigar os moradores desalojados da fazenda do deputado do PMDB de Alagoas.
Além da Boa Vista, os Calheiros têm outras propriedades rurais na região, algumas suspeitas de grilagem. Em agosto, a Corregedoria da Justiça de Alagoas decretou intervenção no Cartório de Registro de Imóveis de Murici por suspeitar da participação deste nessas operações. A tabeliã Maria de Lourdes Ferreira Moura, que tem a concessão do cartório desde 1973, é investigada em dois processos administrativos. Os casos ainda continuam sob investigação.
Fonte: Tribuna da Imprensa
domingo, outubro 14, 2007
Amigos de Renan fazem operação para salvar seu mandato
da Folha Online, em Brasíliada
Folha de S.Paulo, em Brasília
Convencidos de que o presidente licenciado do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), não terá condições de retornar para o comando da Casa, integrantes da sua tropa de choque vão concentrar as atenções para tentar salvar o mandato do peemedebista. A idéia é sugerir penas mais brandas do que a eventual cassação de mandato.
O próprio Renan decidiu liderar o movimento que pretende reconquistar os colegas, que no passado o apoiaram nas duas eleições que o levaram a presidir a Casa.
Renan vai dizer que errou em várias ocasiões nos 139 dias de crise, mas que não há elementos suficientes para a cassação. O argumento dele é que cassar o mandato é uma pena rígida demais e que acabaria por punir o Estado de Alagoas, além de deixá-lo longe da vida política até janeiro de 2019 --quando terá 63 anos.
"Ele [Renan] sabe que precisa trabalhar e reconquistar as pessoas. Ele errou muito, tem de voltar a ser o Renan de sempre: um líder e um articulador hábil", afirmou o senador Wellington Salgado (PMDB-MG), que conversa diariamente com Renan. "Mas acho difícil ele [Renan] voltar para a presidência [do Senado]."
Porém, para o PMDB o cargo de Renan não está vago. "Há muita especulação em torno disso tudo. É muito ruim. O cargo não está aberto e pertence ao PMDB", disse o líder do partido no Senado, Valdir Raupp (RO).
O presidente interino do Senado, Tião Viana (PT-AC), sinalizou que não há garantias de que o comando da Casa tenha de ficar com o PMDB e que as negociações dependem de futuras composições políticas.
Com isso, ele deixa em aberto a possibilidade de o PT vir a presidir de forma titular o Senado. "O cargo de presidente do Senado deve ser a expressão da maioria reunida como partido ou numa aliança", disse Vianna, segundo o jornal "O Globo" de ontem.
Paralelamente a tropa de choque de Renan defenderá que aliados, como o PT, não assumam a bandeira da oposição de "Fora Renan" porque isso atingiria o governo. "O PT não entendeu que o jogo [da oposição] é para ferir o Lula. O governo está indo bem, mas com a crise no Senado isso não aparece", disse Salgado.
"Existe uma preocupação de discutir só o processo de Renan Calheiros porque ele representa o poder e o governo dentro do Senado. Se Renan fosse da oposição, não tinha problema algum", disse o senador Almeida Lima (PMDB-SE), relator da quarta representação contra Renan que investiga suposta participação no esquema de desvio de ministérios.
Aliados do peemedebista foram incumbidos de buscar reverter na imprensa regional a imagem negativa de Renan. Confiantes de que os senadores votarão de acordo com a pressão de seu eleitorado. A ordem é evitar confrontos e partir para os elogios.
"A escolha do senador Jefferson Péres [PDT-AM] é excelente. Ele é isento e imparcial, embora tenha a fama de ser muito duro. Mas ele é correto e neutro", afirmou Raupp. Péres é relator de outra representação contra Renan.
Folha de S.Paulo, em Brasília
Convencidos de que o presidente licenciado do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), não terá condições de retornar para o comando da Casa, integrantes da sua tropa de choque vão concentrar as atenções para tentar salvar o mandato do peemedebista. A idéia é sugerir penas mais brandas do que a eventual cassação de mandato.
O próprio Renan decidiu liderar o movimento que pretende reconquistar os colegas, que no passado o apoiaram nas duas eleições que o levaram a presidir a Casa.
Renan vai dizer que errou em várias ocasiões nos 139 dias de crise, mas que não há elementos suficientes para a cassação. O argumento dele é que cassar o mandato é uma pena rígida demais e que acabaria por punir o Estado de Alagoas, além de deixá-lo longe da vida política até janeiro de 2019 --quando terá 63 anos.
"Ele [Renan] sabe que precisa trabalhar e reconquistar as pessoas. Ele errou muito, tem de voltar a ser o Renan de sempre: um líder e um articulador hábil", afirmou o senador Wellington Salgado (PMDB-MG), que conversa diariamente com Renan. "Mas acho difícil ele [Renan] voltar para a presidência [do Senado]."
Porém, para o PMDB o cargo de Renan não está vago. "Há muita especulação em torno disso tudo. É muito ruim. O cargo não está aberto e pertence ao PMDB", disse o líder do partido no Senado, Valdir Raupp (RO).
O presidente interino do Senado, Tião Viana (PT-AC), sinalizou que não há garantias de que o comando da Casa tenha de ficar com o PMDB e que as negociações dependem de futuras composições políticas.
Com isso, ele deixa em aberto a possibilidade de o PT vir a presidir de forma titular o Senado. "O cargo de presidente do Senado deve ser a expressão da maioria reunida como partido ou numa aliança", disse Vianna, segundo o jornal "O Globo" de ontem.
Paralelamente a tropa de choque de Renan defenderá que aliados, como o PT, não assumam a bandeira da oposição de "Fora Renan" porque isso atingiria o governo. "O PT não entendeu que o jogo [da oposição] é para ferir o Lula. O governo está indo bem, mas com a crise no Senado isso não aparece", disse Salgado.
"Existe uma preocupação de discutir só o processo de Renan Calheiros porque ele representa o poder e o governo dentro do Senado. Se Renan fosse da oposição, não tinha problema algum", disse o senador Almeida Lima (PMDB-SE), relator da quarta representação contra Renan que investiga suposta participação no esquema de desvio de ministérios.
Aliados do peemedebista foram incumbidos de buscar reverter na imprensa regional a imagem negativa de Renan. Confiantes de que os senadores votarão de acordo com a pressão de seu eleitorado. A ordem é evitar confrontos e partir para os elogios.
"A escolha do senador Jefferson Péres [PDT-AM] é excelente. Ele é isento e imparcial, embora tenha a fama de ser muito duro. Mas ele é correto e neutro", afirmou Raupp. Péres é relator de outra representação contra Renan.
PMDB voltar a exigir ministério em troca da CPMF
Vai começar tudo de novo. Vencida a batalha na Câmara, o governo será submetido agora aos apetites do PMDB do Senado. O partido volta a exigir que Lula lhe devolva o ministério das Minas e Energia em troca da aprovação da emenda que prorroga a CPMF até 2011.
Lula vem toureando os senadores peemedebistas desde maio, quando Silas Roundeau (foto) viu-se compelido a deixar o ministério. Foi golpeado pela Operação Navalha, aquela que levantou o véu das malfeitorias praticadas pela Construtora Gautama. Desde então, responde pela pasta de Minas e Energia o interino Nelson Hubner.
Orientado pelo Planalto, Hubner ergueu uma barragem para conter os pedidos de nomeação política para empresas do Sistema Eletrobrás. Abriu-se uma única exceção: premido pela iminência de uma sublevação de bancadas do PMDB na Câmara, Lula acomodou o arquiteto Luiz Paulo Conde na presidência de Furnas Centrais Elétricas.
Os senadores, porém, continuam se considerando desatendidos em suas reivindicações. Já não contam com a interlocução privilegiada de um Renan Calheiros (PMDB-AL) em desgraça. Enxergam na CPMF a última oportunidade para encostar Lula contra a parede.
O presidente pede paciência. Tenta argumentar, reservadamente, que deseja reconduzir Rondeau ao antigo posto. Antes, precisa saber se ele será ou não denunciado pelo Ministério Público. O problema é que o governo não tem controle sobre os prazos da Operação Navalha. E o PMDB tem pressa.
O próprio Silas Rondeau acalenta a expectativa de voltar ao ministério que ocupava desde julho de 2005 e que teve de deixar há cinco meses. O ex-ministro tem feito visitas regulares à casa de seu padrinho, o senador José Sarney (PMDB-AP). Entre quatro paredes, diz ter obtido de Lula a promessa de recondução caso se livrasse da denúncia.
Parte da bancada de 19 senadores do PMDB começou a esgrimir um raciocínio alternativo: prega-se a nomeação de um outro ministro. Subiria ao cargo sabendo que, caso Rondeau fosse inocentado, teria de ceder a cadeira para ele. Do contrário, continuaria no ministério.
É nesse contexto que surge o nome do senador maranhense Edison Lobão. A exemplo de Rondeau, é unha e carne com Sarney. Acaba de trocar o oposicionista DEM pelo governista PMDB. O problema é que, diferentemente de Rondeau, que acumula uma experiência de três décadas no setor elétrico, a intimidade de Lobão com a área é nula.
Além do Ministério Público, o futuro de Rondeau está condicionado à análise da ministra Eliana Calmon, relatora do caso Gautama no STJ. Tenta-se, no momento, encontrar explicações plausíveis um leque de suspeitas. Uma delas está relacionada a uma anotação encontrada em documentos apreendidos pela Polícia Federal na tesouraria da Gautama. O ex-ministro é associado ao número 120, referência a um suposto pagamento de R$ 120 mil. Que Rondeau jura não ter recebido, a despeito dos negócios que sua gestão mantinha com a empreiteira no âmbito do programa Luz para Todos.
Escrito por Josias de Souza
Fonte: Folha Online
Lula vem toureando os senadores peemedebistas desde maio, quando Silas Roundeau (foto) viu-se compelido a deixar o ministério. Foi golpeado pela Operação Navalha, aquela que levantou o véu das malfeitorias praticadas pela Construtora Gautama. Desde então, responde pela pasta de Minas e Energia o interino Nelson Hubner.
Orientado pelo Planalto, Hubner ergueu uma barragem para conter os pedidos de nomeação política para empresas do Sistema Eletrobrás. Abriu-se uma única exceção: premido pela iminência de uma sublevação de bancadas do PMDB na Câmara, Lula acomodou o arquiteto Luiz Paulo Conde na presidência de Furnas Centrais Elétricas.
Os senadores, porém, continuam se considerando desatendidos em suas reivindicações. Já não contam com a interlocução privilegiada de um Renan Calheiros (PMDB-AL) em desgraça. Enxergam na CPMF a última oportunidade para encostar Lula contra a parede.
O presidente pede paciência. Tenta argumentar, reservadamente, que deseja reconduzir Rondeau ao antigo posto. Antes, precisa saber se ele será ou não denunciado pelo Ministério Público. O problema é que o governo não tem controle sobre os prazos da Operação Navalha. E o PMDB tem pressa.
O próprio Silas Rondeau acalenta a expectativa de voltar ao ministério que ocupava desde julho de 2005 e que teve de deixar há cinco meses. O ex-ministro tem feito visitas regulares à casa de seu padrinho, o senador José Sarney (PMDB-AP). Entre quatro paredes, diz ter obtido de Lula a promessa de recondução caso se livrasse da denúncia.
Parte da bancada de 19 senadores do PMDB começou a esgrimir um raciocínio alternativo: prega-se a nomeação de um outro ministro. Subiria ao cargo sabendo que, caso Rondeau fosse inocentado, teria de ceder a cadeira para ele. Do contrário, continuaria no ministério.
É nesse contexto que surge o nome do senador maranhense Edison Lobão. A exemplo de Rondeau, é unha e carne com Sarney. Acaba de trocar o oposicionista DEM pelo governista PMDB. O problema é que, diferentemente de Rondeau, que acumula uma experiência de três décadas no setor elétrico, a intimidade de Lobão com a área é nula.
Além do Ministério Público, o futuro de Rondeau está condicionado à análise da ministra Eliana Calmon, relatora do caso Gautama no STJ. Tenta-se, no momento, encontrar explicações plausíveis um leque de suspeitas. Uma delas está relacionada a uma anotação encontrada em documentos apreendidos pela Polícia Federal na tesouraria da Gautama. O ex-ministro é associado ao número 120, referência a um suposto pagamento de R$ 120 mil. Que Rondeau jura não ter recebido, a despeito dos negócios que sua gestão mantinha com a empreiteira no âmbito do programa Luz para Todos.
Escrito por Josias de Souza
Fonte: Folha Online
Casa-Grande e Senzala
"Este país ainda continua no tempo da Casa-Grande e Senzala"
Já ouvi esta afirmação inúmeras vezes. E tenho que admitir que, na nossa sociologia, poucas sentenças foram tão sintéticas quanto o título da obra memorável de Gilberto Freyre: Casa-Grande e Senzala, riqueza extrema, pobreza abjeta. E nada de classe média.
Mas o que ontem foi uma definição em sentido literal, hoje é repetido em tom de mofa. É certo que a distância entre ricos e pobres continua abissal, e empregados domésticos continuam acessíveis até aos membros da baixa classe média. Mas até que ponto, nos dias de hoje, nosso quadro social ainda se enquadra no modelo arcaico definido por Freyre? Difícil responder com exatidão. Olhando ao redor, exemplos de modernidade esparsa são abundantes, assim como exemplos de arcaísmo renitente. Nossa sociedade é extraordinariamente complexa e diversificada em todos os sentidos, o que torna o chavão "Brasil, terra de contrastes" tão repetitivo quanto o velho Casa-Grande e Senzala. Podemos mandar vir os economistas e os sociólogos com seus números e gráficos, e tediosamente ouvi-los discutir em que grau, numa escala de 1 a 10, nossa sociedade se encontraria em seu trânsito do arcaísmo rumo à modernidade. Mas como talvez nem eles consigam chegar a uma conclusão, penso ser oportuno alterar a abordagem desta questão.
E sem querer discutir se ainda somos um imenso engenho de cana-de-açúcar pernambucano, chamo a atenção para um fato que, este sim, é cristalino e não admite discussão: a imagem da Casa-Grande de um lado e da Senzala do outro foi introjetada em nosso imaginário e permeia todas as construções que erigimos para modelar nosso quadro social. Não importa se somos ou não uma gigantesca Casa Grande e Senzala; é somente assim que conseguimos nos conceituar. Isto fica patente na debate político e nas discussões do dia-a-dia. É impressionante como ainda está presente, entre nós, a idéia da Luta de Classes, originalmente um conceito marxista do século XIX. Um bom exemplo dessa deformação é o debate em torno da reforma agrária. Demoniza-se ad nauseaum o tal do latifúndio, como se nas grandes propriedades rurais dos dias de hoje ainda existissem as relações sociais descritas por Gilberto Freyre. A rigor, nem se deveria dar tanta ênfase à questão agrária em um país que já é predominante urbano como o Brasil, mas a freqüência com que o termo "latifúndio" aparece nos discursos é a prova de que nossa visão política continua congelada em uma imagem do passado - a Casa Grande e a Senzala, sempre. O latifúndio, como célula social, simplesmente não existe mais. As grandes fazendas da época atual empregam mão-de-obra temporária, não têm mais colonos vivendo sob regime patriarcal, nem tampouco dono das terras vive lá em um casarão: o "patriarca" agora é um empresário que vive na cidade. E estas fazendas são grandes, não por terem sido parte de uma sesmaria concedida por el-rei ao donatário tataravô do fazendeiro, mas por prosaicas razões de mercado: o produto que cultivam (soja, por exemplo) tem baixo valor por hectare e só dá lucro se produzido em larga escala. Mas não adianta dizer nada disso: o tal do "latifúndio" continua sendo a nossa maldição; afinal, não se concebe uma Casa Grande sem o respectivo latifúndio. Mesmo se ele não existe mais.
Outro cacoete atroz criado por nossa imaginação é a mania de interpretar o fenômeno da criminalidade como sendo uma expressão da Luta de Classes. Note-se que a mídia já procurou tanto apresentar os chefes de quadrilha como heróis populares, que eles resolveram vestir a carapuça. A tipificação do bandido como "vítima da sociedade injusta" é recorrente em dezenas de livros, ensaios, teses e produções cinematográficas que volta e meia concorrem ao Oscar. A este cenário urbano não se aplica a metáfora da Casa Grande & Senzala, mas se encaixa com perfeição em outro título de Gilberto Freyre: Sobrados & Mocambos. As patroas seriam, então, as ditosas moradoras dos sobrados - mesmo se o "sobrado" é um apartamentinho de sala/quarto/dep emp - e as domésticas seriam as infelizes habitantes dos mocambos - mesmo se não moram na favela. O sentimento de culpa da classe média face à violência urbana é visível no ar compungido que se segue a qualquer crime mais espalhafatoso. Lembro-me que o movimento Viva Rio organizou uma marcha de moradores da Zona Sul rumo à Favela da Rocinha, cada um levando uma rosa na mão (ou era uma vela?). O cronista Diogo Mainardi objetou: "Não seria melhor a polícia subir com algemas?" Bem, no dia que a polícia fizer isso, os moradores dos morros agradecerão, pois ninguém gosta de ter bandidos como vizinhos. Mas até o momento só ganharam uma flor, simbolizando um humilde pedido de armistício da parte dos moradores do asfalto, contra quem eles supostamente estão em guerra... Os traficantes devem ter dado boas risadas neste dia.
Mas nada disso supera o maior de todos os malefícios: a crença, fortíssima entre nós, quanto à necessidade de um Estado-pai. Este Estado tantas vezes encarnado na figura do estadista, como foi o caso de Vargas. É compreensível: tendo sido oriundo de um universo patriarcal tipo Casa Grande & Senzala, nossa população continua ansiando por um Estado paternal, que supostamente irá confiscar o dinheiro dos ricos malvados e distribui-lo entre os pobres bonzinhos na forma de "obras sociais". É esta a verdadeira origem de nossa arraigada cultura anticapitalista: para o brasileiro médio, a idéia de prosperidade não é abrir um negócio, é tirar mais dinheiro do governo. Acredita-se piamente que cabe ao governo a tarefa de fazer crescer a economia e gerar empregos, e quando isso não acontece, clama-se por um Estado ainda mais intervencionista, na suposição de que assim ele agirá com mais energia na condução deste objetivo. Isto dá origem a uma espiral perversa: quanto mais se deprime a economia, mais se clama pelo crescimento do Estado, que por sua vez cria mais impostos e se endivida ainda mais, sugando a riqueza do país e tirando os meios de ação dos empresários, os únicos que podem efetivamente fazer crescer a economia e gerar empregos. Nota-se que a degradação dos serviços oferecidos pelo estado têm ocorrido concomitantemente a seu agigantamento, processo que se iniciou nos anos 30 e teve sua fase de maior sucesso nos anos JK e na época do "milagre". Os mais velhos devem se lembrar que, no passado, o ensino das escolas públicas tinha qualidade perfeitamente aceitável, e os hospitais públicos eram os melhores - e naquela época os impostos eram bem menores do que hoje em dia. O sintoma é claro: quanto mais o Estado se agiganta, mais perdulário ele se torna, e sobretudo, quanto mais ele se imiscui no que não é de sua alçada, menos ele cuida do que efetivamente é de sua alçada - saúde, educação, segurança.
Mas convém lembrar que este Estado, embora paquidérmico, perdulário e corrupto, nada tem de usurpador ou ilegítimo: ele representa a encarnação dos desejos das massas, por quem foi eleito. No Brasil, a Casa Grande e a Senzala nunca entraram em rota de colisão, ao contrário, sempre viveram em simbiose. O povo continua clamando por um Grande Pai? Ele o terá. O povo continua achando que cabe aos políticos a titânica tarefa de resolver os graves problemas do país e conduzi-lo à prosperidade? Os políticos agradecem, comovidos, e envidarão todos os esforços para cumprir esta nobre missão. E envidarão todos os esforços, também, para resolver seus problemas particulares e conduzir a si próprios à prosperidade. Depois o cidadão comum se enfurece com a corrupção. A única maneira de reduzir a roubalheira dos políticos consiste de reduzir a quantidade de dinheiro que passa por suas mãos, mas é difícil explicar isso para aquele cidadão comum, que vê no governo a encarnação do Grande Pai, e no patrão explorador, a encarnação do mal. Talvez o patrão até seja explorador. Mas é ele quem puxa o trem da economia, principalmente o pequeno empresário, que, sem poder arcar com os pesados impostos e com os pesados trâmites burocráticos que o Estado lhe impõe, vê-se constrangido a passar à informalidade.
Mas na informalidade ele fica à margem da fiscalização (que pode ser pouco racional, mas também é saneadora) e privado de acesso ao crédito bancário. Mesmo se ele o conseguisse, os juros são proibitivos; só um negócio que permitisse alto retorno e a curto prazo seria compatível com a atual taxa de juros. Na informalidade ele pode até ganhar algum dinheiro "explorando" seus empregados, se os tiver, mas sem crédito ele nunca poderá ir longe, e sua gestão será sempre amadorística, nunca profissional. O resultado é: só podem prosperar os grandes empresários, que já dispõem de capital e dependem menos do governo; os pequenos empresários, carentes de capital e sem ter como obtê-lo, ficam esmagados ante os enormes entraves que o governo coloca para o livre exercício da atividade econômica. Acrescente-se que são os pequenos empresários que, proporcionalmente, contratam mais trabalhadores (pois eles não tem como investir em alta tecnologia), isso quando não são eles próprios os trabalhadores (caso de um camelô ou pequeno produtor rural). Dificultar a vida do pequeno empresário é, pura e simplesmente, impedir a ascensão social da maior parte da população. O quadro social fica congelado: quem já é rico permanece rico, quem é pobre continua pobre. Tal como em Casa Grande & Senzala.
Descansando à sombra da Casa Grande de nossa imaginação, distraídos por esta metáfora simplista, não vemos que nossa pirâmide social aos poucos vai adquirindo a forma de um sanduíche. Em breve só restarão duas classes sociais no Brasil: os pagadores de impostos e os consumidores de impostos. Classes absolutamente distintas: quem paga impostos não se beneficia deles, e quem se beneficia deles não os paga. Parece estranho? Pois o típico assalariado de classe média há muito vive assim. É mordido em mais de 1/3 de seu ganho bruto, carga tributária só inferior à de certas social-democracias do norte da Europa. Mas nestes lugares o contribuinte tem retorno de qualidade, na forma de bons serviços públicos; aqui o cidadão classe média, já descontado em folha, ainda tem que arcar com a escola particular dos filhos, o plano de saúde privado, o fundo de pensão privado, até mesmo os seguranças particulares que patrulham a rua onde mora. Ué, mas a finalidade dos impostos não é dar escola, pensão, hospital, polícia? Sim, é. Mas não para quem os paga. Vai para o bolso do governo, que cobra os impostos, e para o amparo ao pobre, que está isento de paga-los. Nada estranho. Afinal, no Brasil, a Casa Grande e a Senzala nunca entraram em rota de colisão, mas sempre viveram em uma espécie de simbiose.
Fonte: www.pedromundim.net
Já ouvi esta afirmação inúmeras vezes. E tenho que admitir que, na nossa sociologia, poucas sentenças foram tão sintéticas quanto o título da obra memorável de Gilberto Freyre: Casa-Grande e Senzala, riqueza extrema, pobreza abjeta. E nada de classe média.
Mas o que ontem foi uma definição em sentido literal, hoje é repetido em tom de mofa. É certo que a distância entre ricos e pobres continua abissal, e empregados domésticos continuam acessíveis até aos membros da baixa classe média. Mas até que ponto, nos dias de hoje, nosso quadro social ainda se enquadra no modelo arcaico definido por Freyre? Difícil responder com exatidão. Olhando ao redor, exemplos de modernidade esparsa são abundantes, assim como exemplos de arcaísmo renitente. Nossa sociedade é extraordinariamente complexa e diversificada em todos os sentidos, o que torna o chavão "Brasil, terra de contrastes" tão repetitivo quanto o velho Casa-Grande e Senzala. Podemos mandar vir os economistas e os sociólogos com seus números e gráficos, e tediosamente ouvi-los discutir em que grau, numa escala de 1 a 10, nossa sociedade se encontraria em seu trânsito do arcaísmo rumo à modernidade. Mas como talvez nem eles consigam chegar a uma conclusão, penso ser oportuno alterar a abordagem desta questão.
E sem querer discutir se ainda somos um imenso engenho de cana-de-açúcar pernambucano, chamo a atenção para um fato que, este sim, é cristalino e não admite discussão: a imagem da Casa-Grande de um lado e da Senzala do outro foi introjetada em nosso imaginário e permeia todas as construções que erigimos para modelar nosso quadro social. Não importa se somos ou não uma gigantesca Casa Grande e Senzala; é somente assim que conseguimos nos conceituar. Isto fica patente na debate político e nas discussões do dia-a-dia. É impressionante como ainda está presente, entre nós, a idéia da Luta de Classes, originalmente um conceito marxista do século XIX. Um bom exemplo dessa deformação é o debate em torno da reforma agrária. Demoniza-se ad nauseaum o tal do latifúndio, como se nas grandes propriedades rurais dos dias de hoje ainda existissem as relações sociais descritas por Gilberto Freyre. A rigor, nem se deveria dar tanta ênfase à questão agrária em um país que já é predominante urbano como o Brasil, mas a freqüência com que o termo "latifúndio" aparece nos discursos é a prova de que nossa visão política continua congelada em uma imagem do passado - a Casa Grande e a Senzala, sempre. O latifúndio, como célula social, simplesmente não existe mais. As grandes fazendas da época atual empregam mão-de-obra temporária, não têm mais colonos vivendo sob regime patriarcal, nem tampouco dono das terras vive lá em um casarão: o "patriarca" agora é um empresário que vive na cidade. E estas fazendas são grandes, não por terem sido parte de uma sesmaria concedida por el-rei ao donatário tataravô do fazendeiro, mas por prosaicas razões de mercado: o produto que cultivam (soja, por exemplo) tem baixo valor por hectare e só dá lucro se produzido em larga escala. Mas não adianta dizer nada disso: o tal do "latifúndio" continua sendo a nossa maldição; afinal, não se concebe uma Casa Grande sem o respectivo latifúndio. Mesmo se ele não existe mais.
Outro cacoete atroz criado por nossa imaginação é a mania de interpretar o fenômeno da criminalidade como sendo uma expressão da Luta de Classes. Note-se que a mídia já procurou tanto apresentar os chefes de quadrilha como heróis populares, que eles resolveram vestir a carapuça. A tipificação do bandido como "vítima da sociedade injusta" é recorrente em dezenas de livros, ensaios, teses e produções cinematográficas que volta e meia concorrem ao Oscar. A este cenário urbano não se aplica a metáfora da Casa Grande & Senzala, mas se encaixa com perfeição em outro título de Gilberto Freyre: Sobrados & Mocambos. As patroas seriam, então, as ditosas moradoras dos sobrados - mesmo se o "sobrado" é um apartamentinho de sala/quarto/dep emp - e as domésticas seriam as infelizes habitantes dos mocambos - mesmo se não moram na favela. O sentimento de culpa da classe média face à violência urbana é visível no ar compungido que se segue a qualquer crime mais espalhafatoso. Lembro-me que o movimento Viva Rio organizou uma marcha de moradores da Zona Sul rumo à Favela da Rocinha, cada um levando uma rosa na mão (ou era uma vela?). O cronista Diogo Mainardi objetou: "Não seria melhor a polícia subir com algemas?" Bem, no dia que a polícia fizer isso, os moradores dos morros agradecerão, pois ninguém gosta de ter bandidos como vizinhos. Mas até o momento só ganharam uma flor, simbolizando um humilde pedido de armistício da parte dos moradores do asfalto, contra quem eles supostamente estão em guerra... Os traficantes devem ter dado boas risadas neste dia.
Mas nada disso supera o maior de todos os malefícios: a crença, fortíssima entre nós, quanto à necessidade de um Estado-pai. Este Estado tantas vezes encarnado na figura do estadista, como foi o caso de Vargas. É compreensível: tendo sido oriundo de um universo patriarcal tipo Casa Grande & Senzala, nossa população continua ansiando por um Estado paternal, que supostamente irá confiscar o dinheiro dos ricos malvados e distribui-lo entre os pobres bonzinhos na forma de "obras sociais". É esta a verdadeira origem de nossa arraigada cultura anticapitalista: para o brasileiro médio, a idéia de prosperidade não é abrir um negócio, é tirar mais dinheiro do governo. Acredita-se piamente que cabe ao governo a tarefa de fazer crescer a economia e gerar empregos, e quando isso não acontece, clama-se por um Estado ainda mais intervencionista, na suposição de que assim ele agirá com mais energia na condução deste objetivo. Isto dá origem a uma espiral perversa: quanto mais se deprime a economia, mais se clama pelo crescimento do Estado, que por sua vez cria mais impostos e se endivida ainda mais, sugando a riqueza do país e tirando os meios de ação dos empresários, os únicos que podem efetivamente fazer crescer a economia e gerar empregos. Nota-se que a degradação dos serviços oferecidos pelo estado têm ocorrido concomitantemente a seu agigantamento, processo que se iniciou nos anos 30 e teve sua fase de maior sucesso nos anos JK e na época do "milagre". Os mais velhos devem se lembrar que, no passado, o ensino das escolas públicas tinha qualidade perfeitamente aceitável, e os hospitais públicos eram os melhores - e naquela época os impostos eram bem menores do que hoje em dia. O sintoma é claro: quanto mais o Estado se agiganta, mais perdulário ele se torna, e sobretudo, quanto mais ele se imiscui no que não é de sua alçada, menos ele cuida do que efetivamente é de sua alçada - saúde, educação, segurança.
Mas convém lembrar que este Estado, embora paquidérmico, perdulário e corrupto, nada tem de usurpador ou ilegítimo: ele representa a encarnação dos desejos das massas, por quem foi eleito. No Brasil, a Casa Grande e a Senzala nunca entraram em rota de colisão, ao contrário, sempre viveram em simbiose. O povo continua clamando por um Grande Pai? Ele o terá. O povo continua achando que cabe aos políticos a titânica tarefa de resolver os graves problemas do país e conduzi-lo à prosperidade? Os políticos agradecem, comovidos, e envidarão todos os esforços para cumprir esta nobre missão. E envidarão todos os esforços, também, para resolver seus problemas particulares e conduzir a si próprios à prosperidade. Depois o cidadão comum se enfurece com a corrupção. A única maneira de reduzir a roubalheira dos políticos consiste de reduzir a quantidade de dinheiro que passa por suas mãos, mas é difícil explicar isso para aquele cidadão comum, que vê no governo a encarnação do Grande Pai, e no patrão explorador, a encarnação do mal. Talvez o patrão até seja explorador. Mas é ele quem puxa o trem da economia, principalmente o pequeno empresário, que, sem poder arcar com os pesados impostos e com os pesados trâmites burocráticos que o Estado lhe impõe, vê-se constrangido a passar à informalidade.
Mas na informalidade ele fica à margem da fiscalização (que pode ser pouco racional, mas também é saneadora) e privado de acesso ao crédito bancário. Mesmo se ele o conseguisse, os juros são proibitivos; só um negócio que permitisse alto retorno e a curto prazo seria compatível com a atual taxa de juros. Na informalidade ele pode até ganhar algum dinheiro "explorando" seus empregados, se os tiver, mas sem crédito ele nunca poderá ir longe, e sua gestão será sempre amadorística, nunca profissional. O resultado é: só podem prosperar os grandes empresários, que já dispõem de capital e dependem menos do governo; os pequenos empresários, carentes de capital e sem ter como obtê-lo, ficam esmagados ante os enormes entraves que o governo coloca para o livre exercício da atividade econômica. Acrescente-se que são os pequenos empresários que, proporcionalmente, contratam mais trabalhadores (pois eles não tem como investir em alta tecnologia), isso quando não são eles próprios os trabalhadores (caso de um camelô ou pequeno produtor rural). Dificultar a vida do pequeno empresário é, pura e simplesmente, impedir a ascensão social da maior parte da população. O quadro social fica congelado: quem já é rico permanece rico, quem é pobre continua pobre. Tal como em Casa Grande & Senzala.
Descansando à sombra da Casa Grande de nossa imaginação, distraídos por esta metáfora simplista, não vemos que nossa pirâmide social aos poucos vai adquirindo a forma de um sanduíche. Em breve só restarão duas classes sociais no Brasil: os pagadores de impostos e os consumidores de impostos. Classes absolutamente distintas: quem paga impostos não se beneficia deles, e quem se beneficia deles não os paga. Parece estranho? Pois o típico assalariado de classe média há muito vive assim. É mordido em mais de 1/3 de seu ganho bruto, carga tributária só inferior à de certas social-democracias do norte da Europa. Mas nestes lugares o contribuinte tem retorno de qualidade, na forma de bons serviços públicos; aqui o cidadão classe média, já descontado em folha, ainda tem que arcar com a escola particular dos filhos, o plano de saúde privado, o fundo de pensão privado, até mesmo os seguranças particulares que patrulham a rua onde mora. Ué, mas a finalidade dos impostos não é dar escola, pensão, hospital, polícia? Sim, é. Mas não para quem os paga. Vai para o bolso do governo, que cobra os impostos, e para o amparo ao pobre, que está isento de paga-los. Nada estranho. Afinal, no Brasil, a Casa Grande e a Senzala nunca entraram em rota de colisão, mas sempre viveram em uma espécie de simbiose.
Fonte: www.pedromundim.net
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