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sexta-feira, abril 21, 2023

Governo Lula muda estratégia e passa a defender CPMI após demissão do general

Publicado em 20 de abril de 2023 por Tribuna da Internet

O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general da reserva Gonçalves Dias

General não quis reforçar a segurança do Planalto

Deu na Folha

Lideranças da base do governo decidiram mudar de posição nesta quarta-feira (19) e apoiar a abertura da CPMI para investigar os ataques às sedes dos Poderes de 8 de janeiro. A nova postura dos aliados do presidente Lula foi tomada diante da crise gerada pela divulgação das imagens das câmeras do circuito interno do Palácio do Planalto —fato que causou a demissão do ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Gonçalves Dias.

A avaliação de parlamentares da base do governo ouvidos pela Folha é que deputados bolsonaristas estavam conseguindo recontar a história dos ataques, num esforço para culpar membros do governo pelos atos de vandalismo.

CPMI INEVITÁVEL – Somou-se a isso o entendimento de que a abertura da CPMI seria inevitável. A oposição reuniu apoio de 194 deputados e 37 senadores, e nem o esforço das lideranças do governo foi suficiente para a retirada das assinaturas ao requerimento do deputado André Fernandes (PL-CE).

Foi convocada para a próxima semana uma sessão do Congresso. Nela, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), deve autorizar a abertura do colegiado que investigará os atos antidemocráticos.

O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), confirmou no plenário do Senado a mudança de postura. “Vamos para essa investigação e vamos com força. De investigação e comissão de inquérito, nós entendemos. Estamos com vontade de ir para lá, estamos com desejo de ter essa investigação. Se estão obstruindo por essa CPMI, ouçam bem claramente: queremos a investigação”, disse Randolfe. Ele completou: “Não fomos os algozes do 8 de janeiro, nós somos as vítimas”.

NOVA ESTRATÉGIA – Líder do governo na Câmara, o deputado José Guimarães (PT-CE) reuniu lideranças de partidos da base e outros considerados independentes, como União Brasil, para redefinir a estratégia.

“Queremos uma investigação ampla e irrestrita. Ninguém brinca com a democracia. Portanto, se o Congresso quiser instalar a CPI, nós estamos prontos para ajudar —inclusive, para investigar”, disse Guimarães.

“Foi o governo que agiu, pediu celeridade, uniu o país e os Poderes para enfrentar a tentativa de golpe. Foi sim uma tentativa de golpe patrocinada. Eles [bolsonaristas] são os responsáveis pelos atos no dia 8. O vídeo [do GSI] não encobre nada do que já está na consciência democrática no Brasil”, concluiu.

SENADO APOIA – O senador Rogério Carvalho (PT-SE) também defendeu a CPMI. “Nós vamos, com a CPI, reforçar ainda mais aquilo que o Ministério Público, que a Polícia Federal, que o STF, que todos nós brasileiros e brasileiras já vimos: foi sim uma tentativa de golpe frustrada, foi sim uma agressão à democracia, foi sim uma agressão à institucionalidade brasileira e à representação institucional do Brasil”, disse.

A mudança na postura do governo também considerou a nova configuração na Câmara com a formação de dois blocos partidários, que isolaram PL e PT.

Apesar de o PL ser o partido com maior número de parlamentares na Casa, a criação dos blocos suplantou o tamanho da sigla. Na prática, se instalada a CPMI, o PL terá menos cadeiras no colegiado do que os blocos — fato que pode dar maioria governista na comissão de investigação.

FORMAÇÃO DA CPMI – Cálculos internos feitos por parlamentares da base e obtidos pela Folha mostram que, pelo quociente partidário, numa CPMI composta por 15 parlamentares de cada Casa, o PL teria o direito de indicar somente três deputados.

A distribuição ainda ficaria com cinco cadeiras para o bloco criado por Arthur Lira (PP, União, PSDB, Cidadania, PDT, PSB, Avante, Solidariedade e Mais Brasil), quatro para o segundo maior bloco (MDB, PSD, Republicanos e Podemos), duas para a federação PT-PC do B-PV e uma para a federação PSOL-Rede.

O Novo não conseguiu número suficiente para alcançar uma cadeira, mas poderá participar de CPMIs no modelo de rodízio.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
  – Há muito a ser apurado, inclusive o reduzido número de seguranças e guardas de plantão no Planalto, Como a Folha mostrou, o GSI não preparou um esquema de segurança para o dia, apesar de relatórios internos mostrarem o risco de invasão aos prédios públicos. E somente após o início dos atos o Comando Militar do Planalto enviou militares do Batalhão da Guarda Presidencial, sem acionamento prévio do GSI, para prisão e retirada dos bolsonaristas. (C.N.)

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