Publicado em 2 de março de 2023 por Tribuna da Internet
Nelson de Sá
Folha
Caixin, South China Morning Post, China Daily e outros jornais chineses foram até contidos ao noticiarem os dados apontando que a indústria do país “continua a melhorar” e “retorna ao crescimento”. Já nos ocidentais Bloomberg e Financial Times foi manchete, com “Atividade industrial chinesa se expande no ritmo mais rápido em mais de uma década”, numa “forte recuperação” que teria deixado os próprios “líderes chineses surpresos”.
No Wall Street Journal, com menos destaque, “China is back”, listando gigantes como AB InBev “excitadas” com o mercado chinês pós-pandemia, “de McDonald’s e Starbucks a Ralph Lauren”.
É CHOCANTE – A Reuters foi além, com o despacho “Atividade industrial da China choca”, dizendo que “esmagou expectativas” do mercado com “grande surpresa” — a qual, segundo analistas que a agência ouviu, pode elevar as projeções de crescimento para o país no ano.
Mais concretamente, avisa a Bloomberg, o salto na produção industrial pode até reduzir o estímulo pós-pandemia que se espera de Pequim, a ser divulgado nas plenárias do Congresso Nacional do Povo que começam no domingo.
Por outro lado, a mesma Reuters ressalta em reportagem paralela que, enquanto as “fábricas da China se impulsionam à frente, Estados Unidos e Europa enfrentam inflação teimosa” e contração industrial, problemas que avançam por aliados americanos na Ásia.
POSSÍVEIS SANÇÕES – Também na agência, “Exclusivo: EUA buscam apoio de aliados para possíveis sanções à China”, após semanas de escalada contra Pequim, inclusive entrevistas de televisão, com acusações de toda ordem —como retratado pelo Global Times, acima.
A pressão sobre aliados, por ações contra Pequim, chegou também à política industrial de Joe Biden, com Financial Times e outros publicando que a taiwanesa TSMC e a sul-coreana Samsung, em troca de incentivo, teriam de ficar dez anos sem se expandir na China.
A home do Renmin Ribao (Diário do Povo) e o telejornal noturno da CCTV, a maior rede chinesa, cobriram o encontro do diretor da Comissão de Relações Internacionais e membro do comitê executivo do PC, Wang Yi, com o secretário de relações internacionais e membro da executiva do PT, Romênio Pereira. Wang disse que são dois países “com impacto global” e que a China vê as relações “de uma perspectiva estratégica”.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – O forte de Lula é a política externa. Apesar do passado tenebroso e dos 580 dias na prisão, Lula continua sendo muito prestigiado no exterior. Isso é bom para o Brasil, que pode aproveitar melhor a situação comercial se souber manter uma posição de independência e neutralidade, que desde o Barão de Rio Branco é característica de nossa diplomacia. (C.N.)