Luísa Marzullo
O Globo
Advogado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante a Operação Lava-Jato, Cristiano Zanin Martins, 47 anos, pode ser um dos dois nomeados ao cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) este ano. A declaração foi dada por Lula em entrevista à BandNews nesta quinta-feira.
Criminalista e atuante no direito econômico, empresarial e societário, Zanin ficou conhecido por seu trabalho na defesa de Lula na Lava-Jato. Formado pela PUC-SP, o advogado foi o autor, em 2021, do pedido de habeas corpus impetrado no Supremo Tribunal Federal (STF) que resultou na anulação das condenações de Lula, após a Corte ter reconhecido a incompetência e parcialidade do então juiz Sergio Moro.
VOLTA À POLÍTICA – A anulação das sentenças restaurou os direitos políticos de Lula — que ficou preso por 580 dias —, o que possibilitou a candidatura nas eleições de 2022, em que foi eleito presidente da República pela terceira vez.
Natural de Piracicaba, no interior de São Paulo, Zanin e sua esposa, Valeska Teixeira Zanin Martins, atuam na defesa de Lula desde 2013 e respondem pelo presidente em basicamente todos os processos criminais contra ele.
Após a operação Lava-Jato, o advogado fez a representação jurídica da campanha eleitoral do petista no ano passado e participou da transição do governo, quando ficou responsável pela área de “cooperação jurídica internacional”.
LOJAS AMERICANAS – Recentemente, o advogado também foi contratado para atuar na defesa da Americanas, no litígio com o banco BTG Pactual que se desenrola no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ele também esteve à frente do processo de recuperação judicial da Varig. Na ocasião, atuou para um fundo norte-americano acionista da companhia. A tese fixada pelo STF, afastando a sucessão de dívidas para o comprador de ativos em recuperação judicial, é paradigma até hoje sobre a matéria.
Em setembro de 2020, a casa de Zanin foi alvo de mandado de busca e apreensão emitido pelo juiz da Lava-Jato do Rio, Marcelo Bretas, afastado esta semana pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Bretas investigava esquema de fraudes no sistema S e na Fecomercio fluminenses. À época, Zanin considerou a operação abuso de autoridade ao autorizar a “invasão” do escritório e da casa de um advogado com mais de 20 anos de carreira. A denúncia acabou sendo arquivada.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Aqui na Tribuna da Internet, em 6 de janeiro o grande jornalista e advogado José Carlos Werneck já havia noticiado que Lula escolheria Zanin para o Supremo, dando um furo sensacional na grande imprensa. Quanto à matéria de O Globo, é muito duro ler esse tipo de reportagem biográfica “a favor”, em que se omite tudo que é contra. Não diz que Zanin é genro do advogado Roberto Teixeira, amigo de Lula e cúmplice no caso do sítio de Atibaia, que foi salvo da condenação por Edson Fachin. Além disso, a repórter atribui a Zanin a anulação das condenações de Lula, mas essa irregularidade jurídica também leva a assinatura de Edson Fachin, um petista de carteirinha, que fez campanha para Dilma Rousseff no Paraná. Em tradução simultânea, Zanin deve a Fachin o sucesso de sua carreira. O resto é folclore, como diz o Sebastião Nery. (C.N.)