Publicado em 1 de março de 2023 por Tribuna da Internet
Bela Megale
O Globo
A oposição do PT à condução da pauta econômica pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não envolve correntes do partido. O enfrentamento encarado por Haddad tem nome e sobrenome: Gleisi Hoffmann, presidente do PT.
No dia a dia, o tratamento entre Haddad e Gleisi tem sido cordial e institucional. Gleisi chegou a convidar Haddad, inclusive, para discursar na reunião do diretório do partido neste mês. Nos bastidores, porém, a visão de ambos sobre os rumos da economia tem se diferenciado como água e óleo.
ELOGIO SUPRIMIDO – Haddad se sentiu pessoalmente atingido pelo fato de que um elogio ao seu nome foi suprimido de um documento divulgado pela direção do PT que se opunha à autonomia do Banco Central.
A versão inicial do texto, revelada pelo jornal “Folha de S. Paulo”, traria um reconhecimento nominal a atos de Haddad na discussão da reforma tributária e do novo arcabouço fiscal. Na versão final, este trecho foi retirado. A ato foi colocado na conta de Gleisi, que nega enfaticamente conhecer esse episódio.
— Desconheço completamente colocada ou retirada de elogio ao Haddad na resolução do PT. Teve uma comissão de sistematização que trabalhou nesse texto para finalizá-lo — disse a presidente da sigla à coluna.
CRISE DOS COMBUSTÍVEIS – A crise, porém, escalou na sexta-feira, quando Gleisi foi ao Twitter defender a manutenção da desoneração de impostos sobre os combustíveis e disse que reonerar “é penalizar o consumidor, gerar mais inflação e descumprir compromisso de campanha”.
Aliados de Haddad relataram à coluna que o ministro se surpreendeu com a mensagem e que chegou a ligar para Lula, para saber se o presidente tinha batido o martelo sobre o assunto.
Lula disse que não, pois havia marcado uma reunião para esta segunda-feira, justamente com o objetivo de tratar do tema. Foi decidido pelo retorno de parte dos tributos federais, atendendo a Haddad, em relação ao posicionamento de Gleisi Hoffmann.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – O governo começa mal, com esse desentendimento entre o ministro da Fazenda e a presidente do PT. No caso, quem está com a razão é Haddad, que tenta fazer com que Lula encare a realidade dos fatos. Se depender de Gleisi Hoffmann, o novo governo de Lula será uma reedição do fracasso de Dilma Rousseff, que pensou (?) que poderia fazer um bom governo maquiando as contas oficiais e acabou desempregada. Agora, Lula está arranjando um bico milionário para ela, lá do outro lado do mundo, onde pode dizer asneiras à vontade, porque ninguém perceberá. (C.N.)