Publicado em 5 de janeiro de 2023 por Tribuna da Internet
Matheus Leitão
Veja
Simone Tebet foi a grande novidade da campanha de 2022. Terminando em terceiro lugar e à frente de Ciro Gomes – aquele pedetista de que ninguém se lembra -, a nova ministra do Planejamento já mandou recados para Lula e Jair Bolsonaro, mostrando que a política é mesmo uma arte.
Em seu discurso de posse, Simone Tebet não perdeu tempo e mirou o futuro.
ESTRANHA NO NINHO – Para Lula, afirmou ter “alguma divergência” com sua equipe econômica. Para Bolsonaro, disse que ele deixou “sementes de destruição para trás“.
Enfim, errada ela não está. Todo mundo sabe que Tebet é um corpo estranho dentro do governo (e do PT), com uma visão mais liberal e menos desenvolvimentista da economia.
“[…] Fui escolhida para ser ministra com um convite especial do presidente e justamente em uma pauta que tenho alguma divergência. Seremos responsáveis com os gastos públicos“, sentenciou Simone Tebet.
FRENTE AMPLA – Todo mundo também sabe que o governo Bolsonaro fracassou, não foi liberal, acabou intervindo até na Petrobras e nos preços dos combustíveis. E Simone Tebet destacou: “Em retirada, o capitão e sua tropa deixaram para trás sementes de destruição. Com o presidente Lula e a frente ampla, vamos avançar”, completou.
Perceberam a frente ampla em seu discurso? Simone estava falando dela mesmo. A nova condutora do orçamento brasileiro aproveitou o holofote da refundação de um dos ministérios mais cobiçados da Esplanada para falar para um lado e para outro. E… se posicionar em algum lugar no meio deles.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – É uma mulher de coragem. “Quando abri a boca para dizer que havia algum equívoco, porque nessa pauta, com ministro Haddad, ministro Alckmin e ministra Esther, temos divergências econômicas, ele [Lula] simplesmente me ignorou, como quem diz: ‘É isso que quero, porque sou um presidente democrático, e um presidente democrático não quer apenas os iguais, mas os diferentes para se somar’. É assim que se constrói uma nação soberana, igual e justa para todos”, disse Simone Tebet, acrescentando: “Gostaria de falar do que convirjo com as demais pastas da economia. Vamos deixar as divergências, se é que haverá, para depois. Comungo com o ministro Haddad com a necessidade de cuidar dos gastos públicos com racionalidade e com a aprovação urgente da reforma tributária”. Como Lula defende acintosamente a derrubada do teto de gastos, Simone Tebet imitou Zagallo e só faltou dizer: “Vocês vão ter de me engolir”. (C.N.)