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quinta-feira, janeiro 05, 2023

Em um Brasil dividido, é preciso achar pontos em comum na sociedade rachada


Imprensa destaca protestos de 'fanáticos' no Brasil, que dizem sair às ruas  'contra o comunismo'

Manifestantes temem um comunismo que nem existe no país

Felipe Nunes e Thomas Traumann
O Globo

Há dois tipos de governo: aqueles que se orientam exclusivamente a partir dos interesses de seus eleitores, agindo para recompensar aqueles que lhe levaram ao poder, e os que se orientam a partir do eleitor mediano, que buscam atender às necessidades da pluralidade da sociedade.

Quase sempre, logo que são eleitos os presidentes se autoproclamam os representantes de todos os eleitores, mesmo daqueles que não votaram nele.

BOLSONARO ERROU – Com Jair Bolsonaro não foi assim. Ele passou quatro anos tomando medidas para responder aos desejos de um terço do eleitorado, mantendo uma base sólida de avaliação positiva. Governou como se estivesse no cercadinho, o espaço na entrada do Palácio da Alvorada, onde ele se encontrava com os seus seguidores todas as manhãs.

Mas não se deu bem. A estratégia de governar só para os seus e sempre confrontar a oposição foi um dos motivos que levou Bolsonaro a ser o primeiro presidente da história a perder uma reeleição.

E Lula da Silva, qual caminho vai seguir? Se avaliarmos apenas os gestos na transição, o governo Lula 3 começa priorizando a entrega de promessas de campanha caras aos seus eleitores: o aumento do salário mínimo acima da inflação, a manutenção do Bolsa Família em R$ 600 e a recomposição de gastos públicos em saúde.

ATALHOS DA PESQUISA – Com essa entrega garantida, Lula tem a oportunidade de fazer diferente. A pesquisa Genial/Quaest sobre como os brasileiros enxergam o país depois das eleições apresenta alguns atalhos, caso o novo presidente queira governar para além do cercadinho.

Segundo a pesquisa, os brasileiros de todas as tendências políticas acreditam que o Estado é responsável pela redução da desigualdade social, que a democracia é sempre a melhor forma de governo e que a educação básica e o ensino em tempo integral deveriam ser priorizados.

A pesquisa mostra ainda que a redução da maioridade penal, a incorporação de câmeras nos uniformes dos policiais, a isenção de imposto de renda para os mais pobres e a diminuição dos salários dos juízes, estão entre os temas que unificam o país.

OUTRAS PRIORIDADES – Além disso, os dois lados concordam que as universidades públicas devem continuar a ser gratuitas e que o novo governo deve investir em políticas como o ProUni e o Fies.

Tanto os eleitores que se identificam com o PT quanto os que se consideram antipetistas concordam que as prioridades do novo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deve ser o controle da inflação, a geração de empregos de qualidade e a redução de impostos.

Essa agenda de consensos parece curta, mas precisa ser ressaltada num país onde o novo normal é a divergência. Nove de cada dez brasileiros concordam que o Brasil saiu dividido das eleições de outubro e os dois lados têm visões distintas sobre o futuro imediato. Entre os eleitores pró-PT, 54% se dizem otimistas com o Brasil e 66% acham que a economia vai melhorar. Entre os antipetistas, 69% estão preocupados com o futuro do Brasil, 45% acham que a economia vai piorar e 55% mudariam de país se pudessem.

PONTOS EM COMUM – Em um cenário desses, desperdiçar a oportunidade de achar pontos em comum numa sociedade rachada seria um erro político, ainda mais em uma circunstância delicada.

Mesmo tendo vencido as eleições, Lula terá de se esforçar para obter o apoio da maioria dos brasileiros. Como mostra a pesquisa, o antipetismo é composto de 40% do eleitorado e o petismo por 35%. 26% dos eleitores se dizem neutros nesta disputa.

Foram esses 26% que decidiram a disputa de outubro a favor de Lula e serão eles, os eleitores que estão fora dos cercadinhos políticos, o fiel da balança em um país dividido.

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