Publicado em 20 de janeiro de 2023 por Tribuna da Internet
Carlos Newton
O vice-presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), Felipe Coutinho, considera preocupante a indicação do senador Jean Paul Prates (PT-RN) para a presidência da Petrobras. Embora o parlamentar esteja sendo apresentado como nacionalista, disposto a fortalecer a empresa e parar a ruinosa venda de subsidiárias, há sérias controvérsias, diria o ator Francisco Milani, que adora política e chegou a ser vereador no Rio de Janeiro.
Em artigos publicados no site da Aepet, enviados à Tribuna pelo comentarista Carlos Vicente, o vice-presidente da poderosa entidade, que congrega 5 mil especialistas da indústria petrolífera nacional, reclama do silêncio da mídia, dos parlamentares e dos sindicatos a respeito das gravíssimas críticas que têm sido feitas a Patres pelos engenheiros da Petrobras.
SEM DEFESA – Coutinho lamenta que os meios de comunicação no Brasil estejam subordinados aos interesses das petroleiras internacionais, e comenta que os parlamentares e sindicatos, com honrosas exceções, esperam benefícios do novo governo, sem realmente se preocuparem com a Petrobras.
Aqui na Tribuna, chegamos a elogiar a indicação de Prates, em função de suas declarações contra a política antinacional de atrelar os preços dos combustíveis ao mercado internacional, mas de repente, antes de assumir, ele já está mudando de posição.
Ao que parece, Prates seria um lobo em pele de cordeiro. pois desde 1991 atua como advogado e consultor de empresas petrolíferas internacionais. Na opinião de Felipe Coutinho, “a Petrobras nem existiria hoje, se as teses que Prates já defendeu tivessem sido adotadas”.
INFILTRADO – A acusação é gravíssima, porque Jean Paul Prates nunca foi político e se infiltrou no PT do Rio Grande do Norte, onde o partido é fortíssimo. Em 2014, foi eleito primeiro suplente da senadora Fátima Bezerra para o período 2015-2023.
Em janeiro de 2019, com a posse de Fátima como governadora do Rio Grande do Norte, assumiu o mandato, que termina dia 31 de janeiro. Ou seja, Prates ia ficar fora da política e então forçou a barra para presidir a Petrobras.
Assim, quando se esperava que o governo Lula nomeasse um executivo nacionalista que parasse a venda das subsidiárias da Petrobras e a transformasse numa macroempresa de energia limpa, como acertadamente propôs Ciro Gomes na campanha, pode estar acontecendo exatamente o contrário.
DECEPÇÃO – Os 5 mil engenheiros da Petrobras que integram a Aepet sabem que países como o Brasil precisam nacionalizar a indústria petrolífera, como acontece na Arábia Saudita, Venezuela, Irã, Nigéria, Noruega, China, Kuwait e outras nações. Aliás, a Alemanha acaba de reestatizar sua macroempresa de gás, a Uniper.
Sinceramente, não acredito que Lula saiba quem é Jean Paul Prates. O presidente deve ter feito a escolha a partir da atuação de Prates como senador, que tem sido excelente, dentro da linha do PT.
Agora, ninguém sabe se ele defenderá os interesses nacionais ou fará como seus antecessores na presidências da Petrobras, que desde o governo de Michel Temer vêm fatiando a empresa, para atender aos interesses das multinacionais do petróleo e gás.
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P.S. – Se Prates tiver um surto de nacionalismo e implantar na Petrobras o projeto de Ciro Gomes, poderemos lembrar o famoso soneto de Machado de Assis, para indagar: “Mudou o Natal, mudei eu ou mudou Prates”. (C.N.)