Publicado em 24 de janeiro de 2023 por Tribuna da Internet
Mariana Costa
Metrópoles
Após reunião com o presidente em exercício, Geraldo Alckmin (PSB), no Palácio do Planalto, na manhã desta terça-feira (24/1), o ministro da Defesa, José Múcio, afirmou que o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), não será “condenado por especulação”.
A referência de Múcio a Cid ocorre quatro dias após reportagem do colunista Rodrigo Rangel, do Metrópoles, revelar que o ex-ajudante de ordens operou uma espécie de caixa 2 com recursos em espécie – eles eram usados, inclusive, para pagar contas pessoais da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e de familiares dela. Além disso, a denúncia resultou na queda do então comandante do Exército, Júlio César de Arruda.
A GOTA D’ÁGUA – Segundo ministros palacianos, a gota d’água para a demissão teria sido a recusa de Arruda em exonerar Mauro Cid do 1º Batalhão de Ações e Comandos, o 1º BAC, uma das unidades do Comando de Operações Especiais, com sede em Goiânia.
Durante entrevista à GloboNews, o ministro detalhou que teve dificuldade para tratar sobre Cid. Além de um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeita de envolvimento no vazamento de informações sigilosas, o militar aparece como “guardião” da família Bolsonaro em suposto esquema de repasse de valores em espécie.
“Eu estava com dificuldade de tratar deste assunto no comando do Exército, muita dificuldade. Há um espírito de corpo muito forte, há um ambiente político muito forte”, salientou Múcio.
AINDA NA SEXTA-FEIRA – O ministro também revelou que as suspeitas levantadas pela reportagem do Metrópoles foram tema de uma conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda na sexta-feira (20/1).
“Primeiro, a gente precisa ter acesso a isso [a provas dos repasses]. O presidente [Lula] foi o primeiro a dizer: ‘Olha, essa história de condenar só por condenar, eu já fui vítima disso. Vamos averiguar o que é que tem’. Precisa ver ao que nós vamos ter acesso nesse inquérito, ou nessas denúncias, porque não tem nem inquérito”, declarou.
Múcio ainda completou, dizendo que o novo comandante Tomás Paiva, nomeado por Lula no domingo, solicitou tomar as rédeas da situação de Cid. “O general Tomás pediu para que ele tomasse a frente disso para dizer o que é que vai fazer, mas que tomará as providências e que combinará comigo e com o presidente”, pontuou.
CID NÃO ASSUMIU – O chefe da Defesa confirmou que a conivência do ex-comandante do Exército Júlio César de Arruda com Cid foi um dos pontos que pesou na demissão dele. Ele foi nomeado comandante do Primeiro Batalhão de Ações de Comandos, em Goiânia (GO), mas ainda não assumiu, em virtude das acusações.
Em agenda na Argentina desde domingo (22/1), Lula comentou, na segunda-feira (23/1), a troca no comando da força armada.
“Eu escolhi um comandante do Exército que não foi possível dar certo, e escolhi outro comandante. Tive uma boa conversa com o novo comandante, e ele pensa exatamente com tudo que tenho falado sobre a questão das Forças Armadas. As Forças Armadas não servem a um político, elas não existem para servir a um político”, destacou o petista.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A incoerência é total. O comandante do Exército foi demitido, numa tremenda crise, porque não quis punir o tenente-coronel Mauro Cid antes de haver investigação. Assumiu um novo comandante, que faz a mesma coisa e não quer punir Cid de imediato, e agora Lula acha que está tudo bem… Quem é que pode entender a cabeça dessa gente? Ah, Bussunda, fala sério! Que falta você faz… (C.N.)