Publicado em 14 de janeiro de 2023 por Tribuna da Internet
Deu no g1
Em depoimentos à polícia, dezenas de golpistas presos justificaram a sua participação na invasão ao Supremo Tribunal Federal, Congresso Nacional e Palácio do Planalto com alegações, sem fundamento ou inconstitucionais, defendidas reiteradamente por Jair Bolsonaro durante o seu mandato presidencial.
Nesta sexta-feira (13), a Procuradoria-Geral da República anunciou que pediu ao STF para investigar o ex-presidente no inquérito que trata dos “autores intelectuais” e instigadores dos atos de terrorismo cometidos em Brasília.
Após serem presos no domingo (8), os bolsonaristas foram interrogados pela Polícia Civil do Distrito Federal e, entre os motivos citados, estão pontos que, em muitos casos, repetem os termos de Bolsonaro, que, durante o período à frente do Executivo, inflamou atos golpistas com o uso de violência em diversas ocasiões.
FRAUDE ELEITORAL– Achar que houve fraude nas urnas eletrônicas e não aceitar o resultado das eleições em que Bolsonaro perdeu para Luiz Inácio Lula da Silva. Desde que as urnas começaram a ser usadas, não há qualquer registro de fraude eleitoral. Bolsonaro, que já admitiu não ter provas, ataca o sistema eleitoral e questiona a lisura do processo.
INTERVENÇÃO MILITAR – Pedir uma intervenção das Forças Armadas no país. Ao contrário do que argumentam, o artigo 142 da Constituição Federal apenas descreve e prevê o funcionamento das Forças Armadas, mas, em nenhum momento, autoriza qualquer poder a convocá-lo para intervir em outro.
LIBERDADE DE EXPRESSÃO – Impedir o cerceamento da liberdade de expressão. Diante de atos com pautas antidemocráticas e ataques a outras instituições, Bolsonaro repete ser um defensor da liberdade de expressão. O STF, por sua vez, reitera que a liberdade de expressão “não abriga agressões e manifestações que incitem ódio e violência, inclusive moral”.
CONTRA O COMUNISMO – Evitar a instalação do comunismo no Brasil, ameaça propagandeada por Bolsonaro sem motivo. Em 13 anos de governo petista, o país continuou sob o regime capitalista. Já no novo governo Lula, o pacote econômico anunciado na quinta (12), por exemplo, foi considerado “na direção correta” pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
IDEOLOGIA DE GÊNERO -Não concordar com a “ideologia de gênero”, termo criado por conservadores contrários aos estudos de identidade de gênero. Bolsonaro sempre encampou que haveria uma doutrinação nas escolas sobre o assunto, o que não procede, e já disseminou fake news afirmando que crianças eram ensinadas “a fazer sexo a partir de 6 anos de idade”.
###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Excelente trabalho de jornalismo investigativo. O g1 analisou na íntegra 116 interrogatórios e os comparou com declarações e ataques frequentes feitos pelo ex-presidente. Em 17 deles encontrou motivações claramente defendidas por Bolsonaro. Ou seja, a polarização parece ter se tornado um fenômeno político mais duradouro do que se supunha, como dizem Roberto Nascimento e Dirceu Bertolini. (C.N.)