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sábado, julho 09, 2022

Ex-premiê japonês Shinzo Abe morre após ser baleado em comício




Ataque ocorreu na cidade de Nara, perto de Quioto

Tóquio - O ex-primeiro-ministro japonês Shinzo Abe morreu hoje (8), após ser baleado durante comício na cidade de Nara, perto de Quioto. A notícia foi dada pela NHK, a televisão estatal do Japão, e confirmada pelo hospital.

A polícia japonesa deteve um suspeito do ataque, Tetsuya Yamagami, com cerca de 40 anos. Ele é acusado de homicídio e usou equipamento semelhante a uma arma de fabricação caseira.

Shinzo Abe, de 67 anos, foi primeiro-ministro do Japão entre 2006 e 2007 e, mais tarde, entre 2012 e 2020. Foi o líder japonês com maior longevidade no cargo.

O comício desta sexta-feira ocorria antes das eleições para o Senado japonês, marcadas para domingo (10). Abe discursava em apoio a Kei Sato, um membro da câmara alta do Parlamento que concorre à reeleição como representante da cidade de Nara.

Hospital

Em entrevista, o Hospital Universitário de Nara informou que a morte foi declarada às 17h03 locais, cinco horas depois de ter chegado ao hospital.

De acordo com o médico presente na entrevista, Shinzo Abe "já não tinha sinais vitais" quando chegou ao hospital. Os dois disparos que atingiram o ex-chefe de governo feriram o pescoço, do lado direito, e o peito, do lado esquerdo, chegando ao coração.

O ex-primeiro-ministro sangrou de forma "abundante" e recebeu várias transfusões de sangue para tentar salvar a sua vida, disse o médico.

Manifestações

Emocionado, o atual primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, disse que "não encontra palavras" para reagir após a morte de Shinzo Abe. Kishida foi ministro dos Negócios Estrangeiros de Abe antes de chegar à liderança do governo japonês.

O atentado contra Shinzo Abe é condenado por vários dirigentes mundiais e organizações internacionais. Em Portugal, o presidente Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que está "chocado" com o assassinato.

O governo português condenou o ataque e destacou que "não há lugar para a violência na política".

No Twitter, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, lamentou a morte do ex-chefe de governo. "Morreu uma pessoa maravilhosa, um grande democrata e um defensor da ordem mundial multilateral. Choro com a sua família, amigos e todo o povo japonês", afirmou.

Violência política

No Japão, a violência política é rara e as armas de fogo estão fortemente reguladas. Os assassinatos eram uma característica comum na política interna nos anos que antecederam a Segunda Guerra Mundial, mas tornaram-se quase inexistentes ao longo das últimas sete décadas.

O último assassinato de uma figura política importante ocorreu em 1960, quando um nacionalista extremista esfaqueou e matou o então líder do Partido Socialista do Japão, Inejiro Asanuma. Em nível local, o prefeito de Nagasaki, Kazunaga Ito, foi morto a tiro em 2007 por um integrante de uma gangue.

O país tem as regras mais rigorosas do mundo sobre a compra e o porte de armas de fogo. Em princípio, essas armas não são sequer permitidas no país, mas existem algumas exceções, como as armas usadas na caça.

São várias as etapas até que se consiga comprar e ter porte de arma, desde aulas de segurança, exames escritos, exames médicos, comprovação da saúde física e mental ou verificação de antecedentes.

De acordo com o jornal The New York Times, havia cerca de 192 mil armas de fogo registradas no país em 2020, o mesmo número registrado no estado norte-americano do Alabama, por exemplo.

RTP - Rádio e Televisão de Portugal

Agência Brasil

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Em um país livre de armas, japoneses se chocam com assassinato de Abe

Posse de armas é rigorosamente regulamentada no Japão

Por Elaine Lies 

Tóquio - O Japão está em hoje em choque e tristeza, tentando entender o assassinato do ex-primeiro-ministro Shinzo Abe em um país onde as armas de fogo são estritamente regulamentadas e a violência política extremamente rara.

Abe foi baleado enquanto fazia um discurso de campanha e levado ao hospital de helicóptero. Sua morte foi anunciada no fim desta sexta-feira (horário do Japão).

Houve uma onda de tristeza em uma nação onde a violência política é rara, em manifestações que vão do primeiro-ministro protegido de Abe, Fumio Kishida, às pessoas comuns nas mídias sociais. A última vez que um ex-primeiro-ministro foi morto foi há quase 90 anos.

"Estou incrivelmente chocada", disse a governadora de Tóquio, Yuriko Koike, em entrevista antes do anúncio da morte de Abe. "Não importa o motivo, um ato tão hediondo é absolutamente imperdoável. É uma afronta à democracia."

Koki Tanaka, um trabalhador de TI de 26 anos no centro de Tóquio, expressou uma opinião semelhante: "Fiquei simplesmente espantado que isso possa ter acontecido no Japão".

As restrições de posse de armas no Japão não permitem que cidadãos particulares tenham revólveres, e caçadores licenciados podem ter apenas rifles. Os proprietários de armas precisam assistir aulas, passar por um teste escrito e se submeter a uma avaliação de saúde mental e verificação de antecedentes.

Tiroteios, quando ocorrem, geralmente envolvem criminosos da "yakuza", a máfia local, usando armas ilegais. Em 2021, houve dez incidentes com tiros, oito envolvendo criminosos, segundo dados da polícia. Uma pessoa morreu e quatro ficaram feridas.

O homem preso, suspeito de atirar em Abe, é um ex-membro das Forças Armadas japonesas que disparou uma arma de fogo artesanal, segundo relatos da mídia. O ministro da Defesa, Nobuo Kishi, irmão de Abe, recusou-se a comentar.

Reuters / Agência Brasil

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Ex-premiê japonês Shinzo Abe é assassinado

Mais longevo primeiro-ministro da história do Japão, Abe foi alvo de tiros enquanto discursava num comício. Um suspeito foi detido. Segundo imprensa, homem usou arma caseira.

O ex-primeiro-ministro do Japão Shinzo Abe morreu aos 67 anos após ter sido baleado nesta sexta-feira (08/07) durante um evento de campanha para eleições parlamentares, confirmou o hospital onde ele foi admitido.

"Shinzo Abe foi transportado para o hospital às 12h20 [horário do Japão]. Ele estava num estado de parada cardíaca ao chegar. Foi feita reanimação, mas, infelizmente, ele morreu às 17h03", disse a repórteres Hidetada Fukushima, professor de medicina emergencial no Hospital Universitário de Nara.

Abe, que foi o mais longevo primeiro-ministro da história do Japão, estava fazendo um discurso em prol do atual premiê japonês, Fumio Kishida, favorito nas pesquisas para as eleições deste ano, diante de uma estação de trem em Nara, na região central do país, quando dois tiros foram disparados contra ele, por volta das 11h30 (hora local).

"É realmente lamentável. Estou sem palavras. Eu ofereço minhas sinceras condolências e orações para que sua alma descanse em paz", disse Kishida a repórteres.

Kishida condenou o ataque, e líderes internacionais expressaram choque diante do atentado em um país no qual a violência política é rara e armas de fogo são rigidamente controladas.

"Este ataque é um ato de brutalidade que aconteceu no âmbito das eleições – o fundamento da nossa democracia – e é absolutamente imperdoável", disse Kishida.

Segundo a imprensa do país, um homem que estava atrás de Abe abriu fogo com uma arma aparentemente caseira. Ele foi detido por forças de segurança em seguida.

Os serviços de emergência de Nara afirmaram que Abe foi ferido no lado direito do pescoço e na clavícula esquerda. Abe foi transportado para o hospital de helicóptero e, segundo Fukushima, morreu em decorrência da perda de sangue, apesar de ter recebido transfusões.

Suspeito teria confessado o crime

Um homem desempregado de 41 anos, identificado como Tetsuya Yamagami, foi preso suspeito de ter cometido o crime. Segundo um oficial da polícia da região de Nara, ele teria confessoado o assassinato. O homem serviu ao Exército japonês por três anos, até 2005.

"O suspeito disse guardar rancor contra uma certa organização e confessou ter cometido o crime porque acreditava que o antigo primeiro-ministro Abe estava relacionado com ela", declarou o oficial a jornalistas, sem entrar em detalhes. 

De acordo com a polícia, ele teria usado uma arma artesanal. 

"É o que o suspeito afirma e determinamos que [a arma utilizada] aparenta claramente ser artesanal, mas a nossa análise ainda está em curso", afirmou um agente. 

Segundo a imprensa japonesa, o atentado não estaria relacionado à política do ex-premiê.

A agência de notícia Kyodo publicou uma foto de Abe deitado de barriga para cima na rua, com sangue em sua camisa branca. Uma multidão o rodeava, e uma pessoa realizava massagem cardíaca.

"Houve um barulho alto e depois fumaça", disse o empresário Makoto Ichikawa, que estava no local do ataque, à agência de notícias Reuters, apontando que a arma tinha o tamanho de uma câmera de televisão.

Após dois mandatos como premiê, a partir de 2012, Abe renunciou em 2020, citando motivos de saúde. Mas ele se manteve uma figura influente no Partido Liberal Democrata. Kishida, apadrinhado político de Abe, suspendeu sua campanha eleitoral após o atentado contra o ex-premiê. Todos os principais partidos do país condenaram o ataque.

Leis rígidas sobre armas

O ataque chocou muitos japoneses. Airo Hino, professor de Ciências Políticas na Universidade Waseda, afirmou que um ataque a tiros desse tipo é algo sem precedentes no Japão. "Nunca ocorreu algo assim", disse.

Políticos japoneses de alto escalão são acompanhados por agentes de segurança armados, mas frequentemente chegam perto do público, especialmente durante campanhas políticas, quando fazem discursos e dão a mão para cidadãos.

A legislação japonesa não permite que cidadãos comuns tenham armas, e caçadores licenciados só podem ter um fuzil. Proprietários de armas precisam frequentar aulas, passar em uma prova escrita e ser submetidos a uma avaliação de saúde mental e checagem de antecedentes criminais.

Ataques a tiros geralmente envolvem gângsteres "yakuza" usando armas ilegais. Massacres, como o que matou 19 pessoas numa instituição para pessoas com problemas mentais em 2016, costumam ser perpetrados com facas.

Ataques contra políticos também são incomuns. Houve poucos incidentes do tipo nos últimos 50 anos, o mais notável deles em 2007, quando o prefeito de Nagasaki foi morto a tiros por um gângster. O atentado levou a um endurecimento ainda maior das leis de armas.

A última vez que um primeiro-ministro foi morto no Japão foi em 1936, durante o radical militarismo japonês pré-guerra.

Brasil decreta luto oficial de três dias

O presidente Jair Bolsonaro decretou luto de três dias pela morte de Abe e disse que recebeu "com extrema indignação e pesar a notícia", classificando o ex-premiê como um "líder brilhante" e "grande amigo do Brasil".

"Estendo à família de Abe, bem como aos nossos irmãos japoneses, a minha solidariedade e o desejo de que Deus cuide de suas almas neste momento de dor", escreveu Bolsonaro no Twitter.

"Como sinal de nosso respeito ao povo japonês, de reconhecimento pela amizade de Shinzo Abe com Brasil e de solidariedade diante de uma crueldade injustificável, decretei luto oficial em todo o país durante três dias. Que seu assassinato seja punido com rigor. Estamos com o Japão", acrescentou.

Condenação internacional

Líderes internacionais manifestaram choque e solidariedade ao povo japonês após o ataque a Shinzo Abe.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse tratar-se de uma "tragédia para o Japão e para todos os que o conheceram". 

Biden afirmou estar "atordoado, chocado e profundamente entristecido" com a notícia, prestando homenagem a Abe, ex-primeiro-ministro que "dedicou a sua vida" a servir o povo japonês. 

"A violência armada marca sempre profundamente as populações que são suas vítimas", disse Biden. "Os Estados Unidos estão ao lado do Japão neste momento de luto", acrescentou. 

Os ex-presidentes americanos Barack Obama e Donald Trump também prestaram condolências.

Obama se disse "chocado e triste" com o assassinato do seu "amigo e parceiro de longa data". Para ele, Shinzo Abe "dedicou-se tanto ao país que serviu, quanto à extraordinária aliança entre os Estados Unidos e o Japão". 

Trump afirmou que Abe era "um unificador como nenhum outro, mas, acima de tudo, era um homem que amava e valorizava o seu belo país, o Japão". "Nunca vai existir outro como ele", acrescentou Trump. 

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, chamou Abe de "líder de grande visão", classificando seu assassinato de um evento "chocante" e "profundamente perturbador".

Após a confirmação da morte de Abe, o chanceler federal alemão, Olaf Scholz, disse estar "perplexo e profundamente triste". "Estamos ao lado do Japão também neste momento difícil", tuitou.

A ministra do Exterior da Alemanha, Annalena Baerbock, afirmou estar "chocada com a notícia de que Shinzo Abe foi baleado", antes de saber da morte do político. "Meus pensamentos estão com ele e sua família", escreveu ela no Twitter. Baerbock está atualmente em Bali, na Indonésia, para a cúpula do G20.

O presidente francês, Emmanuel Macron, se disse "profundamente chocado com o hediondo ataque a Shinzo Abe". "Nossos pensamentos estão com a família e os amigos de um grande primeiro-ministro. A França está ao lado do povo japonês", escreveu no Twitter.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que o "assassinato brutal e covarde" de Abe choca o mundo.

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, lamentou o "assassinato brutal de um grande homem". "Japão, a Europa está de luto com vocês", afirmou.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, se disse "profundamente triste com o odioso assassinato" de Abe. Stoltenberg afirmou que o ex-premiê foi um "defensor da democracia" e expressou condolências à família de Abe, ao premiê Fumio Kishida e "ao povo do Japão, parceiro da Otan, nesse momento difícil".

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse estar "chocado e entristecido" com o que chamou de "ataque deplorável". Mais tarde, ao saber que Abe não sobreviveu ao ataque, ele disse que a morte do ex-premiê japonês é uma "notícia incrivelmente triste".

Deutsche Welle

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